Treinando a Mamãe escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 13
Até logo, Ed


Notas iniciais do capítulo

Oi! *eu passando correndo desesperada, acenando, mas com um sorriso* É quase terça-feira, mas a promessa foi de postar ainda na segunda, que aqui estou eu! *risos* No último momento, de acordo com o horário de Brasília. Notas finais importantes.



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A atmosfera no hospital é nauseante, como sempre, no entanto, Edward deixava tudo mais tranquilo, com suas risadas felizes ao acordar e ver muitos presentes. Muitos mesmo.

Quando Madge chegou, abalando todas as estruturas, preocupadíssima, com uns cinco balões de super heróis e presentes de menino, em um momento do qual eu e Ed brincávamos de fazer a lixeira de cesta de basquete.

— Menininho! — ela exclamou, soltando os balões em um canto do quarto, correndo até ele, que abriu um sorriso largo, o que fez eu perceber uma covinha discreta na bochecha direita.

— Tia Madge! — exclamou. Estava empolgado, mas precisava falar baixo por causa do corte na garganta. Nem era adequado que ele falasse tanto, só que obviamente não era algo que ele seguia.

— Mil desculpas por ter demorado tanto para vir, eu juro que tentei vir antes, mas o engarrafamento não deixou, sem contar o vendedor da loja de brinquedos... — ela bufou, revirando os olhos azuis claros. — Mas eu vim ver como você está. Sua mãe é louca.

Edward riu, e eu achei graça também.

Impressionante como nesses momentos as pessoas aparentam ser tão gentis quando sabem que estamos por momentos difíceis. Eu e Madge temos o mesmo tempo de carreira, já trabalhamos juntas, no entanto, ela tem a personalidade que eu tenho, no entanto, ela tem educação.

Eu não. E não faço questão de ter, devo acrescentar.

— Eu sou normal, apenas um pouco raivosa com uma frequência incomum — corrigi, com um sorriso torto.

— Um pouco raivosa, mãe? — Ed questionou, arqueando as sobrancelhas para mim. Abusado.

— Vocês quem não sabem lidar comigo — brinquei, mas séria. Madge achou graça.

— Nós e o mundo todo, não? — retrucou a loira. — Quero saber como você está, rapazinho.

Ele sorriu.

Resolvi dar um pouco de privacidade, deixando que ela se sentasse onde eu estava. O relógio marcava 15:49, e eu notei que não tinha almoçado ainda, apenas comido alguns biscoitos que Anny me trouxe mais cedo com Finnick. Aquela menina pode muito bem seguir Gastronomia que se dará muito bem, indicando ser o oposto do pai. Sorri com essa lembrança, dos dois "discutindo" sobre quem cozinha melhor.

Pedi o prato do dia, que consistia em um simples arroz, feijão e frango grelhado com batatas fritas. Sei que não é o que a nutricionista mandou, e sim o que ela reprova, mas não quis saber. Comprei uma coca-cola e junto com a bandeja, caminhei para o canto mais distante da cantina, jogando o cabelo para o lado esquerdo quando notei uma câmera indiscreta sobre mim. Queria mandar todo mundo para o inferno, mas eu precisava me conter, já que todas as revistas estampavam o meu rosto e o de Edward nas ruas de Los Angeles. Eu estava parecendo a Angelina Jolie em O Procurado, correndo, desesperada, exceto pelo fato de que meu rosto parece um vulcão de tão vermelho, meus cabelos, uma bagunça completa, no entanto, o rosto de Edward ao menos havia sido coberto por tarjas pretas ou que embaçavam a situação. Obrigada, Prim.

Notei que Clove e Peeta estavam lá fora, em uma área de lazer mais jovem, onde os dois estavam em um balanço. Clove ouvia atentamente o que Peeta dizia com um sorriso. A morena estava sem a máscara agora. Os seus lábios estavam sem batom, mas os seus olhos redondos estavam mais destacados por um delineador perfeito, do qual eu senti inveja, mesmo que tivesse à disposição dos melhores maquiadores do mundo, e o cabelo dela era cortado perfeitamente na altura dos ombros. O macacão florido era cretinamente perfeito e respeitador para a sua idade e corpo.

Algo que ele contou a fez gargalhar, o que me fez revirar os olhos, bufando. Ela não cansava de ser tão boa e bater na minha cara sem a mão? O que ela faz perfeitamente também?!

Comi um pouco irritada, sem conter alguns olhares na direção dos dois, exclusivamente em Peeta, que parecia feliz ao se balançar levemente no balanço ao lado dela, e ambos tinham as mãos entrelaçadas. Antes de serem um casal, pareciam grandes amigos.

Suspirei profundamente, tentando a todo o custo não olhar para aquela cena que eu nunca vivenciei. Eu e Peeta brigávamos demais para irmos em um balanço, mas passávamos ocasionalmente em frente a uma pracinha de mãos dadas, como no nosso primeiro encontro.

— Katniss, e aí — era Madge, sentando-se na cadeira de frente para mim, segurando sua carteira da Channel, que ganhou, já que é a nova garota propaganda da marca.

— O que houve? — perguntei, sem ânimo. Eu devo repensar a ideia de ir à um psicólogo urgentemente, pois meu humor vacilou drasticamente, então me veio uma tremura, como se estivessem passando um gilete no meu útero.

Cólica. TPM.

Eu vou ficar bem. Desta vez não preciso de um médico para ouvir meus problemas.

— Só quero erguer uma bandeira branca entre nós duas, Everdeen — falou, então olhei para ela. A expressão facial era totalmente neutra. — Edward é uma criança incrível, uma em um bilhão, e eu também não quero ficar muito longe dele, mas há você, a mãe.

— Edward vai voltar com o pai para a Inglaterra, Madge. Está argumentando com a pessoa errada  — eu disse, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas, mas sem que eu identificasse uma razão concreta, afinal.

Uhhhh... — gemeu, fazendo um biquinho. — Entendi tudo. É o loiro que devia ser modelo da Calvin Klein, não é? Aquele dali?

Suspirei, seguindo os olhos dela para o parquinho. O jeito de rir, gesticular e mexer nos cabelos que Ed tinha foram totalmente copiados de Peeta. Mesmo que nosso filho tenha sido uma cópia minha, haviam coisas de Peeta que de algum modo eram inegáveis, mas eram situações mais ligadas à personalidade.

— Sim, ele mesmo — respondi, querendo chorar. Clove o fez rir depois de sussurrar alguma coisa. — E essa é a atual esposa dele.

Madge mordeu o lábio, vendo a mesma cena que eu.

— Céus, Katniss, você é mais ignorante e idiota do que as revistas dizem para ter deixado um cara desses pra trás! — exclamou, arregalando um pouco os olhos quando Peeta estendeu uma mão para Clove se levantar, passando um braço ao redor da mesma, que o abraçou com os dois braços. — Não duvide da minha orientação sexual, mas ela é muito linda. Eu casaria com ela se fosse ele. E bem... foi o que aconteceu.

— Não joga isso na minha cara! — reclamei, bufando. — Diz isso como se eu não soubesse!

— Você não precisa nem da minha inimizade depois de ter desperdiçado uma amizade dessas, hm? Um relacionamento com ele... uhhh, prefiro nem pensar na facilidade que foi para você ter ficado grávida — Voltou-se para mim, rindo.

— Vou simplesmente ignorar a parte com coisas subentendidas da frase, ok? — ela riu, assentindo. — É... Agora você sabe uma das razões de eu ser tão idiota.

Madge me olhou atentamente.

— Você ficou essa pessoa totalmente arrogante pois foi burra? — ri desgostosa, querendo chorar, balançando a cabeça em negativa.

— Eu sempre estou com raiva de alguma coisa, sempre, no entanto, posso dizer que a situação foi agravada.

Uau... — ela esfregou as bochechas. — Preciso te ajudar a recuperar esse cara. Você é mais suportável do que eu imaginava, sabia? Acho que é por causa do seu filho. Como ele é tão adorável?

Sorri. E com uma felicidade sincera por ser tratar de Ed.

— É o tipo de coisa que eu sempre me pergunto, desde quando ele nasceu. Peeta não tem a personalidade muito diferente da minha, embora seja mais contido — e pela primeira vez em todo o tempo que conheço a figura pública e pessoal de Madge, não quis bater nela.

— Bem, não gosto de crianças. Eu as odeio, mas Edward... Você sabe. Ele tem algo diferente. Não sei dizer. Sou atriz justamente por não conseguir me expressar como ser humano.

Ri, balançando a cabeça em positiva.

— Eu nunca fui boa em nada, nada mesmo, então eu já fazia expectativas assim para mim. E bom, eu não suporto crianças, mas de algum modo, Edward possui uma auréola. Não é porque é o meu filho, você sabe — Madge sorriu, balançando a cabeça em concordância.

— Isso! É exatamente dessa forma que eu vejo! — Tirou uma nota da carteira, chamando uma garçonete. — Pode por favor me trazer o prato do dia, por favor? E uma coca-cola.

A moça assentiu, tentando esconder a expressão totalmente surpresa por ver eu e Madge ali, no hospital. Quando ela saiu, começamos a rir.

— Você viu?! É tão legal quando isso acontece! — exclamou, com um largo sorriso. — Bom, Katniss, posso te afirmar que você não é a mesma de quatro semanas atrás quando ele foi esquecido por você na boate que a Amy deu a festa, uma pessoa claramente diferente da qual você é hoje. E por isso eu vim até aqui.

— Olha, eu... — ela me interrompeu, pegando uma das minhas batatas fritas. Acertei um tapa em sua mão, fechando a cara. — Não!

Madge gargalhou, mas pegou mais três batatinhas. Eu não esbocei um sorriso mediante o seu ato, mas descontraí quando ela me passou para mim sua sobremesa, que era um pedaço bem grande de pudim.

— Só um pedaço — avisou, com a boca um pouco cheia de comida. Balancei em concordância, pegando um pedaço para mim, então comecei a comer os meus brownies.

— Por qual razão você veio falar comigo? — perguntei, suspirando, depois de colocar uma me ha de cabelo atrás da orelha, querendo ir direto ao assunto logo. Não sou muito paciente.

— Porque, como eu disse logo assim que cheguei, quero erguer uma bandeira branca, sou da paz. Não quero guerra — disse, calma. — Eu aceitei o papel de Jean Grey em X-Men.

Fiquei boquiaberta.

— Mas esse filme só vai ser rodado daqui a uns bons quatro anos! — ela sorriu, concordando.

— O primeiro filme só vai começar a ser gravado em três anos, e você já recebeu o seu papel, não?

Balancei a cabeça em concordância, um pouco perturbada. Aceitei em fevereiro deste ano o papel de Mística, no entanto, preciso manter sigilo pelos próximos dois anos, e elevar a minha pontuação com Hollywood ainda mais. É muito difícil interpretar personagens assim, mas dá dinheiro, e o roteiro é muito interessante.

— Então, eu estou no top 3 das atrizes mais concorridas da década, e você também, estando logo atrás, em terceiro lugar. Sabemos que é improvável que passemos a Kristen enquanto ela estiver como protagonista de Crepúsculo. O filme estréia no ano que vem e já viu o assédio dela, coitada — assenti, triste pela Kristen. Não pode nem mais comprar algo que vira notícia. — Mas eu quero que sejamos amigas. Não quero ver meu nome envolvido em fofocas, não, e eu ficaria muito feliz se aceitasse darmos essa trégua, que ninguém sabe onde começou, Katniss. Quero sua amizade. Não por dinheiro, fama e promoção, como acontece com a Schumer, e você malditamente sabe disso. Detesto estar de mal com alguém, e realmente quero você nas minhas festas privadas e uma das pessoas das quais mais troco mensagens no iMessage.

Olhei em seus olhos azuis, à procura de alguma ironia ou microfone e câmeras que estivessem gravando nossa conversa, mas parando para pensar, aonde eu chegaria com isso, digo, sustentar uma inimizade com ela?

— Muito obrigada pelo pedido, porque eu já estava cansadíssima de sustentar esse clima pesado entre nós — desabafei, deixando meus ombros caírem, e ela sorriu animada, estendendo-me a mão, que apertei.

— Gale me incentivou fazer isso, meu noivo, mas bem, eu queria fazer isso há um bom tempo.

— Então esse é o nome do seu noivo! — ela nunca divulgou o nome do seu parceiro, ou algum detalhe do seu relacionamento, nada além do anel com uma pedra de diamante discreta, mas era claro que era de diamante.

— Gale Hawthorne. Ele não é muito fã dessas coisas de Hollywood, câmeras. É um engenheiro, prefere os números do que interagir com os outros...sabe como é, né? Louco por exatas.

Ri, esfregando os olhos. Eu estava muito cansada, queria a minha cama de 40.000 dólares, feita sobre medida. Mas eu tinha que me manter de pé.

— Peeta trabalha com fotografia, mas ama hotelaria.

— É a profissão atual? — ela perguntou, descontraída, comendo mais um pouco da comida.

— Eu não sei — respondi, me sentindo culpada, com um aperto no peito. Como não sei dessa pergunta? Se quero saber sobre Edward, preciso saber sobre Peeta também. — Mas sei que ele vai abrir um hotel, no entanto, não sei em qual lugar, apenas de que é pela Inglaterra.

— Uou... — ela disse, terminando de comer. — Precisa mesmo passar um período de férias, hein? É a sua família.

— Era — corrigi. — Era a minha família. E eu daria tudo para sermos o que éramos antes — murmurei, fechando os olhos. Havia sempre muita pressão sobre mim.

— Eu sei que sim. Você já está diferente. Está com uma expressão de mãe, com essas olheiras enormes e tudo mais — sorri.

— Nunca imaginei que ficaria feliz por alguém notar isso em mim — ela riu, então, me olhou atentamente.

— Vou na semana que vem para a Inglaterra e me hospedarei no Hilton Cambridge City. Com certeza ele vai convidar você, então, quando o fizer, dá um pulo lá. Na verdade, passe e se hospeda lá. Sempre reservo um quarto com duas camas.

Madge era definitivamente muito mais do que capas de revista e filmes de boa moça.

— Obrigada, Madge — falei, realmente agradecida.

No final das contas, era bom deixar as pessoas se expressarem um pouco, e ser um tanto mais paciente.

*^*

— Boa noite — desejei, em um tom baixo, para Edward, que suspirou, virando-se para o outro lado em sua cama do Batman. Sorri, dando um beijo em sua bochecha, então cobri melhor o seu corpo. Saí do quarto, onde Peeta me esperava no corredor.

Ed teve alta hoje à noite, e eu não medi esforços para trazê-lo para casa, então, fazer as malas dele, mesmo que eu não queira que ele vá para longe de mim amanhã de manhã. Peeta e Clove vieram para me ajudar com isso.

— Preciso falar com você — disse, com as mãos no bolso da bermuda cinza que usava. A blusa branca refletia melhor os seus cabelos loiros escuros agora, depois de tanto tempo, escureceram. Mas ainda sim, são loiros, e muito bonitos, como tudo nele.

— Claro — concordei, caminhando para a varanda. — Clove, já colocamos tudo nas malas. Você pode dormir no quarto do Ed — aconselhei, vendo sua expressão cansada. Até cansada ela era bonita. É um tanto revoltante, mas eu não estou disposta a bater nela. Hoje não.

Estou exausta demais para isso.

— Obrigada — agradeceu, com um sorriso torto, então logo foi para onde o meu filho dormia, mas antes lançou um olhar para Peeta. Virei o rosto, mordendo os lábios, para não cometer ignorância.

— O que quer tratar comigo? — perguntei, debruçando-me sobre o parapeito da varanda grande.

— Não fale comigo nesse tom, como se eu fosse seu empresário, e nem me trate com descaso, como se eu fosse um dos seus fãs — pediu, encostando as costas no parapeito, ficando de frente para mim.

— Foi mal — redimi-me. — Mas fale: o que quer me dizer?

— Em agosto ele tem as férias de outono, que são duas semanas em casa. Ele pode vir para ficar com você, o que acha?

— Acho ideal, mas não sei se vai ser bacana para ele. Vou para a Alemanha em agosto para gravar cinco episódios para House. Mas bem, posso ir buscá-lo, tecnicamente, então parto para Berlim.

— Pode ser... — disse, olhando a rua por cima de seu ombro. — Ele vai se apresentar na Igreja no próximo final de semana. Ele sempre canta, mas vai ter um solo. Você vai. Não é um pedido —olhou nos meus olhos. — Clove sempre foi nessas apresentações, você precisa ir na mais importante, ao menos.

Balancei a cabeça em concordância.

— Só não conte para ele que eu farei o possível para ir — falei. — Minha rotina é bem instável, então não posso garantir que estarei lá às...

— 09:30 da manhã. Em ponto — completou para mim. — Tudo bem, mas acho bom você ir.

— Só peço um pouco de confiança da sua parte — falei, suspirando. — Por favor. Eu não vou mais fazer as bobagens que fiz.

— Sei que não, mas não custa forjar algumas ameaças — disse, com um sorriso torto para mim. Devolvi, balançando a cabeça em negativa, o que me fez dar um risada.

— Inacreditável — balbuciei. — Você é ridículo.

— É mesmo? — ficou como eu no parapeito, olhando para a rua. — Acho que aprendi um pouco com você.

Abri um sorriso maior. Com a estadia de Edward no último dia no hospital nós tivemos mais oportunidades de conversar, mesmo que pouco. Temos levado essa coisa de amizade a sério. Aprendi coisas novas sobre Edward, como por exemplo o fato de todo mês passarem em um China In Box para comprar os biscoitinhos da sorte.

— Como ainda são 21:20, posso cozinhar alguma coisa. O que você e a Clove vão querer? — perguntei, querendo abraçar ele, levá-lo para um lugar onde ninguém pudesse nos ouvir e a gente se cassasse em segredo, no entanto, não posso me permitir tais pensamentos. Não mesmo.

— Não precisa se incomodar, daqui a pouco chamo a Clove para irmos embora — disse, calmo, com o vento fazendo balançar os seus cabelos, trazendo na minha direção um aroma de shampoo masculino e perfume. Ferrari, provavelmente. Ele tinha mudado a fragrância.

— Pra quê? Se ficarem essa noite aqui, não vão pagar a noite. E ela está com tanto sono, que não duvido que já esteja dormindo.

Ficou pensando por uns 10 segundos, que se arrastaram como uma eternidade para mim, que desviei o olhar para o alto. Deus, por favor, tira esses pensamentos impuros de mim, eu Te peço suplicante, sussurrei em meus pensamentos essa oração. É horrível quando a tentação é bonita.

— Tudo bem, mas ainda preciso ir no hotel para pegar minha mala e as malas da Clove — assenti. — Vou querer algo com batatas fritas.

Ri, fechando os olhos. Me afastei do parapeito, então comecei a caminhar em direção à cozinha.

— Peeta — chamei, vendo-o ainda observar Los Angeles. — Fica um pouco com o Ed e a sua esposa. Acho que eles precisam um pouco de você.

Por mais amargo que seja, eu tinha que dizer. Ele parecia triste.

Ele se virou, ficando de frente para mim, mas estávamos a uns bons três metros de distância, e eu pretendia ficar ainda mais longe para não pecar. Fui para a cozinha, aos sons dos meus passos. Quando me lembrei que Bandike e Romeu estavam no quarto com meu filho.

Logo Peeta apareceu correndo na cozinha, com uma expressão desesperada, seguido por duas coisas peludas, uma branca e outra marrom. Bandike e Romeu, respectivamente. Comecei a rir, pois ele, um cara tão alto, que já passou tantas coisas na vida, tinha medo de cachorro.

— Pelo amor de Deus, faz isso parar! — pediu, com os olhos suplicantes.

— O que?! Por qual razão eu pararia de rir?! — e ri mais, ouvindo os espirros e latidos animados do meninos, que só queriam um pouco de colo. — Eles não mordem! Não são selvagens! O Bandike, apenas, mas é muito difícil. Ele é um cachorro de fases. Tem seus momentos.

Peeta me olhou, e não suavizou o seu desespero

— Tira eles daqui! Agora! Por favor!

Assenti, pegando meus meninos, um em cada braço, e os deixei no meu quarto, depois de deixar um beijo na cabeça de cada um deles.

— Pronto, pode parar de gracinha, Christopher — falei, com um sorriso maldoso por ter usado seu sobrenome. As expressões de raiva dele são as melhores, com certeza.

— Você não presta — disse, balançando a cabeça em negativa. — Carter.

Ouvir aquele meu nome, em sua voz, era quase como se eu fosse plantada novamente quando assistimos à Titanic, e aconteceu o momento do qual eu sempre esperei.

Lalalalalalaaaaaaaaaaa — cantarolei, indo para a cozinha. Podia ver claramente o quanto Peeta estava mais tranquilo agora que os cachorros estão no quarto. — Você pode ir buscar suas malas no hotel, enquanto eu faço algo de comer, o que você acha?

— Ótimo. Pode apenas me dar um número de táxi? — peguei um cartão que estava perto da fruteira, entregando-o. — Ooobrigado.

E saiu.

03:08 da madrugada de domingo

Risadas me acordam. Esfreguei meus olhos, e ia me levantar se Edward não estivesse enrolado em mim feito um bicho-preguiça na árvore, literalmente.

Mãe — ele sussurrou. — Fica aqui. Daqui a pouco eu vou embora.

Senti vontade de chorar. Seu voo sai às 10h, junto com seu pai e Clove.

— Não quero que você vá — falei, ajeitando meu corpo para até mesmo ele se sentir mais confortável. As risadas vinham de um desenho na televisão. — E não vou a lugar algum.

— Esse é o problema.

Foi quase um murmúrio, mas eu entendi bem o que ele disse. Não sei bem o que responder, afinal. O que eu poderia dizer? Eu já fiz muitas promessas, e agora está mais do que na hora de começar a agir mais.

— Você jantou? — perguntei. Depois que fiz a comida, jantei, e enquanto eu comia, Peeta chegou com as malas, acompanhando-me, depois que levou um prato para a esposa no quarto. Ed não quis comer.

— Ainda não. Estou com um pouco de dor no corpo, um formigamento nas costas, mãe — disse, com sono. — Mas quero comer.

— Quer que eu traga aqui ou te pegue no colo? — sorriu, mesmo com a escuridão toda que estava agora que desliguei a tv.

— Pode me levar no colo, mas aceito esperar aqui — revirei os olhos, divertida.

— Só você mesmo para me deixar de bom humor a essa hora da madrugada, Edward — ele riu baixinho, para não incomodar, tornando-o ainda mais agradável.

Coloquei rapidamente um pouco de comida para ele, sabendo que não havia nada com glúten ou avelã, então voltei para o quarto, onde ele estava quase caindo de sono, com Romeu em seu colo, encolhido como um gangolo.

— Abre a boca — pedi, sentando-me de frente para ele, verificando o seu curativo na garganta. Por enquanto, não poderia comer nada ácido ou quente, apenas por incômodo, e por esta razão — que também envolve provocar Peeta —, fiz purê de batatas com carne moída ao invés de batatas fritas.

Hmmmm... — disse, com os olhos fechados. Sorri, sentindo minhas bochechas corarem um pouco. Sempre fico envergonhada quando elogiam minha comida.

Terminei de dar comida para ele, fazendo questão que comessem o feijão e purê juntos, então, depois de ter terminado, limpei sua boca com a própria colher e meus polegares.

— Pode ir dormir. Não é por causa disso que vai ficar com cárie — brinquei, colocando o prato na mesa ao lado da cama, mas de modo que os meninos não vão lamber.

— Valeu, mãe — agradeceu, aconchegando-se a mim, que logo o aconcheguei de volta. Sem mais delongas, dormi.

Na manhã seguinte

— Era por isso que eu não queria tratar ele bem e saber de tudo — falei para Peeta, enquanto Edward e Clove estavam verificando as últimas coisas na sala. — Peeta, eu não quero que ele vá embora.

— Katniss, a gente já discutiu sobre isso, e está fora de cogitação! — ele sussurrou alto, de forma que apenas eu poderia escutar.

— Você vai mesmo deixar eu ir vê-lo quando eu puder?

Suspirou, bufando.

— Já não disse que sim? Apenas me liga ou manda algo antes, porque estou muito atarefado com as coisas finais do Hotel, e tenho meus deveres como pai e marido. Sem contar os estudos finais de um curso de especialização em administração e contabilidade que eu faço.

— Acho bom que o que você esteja me dizendo seja verdade — eu disse, pegando a mochila de Edward, segurando. — Moleque, o que você está carregando aqui?!

A mochila deveria pesar no mínimo dois quilos, então senti uma movimentação incomum e uma fungada. Deus, quantas vezes ele fez Peeta gritar de pavor nesses nove anos de vida?

— Edward Sheeran Mellark, o que diabos os cachorros estão fazendo na sua mochila?— Peeta perguntou, olhando para o garoto, que sorriu mostrando todos os dentes.

— Eu gosto deles, e a tia Clove disse que eu poderia levá-los — nossos olhares foram para a morena baixinha, que ria da cena, mas ao ser mencionada, gelou, ficando com a pele parda bem corada.

— Tenho nada haver com isso — garantiu.

— Percebe, Peeta, a petulância do cavalo? — questionei, séria, tirando os meus menininhos de dentro daquela mochila, e ambos saíram correndo para dentro de casa, latindo.

Pensei que Peeta fosse tomar uma atitude madura, segurar Ed pelo braço e falar bem sério, ou que a Clove fosse fazer isso, mas na verdade o que aconteceu foi uma sequência de gargalhada incontrolável dos três. Fiquei com cara de taxo.

— Ai, ai... — Clove balbuciou. — A petulância do cavalo.

E riu mais, fazendo um som melodioso. Ridícula.

— Anda, vamos logo pro carro — Peeta disse, esfregando os olhos, com um sorriso ainda no rosto.

Entramos no elevador, e quando pensei que o clima ia ficar tenso, lancei a primeira bomba de ignorância.

— Não vai brigar mesmo com ele, que ia roubar os meus cachorrinhos de verdade? — perguntei ácida para Peeta, que olhou pra mim, tentando segurar uma risada, com os lábios chegando a tremer.

— Edward, não pode pegar cachorrinhos e colocar na sua mochila — ele disse, e podia ver o seu verdadeiro esforço para não rir.

— Que ridículo! Ridículo! — exclamei, com a cara bem fechada, agradecendo pelos óculos de sol para não tirarem nenhuma foto indesejada.

Edward riu mais, de sua maneira um pouco desesperada, e puxou alguns assuntos aleatórios, já que nunca parecíamos que iríamos chegar no térreo, mas infelizmente a viagem de elevador teve fim, e o menino foi o último a sair, ficando com uma expressão dolorida. Sinto que não estou diferente.

— Você está bem, Pequeno Príncipe? — Clove perguntou, ajoelhando-se no saguão enquanto Peeta cuidava das malas com Tresh.

Ela é uns três palmos mais baixa do que Peeta, e me surpreendeu por não ter ficado menor que Ed ao se abaixar.

O pequeno apenas balançou a cabeça em concordância, com os olhos baixos, mas da mesma maneira que eu me senti quando estávamos à caminho da nossa primeira première juntos, de que estávamos conectados, voltou mais uma vez, e eu soube que não era pra eu me assustar. São laços entre mãe e filhos que não podem ser explicados. Edward estava triste, e eu também fiquei, por ele estar.

— Vai ficar tudo bem — ela disse em um tom baixo. — Acredita em mim, não acredita?

— Sim — a voz dele saiu quase como um sussurro.

— Ótimo — ela disse, tentando deixá-lo contente. — Então acredite em mim quando digo que vai ficar. Sua mãe vai te ligar agora.

Então os olhos dele encontraram os meus, um de cada cor, um com cada lembrança diferente e intensa. Senti minha vista embaçar por causa das lágrimas.

— Clove — Peeta chamou, com uma expressão séria, sem esboçar algo certo, mas em seu olhar para mim indicou um "vai falar com ele", e a chamada de sua esposa fora apenas para me despedir de Edward.

Mãe — e o meu pequeno abriu os braços, começando a chorar, exatamente quando fazia quando era um bebê recém-nascido. Não aguentei, correndo até onde ele estava, e o peguei no colo, apertando-o contra o meu corpo como se fosse morrer.

Comecei a chorar, tentando ser silenciosa, mas o que podia fazer eu se um soluço estalou meus lábios, e eu já não conseguia mais reagir além disso?

— Eu vou te visitar, eu juro, Ed, eu juro pela minha vida e tudo o que eu tenho. Eu amo você, amo muito! — falei, com meus olhos fechados, depois de ouvir os meus óculos fazerem um som no chão. Eu nem me importo com isso agora, apenas consigo pensar que Edward está indo para outro continente.

— Eu também amo muito a senhora, mãe — confessou, soluçando em meu ombro. O abracei mais apertado, com suas pernas ao redor da minha cintura, um dos meus braços embaixo de suas coxas e outro ao redor de suas costas. Era como se eu fosse morrer se nos distanciassem apenas um pouco. Como pude me privar de sentir algo tão forte como esse?

— Edward, você precisa ir, mas olhe bem nos meus olhos — pedi, olhando para seu rosto angelical, que não era tão mais parecido com o meu se formos olhar pelo lado figurativo da coisa toda. — Você é o meu filho, e não importa o que aconteça, eu vou estar me comunicando com você, seja por Skype, telefone, mensagens, cartas ou séries de TV, mas a única coisa que eu te peço...

Olhou-me dentro dos olhos. Perdi-me na intensidade que seus olhos héteros transmitiam. Eu poderia mergulhar no seu olho azul, mas também poderia pegar pneumonia em seu olho cinza. Deus, me perdoe por toda minha ignorância que tive durante todos esses anos, por favor, supliquei em pensamentos.

— Que não deixe ninguém no meu lugar. Agora é pra valer.

Ele abriu um sorriso, mostrando-me seus dentes separados ma frente, então colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Tinha muito de Peeta nesse garoto.

— Mãe, a senhora sempre foi única para mim, e vai continuar sendo.

Meus lábios tremeram mais uma vez, querendo chorar mais, mas não tínhamos mais tempo.

O coloquei no chão, e beijei sua testa, vendo seus olhos se fecharem por esse instante e abaixar sua cabeça, com um sorriso torto e os olhos emocionados.

— E Ed, quero que saiba que foram as melhores semanas da minha vida — falei, com toda a sinceridade que eu carregava no coração. Não era muita coisa, mas realmente todo o meu coração estava naquela frase.

— Haverão outras melhores, certo? — sorri, assentindo.

— Claro que sim. Vai com Deus, pequeno — falei, abrindo a porta do táxi pra ele.

— Se cuida, e dos meninos também! — sorri, assentindo, batendo a porta do carro. Peeta me lançou um olhar bem emocionado, com um sorriso torto. Ah, esse olhar e esse sorriso... se soubesse o quanto me deixa desarmada, com certeza pararia de me direcionar isso.

Indiquei que o carro já poderia partir, e nem pensei duas vezes antes de ligar para Prim, sabendo que Madge ficaria feliz com a minha decisão assim que eu ligasse para ela daqui a pouco.

— Pegue o meu passaporte e compre uma viagem para a Inglaterra para o próximo final de semana. Eu tenho que viajar, mas não se preocupe com o hotel, porque eu também já tenho onde ficar.


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Notas finais do capítulo

Hey, caros Chucrutezinhooooooooooooos! *sorrisão, animada*
Muito obrigada mesmo pelos incríveis comentários do capítulo anterior, de todo o meu coração, e eu gostaria de colocar um trecho de uma música que a Sugar colocou no comentário *risos* e é exatamente o que eu sinto sobre cada um de vocês!
"eu tenho tanto pra lhe falaaaar, mas com palavraaasss não seeeei dizeerrr! Como é grandeeee o meu amoooor poooorrr vooooocêêêêêê!"
*chuva de aplausos, pessoas de pé, e eu sorrindo, agradecendo, inclinando meu corpo para a frente*
Acho que na verdade eu preciso fazer o que eu disse para uma amiga quando ela passou para a FAETEC e quis se exibir com a gente: desce desse pedestral que você se colocou agora!
*poker face*
Sim, eu sou muito ousada. Mas foi ela quem me chamou de podre e
tudo mais, so I lose the moral pra falar.
Nem sei mais o que eu 'tô falando! *jogando as mão pro alto, desistindo de falar*
O que acharam do capítulo, Baaaees? :) Eu estou um pouco atrapalhada com isso de escrever TAM porque estou escrevendo o próximo capítulo de ASDH e preciso postar o último em AP, isso sem contar a prova final do curso de inglês para eu pegar meu certificado *louvando a Deus por isso* e tipo, eu me lembrei que tenho uma porcacria de trabalho para apresentar no dia 19, já anulando a possibilidade de ir assistir x-men *chorando* Mas juro que já estarei escrevendo o próximo, que vai ter MUITA coisa.
Alguém aqui gosta de Oh Happy Day? *sorriso*
Peço a ajuda de vocês para me ajudarem na escolha de dois nomes...
1 para Bernardo
2 para Oliver
3 para Issac
4 para Tyler
5 para Olivia
6 para Eleanor
7 para Florence
Não posso contar agora, é segredo, mas vai agradar vocês. Juro.
Bom, é isso. Peço sinceras desculpas por não ter postado na sexta-feira, onde eu juro mesmo que tentei, e foi o que eu passei o dia fazendo, mas realmente não deu, e aos sábados é quase impossível, pois o curso é a tarde toda, e a única coisa que me deixa com forças é dormir, depois, no domingo, tenho curso de novo e depois Igreja à tarde. Como esse domingo eu infelizmente não fui, me esforcei para postar esse capítulo, que foi feito com um pouco de sono, finalizado há poucos minutos,mas de todo o meu coração. Espero que tenham gostado, e se não gostaram, podem me dizer, e onde eu deveria destacar mais no próximo. Falta bem pouquinho para o encerramento da fic :'(
Beijos, até sexta-feira, se Deus quiser! ♥