Sereias apocalípticas escrita por Evil Maknae, RebOS, Laesinha, Ana


Capítulo 3
Shopping


Notas iniciais do capítulo

OLÁ MORES ♥
Então... Hoje eu, Ana, estou postando esse capítulo que fiz com carinho pá vocês *U*
Espero que gostem. Será no ponto de vista da minha personagem Anna (:v)
Bjs de luz e até lá embaixo~



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Shopping. Péssimo lugar para se esconder, eu sei. Mas é o que tem para hoje desde... Muito tempo.

Desço a escada rolante sem emitir som algum. Aquele lugar já me deixou extremamente feliz, mas hoje só me dá calafrios.

Não tenho medo, isso não pode me atingir.

Entro em uma loja de presentes baratos. Olho para todos os lados antes de sequer abrir a porta, mesmo sabendo que aquele lugar está tranquilo. Matei todos os zumbis que estavam ali, sem sentir nada.

Deixei de sentir algo de verdade quando perdi meus pais e, logo em seguida, meu irmão ser chamado para servir em outra parte do país contra os zumbis. Mal sabiam eles que essa droga de apocalipse durará bastante tempo. Nesse momento ele nem deve mais estar vivo.

Esse pensamento de deixa triste. Sinto falta dele. E sinto falta dos meus pais.

Afasto as lembranças e vou para os fundos da loja, mas não antes de pegar uns doces baratos e folhas de ofício jogadas no chão. Aquele lugar estava um caos, mas ainda sim era confortável. Tranquei a porta que separava minha “casa” da lojinha, empurrando a porta de metal pesado e colocando as madeiras na mesma, impedindo a minha saída e a entrada de algum desses ex-humanos.

Era até bom ficar dentro desse quadrado de concreto. Dentro, coloquei uns colchões da loja ao lado, uma escrivaninha da loja de móveis prontos e muitas lanternas novas. Havia estoque de comida industrializada e água em galões e garrafinhas. Joguei os doces na pilha de comida e me sentei na cama. Apesar de não fazer barulho algum aqui dentro, gosto desse silêncio. Me faz relaxar. É diferente de quando estou do lado de fora, caçando e matando; o som dos zumbis é algo que me deixa irritada; a agitação me irrita. Paz e tranquilidade é tudo que eu preciso depois de ficar perambulando pelo shopping e redondeza.

Abro os olhos quando escuto um som diferente. É o som de um carro estacionando.

Apesar de ser quase impossível ouvir algum som ali dentro, a parede á esquerda dava para a entrada do shopping, onde um som de motor estava alto o suficiente para que as paredes não filtrem seu som. Então o carro se desliga e tudo fica em silêncio novamente.

Devo estar louca. Não existe mais vida nessa área da cidade, somente eu. Bom, pelo menos até agora.

Pego todas minhas armas: coloco meu revolver pequeno na meia, dentro da bota de couro. Prendo uma faca no meu cinto e meu taco de beisebol sujo nas costas. Pego minha arma maior e balas para recarregar. Tinha tirado tudo para descansar – apesar de impossível – e estava fazendo algo totalmente diferente.

Abro a porta com rapidez e ando devagar, abaixada, seguindo os ruídos de uma conversa. Saio da “minha” lojinha e sigo para o segundo andar. São garotas, consigo vê-las.

Tolas, porque elas estão entrando na loja de CDs? Eu amo esses CDs. São os meus CDs.

Abaixo a arma e entro devagar. Elas estão de costas, e ouço um latido, fazendo meu inconsciente apontar a arma para elas, apesar de saber que não me apresentam perigo algum.

— Ei! – abaixo a arma e aponto com a mão vazia para o CD na mão da garota de cabelo cacheado – Esse CD é meu favorito, pode deixar ai onde encontrou!

Elas trocam olhares. A menina deixa o CD na prateleira.

— Quem é você? – a mais baixa pergunta, amarrando o cabelo loiro escuro e tirando o cachorro de dentro da blusa, que fica deitado ao seu lado.

— Anna. Anna Melliot. Mas Anna é mais bonito – sorrio gentilmente. – E vocês? Quem são e porque estão na minha casa?

— Bem... – a menina de cabelo cacheado se aproxima.

Ela usa uma blusa folgada por cima de outra de manga comprida. A caveira deveria intimidar seus inimigos, já que a estampa é bem realista – assim como o sangue seco em suas roupas. A calça e o tênis não estão limpos, assim como tudo que há no nosso país. Seu colar me chama a atenção por ser um simples triângulo de metal em um cordão.

— Sou Rebecca. Aquela é Amanda e ela é Layx. – ela aponta para cada uma das meninas.

Amanda é a mais baixa do grupo, com calça militar e coturnos de couro resistente – assim como seu casaco de tecido pesado. Layx usava roupas mais simples, como uma calça jeans e um casaco de couro, com uma blusa roxa por baixo. Todas parecem se conhecer á muito tempo.

O mais estranho é que eu queria ter um grupo assim. Viver sozinha era algo assustador – e bom ás vezes. Sentia saudade das conversas com meu irmão, e dos almoços em família. Só em pensar que tinha só 15 anos me deixava triste, pois tão nova sentia uma saudade imensa da minha família.

Sei que não os teria de volta, então ajudaria as pessoas que passassem pelo shopping. Ajudaria com mantimentos, abrigo ou até uma simples conversa ou informação. Se não me apresentarem perigo, estarei disposta á ajudar. Já que elas apareceram, então tentaria ser gentil, amigável e fornecer alguma coisa que pudessem precisar.

— Bom, posso ajudar com alguma coisa? Sei que estão aqui por algum motivo.

— Queríamos descansar e comer – diz Rebecca, sem cerimônias – Além de pegar alguns CDs novos para escutar na viagem.

— Posso ajudar com tudo, menos com os CDs, desculpe – chego perto da prateleira e arrumo os bagunçados em fileiras – Esses são de coleção. Zelo por eles.

Rebecca assente com a cabeça. Ela parece entender esse amor por CDs.

— Bom, posso ajudar com comida e um lugar segura para ficar – Layx e Amanda estavam desconfiadas. – E eu não vou matar vocês, não precisam se preocupar. São as primeiras pessoas vivas que aparecem aqui em anos. Prefiro matar zumbis.

— Então podemos ficar esta noite? – pergunta Layx, erguendo uma sobrancelha.

— Sem problemas. – vou para a porta, mas elas não me seguem – Vamos, vocês são minhas convidadas.

Todas concordam e descemos as escadas rolantes sem fazer muito barulho.

***

Fecho a pesada porta de metal e nos tranco dentro do meu cubículo de concreto com um pesado pedaço de madeira. Amanda e Rebecca se sentam na cama e Layx na cadeira da escrivaninha. Tiro as armas e os sapatos antes de me sentar no chão de frente para elas.

— Então, vocês... Sabe, como estão vivas até hoje? É algo bem difícil viver com tanta pressão em nossas cabeças.

Rebecca tira os sapatos e cruza as penas encima da cama. Amanda solta seu cachorro pelo cômodo, que cheira tudo antes de se sentar novamente nos pés da dona. Layx parece relaxar na cadeira. Acho que nenhuma das meninas pareciam descansar de verdade há muito tempo.

— Eu vivo sozinha desde sempre, praticamente. – diz Rebecca – Vi meus pais sendo atacados e desde então ando por ai sobrevivendo.

— Minha história é bem... Complicada para explicar, mas eu sobrevivo também. Fiz amizade com Amanda há alguns anos e desde então somos melhores amigas. Hoje conhecemos Rebecca e viemos para cá para pegar mantimentos e um lugar seguro para ficar. – Diz Layx.

— E acharam – sorrio.  – Nunca fui invadida desde que achei esse lugar; e nunca pensei que uma lojinha assim fosse me proteger, afinal.

Elas sorriem.

— Então – levanto, batendo nas minhas pernas para limpar a poeira – Querem jantar? Tenho algumas coisas que eu gosto guardadas – vou até a parte de mantimentos e pego quatro enlatados de sopa para nós, e entrego para cada uma delas – Sei que sopa não é a melhor coisa, mas achei que fosse durar e peguei.

— Isso já está ótimo – diz Rebecca, abrindo o enlatado. Entrego colheres e me sento novamente no chão.

Comemos e continuamos a conversa. Nunca falei tanto como estava a falar naquele momento. Fiquei tanto tempo sozinha, apenas com a presença dos zumbis, que tinha me esquecido de como era bom ter pessoas para conversar. Que era bom ter amigas.

Não sei quanto tempo se passou, mas deve ter sido muito tempo, já que o relógio marcou 2:30 da manhã. Já estava tarde e claramente as meninas queriam dormir. Era claro o cansaço em seus olhos, porém conversar estava mais divertido que dormir.

Contar sobre como era no passado deveria ser difícil, mas do jeito que estava ocorrendo não parecia nem um pouco. Estávamos contando como era nossas famílias, o colégio, nossos amigos. Até que finalmente o sono bateu. Paramos por um breve período de tempo e eu disse:

— Acho que devemos dormir. Principalmente vocês que vão sair daqui para uma viagem tão longa – relembrei-as.

— Verdade– elas dizem em uníssono.

Em minha cama havia ficado Layx, e nos colchões no chão estavam eu, Rebecca e Amanda. O cachorrinho, Cookie, deitava ao lado de sua dona, como que para protegê-la.

— Ei – disse meio baixo – Por um breve momento, esses zumbis e essa loucura de apocalipse sumiram. – elas apenas escutam – eu queria que fosse sempre assim. Que por pequenos instantes o vírus não fosse real.

— Eu também – diz Layx, em um tom triste. – Foi tudo tão de repente que ainda vivo um pouco no passado.

Todas fazem que sim com a cabeça.

— Ás vezes me esqueço de que tenho só 15 anos – diz Rebecca – Tenho que ser muito mais que uma menina de 15 anos para aguentar tudo lá fora.

— Eu sei como é – digo – Ter que sobreviver é uma tarefa difícil.

— Pois é – Amanda se vira para encarar o teto – Eu só queria que tudo fosse como era antes.

O clima ficou triste, e nenhuma de nós queria isso.

— Vamos pensar pelo lado bom.

Todas me encaram tipo: É o que?

— Isso aí. Por exemplo, vocês não teriam se conhecido. Às vezes a amizade é o que importa, certo?

Todas concordam.

As meninas estavam cansadas, assim como eu. Tudo nos desgastou e ficar ali e dormir parecia a melhor opção. Caímos no sono e acordo com alguém me cutucando.

— Ei – Amanda me balançava. Sento-me e olho para elas, que estão de pé, com as mochilas arrumadas e com roupas novas. Devem ter saído mais cedo e pegado algumas coisas nas lojas. – Você ficar ai? Vamos logo.

— O que? – ainda estava meio grogue.

— Você vai com a gente – diz Layx.

— Sério? – eu não consegui acreditar. Sentei-me e amarrei o cabelo em um coque, coçando os olhos coma claridade da lanterna em meu rosto.

— Claro! Bem, você pode ficar se quiser. Mas queremos que você nos acompanhe, assim como Rebecca escolheu ficar com a gente. – diz Amanda.

— Se vocês me esperarem um pouco, eu queria só arrumar minha mochila e pegar uns suprimentos. – ainda estava meio sonolenta, mas a oferta era real.

Á princípio, só queria ajudar todos os nômades que aparecessem querendo ajuda, e acabei por fazer amigas. Deixaria o “conforto” do meu cubículo de concreto para uma aventura com meninas que acabei de conhecer. Apesar de querer acompanhá-las, ainda estava hesitante.

Acabei de conhecê-las. Como posso sair por ai igual uma louca confiando em todo mundo?

Mas mesmo assim, me perturbava a ideia de não ter essa chance novamente. Sabia que elas não iriam me matar, já que, no final das contas, o apocalipse iria se encarregar disso. As consideravam minhas amigas agora.

— Claro – diz Rebecca, tirando-me de meus pensamentos – Mas se aprece, temos pouco tempo.

— Tudo bem, serei rápida. – sorrio e me levanto.

Elas se sentam na cama e conversam entre si. Pego minha mochila grande, a maior que eu tenho. Toda preta e sem graça, mas me ajuda nos piores momentos (como sair por ai matando zumbis, por exemplo).

Coloco algumas roupas, meus tênis e comida enlatada, além dos docinhos. Já que estava de calça jeans, coloco minha bota de couro e meu casaco pesado por cima da minha singela blusa preta. Já estava com calor antes mesmo de sair. Ponho uma faca em cada bota, por dentro. Sim, eu tinha feito um lugar para colocar minhas armas na minha bota.

Um dos revólveres vai no bolso traseiro e o outro no bolso da frente. Decido levar somente isso e meu taco de beisebol na mão. Por fim, coloco meu caderninho na mochila. As meninas ainda não sabem de sua existência, mas logo contaria. Eu lia e relia as entrelinhas das palavras de meus pais. Analisava as imagens, procurava soluções. Tudo parecia simples demais, e ao mesmo tempo, incompreensíveis.

Cientistas, penso. Sempre um pouco loucos.

Amarrei o cabelo em um rabo de cavalo e dei uma última olhada no espelho. Os cabelos castanhos estavam lisos, e a pele branca estava rosada de tanto ficar sob o Sol da manhã, correndo e procurando mantimentos, livrando a área do shopping para minha própria segurança.

A íris castanha era escura a ponto de ser impossível ver a pupila. A aparência era comum demais até para mim: magra e alta, para completar. A única diferença eram as pontas de meu cabelo. Fazia tanto tempo que não pintava novamente de roxo que já estava cinza. Estava bonito assim, então deixo do jeito que se encontra.

Lembro-me de meus pais dizendo que era bonita. Não tinha certeza, mas vindo deles, eu me sentia o máximo. A saudade que antes me deixava triste, hoje me deixa motivada. Estava fazendo algo que se orgulhariam; mostraria suas anotações para o mundo, se possível. Poderia salvar ao resto da população de nosso país; Eu acredito nessa hipótese.

Lembro-me que seria breve, então volto para onde estavam as meninas.

—Ok, podemos ir– digo.

Elas se levantam e vão até a porta, cada uma carregando alguns mantimentos, garrafas d’água e as lanternas.

— Pronta? – diz Layx.

— Com certeza. – respondo.

Elas sorriem, e, assim que saio, ainda dentro da lojinha, tranco meu lugar secreto – meu antigo lar- na esperança de um dia voltar e reviver todas as minhas lembranças novamente.


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Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Comentem! Nós quatro vamos adorar responder ♥
Bjs e até o próximo :3



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