Treinando a Mamãe escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 5
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Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada à todos que comentaram no capítulo anterior, e todos que estão acompanhando, sejam muito bem vindos!
Brigadeiro de Nutella, dedico este capítulo à você, pela recomendação super engraçada que você fez *risos* mas não deixou de me emocionar. Valeu mesmo, baby! ♥ *olhos brilhando*



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Os gritos eram ensurdecedores, mas eu ainda ouvia alguns fotógrafos que pediam para eu fazer pose. Um sorriso não saia do meu rosto, e me incomodava, pois minhas bochechas ardiam.

— Tire fotos com o Edward — Prim pediu. Ele veio até mim quase correndo, com os olhos assustados. Por uma fração de segundo pensei que fosse começar a chorar.

— Eu estou com medo disso tudo, mãe — sussurrou no meu ouvido, depois de fazer um gesto para eu ficar da sua altura para poder falar com ele.

— Calma — eu disse, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha, olhando em seus olhos. — Não tem porque ter medo ou vergonha, eu estou aqui.

Um brilho passou por seus olhos, que diminuíram o tamanho por causa do sorriso que ele deu.

— Poderia repetir o que disse? — perguntou, cruzando os braços, com um sorrisinho para mim.

— Não! — ele começou a rir, assentindo.

— Mas eu ouvi, tá? — falou, entredentes, sorrindo para as câmeras.

— Em casa a gente conversa.

Sua gargalhada preencheu meus ouvidos, de forma muito melhor do que os gritos de pessoas que não torciam para o meu sucesso. Senti um sorriso sincero brotar em meu rosto, e quando percebi, meu braço direito era passado por cima dos ombros dele, trazendo-o para mais perto de mim, e seu braço esquerdo era passado ao redor da minha cintura, e seu sorriso também era sincero.

Era a primeira vez que nos abraçávamos, e nós dois estávamos conscientes disso.

Eu nunca me senti tão aquecida e com o coração acelerado, por um sentimento tão bom, que não consegui tirar meu braço dali até o momento em que entramos na sala de cinema.

— Como eu fui? — sussurrou, para não atrapalhar a sessão.

— Você foi incrível — devolvi o sorriso, e queria completar a frase com um "estou orgulhosa de você", mas eu não consegui dizer. No entanto, o sorriso dele foi suficiente para saber que ele sabia a continuação da frase.

*

— Então, como está sendo essa vida como mamãe? — Um entrevistador perguntou, com um sorriso gentil no rosto, logo após a exibição do filme, que foi muito bem recebido.

— Está sendo bem... Diferente, devo dizer. É a primeira vez que passamos tanto tempo juntos — respondi, depois de ter estudado as falas que Prim me obrigou a decorar.

— Bom, Madge Undersee disse em rede nacional que você saiu da boate e esqueceu o seu filho. Seu nome foi usado de formas muito abusivas na mídia, sem haver quaisquer pronunciamento, nem a cerca de uma foto sua durante a gravidez... — falou, um pouco mais sério. Prestei atenção em cada palavra. — Mas a senhorita Undersee disse também que você chegou desesperada rm busca do filho, o que faz a todos se questionarem sobre o seu relacionamento com o filho e sobre suas obrigações como mãe. O que tem a dizer sobre isso?

Mordi os lábios, pensativa. Respirei fundo, e quando vi, já estava falando.

— Eu não o esqueci na boate, eu apenas o deixei esperando por mim, é diferente — Contei, calma, mas eu queria mandar todo mundo para alguns lugares feios. — Tenho muito ao que agradecer à Madge, que ficou com ele, e eu fui imprudente, admito. A foto que vazou da minha gravidez não foi autorizada por mim — senti as pontas dos dedos formigando, e o meu coração retumbando mais forte, por eu estar nervosa. — O que eu tenho a dizer é que do Edward cuida eu e o pai dele, não segundos e terceiros que não sabem de um terço da minha vida.

Ele sorriu, grato pela resposta. Parecia acreditar em mim.

— Uma última pergunta — quase deixei claro demais o meu alívio por estar acabando. — Essa semana vai ser muito corrida para você, com muitas viagens, entrevistas, mas a outra semana vai ser sem muitos compromissos tão pesados assim, correto? — Concordei, sorrindo. — Então podemos esperar fotos suas e do pequeno Edward fazendo passeios por aí?

A última coisa que eu queria era sair com Edward, porque essa nossa leve aproximação já faz meu coração bater mais fraco por pensar que estamos quase na metade do mês e não falta muito para ele ir embora, agora.

— Sabe, o pai dele passou esses nove anos escondendo ele para mim das câmeras, assédios, e eu não quero ser responsável por quebrar isso. Hollywood é demais para uma criança de nove anos como o Edward, mas talvez seja que vocês vejam nós dois andando por aí sim.

— Muito obrigado, Katniss. Você é muito mais do que as revistas falam a seu respeito.

E saiu, me deixando um pouco envergonhada.

Recusei-me a dar outras entrevistas naquela parte, pois o rapaz parecia ter feito todas as perguntas dos outros, mas de forma mais gentil e sem me deixar deslocada.

— Qual o nome do seu pai? — Edward estava cercado por pessoas rindo e sorrindo para ele, dando-o algumas coisas, e ele ria, respondendo tranquilamente diversas perguntas. Quando eu ouvi essa, meu coração disparou, e eu ia lá bater nele e nos jornalistas, quando Prim segurou meu braço com força.

— Uou, uou, uou! — falou, séria. — 'Tá maluca? Ele vai fazer você ganhar muitos milhões ainda! Deixe-o responder. Só tem te elogiado, e sua aprovação pública só tem aumentado!

Prendi o ar, quando ele olhou na voz da jornalista abusada.

— O nome do papai é Peeta Mellark — alguns fizeram um sonoro "ooownn" pelo seu sotaque britânico forte.

— E onde você mora?

— Com ele e a tia Clove, na Inglaterra, Cambridgeshire, mas atualmente vocês podem me encontrar por aqui em Los Angeles com a minha mãe até o final do mês.

Os jornalistas riram, tirando mais fotos dele, que sorria, mas esfregava os olhos com certa frequência. Estava incomodado com tanta gente e luz em cima dele.

— Vem aqui, Edward — eu me intrometi, segurando em seu braço. — Ele vai ficar cego com tantos flashes, por favor! — briguei, sentindo meu rosto queimar de raiva, trazendo ele para perto de mim.

— Por hoje chega — Prim anunciou, e ouviu-se suspiros de indignação. Indignação?! Eu passei as últimas três horas da minha vida dando entrevistas, falando sobre o filme e minha vida pessoal, sem me sentar! E sem contar as duas horas de autógrafos!

POR QUE VOCÊ NUNCA FOI ANTES VISTA TANTO TEMPO COM O SEU FILHO?! — Um do fundo gritou.

VOCÊ DIZ QUE TEM UMA RELAÇÃO BOA COM SEU FILHO, MAS NÃO TEM PROVAS SUFICIENTES PARA ISSO! ATÉ SE ESQUECER DELE PARA TRANSAR COM UM HOMEM QUALQUER NA BOATE VOCÊ ESQUECE!

Repeti para mim mesma que não seria ignorante, e eu não fui, mas isso para mim foi demais.

Me virei, soltando Edward, que me olhou intensamente. Ele também queria essa resposta. Oh, Edward...

— Por causa de vocês! — bramei, com todo o meu corpo formigando. — Porque vocês só querem manchetes idiotas, relatos das vidas dos famosos para se esquecerem da vida medíocre que vocês vivem! Hipócritas! E a minha relação com o meu filho convém apenas a mim e a ele! Vão para o inferno pois lá é o lugar de vocês!

Puxei Edward pelo braço, que mordia o lábio inferior, trêmulo. Eu conhecia isso. Peeta quando estava prestes à chorar. Aquilo acabou comigo.

Quando chegamos em casa, depois de uma hora no trânsito, em silêncio total, o relógio badalava 03 da manhã, e eu precisei carregar ele no colo. Não era tão difícil assim.

Suspirou profundamente, quando o deitei na cama do quarto de hóspedes, sem reparar em nada pois o sono estava me matando.

Tirei seus sapatos, o terninho, e abri sua camisa social, tirando também. Suava um pouco demais por causa das roupas. Liguei o ar-condicionado e o ventilador, apagando as luzes, fechando a porta.

Fui para o meu quarto, tomei um banho rápido, apenas suficiente para tirar toda a maquiagem do meu corpo, pensando na cara de choro que Edward fez no final. Ele era parecido comigo, mas traços marcantes de Peeta.

Quando me dei por mim, comecei a querer chorar, um vazio enorme no meu peito.

Vesti uma camisola qualquer, indo para a cozinha, abrindo uma garrafa de vodka. Enchi o copo, tomando uma boa dose, sentindo ser cortada por dentro, mas não liguei muito para isso.

Guardei, escovei bem os dentes, abracei meu travesseiro, que anos atrás fora uma pessoa, e dormi inquieta, desejando voltar no passado e simplesmente agradecer mais.

15:45 da tarde seguinte

— ACORDA, GAROTO! — gritei, batendo na porta do quarto de Edward. — Eu vou entrar aí, tá me ouvindo?!

Quando abri a porta, mordi o lábio inferior. Edward ria para a tela do notebook, com um headfone com microfone.

— Você está jogando on-line? — perguntei, tombando a cabeça para o lado direito. Ele nem me ouviu. Não quero gritar de novo, então simplesmente joguei uma meia na cara dele, que levou um susto enorme, quase batendo o notebook na parede, desplugando o fone.

O que aconteceu?! — A voz de Peeta preencheu mesmo ouvidos, ainda mais real do que no telefone. Meu coração bateu descompassado. Quase perdi o fôlego.

— Edward! — Chamei atenção do moreno, que estava com uma mão no peito, assustado. — Que droga! Estou te chamando para almoçar!

Meu tom agora era baixo, não queria que ele soubesse que eu estava ali, digo, Peeta.

Revirou seus olhos héteros, com um pouco de raiva.

— Papai, a minha mãe chegou aqui, preciso ir.

Ok... — disse, e sua voz estava preocupada. Com certeza, seu cenho estava um pouco franzido, com aquele todo ar mais velho que ele ficava. Como estaria ele depois desses seis anos que não nos vemos?

Conectou o fone, mas antes sorriu para mim, gentil. Sorri de volta, mesmo sem querer.

Continuei na porta do quarto, com os braços cruzados na altura do peito, e dei uma bela observada no quarto ao meu redor. Paredes beges, com detalhes cinzas, bem mogno, mas ao olhar para a cama onde Edward dormia, pude notar o quão errado isso estava.

— Tchau, Papai, também te amo. Espero te ver logo, e tira uma foto do pôr-do-sol em Okinawa, 'tá? — Olhei para o ser que era meu filho biológico, com um sorriso, assentindo para a tela do notebook.

Peeta havia dito que o amava.

Suspirei, sentindo de repente um peso descomunal sobre minhas costas, a ponto de que pensei que fosse cair no chão. Minhas pernas bambearam. Lembro-me com muita perfeição do momento que ele disse isso para mim, alguns anos atrás.

— Eu vou comprar um presente para o senhor também! — Edward disse, cruzando os braços. — Não invente, não diga que não quer nada! Pare! — Ele riu. — Pare! Sem argumentos, pai! Sem argumentos! Tia Clove me deu cem dólares para eu comprar comida caso eu tivesse medo da ma.. — O olhei sugestivamente, arqueando as sobrancelhas, quando nossos olhares se encontraram.

— O que dizia? — perguntei, sustentando o corpo sobre um pé, somente, como se fosse bater nele, mas hoje eu havia acordado bem.

— Naaada — afinou um pouco a voz, como se para me tranquilizar, voltando o rosto para a tela do notebook. Pensei em tentar espionar, mas ao invés disso, voltei meu olhar para a escrivaninha, com algumas partituras, um teclado e letras de música. Peguei um papel, com alguns rabiscos, o que estava ao lado de algumas pecinhas de lego.

Eu vou pegar os pedaços

E construir uma casa de lego

Se as coisas derem errado, nós podemos derrubar ela

Franzi o cenho, maravilhada. Logo abaixo desse trecho, algumas notas que eu não entendia muito bem, mas eu aprendi a tocar teclado e violão, o básico mesmo, para distrair a mente em dias difíceis, depois que meus pais me enxotaram para fora de casa feito um cachorro molhado.

I'm gonna pick up the pieces, and... Build a Lego House — cantei baixinho. Combinava, sorri, mas acho que ficaria melhor com um violão.

— Beijos, gente! Amo vocês! — então, desligou o computador, virando-se para mim.

— Nossa, até que para um ser como você, tem ideias muito boas, viu? — Um enorme sorriso se apossou de seu rosto, feliz. Isso me deixou feliz também.

— Sério que gostou? — perguntou, e eu assenti, sorrindo.

— Mas é claro! Só acho que deva tentar no violão. Tem um? — Assentiu, mas suspirou logo em seguida.

— Está em casa, e eu tive essas ideias aqui, mas eu espero. Vou deixar anotado. — Dei passagem para que se sentasse na cadeira, anotando algo, com um sorriso. — Obrigado.

— Vem, vamos almoçar fora hoje — falei, um pouco incomodada com as cores escuras. — Você sorri demais para um quarto tão adulto assim!

— Ok, vou apenas pegar meus jeans e...

— Seus o que?! — O olhei como se fosse maluco. — Estamos em Los Angeles, e se você sair de jeans, vai desmaiar, ainda mais vindo da Inglaterra — assentiu, pescando uma bermuda em sua mala. Sai, dando a ele um pouco de privacidade.

*

— Vamos, me conte — pedi, rindo. — Não acredito que você desceu as escadas em um trenó de neve.

Ele riu, e quase se engasgou enquanto bebia coca-cola. Viemos para o shopping almoçar e comprar coisas para colocar no quarto de hóspedes que era dele pelas próximas semanas, mesmo que com a peruca loira que o fazia se parecer mais o pai no jeito que se mexia, devido os fios dourados — mas ainda sim, com os meus traços, um olho meu e minha quase toda personalidade—, e os meus fios loiros me fizessem me sentir britânica novamente, ninguém me reconheceu. Ontem foi um dia bem intenso, repleto de gritos, sorrisos e perguntas que me deixaram constrangida. Mas não quero pensar sobre isso agora.

— Papai quase infartou. Eu tinha cinco anos, e estava um pouco rebelde, porque não queria me mudar de Liverpool, berço dos Beatles. Falei que iria me jogar da escada. Ele não acreditou. Fomos parar no hospital.

Cobri o rosto com as mãos, rindo divertida.

— Quebrei três dentes, mas eram de leite, e tals. Era para ter levado umas palmadas, mas papai nunca fez isso, apenas um chaqualhão quando... — suspirou, balançando a cabeça em negativa, tirando o sorriso do rosto. — Não posso contar. Mas olha, ele ficou com tanta raiva e preocupação!

Ri, sentindo meu corpo balançar com minha risada.

— Vem, pega seu copo e vamos comendo nuggets no caminho — assentiu, com um sorriso.

Andamos em silêncio, como quase sempre, mas eu estava bem. Não sei explicar a razão, mas eu estava me sentindo ótima.

— Ali! Olha! Olha! — exclamou, saindo correndo na minha frente, colando as mãos e o nariz arrebitado na vitrine da loja de móveis.

Fechei os olhos por cinco segundos, lembrando-me de Peeta.

*On*

— Ooooolha, querida! — brincou, sacudindo-me. — Um quarto bem emo-gótico para você, amorzinho!

— Peeta! — exclamei, cruzando os braços na frente do corpo, fingindo estar brava. Minha barriga de quatro meses começava a palpitar. Eu recebia olhares de todos os lados, que me julgavam. Estavam certos, pois eu fiz o certo no momento errado. Mas isso só convém a mim.

Ele fazia de tudo para que eu me sentisse confortável desde que contei minha gravidez.

— Você é dark mesmo, e daí? — perguntou, com uma sobrancelha arqueada. — Eu gosto de dizer isso. Dark. — repetiu, e seu sotaque britânico era sexy demais. Forte, mas sem incomodar.

Abracei-o pela cintura, sentindo seu perfume, mas aquilo me deixou com náuseas. Logo o empurrei, cobrindo o nariz, com os olhos um pouco fechados, escutando sua risada.

— A gente pode contar na mão quantas vezes temos momentos tranquilos assim, então não invente uma briga! Por favor! — sorri, assentindo, segurando em sua mão. Tínhamos a mesma altura, e honestamente, eu desejava que continuasse assim.

— Vamos logo embora. — pedi, calma.

— Não! Calma! — falou, puxando-me brincalhão para a vitrine. — Olhe! Olhe! — A ponta de seus dedos encostaram no vidro. Observei seu sorriso no rosto, seus olhos azuis brilhando. O olho direito tinha uma mancha verde perfeita. Tinha heterocromia, mas era lindo, lindo como somente ele conseguia.

Olhou para mim, com um sorriso torto.

— Um dia a gente vai poder ter tudo isso — garantiu-me, com um sorriso confiante. — Você vai ver.

— Eu sei que vamos — Sorri de volta, segurando em sua mão, caminhando para a saída do shopping.

*Off*

— KATNISS! KATNISS! — Edward gritou, me sacudindo.

— Oi! Oi! — devolvi, levando um susto.

— Nossa, você voou agora! — ele disse, revirando os olhos, em seu jeito abusado de sempre.

Então, meu coração disparou de um sentimento ruim: ele não me chamou de mãe.

— Ok, bem, Edward, escolhe logo o que é que você quer. Amanhã vamos para a Itália.

— Ok — disse, sorrindo, entrando quase correndo na loja. Suspirei, com uma mão no peito, desejando que essa sensação suma dali o mais depressa possível.

Entrei na loja, com passos leves, mas eu queria mesmo era tirar o peso do meu peito.

— Boa tarde, vocês estão juntos? — Uma ruiva de farmácia, com os olhos castanhos escuros nos perguntou, depois que troquei algumas ideias com Edward sobre qual cama seria melhor.

— Sim, estamos. Quero um quarto para esse garoto aqui — falei, logo desviando o olhar, com meus braços cruzados.

— Claro — disse a atendente, talvez se contendo. Não sou obrigada a ser gentil. — Algum tema em especial, rapazinho?

As bochechas dele estavam vermelhas, olhando para mim com repreensão.

— Por favor, vocês tem algo do tema da Liga na Justiça? — perguntou serenamente. Bufei. Peeta soube educá-lo, talvez.

— Oh! Como seus olhos são lindos! — Ela disse, com um sorriso enorme. — Temos sim, vem por aqui.

Indicou o segundo andar para nós dois, mas eu fiquei um pouco para trás, sem tirar minha expressão séria. Assim como na première, sua presença atraía sorrisos.

— Ai meu Deus... — ele murmurou, ao ver o quarto que ela tinha dito que tinha, todo da Liga na Justiça.

— Você gostou? — ela perguntou carinhosamente, sorrindo torto.

— Mãe... — Edward se virou para mim, com as mãos unidas e um sorriso.

— Aceita cartão? — perguntei, sem perguntar o valor. A vendedora abriu um sorriso, assentindo.

— Sim, senhora — agora eu parecia mais simpática.

— Ok, quero tudo isso, por favor — falei, tirando os óculos escuros, colocando-os no cabelo. — Quero tudo pronto na minha casa até o dia 08, tudo. Quero até mesmo os quadros, o papel de parede...

— Mas isso não está incluso e...

— Eu pago o dobro. Não me importa — arregalou um pouco os olhos, enquanto Edward se afastou um pouco para não ouvir sobre dinheiro, eu acho, sentado com um sorriso na cama, olhando as coisas ao redor.

— Mas senhora...

— Onde eu vou pagar? — perguntei, mostrando minha identidade. Ela prendeu o ar.

— Por ali, por favor. — Sorri falsamente, pedindo para Edward me esperar bem onde estava.

Depois de poucos minutos, que passaram como uma eternidade diante meus olhos, tudo estava certo. Deixei meu endereço, também avisando o porteiro da encomenda.

Saímos lado a lado, e ele estava saltitante.

— Não se anime tanto assim, porque eu não vou te ajudar a arrumar suas coisas! — riu, dando de ombros.

— A tia Clove me ajuda a fazer as coisas, mas não me importo da senhora não me ajudar. Eu já sei arrumar meu quarto sozinho — disse, convencido.

— Que seja! — Riu mais uma vez, fazendo-me sorrir torto. Ele tem me arrancado mais sorrisos que uma boa noite de shots ao lado da Amy.

Enquanto caminhávamos para a saída, passamos em frente a uma loja de música. Seu olho azul e cinza brilharam como se estivesse presenciando uma noite de fogos de artifício.

Fiquei pensativa, mas eu quem tomei a iniciativa de entrar dentro da loja, pedindo para Edward me esperar do lado de fora.

— Qual é o melhor violão da loja? — perguntei, e um atendente um pouco mais novo que eu sorriu, mostrando-me um Yamaha de cor castanho claro. — Me dá aqui?

Dedilhei alguns acordes, sentindo os olhos de Edward sobre minhas mãos.

— Desde quando sabe tocar? — perguntou.

— Desde quando soube que estava grávida de você — falei, dando de ombros. Não era algo importante. — Toque um pouco.

As notas não eram conhecidas por mim, então me lembrei que ele compõe. E muito bem.

Lábios brancos, rosto pálido

Respirando em flocos de neve

Pulmões queimados, gosto azedo

A luz se foi, acabou o dia

Longas noites, homens estranhos

Cantou baixinho, mas ainda sim, atraiu todos os olhares para cima de nós, mais especificamente para ele.

E eles dizem que ela está na primeira classe

Presa em seu devaneio

É assim desde os 18, mas ultimamente

Seu rosto parece estar lentamente afundando, se desgastando

Desmanchando como bolos

E eles gritam

Então parou, me entregando o violão, todo corado, cheio de vergonha, ao ouvir os aplausos s assobios até de quem estava do lado de fora.

— Gostou do violão? — assentiu, de forma quase imperceptível, com as bochechas vermelhas demais. Sorri. — Por favor — pedi ao atendente, que estava impressionado. — Eu quero esse violão para presente.

*

— Edward, de onde você tira ideias para músicas assim? A letra é linda, sem contar a melodia — elogiei, vendo melhor as suas composições. A maioria eram apenas músicas do coral da Igreja, com simples melodias, mas haviam duas que me chamaram a atenção, compostas por ele, mesmo que incompletas.

— Só tiro do que vejo — disse, dando de ombros. — Lego Places eu tirei de quando estava montando um mobile de lego. A que eu toquei no shopping, foi na senhora.

Eu senti meu corpo congelando.

— Co-como assim em mim? — perguntei, olhando para a letra. Estava claro que era sobre mim.

— Eu vi algumas fotos suas no Google, mãe. Basta colocar o K que seu nome é o primeiro a aparecer. Não se pode esconder muitas coisas do mundo quando se está no mundo. Mas a letra está incompleta. Preciso trabalhar nisso, mas antes, ligar para o papai.

Levantou-se do sofá, pegando as partituras e o violão.

— Muito obrigado pela tarde, o quarto e o violão. Eu fiquei muito feliz, mãe — sorriu torto, então foi para o quarto, sendo seguido por Romeu e Bandike, animados com sua presença, como sempre.

Saber que ele havia ficado feliz, quando ele sorria, eu não conseguia mais evitar que causava a mesma emoção em mim, mas ao me lembrar da letra da música, eu voltava a me entristecer novamente. Nunca me importei com manchetes e reportagens, mas saber que Edward havia tido acesso à coisas verdadeiras ao meu respeito me incomodava. Na verdade, era bem mais do que isso: me constrangia.

20:47 da mesma noite

— Olha! Olha! A gente está na TV! — Coloquei meu pedaço de lasanha no prato, e fui para a sala, ver o que estava acontecendo. Sentei-me no chão, com as pernas cruzadas, enquanto Edward estava esparramado no sofá, com a boca suja de molho, assim como uma das bochechas.

— Não deixa isso cair no sofá! — exclamei, dando um tapa mediano na sua bunda, que a propósito era bonitinha. Ele apenas riu, balançando a cintura, como se não ligasse. Safado.

A atriz Katniss Everdeen, depois de tantos anos em Hollywood, caminha em passos largos e merecidos para o triunfo, com seu talento inegável. Mas... — A repórter deu uma risada. — Sua vida pessoal pode afetar a sua vida profissional. Ontem ela e seu filho Edward Sheeran Mellark, que nem ao menos carrega seu sobrenome, foram juntos a première de seu novo filme, que já vem sendo aclamado pela crítica de Hollywood, mas jornalistas que fizeram perguntas a cerca da razão de não ser vista com o único filho, pelo que saibamos, a quase queridinha cinematográfica agiu com ignorância e desrespeito. Fique com a gravação do instante em que... — Desliguei a televisão.

Edward voltou seus olhos para o prato, que agora mexia sem alguma empolgação.

Edward... — falei, baixo. — Não acredite nessas coisas.

— Por qual razão eu não acreditaria? — perguntou, com a voz embargada. — Você nunca me disse a razão de ter ido embora. Eu nem tenho uma foto sua me segurando quando eu era bebê. Já se importou alguma vez comigo?

Olhou bem dentro dos meus olhos. Mais uma vez, deixando-me constrangida.

— Agora eu me importo — falei, sincera. — Eu te garanto que na semana passada eu não me importaria se você assistisse à essas coisas, mas hoje o que eu mais temo é que você pense que...

— Que nunca se importou comigo? Que não ligava para mim faz mais de um ano, e sempre sou eu que faço a ligação, como um idiota? — Senti meus se encherem d'água.

— Edward...

— Pare com isso, eu sei qual é o meu nome! — exclamou, ficando de pé, começando a chorar. — Eu só não sei qual é a sua! Diz que se importa agora, que eu não posso morrer, e em outro momento eu falo que gosto de algo, só falta você me bater por eu estar falando!

— Para com isso você! — falei de volta, me colocando de pé também. — Eu evitei você e o seu pai por todos esses anos por causa do maior erro da minha vida!

— E QUAL FOI?! — gritou, com o rosto vermelho.

— TER GERADO VOCÊ! — ele fez uma expressão tão magoada, mais tão magoada, que eu caí em lágrimas também, sem me controlar.

— Por isso que eu sempre considerei a tia Clove mais minha mãe do que você, Katniss — disse, me olhando nos olhos. Ele ter me chamado pelo nome gerou um sentimento ruim tão grande dentro de mim, que eu estava prestes a vomitar. — Muito bom saber que eu sou o seu maior erro. Só me dá mais razões por odiar esse luxo todo. Só se lembre que a soberba sempre precede à queda, e que eu não preciso de você.

Foi correndo para o quarto, chorando, diferentemente de hoje mais cedo.

Fui atrás dele, a tempo de segurar a porta.

— Por favor — pedi, segurando seu braço, olhando nos olhos dele. — Eu não sou boa para palavras, não sou. Você é a coisa mais importante para mim nesse momento.

Suas pupilas estavam um pouco dilatadas por causa da raiva e do choro.

— Sou a coisa mais importante no momento? E quando eu for embora? Não vou mais ser, e sim os seus namorados! Sai daqui! Sai! — Me empurrou, mas eu sou mais forte, claro, e empurrei cim muita força a porta do quarto.

— Fica quieto e me escuta! Pare de ser tão parecido com o seu pai e comigo! Pare! — Segurei as minhas lágrimas. — Você não entende nada sobre mim e sobre eu e Peeta! Nada! Você não sabe o que eu passei para levar a gravidez até o final, mas meu corpo nem aguentou! Você não sabe o quanto eu sofri de todas as formas possíveis, mas eu pensava que o maior erro era você. Mas a verdade é que EU não tivesse feito o que fiz, não estaríamos aqui agora. Você não existiria, eu talvez não fosse ter a condição financeira que eu tenho. Eu fui muito magoada, Edward.

— E você deixou que todas essas mágoas afastassem de você as pessoas que mais te amam. — Foi tapa de luva na minha cara, mas sem a mão. Suas palavras não acabaram comigo. Eu já estou acabada a muito tempo.

— Por favor... — pedi, com as lágrimas voltando aos olhos. — Eu me importo com você, com tudo ao que diz ao seu respeito agora. Acredite em mim.

Seus olhos estavam cheios d'água, mas nenhuma caiu. Eu podia ver a dor em seus olhos tão lindos. Estávamos nos dando bem demais.

— Vá para o quarto da senhora, porque amanhã o dia vai ser muito puxado. — disse seriamente, me expulsando.

Fiquei olhando para a porta de hóspedes, com Bandike e Romeu confusos, sem ousar latirem.

Sempre tive coragem, força de vontade para discutir, ser ignorante e convincente, sempre quis ganhar tudo. Mas agora era diferente. Eu preciso conquistar o amor dele, sua confiança e respeito. Para mim, isso é o mais importante que tudo agora, e não sei como não foi antes: Edward.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem pelo atraso, mas acontece que eu fiquei assustada com o nível de idiotice de todas as pessoas que apoiam o Cunha e Temer, pois são contra a Dilma. Descobri depois que o Bolsonaro saudou, né, um dos torturadores mais cruéis da Ditadura, que foi Ustra, também torturador da Dilma. Parabéns pra você que o apoia, só te desejo que leia sobre como as torturas eram boas.
Ser à favor do impeachment é uma coisa, agora apoiar o esse pessoal é outra.
O "Tchau, Querida", ontem foi para a Democracia.
Me perdoem estar me expressando, mas é que foi demais pra mim ontem. Não sei lidar com essas coisas. Foi muita infantilidade, para um assunto tão sério e que coloca a vida de mais de 200 milhões de pessoas em risco.
Os tempos vagos que eu tive na escola hoje eu usei para conversar sobre isso *mostrando os dentes* Eu gosto de conversar.
Mas jogando tudo isso fora, gostaria de saber o que acharam do capítulo. Eu achei um capítulo esquisito, mas é porque agora a coisa muda de forma.
Postarei o próximo capítulo amanhã, quarta-feira, assim que chegar da escola, se Deus quiser, sem falta, e na sexta-feira, novo capítulo.
O próximo vai ser Pov Peeta, e teve algumas pessoas que quase acertaram quem é a Clove! Adoraria mais palpites! *de olhos fechados, sorrindo*
BOM! Por hoje é só! Boa noite, fiquem com Deus! *piscada, com um sorrisão*