Sereias apocalípticas escrita por Evil Maknae, RebOS, Laesinha, Ana


Capítulo 7
Misha e a Base


Notas iniciais do capítulo

ME DESCULPEM. EU SUMI MAS ESTOU DE VOLTA (para a alegria da nação) :v
Sorry mores, mas a escola me sugou de tal maneira que tive que me concentrar totalmente nos trabalhos e, consequentemente, nas provas também.
PORÉM NÃO ME ESQUECI DE VOCÊS! (yaaaaaaaay!)
Esse capítulo demorou de sair, mas finalmente está aqui. Espero que gostem ♥
(Tudo na visão da Anna)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686214/chapter/7

Poderia ser bem pior, para ser sincera. Na verdade, estava tudo meio médio. Porém os nossos novos companheiros de viagem deixavam tudo mais simples - porque, no final das contas, nada estava cem por cento em um apocalipse zumbi.

Nosso ânimo estava baixo e já não aguentávamos mais os mesmos CDs, que eram praticamente nossa única diversão. Passamos á inventar letras de músicas, tipo paródias, e cantávamos o tempo todo. Principalmente perto de Cian e Benjamin, que não entendiam absolutamente nada.

Paramos em uma cidade pequena e totalmente devastada – Willes - onde pouco visitei. Foi totalmente evacuada pelo governo com alta incidência do vírus. Ficar ali me dava calafrios e uma sensação de mal estar. Talvez eu estivesse mais louca que o normal.

Decidimos procurar algo nas ruas e esquinas próximas do estacionamento do mercado, onde os garotos pegavam suprimentos. Nós nos separamos, cada uma – eu, Rebecca, Layx e Amanda -  com um apito de para caso algo acontecesse. Recarreguei as armas, peguei o taco de beisebol e segui reto. As construções estavam caídas, e muitos zumbis estavam mortos no chão. Olhei para trás e as meninas já tinham sumido, cada qual para um lado do bairro.

Na esquina logo á diante, um zumbi me chamou a atenção: tremia, o sangue ainda... fresco, com um furo na barriga. Não parecia ferimento de bala. Parecia que alguém havia cravado um bastão para atrasá-lo. Passei por cima e continuei.

As casas com os vidros quebrados, a grama sem vida nos jardins que um dia tiveram cores. Queria sair logo dali. Queria apitar aquela droga e pisar fundo para longe de Willes. Até que uma movimentação chama minha atenção. Atrás da casa 201, á minha esquerda, mais especificamente no quintal. Vou devagar, me encostando na lateral da casa até conseguir olhar para o local sem que vissem meu corpo. Peguei meu revolver da bota e coloquei mais quatro balas. Olhei novamente e prendi a respiração.

Foi tão rápido que nem consegui soltar o ar.

Fui andando com o passo firme na grama sem vida, e dei um tiro na cabeça do zumbi. Minha mira estava cada vez melhor. O corpo cai e um garoto está atrás, sentado, com um galho grande, pontudo e aparentemente pesado nas mãos. Ele me olha desacreditado, o suor brotando na testa. O sangue estava manchando sua calça jeans, bem no joelho.

Finalmente solto a respiração e corro até ele. Agacho-me em sua frente, pego seu braço e estico, colocando em meu ombro e dando-lhe a arma.

— Sem perguntas. Confie em mim.  – ele fez que sim com a cabeça – Se algum zumbi aparecer, atire. Mire na cabeça para matar ou na perna para atrasá-lo. – jogo algumas balas de meu bolso no chão. – Se conseguir, recarregue.

Estico sua perna, e o rapaz faz uma careta. Abro a mochila e tiro alguns itens de primeiros socorros. Estava tão imersa nos cuidados que me assusto com o tiro disparado. Olho para trás de relance e vejo um corpo cair. Menos um.

— O som vai atrair mais desses ai para cá – coloco o apito na boca e assopro com toda a força. O som faz meus ouvidos doerem.

— Pra que isso? – é a primeira vez que ouço sua voz.

— Vamos.

Levanto, pego as balas no chão e jogo tudo na mochila, junto com os itens e remédios. Ajudo-o á se levantar, e o garoto passa o braço por meus ombros. Saímos do quintal com o passo mais rápido possível. Ele estava muito machucado, e só as meninas poderiam ajudá-lo. Mais especificamente Layx, que sabia tratar de ferimentos mais graves.

Passamos pelo corpo caído e avisto todos correndo até nós. Consigo ver os carros, e ouço os gritos de Amanda e Rebecca. Vejo Layx focar melhor em mim, e ela se junta ás meninas também.  Sinto o garoto vacilar e cai na hora que o seguro, amortecendo sua queda. A dor de cair no concreto sentada e com um corpo mais pesado nos braços é bem ruim.

Ele respirava devagar.

— O que houve?! – Amanda grita, e Cookie late sem parar.

— Eu não sei. Só achei que ele precisa de ajuda. Ia morrer. Ia virar uma dessas coisas – dizer o nome me dá náuseas.

Benjamin e Cian o tiram do meu colo, e as meninas me ajudam a levantar. Layx acompanha os garotos mais á frente. Ela vai saber o que fazer.

Willes nos deu um sobrevivente.

***

A casa que invadimos era até... Confortável, na medida do possível. Enquanto o garoto descansava na cama de um dos quartos, todo o resto trancava as janelas, portas e qualquer espaço (com madeiras, ferros e trancas pesadas) que pudesse auxiliar os zumbis de entrarem na residência. A casa estava preparada para essas coisas ou a família gostava muito de correntes e cadeados.

Com tudo trancado, os cômodos ficaram mais frios e sem vida. Era um local simples: uma sala, cozinha, dois banheiros e três quartos. Sem andares, tudo térreo. Fomos até no porão, mas provavelmente a família havia se tornado zumbi também – ou fugido á tempo.

Já estava ficando tarde e decidimos jantar. Vou para o quarto onde o garoto está para ver se acordou. Abro a porta devagar, e a luz estava ligada.

Nunca tinha visto alguém chorar tanto, apesar de não emitir som algum.

Ele derramava as lágrimas no travesseiro onde colocaram sua cabeça mais cedo. Me sentei na beirada da cama, de frente para ele. A perna esquerda que fora ferida estava esticada e a outra ele usava de apoio para deitar a cabeça.

— Ei – minha voz soou serena. – Eu sei o que você está sentindo.

Seus olhos me encaram, as sobrancelhas curvadas. As olheiras estavam mais profundas por causa do choro, imagino.

— Eu duvido muito – a voz estava embargada. 

— Medo, insegurança, solidão. Você sente que vai morrer a qualquer instante. – falo devagar.

Suas feições vão se suavizando. É um lindo rapaz.

— É sempre muito difícil... – esperava ele dizer seu nome.

— Misha – a voz grossa estava vacilante. Devia ter perdido alguém.

— É sempre difícil, Misha. Perdi meus pais, assim como todos aqui perderam pessoas que amavam muito. Deixei minha casa e quase morri milhares de vezes.

Misha coçou os olhos com as pontas dos dedos, arrumando o cabelo para trás. Ele arrumava as pulseiras de couro e, sem olhar para mim, fala:

— Eu perdi minha irmã de 8 anos. Ela era minha responsabilidade. Eu havia prometido isso para os meus pais antes de se tornarem... Essas coisas. – ele me olha, e consigo ver as lágrimas brotarem nos cantos dos olhos e o nariz ficar vermelho – Eu tive que matá-los.  – Misha volta a mexer nas pulseiras - Dayse não tinha nada a ver com isso. E ela foi morta, era muito frágil, como uma flor. Não consegui salvá-la. Era para você ter me deixado morrer. Eu perdi tudo que me fazia feliz na Terra.

Eu fiquei me sentindo uma pessoa horrível, mesmo que eu não tenha feito nada. Misha estava tão triste, tão furioso com a situação que a melhor coisa era colocar tudo para fora. Apenas fiquei ouvindo; sabia que isso era o melhor que poderia fazer. Dar conselhos em uma situação delicada como essa não iria adiantar muita coisa.

— Misha – puxo as magas do meu casaco -Você tirar sua vida não iria adiantar em nada. Tenho certeza que tentou fazer de tudo para salvar Dayse, e que seus pais não iam querer virar zumbis. Eles ficariam orgulhosos de você, principalmente porque está vivo.

Ele respira fundo. Fez que sim com a cabeça e, com toda essa atmosfera ruim sendo deixada de lado aos poucos, pude analisá-lo melhor.

A pele é morena, mais clara que bronze. O cabelo preto estava para trás, meio úmido. Usava pulseiras de couro, e as sardas lotavam todo o rosto em uma tonalidade mais escura que sua pele. Os olhos, tão escuros quanto os meus, estavam avermelhados.

— O que são vocês? – foi tão baixo que quase não ouvi.

— Sobreviventes. Todos nós. – fiz uma pausa – E se você quiser ficar conosco, será um também. Temos metas e objetivos. Somos uma família, Misha.

— Uma... Família?

Sorri ao lembrar como nos conhecemos. Parecia improvável que virássemos uma família, mas aconteceu. E eu agradeço por isso.

— Sim. – ele se ajeitou, mudando de posição na cama. – Estamos jantando. Não quer comer conosco?

— Eu prefiro ficar aqui – um sorriso vacilante foi o suficiente para entender que precisava de tempo.

— Como quiser. – me levanto. – Mas, se precisar de nós, não esqueça que o ajudaremos. Em qualquer coisa.

— Obrigado.

Acho que falar o ajudou. Eu bem sabia como era ficar em silêncio por muito tempo.

Me virei para sair e, já perto da porta, ele pergunta:

— Qual seu nome?

Olho pra trás.

— Anna, prazer.

Saio, fechando a porta. O cheiro dos hambúrgueres me carrega até a cozinha, onde me sento com as meninas e os garotos, e comemos até não aguentarmos mais.

***

O dia clareou bem devagar. O tempo mudou e estava meio frio.

Acordei primeiro. Eram 4:30 da manhã, e andava enrolada em uma coberta que achei no armário da família. Passei por cima de Rebecca e Amanda, que dormiam em colchões. Layx nem se moveu quando saí da cama. Resultado: quase caí umas três vezes, mas tudo bem.

Passei no quarto de Cian, que dormia no chão, e Benjamin, que dormia bêbado na cama. Dava para ver umas cinco garrafas espalhadas pelo chão próximas da cama.

Cheguei na porta de Misha e a abri devagar.

Ele não estava lá. 

Corri em passos leves para o quarto, peguei minha bota, casaco pesado e minhas armas. Olhei em todos os cômodos enquanto me vestia. Abri a porta sem dificuldade: não havia cadeados e nem madeira. Ele saiu por aqui.

 Não tinha nenhum zumbi, pelo menos.

— Ótimo – resmunguei.

Dei a volta na casa. Estava prestes a procurar pelas ruas quando o vi sentado no muro que dividia a casa em que estávamos da casa vizinha.

Aproximei-me e dei um tapa meio forte em sua perna boa. Misha se assustou e quase caiu. Minha cara devia estar péssima, já que ele suavizou a expressão.

— Você endoidou? Acha que pode sair da casa? Isso aqui é proteção.  – apontei para o chão enquanto falava - Você ainda deixou a porta aberta. Se tivesse um zumbi e ele entrasse, poderíamos morrer.

Ele fez algo que me irritou ainda mais: sorriu.

Apontei a arma para seu pé. Ele estendeu as mãos.

— Calma, Anna. Eu só saí pra pegar um ar.

Ele não é certo. Como alguém sai pra pegar um ar quando se tem zumbis por todos os lados?

Ele desceu do muro com dificuldade, devido ao ferimento em sua perna, e parou na minha frente. Guardei a arma no bolso.

— Não faça isso de novo. –soltei o ar, aliviada.

— Tudo bem –Ele não estava mais tão triste quanto ontem. Algo mudou seu humor.

—Eu não estou te pedindo isso, Misha. Eu estou mandando. Temos regras, sabia?

Fez-se uma pausa. O único barulho era os das folhas secas das árvores dançando no ar nublado da manhã.

— Porque você veio me procurar? – falou baixo.

Abri a boca e não formulei uma resposta.

— Não sei. – foi o que eu disse pouco tempo depois – E se você ficar louco e sair por ai subindo muros novamente, não vou te procurar.

— Tudo bem. – foi sua resposta.

Virei para sair.

— Volte a dormir, Misha. Vamos sair daqui a pouco.

Ele veio um pouco depois. O mesmo trancou a porta sozinho, e, mesmo entrando no quarto, não consegui dormir de volta.

Porque eu fui atrás dele?

***

Pegamos o carro pouco tempo depois. As meninas queriam explicações do que tinha ocorrido, e disse que contaria mais tarde, no carro.

Bom, não foi uma boa desculpa.

Estávamos no meio da estrada, seguidas pelos meninos, e contei tudo. Elas me olharam engraçado, e eu corei.

Merda, odeio corar.

— Não me olhem assim! – tampei o rosto com as mãos.

— Tudo bem!  - Rebecca virou para frente, ao lado de Layx.

Olhei entre os dedos e as duas se olharam e sorriram.

— Ei! – todas riram.

O resto do caminho foi longo. Tudo o que se via era estrada e árvores. Era como se adentrássemos uma floresta.

Ficamos em silêncio e eu mexia na minha mochila. Colocava tudo para fora e organizava tudo por partes em sacolas, e as balas e munições variadas nos bolsos da frente.

Até que peguei meu caderno. Eu o ganhei dos meus pais. Nem acreditava que ainda estava comigo, havia me esquecido de sua existência desde o dia que saí do shopping.

Folheei as páginas amareladas do caderninho e uma folha solta se desprendeu da costura do objeto. Rabiscos desorganizados chamaram minha atenção. Quase não consegui ler, mas tinha como título...

... Base.

Olhei melhor. Segui os traços e os nomes pequeninos.

“Sala 12: Feridos.”

“Sala 23: Pastas e documentação.”

“Sala 50 á 100: Refugiados.”

Era o mapa da Base! Estava tudo ligado, era um espaço enorme. Parecia um labirinto bem elaborado. Poucos andariam por lá, só quem tivesse o mapa em mãos ou soubesse muito bem os caminhos que seguir.

Puxei o lápis que prendia o cabelo de Amanda, que acordou assustada. Cookie se levantou, saindo do meu lado e indo para o colo da dona, onde voltou a dormir.

Circulei pontos e escrevi sobre as letras fracas de minha mãe os nomes das salas e locais. Tinha a latitude e longitude. Estávamos salvas!

— Meninas!  - abri mais o caderno - Meu Deus, não acredito nisso!

Amanda amarrava o cabelo novamente, Rebecca se virou para trás coçando os olhos e Layx prestou atenção, mesmo com as mãos no volante.

— Achei o local da Base. Eu não acredito.

— O QUÊ? – elas disseram em uníssono, Layx freando com tudo o carro, agora parado no meio da estrada. Os meninos buzinaram e desceram do carro.

Entreguei o caderno á elas. Começamos a rir loucamente, e Benjamin, Cian e Misha apareceram nas janelas, sem entender nada.

— A Base! – disse Amanda – Sabemos onde ela está!

— Vocês não sabiam antes?! – Misha franziu a testa.

— Não com certeza, mas isso não vem ao caso – disse Layx, sorrindo.

— Estamos salvos. – digo – Cara, eu ia jogar esse caderno fora ano passado. Ainda bem que eu abri antes.

— Vamos para a Base. Só que agora de verdade! – Rebecca entra no carro, e logo depois todos fazem o mesmo.

Jogamos a latitude e a longitude no GPS e descobrimos que não falta muito para chegarmos, só algumas cidades. Não estávamos num caminho tão errado quanto pensávamos.

Agora faltava pouco. Logo estaríamos seguros, finalmente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, migos? O que acharam? Espero que tenham gostado ♥
Comentem, isso me motiva e motiva minhas migas sereias também! ♥
Bjs de luz no ♥ de vocês e até o próximo capítulo!
*some em purpurina roxa*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sereias apocalípticas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.