Treinando a Mamãe escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 6
Pequenas Mudanças (Bônus)


Notas iniciais do capítulo

Como estããããããããooooooo? *minha gargalhada com os amigos (quem me tem no snap sabe do que eu tô falando)*
Tô feliz, afinal, amanhã e sábado tem feriado *olhar apaixonado* Pelo menos aqui no Rio, graças a Deus por isso, porque depois de uma semana de provas e trabalhos e testes, a coisa é tensa.
Muito oooobrigada pelos comentários do capítulo anterior, que eu já estou respondendo, espero que gostem desse capítulo, e se atentem, porque há uma parte que diz sobre como a Katniss foi embora *olhar decepcionado com a Kat*
Boa leitura, e para quem é fã dos Beatles, saibam que teremos mais citações ao decorrer.



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Cambridgeshire, dois meses antes dos acontecimentos do capítulo anterior.

— Boa noite, pequeno — desejei, e Ed sorriu, fechando os olhos, acomodando-se melhor na cama. Sorri torto, passando uma mão por seus cabelos castanhos escuros, como os dela.

Levantei-me da cama dele, e fui para o meu quarto, apagando as luzes, deixando a porta encostada, por sentir medo, mesmo que no início dos seus nove anos.

Suspirei profundamente, passando antes na sala, vendo o meu diploma recém-conquistado, em Hotelaria. Era o que eu queria fazer, o que eu sempre quis fazer. Agora, finalmente poderia realizar meu sonho, mas ela não está aqui para usufruirmos disso juntos, porque seus sonhos foram mais importantes do que os meus, os de Ed, e de qualquer outra coisa. Como sempre.

Mas abri um meio sorriso, sincero, por ver ao lado do meu diploma, uma foto minha e de Edward, mas só apareciam nossos  pés. Eu estava ajudando-o a dar seus primeiros passos.

— Peeta — Clove me chamou, com um sorriso torto. Sorri de volta, indo até ela. — Ainda não acreditou que finalmente completou a faculdade?

Seu tom era divertido.

— Depois de dois anos estudando, quando se entra para uma universidade e com um filho pequeno, depois de cinco anos estudando é um alívio. — Ela sorriu, colocando os braços ao redor do meu pescoço, selando nossos lábios com um beijo casto.

— Vamos para o quarto — pediu, mordendo o lábio inferior. — Tenho algo para te mostrar. Seu presente de formatura. Ontem não deu tempo, porque Ed dormiu tarde.

Sorri, ficando automaticamente mais feliz. Com a formatura na noite passada, fomos para o Burger King mais próximo, depois de uma tonelada de fotos tiradas pelos meus pais e irmão mais velho, Cato, e sua esposa Glimmer. Não ganhei presentes, apenas uma cartinha de Edward, que valeu por qualquer outra coisa no mundo. Poderiam me dar uma casa no Caribe, que nada seria ao lado daquele “Parabéns, papai, eu estou muito orgulhoso por você, e não se que eu te amo!”.

Mas se Clove queria me presentear, eu é quem não vou recusar.

Ela foi na frente, segurando minha mão esquerda, e por um momento fiquei pensando naquelas nossas alianças. Marido e mulher, agora. Clove Barrow Mellark.

Isso ainda não era certo para mim, minha ficha ainda não tinha caído. Cinco meses assim, com a felicidade queimando nossos corações, mas algo parecia estranho, desde sempre.

Tratei de colocar um sorriso no rosto, pela morena baixinha na minha frente, com os cabelos perfeitamente cortados na altura dos ombros, por ser perfeccionista até nisso.

Clove já havia feito essa surpresa antes, quando nos casamos, cinco meses atrás, mas agora era um pouco mais diferente. Havia ganhado curvas inexplicáveis por causa de alguns remédios que começou a tomar para não engravidar, mas foi a melhor coisa que lhe aconteceu, além de um rosto com sardas e olhos jabuticabas, como uma princesa deveria ser, carregava em seus 1,62 um belo corpo.

Mas não foi por isso que a levei ao altar da Igreja da cidade, e sim pela forma da qual trata Ed por trás das minhas costas, como se fosse mãe dele, já que a verdadeira não se importa. Clove é bem mais que uma mulher de 24 anos formada em Direito, ela é incrível. Me faz feliz, e é calma para minha agitação constante.

Parei meus devaneios ao ouvir sua presilha cair no chão, fazendo seus cabelos se moverem, então, observei seu robe azul turquesa cair aos seus pés, revelando una meia 3/4 e um sutiã de renda verde claro, que cobria, infelizmente, seus belos seios.

— Deixe o seu corpo leve hoje à noite — pediu, distribuindo beijos no meu pescoço, enquanto meus olhos estavam abertos, pensando em uma outra morena, mas então resolvi fechar meus olhos e sentir tudo o que tinha que sentir.

Levei as mãos para tirar o seu sutiã, beijando seu ombro com algumas pintinhas, então, joguei a peça de roupa longe, depois ouvir o barulho mudo da minha camisa, logo em seguida eu estava deitado sobre ela, enquanto tirávamos as roupas que faltavam.

Com movimentos apressados, a cama batendo intensamente na parede, nossos lábios emitindo sons e palavras que não diríamos se não estivéssemos nessa situação, logo estávamos no topo do mundo, juntos. Urrei, fechando mais meus olhos, escondendo meu rosto na curva de seu pescoço, sentindo seu perfume doce que eu tanto amava.

— Peeta... - murmurou, ofegante, ajudando-me a prolongar essas ótimas sensações. Esperamos quatro anos para fazermos isso, mas vale totalmente à pena, todos os dias vale.

Era ótimo quando Edward dormia mais cedo.

Sai de cima dela, caindo ao seu lado na cama, ofegante, bem suado, e trouxe-a para o meu peito, onde ela se aconchegou, com um sorriso feliz. Era sempre tão bom esses nossos momentos. Eu me esquecia de tudo por um tempo, até mesmo do meu próprio nome.

— Eu amo você — sussurrou.

— Eu também te amo — respondi, mas sabia que aquilo não era verdade. Nunca foi. Mas eu gosto dela pra caramba. É a minha melhor amiga, e conselheira. Não há nada sobre minha vida que ela não saiba, com exceção do fato de que as minhas Três Palavras não são ditas em sua plenitude, mas eu tentava a todo custo fazer isso mudar.

Fiquei fitando o teto na cor bege, e pensando em tudo, por alguma razão. Eu finalmente tinha realizado o meu sonho, mesmo que aos 25 anos, mas eu tinha, com um filho de nove anos no colo.  Acho que estou começando a ficar velho. Finalmente vou poder fazer o que sempre quis, que é abrir um hotel, mesmo que eu ame minha carreira de fotógrafo. Está na hora de oferecer um futuro melhor para quem sempre esteve ao meu lado, ou seja, minha família.

Acho que a gente se sente assim, estranho e pensativo quando concluímos algo que sempre quisemos.

Então, sem sentir, o sono e o cansaço me consumiram, deixando um sorriso no canto do meu rosto.

*

Papaaaaaaiiii — Edward disse com um muxoxo, aparecendo na cozinha às 09 da manhã de sábado. — Eu 'tô com sono! E está muuuito, muuuito frio!

— Você tem que se arrumar, ou senão nós não vamos no cinema — lembrei, com um sorriso cínico. — Você e Clove levam uma eternidade para se arrumarem. E todos os dias você diz que está frio. Hoje está quente, com 19°C, não comece.

A morena revirou os olhos enquanto passava o café, mas com um sorriso.

— Tia, fala pra ele que a gente pode dormir sóóó mais um pouquinho! — Às vezes ele era tão manhoso, que eu me surpreendia. Até hoje não sei de onde vem tanta calmaria, mesmo que quando ele se estresse algumas coisas fiquem quebradas. De mim é que ele não puxou isso.

— Chuchu, se você for voltar a dormir, a gente perde a sessão. — Ela disse serenamente, dando um abraço nele, que sorriu.

— Mas é só depois do almoço! — Até eu achava o sotaque britânico dele forte e bonito, arrancando de mim sem querer uma risada.

— Do que 'cê tá rindo, papai? — perguntou-me, olhando com seus olhos de cores diferentes. Eu me perdia na nubles de seu olho cinza, e em seu olho azul, mesmo que na intensidade de um oceano, era meu porto seguro durante todos esses anos, que não foram nada fáceis. Era uma bordoada atrás da outra, mas eu sabia que ele estaria ali. Sempre.

— Do seu sotaque. É muito puxado — O puxei pela mão, dando um abraço apertado. — Bom dia.

Sorriu, o mesmo sorriso que sua mãe me dava quando eu a acordava aos beijos, e com essa pequena lembrança, hoje não fez meu coração bater descompassado, o que era um grande alívio, mas meu estômago ficava gelado.

— Bom dia — desejou-me, no final, dando um beijo na minha bochecha, sentando-se na sua cadeira ao lado da minha. Tínhamos uma casa simples, por enquanto, mas éramos todos felizes. Felizes mesmo.

E a nossa rotina era um tanto engraçada, quando ele estava em período de estudos.

Começamos a conversar, como uma família normal, sorrindo, trocando olhares, e era agradável. Minhas manhãs eram extremamente gratificantes.

— Eu vou tomar meu banho, tchau, pessoas — Ed disse, depois de ter tomado seu café. — Até logo. Tentem não morrer de saudades de mim, ok?

Clove fez beicinho.

— Nãããoooo! — pediu a morena, indo correndo para abraçá-lo. — Não vá, príncipezinho!

— Preciso ir, plebéia — brincou, afastando-se dela. — A menos que prometa me esperar e nada de beijos com o senhor meu pai.

A gente riu.

— Meu coração é só teu, Pequeno Príncipe. Esperarei por você, agora trate de tomar um banho! — ele riu, assentindo, saindo correndo para o banheiro, depois de ela dar um tapa leve no bumbum dele.

Clove veio em passos tranquilos até mim, sentando-se ao meu lado novamente.

— Às vezes sinto que ele é meu filho — disse, baixo. — Sei que a mãe dele é a Katniss, mas.... Eu o conheço desde que tinha um ano.

Sorri, mexendo sem muito ânimo para a minha torrada com nutella. Eu nem gosto de nutella, mas Clove ama, então eu preciso comprar todo mês.

Lembro-me como se fosse ontem o dia em que meu pequeno fez um ano. Fora apenas um bolo com os meus pais e amigos mais chegados, pois eu estava em semana de provas finais no último ano do Ensino Médio, e no próximo ano, eu ficaria em casa apenas para cuidar dele, tentando dar conta dos meus estudos e trabalho.

Conheci Clove no trabalho, dois meses depois do meu filho ter completado uma primavera, tendo nascido no dia 10 de abril, em Liverpool.

— Você estava com as sardas um pouco maiores — falei rindo. Em dias mais quentes, é como se as sardas de seu rosto dilatassem um pouquinho, mas era absurdamente sexy.

— Para! — ela disse rindo, escondendo os rosto com vergonha. — E eu ainda deixei a minha pizza cair em cima de você. Literalmente!

Gargalhei, assentindo.

— Você é um desastre.

— Mas você gosta de mim assim mesmo, não é? — às vezes seus olhos escuros passavam uma insegurança que eu não sabia como lidar, ainda mais eu. Um profissional em ser tão trouxa e otário.

— Claro que sim, Clo — ela sorriu, fechando os olhos, quando beijei sua bochecha. Ficava linda quando fazia isso.

— Eu vou tomar um banho, quer vir comigo? — perguntou, depois que me joguei no sofá, cobrindo os olhos com um braço. Queria aproveitar essa demora que só eles conseguem pra dormir mais um pouco. Mas ela tinha me chamado para tomar banho.

Ahhhh... — suspirei, levando-me do sofá, ouvindo-a gargalhar. — Tem coisas que não nego a você.

— Tem coisas que só pertencem a mim — sussurrou, olhando em meus olhos, enquanto a água quente caia sobre nossas cabeças. — E você é uma dessas.

Apenas a beijei, fechando os meus olhos, querendo transformar o que ela dizia em verdade. Mas não adiantava.

Tem coisas que só pertencem a mim, e eu só pertencia a alguma delas.

A amei da melhor forma que podia, escorando-me em seu pescoço, beijando-a. Ela me fazia feliz. Ela me fazia muito, muito feliz.

Mas eu não me sentia completo, de alguma forma.

Isso me fez querer beijá-la ainda mais, unir nossos corpos ainda mais fundo, fazendo-a sorrir entre gemidos, até chegarmos ao ápice juntos. Então, finalmente tomamos começamos a tomar banho de verdade, entre risos e trocadilhos que apenas convém aos casais. E fomos para nossa cama de casal, fazer mais coisas que só convém a nós. Como eu disse, minhas manhãs eram extremamente gratificantes.

##

— Edward... — murmurei, com um pouco de raiva, ao ver novas notícias sobre Katniss Everdeen na tela principal do meu notebook e celular.

Você mostrou interesse em Katniss, dizia o navegador.

Meu coração pôde não batido acelerado quando vi o sorriso dela no meu filho, mas tudo malditamente voltava quando eu a via com outros homens, eu ficava enciumado, irritado, e o meu lado com pavio curto era aceso, como uma bomba, prestes a explodir.

Mas eu não podia brigar com Ed. Ela, por mais ausente que seja, é mãe dele.

— Pai, o que você tá... — virei o notebook para ele não ver o que eu via. Meu semblante ficou sério. — Ela saiu com outro cara de novo?

Sua expressão era de pura raiva. Eu não conseguia esconder muitas coisas dele e de seus olhos com heterocromia. De algum modo, era como se fôssemos conectados por diversos fios.

— Saiu, Edward. De novo. Por que pesquisou sobre ela? — perguntei com um suspiro. Era um assunto muito delicado, desde sempre.

— Eu quero saber como ela está, pai! — exclamou, com os olhos cheios d'água. — Sabia que fazem dois meses que ela não liga para mim? Dois meses! Ela é uma idiota, que não me ama, e que se esqueceu de mim!

Começou a chorar, e eu olhei rapidamente para a morena, agora loira, aparentemente, entrando em uma festa badalada em Los Angeles. Malditos costumes americanos.

Me levantei quase imediatamente, fechando a tela do computador, e o abracei apertado, deixando meu queixo sobre o topo de sua cabeça com bastante fios castanhos escuros. Eu sabia exatamente o que ele sentia, e me dava raiva por eu ser tão prepotente.

Poderia doar meu coração para ele sem pestanear, passar fome para ele ter o que comer, mas não poderia protegê-lo de ter seus sentimentos remexidos.

— Eu não quero ser como ela, papai — falou, soluçando.

— Shhhh, você vai ser quem você quiser, e ela te ama sim, meu bem. Ela te ama e se importa, só não tem tempo para te ligar. — Tentei reverter a situação, mas era improvável. Tinha os nossos genes explosivos no sangue. E era grande o suficiente para saber que a mãe não se importava tanto assim com ele. Sinto raiva de mim por não conseguir evitar isso.

— Eu acho que a odeio — falou baixinho. — Com tudo o que eu sou, eu a odeio.

Era como diversas facadas em mim ouvir uma coisa dessas, porque era a coisa que eu mais tinha medo: ele sentir raiva de Katniss.

— Não, você não a odeia, te garanto — fiz carinho em suas costas protetoramente, na intenção de que nada o machuque, nem por dentro nem por fora. — Teddy, ela só tem a vida dela sem a gente, e nós temos nossa vida sem ela.

— Mas eu a queria com a gente, pai! — Olhou em meus olhos, e eu senti meu corpo arder, de pura prepotência, de não poder fazer nada para não deixá-lo pensar nessas coisas. — Aqui, onde a tia Clove está! — Por puro instinto, ergui um pouco os olhos, vendo se a morena com sardas estava de olho em nossa conversa. Não estava em casa, graças à Deus.

— Clove não é a sua mãe, Teddy — sentei-me no braço do sofá. — Eu sei que não é, mas eu te peço para que não comente isso perto dela, pois nós te amamos muito. E eu sou o seu pai, eu estou aqui, não estou? — fungou, passando as costas das mãos nos olhos.

— Sim, está, mas eu a queria aqui. Como minha mãe.

Puxei ele para um abraço novamente, suspirando profundamente. Meu coração ficava apertado nesses momentos. Eu também queria ela aqui, Edward. Eu também.

— Não chore, ok? — pedi, passando os polegares por debaixo de seus olhos divergentes, olhando-o, desejando que ele não visse que aquele assunto me deixava magoado. A razão da minha vida é ele. — Nós ainda vamos no cinema. Quer ir ver a vovó e o vovô?

— Quero... — disse, esfregando os olhos, como se estivesse com sono.

— Prometo comprar pra você o maior saco de doritos — Abriu um sorriso, que mesmo que seja igual ao da mãe, com um pouco de espaço entre os dentes da frente, era como o sol nos dias mais escuros, que parecem que a luz nunca vai aparecer.

— E amanhã vamos ficar ouvindo Beatles no sótão! Aprendi finalmente a tocar Here Comes The Sun no teclado e violão! — avisou, pulando. Sorri largamente, mesmo que tenha sido uma banda que marcou minha vida com Ela, uma hora ou outra eu preciso aceitar que não é parte do meu presente, apenas o que fizemos juntos, que é Ed. Meu filho, a coisa mais importante da minha vida.

— Tudo o que você quiser — garanti, beijando sua testa. — Se no final você for sorrir assim para mim.

— Claro que eu vooou! — ri, assentindo. — Vou calçar meu tênis para quando a tia Clove chegar, irmos logo assistir a um filme!

Apenas assenti, avisando para ele não correr, pelo piso ser de madeira e termos encerado a pouco tempo. Não adiantou de muita coisa, mas ele estava mais feliz, e isso era importante para mim.

 

Cambridgeshire, duas semanas depois, um mês antes dos acontecimentos do capítulo passado

 

— O hotel vai ficar pronto no mês que vem — Clove disse, passeando com uma de suas mãos pequenas por dentro da minha blusa, enquanto assistíamos à nossa série favorita, Friends. — O que acha de viajarmos?

— Querida, Ed não gosta muito de viagens — Assentiu.

— Sim, mas quero dizer... Eu e você, apenas. É seu último trabalho como fotógrafo, na Ásia, Amor. Por toda a Ásia. Sempre quis ver o pôr-do-sol em Okinawa. Vamos, como nossa lua-de-mel, inclusive — Seus olhos eram pidões. Eu não gosto de ser acompanhado em viagens comerciais, mas esses olhos me convenciam de qualquer coisa, tamanha paz e gentileza que passavam.

— Mas com quem ele vai ficar? Meus pais não vão poder ficar com ele em tempo integral, porque estão na Flórida. Isso que dá ter pais novos. — revirei os olhos, enquanto ela ria.

— Seus pais são avós novos. Sua mãe tem apenas 46 anos, e o seu pai, 48. Deixe-os aproveitar a vida, seu chato. Olha, eu sei que você e ela só se xingam quando conversam, e a última vez que se viram foi a oito anos atrás, quase, talvez seja o momento certo de deixar Edward ficar um tempo com ela.

Senti meu coração palpitar e meus sentimentos quererem fazer gracinha.

— Você está incinuando o que com isso? — perguntei, com o cenho franzido. — Você odeia a Katniss.

— Sim, mas essa não é a questão! — disse séria. — Ouvi o Ed conversar com o John, e disse que sente falta da mãe dele, que não o vê fazem dois anos. Eu não sou a mãe dele, por mais que saiba que eu gostaria de ser. — Sentou-se sobre as canelas, de frente para mim no sofá. — Ela vai ter que aceitar.

— Eu vou mandá-lo para os Estados Unidos assim, Clove? Do nada? Não! — Era uma ideia absurda enviar meu filho para ficar um mês sozinho com Katniss. Depois do que ela fez, nove anos atrás, não duvido que possa fazer de novo.

Suspirou, fechando os olhos. Era nossa zona de guerra, no momento.

— Eu conversei com o Ed já, e ele disse que sim, que vai para os EUA, e passará o mês inteiro lá.

— Mas vai ser maio. Mês do meu aniversário... — Passei meus últimos nove anos comemorando meu aniversário ao lado do meu filho, então, saber que não o veria, era horrível.

— Sossega! Vocês vivem juntos! — disse rindo. — Tem medo que ela faça algo ruim contra ele? — perguntou mais séria, passando uma mão pela minha bochecha.

— Sim, eu tenho medo que ela o magoe, o coraçãozinho dele. Eu não saberia lidar com Edward e seu coração partido pela própria mãe — Clove me olhou atentamente.

Era verdade, eu não sabia como lidar com o meu coração aos pedaços até o dia de hoje, então, lidar com os pedaços do coração do meu filho seria um sofrimento quadriplicado, porque é muito difícil colar caquinho por caquinho, e dói muito.

— Ele precisa dela, precisa de um tempo com a mãe — insistiu. — Não digo isso por causa da viagem, longe disso, e sim porque acho necessário. Ele a ama, Peeta. E esse amor está ficando coagulado. Vai acabar deixando-o pior do que ao menos tentar. Eu detesto profundamente a Katniss, mas vejo que é o ideal a se fazer.

Suspirei, jogando minha cabeça em seu colo, esticando minhas pernas, fechando os olhos.

— O que seria de mim sem você, hein? — ela riu, beijando-me com um sorriso. Sorri também. Não era amor, mas eu gostava pra caramba dela. Não sei se eu estaria aqui se não fosse por sua existência. Sua presença me dava paz.

— Acho que seria a que você tem hoje, mas com um vazio enorme — ri, concordando.

Mulheres... Mal sabem o quão certas são na maior parte do tempo.

Depois de um tempo assistindo TV, deixei Clove ir para o quarto sozinha, então, me sentei na frente do notebook, tirando as lentes de contato e assumindo meu óculos de grau por miopia.

Katniss,

Comecei, suspirando profundamente.

Sei que você não vê o Edward fazem mais de dois anos, e que só liga uma vez no mês, e às vezes — porque a maioria ele quem te liga —,

Escrevi o essencial, e realmente, não era um favor. Era obrigação, já que havia passado tanto tempo ausente, mas a cada tecla que eu apertava suavemente para não incomodar os que dormiam, eu sentia que meu coração ia pular para fora do peito, pois Ed iria para a casa da garota que me deixou sozinho de madrugada, com um bebê de cinco meses para cuidar, deixando apenas um beijo na minha boca e uma bilhete com manchas de suas lágrimas. Um bilhete dizendo que não dava mais, que não me amava e iria atrás do que realmente importava para ela: sua própria vida. Também escreveu que tinha apenas 16 anos, e era muito nova. Como se eu, com a mesma idade, pudesse ter tamanha responsabilidade.

Era assustador, depois de todo esse tempo, eu temia que fosse fazer o mesmo com ele, mas não fiz nenhuma ligação. Deixei as coisas do jeito que estavam, mandando apenas um e-mail com meu celular e o residencial, só para ficar mais formal. A última coisa que eu precisava era de mais coisas em comum com ela.

Pai — ouvi um sussurro, assim que fechei o notebook, te do tudo enviado, cobri o rosto com as mãos, tentando relaxar.

— Oi, pequeno. — Abri os olhos, olhando para meu filho com seu pijama dos Beatles.

— Eu tive um pesadelo, não quero dormir sozinho. — Sorri, mesmo com a situação toda. Eu amava quando precisava fazê-lo dormir, depois de todos esses anos.

— Vem, eu durmo com você. — sorriu, esticando os braços, que foram postos ao redor do meu pescoço, e suas pernas ao redor da minha cintura.

— Eu vou mesmo para a Califórnia? — perguntou, enquanto eu o levava para seu quarto com paredes azuis escuras e uma cinza, com detalhes de notas musicais. Seu sonho é fazer faculdade de música.

— Sim, mas você quem me disse que queria ir — falei serenamente, abrindo a porta com cuidado.

— Eu queria que você fosse comigo, pai, mas eu entendo que você tem que trabalhar. Mesmo que saiba que está indo com a tia Clove. Eu gosto dela — sorri, deitando-o na cama, dando a volta na cama, para me deitar ao seu lado. — Mas sabe que eu gostaria que fosse casado com a mãe, não sabe?

— Edward... — murmurei, abraçando-o por trás. — Eu não estou mais com a sua mãe.

— Ou é ela quem não está com você? — virou-se na cama, ficando de frente para mim. — Pai, eu sei que gosta da tia Clove, mas eu vi na foto. Seus olhos não brilham quando estão com ela, só quando estava com a minha mãe.

— Eu acho que você tem que dormir — avisei, passando uma mão com cuidado por sua bochecha direita, e a luz da lua que furava a cortina bege destacava os fios esverdeados e azuis que ele tinha em seu olho cinza, como o dela. Como ele havia crescido tanto e eu não vi? As fotos espalhadas pela casa mostravam seu crescimento, mas ainda sim. De repente, aquele bebê que me abraçava e deslizava a mão gordinha pelo meu rosto quando eu chorava de saudade, tinha se tornado o meu melhor amigo.

— Não, papai — eu sentia tudo se derreter de algo positivo quando ele me chamava dessa forma. — Vocês são do meu interesse! E nesses nove anos, você só me fala coisas boas sobre ela, mas sei que você chora! — Inclinou-se um pouco, beijando a minha bochecha. — Esse mês vai ser muito difícil sem você. Mas saiba que eu te amo, ok?

Eu queria chorar, mas não chorei. Não quero que ele me veja sofrendo por causa de uma pessoa que nem deveria mais mexer comigo, ainda mais em outro continente de distância, sendo feliz com outras pessoas. Eu deveria ser forte. Não por mim, mas pela família que somos agora. Sempre fomos uma família, mas agora tínhamos Clove.

— Eu também te amo — beijei sua testa, segurando seu rosto em minhas mãos. Eu poderia falar isso para ele o dia todo, que sempre sairia do meu coração. — Eu amo você mais do que tudo que possa existir. — sussurrei, depois de abraçá-lo mais uma vez, sentindo-o suspirar profundamente, quase dormindo.

— Obrigado por tudo, papai — disse baixinho, antes de dormir completamente. Até suas feições eram como as da mãe, o jeitinho que espirrava, que sorria, que dormia.

Mesmo que ela tente, há momentos que só eu vivenciei, momentos assim, que fazem com que eu fique em êxtase por não tê-lo deixado nas mãos dos meus pais e deixar que fosse criado como meu irmão.

Edward é a minha vida, e eu não sei onde eu poderia estar sem ele. Acho bom que a Katniss dê valor a isso, porque ele é, sem dúvidas, um em um milhão, e só de pensar que vamos ter que nos separar, arranca dos meus olhos lágrimas, muitas lágrimas, que caíram sem permissão.

Chorei silenciosamente, mordendo os lábios, com meus olhos fechados. Fiquei fazendo carinho em suas costas, e apenas agradeci a Deus nos pensamentos e fiquei ali, esperando o sono vir e me envolver. Não demorou muito para que isso acontecesse, o que foi ótimo. Dificilmente choro, apenas em apresentações que ele participa na Igreja ou na escola e quando faz alguma surpresa para mim em alguma data especial.

Apenas coloquei na cabeça que eu precisava esquecer a Katniss de uma vez por todas, amar Clove e ser um pai melhor para Ed. Na verdade, já era para eu ter feito à muito, muito tempo.

Mas parecia que todos os meus esforços ao longo dos anos eram em vão. 


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Notas finais do capítulo

Ooooo que acharam? *sorriso amigável*
Sei que vai ter gente que vai xingar e etc, mas eu ainda sim adoraria saber o que acham da Clove e do Peeta, com essa relação que ele tem com o filho. Deu para ficar claro algumas coisas? Está tudo muito superficial, mas no capítulo de sexta-feira - que estou escrevendo -, há detalhes maiores sobre a gravidez na adolescência, uma ligação amigável com esse loiro lindo e, é claro, a prova de que o Edward puxou claramente a mãe no quesito mentira.
Desejo a todos um feriadão excelente, com a paz do Senhor e que seja cheio de alegria.
Um grande beijo, e quem te snap, eu adoraria saber qual é, porque eu gosto do Snap. Caso alguma Adriany Souza adicione vocês, sou eu *sorriso* Até sexta-feira, Chucrutes!