Sereias apocalípticas escrita por Evil Maknae, RebOS, Laesinha, Ana


Capítulo 20
Culpa.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ LEITORES! :D
Eu sei, eu sei, o capítulo demorou pakas pra sair, mas foi CULPA (risos) minha. Sou bastante irresponsável :D (Não admiro isso em mim)

Mas estamos de volta ♥

Boa leitura ;u; Até lá embaixo!



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— Desculpa!! – grito com todas as forças que consigo reunir.

Estou ajoelhada, com as mãos atadas. Tenho feridas nas costas, braços e pernas. Há um fila na minha frente de pessoas esperando para me dar chicotadas.

— Opa, acho que não escutei. Poderia repetir? – a voz de Jason ecoa na minha mente.

Ele dá outra chicotada na minha perna e eu grito de dor

— Desculpa... – digo um pouco mais baixo, não consigo mais falar. Minha garganta só falta sangrar.

— Pedir desculpa não vai arrumar o que você fez. – Amanda pegou um pedaço de madeira com pregos e o bateu no meu braço. O que era pra ser um grito virou uma coisa rouca e dolorida.

— Você só nos atrasa. – Rebecca diz me dando uma tapa pesado no meu rosto sangrento.

— Não sabe nem usar uma bússola – ouço a voz de Cian atrás de mim, dando-me um chute nas minhas costas, fazendo-me cair de testa no chão. Ele não tinha morrido?

— Você é uma decepção – a voz de Ivy e Anna soam juntas, elas não fazem nada, apenas me olham com desprezo.

— Eu... sinto muito... – digo com as últimas forças que tenho.

— Que pena. – Charles está apontando uma das suas armas caras no meu crânio.

Meus pais estão do lado de Anna e Ivy, me olhando como se eu fosse um monstro. Charles apertou o gatilho.

Mas não sou eu que morro.

Do meu lado está Woody, totalmente sem vida. Ouço gritos.

Acordo do pesadelo com os gritos de menininha do Jason, que logo depois muda a sua postura e diz:

— Não precisa se preocupar Layx, estou aqui. – ele dá uma torcida falsa, olhando pros lados.

— Oh, Jason, o que eu faria sem você? – digo com voz de sono e sarcasmo – O que houve?

— Ah, nada, haha. – ele esconde a sua mão atrás das costas – Sonhou com alguma coisa?

— O que você fez com a sua mão?

— Minha mão? Nada, por quê? Ela está ótima! – ele acena para mim com a mão esquerda.

— A outra. – aponto para a mão direita e para o sangue que está fazendo atrás dele.

— Está preocupada com o sangue? Ora, eu matei um animal silvestre com as mãos...

— Então por que a outra não está suja?

Há um silêncio por uns três segundos.

— Jason...

— Sim, eu feri a minha mão. Não, não vou explicar como.

Levanto do chão sujo e rasgo um pedaço de pano da cortina velha da casa em que estamos.

— Vira a mão. – digo, um pouco rude só pra ele não insistir o contrário.

Ele abre a mão lentamente, praticamente se contorcendo de dor.

— Cuspa.

— Quê?

— Cuspa na sua mão. – digo.

— Ta loucona?

— Olha quem fala, o cara que se acha o macho alfa que machucou a mão aparentemente de forma estúpida. Cospe logo.

 Ele faz um esforço com a garganta e da uma boa cuspida na sua mão.

— Agora é só... – espalho a saliva com o pedaço da cortina – ...e agora é só atar.

— Que nojento.

— Cala a boca. Estou tentando te ajudar.

É um pouco estranho dizer “Estou tentando te ajudar” após sonhar que ele me chicoteava.

Faço da mão do Jason uma múmia e dou um nó apertado.

— Viva feliz. – digo, sentando-me no chão, preparada para dormir mais um pouco.

— Como que vou viver feliz com a minha mão machucada e fedendo a saliva?

— É a sua saliva.

— Foda-se! Fede do mesmo jeito!

Alguém está vindo até o cômodo em que nós estamos.

— Ô Layx, você poderia... – Amanda abre a porta velha e encara Jason – Aaaah Layx safadona. – ela faz uma cara estranha. – Não descansa nem no apocalipse, né?

— Ah ta. – cubro minha cabeça com o capuz do meu moletom e fecho os olhos.

— Ela me fez cuspi na minha própria mão. Ela é uma nojenta, isso sim!

— A saliva vai ajudar a não infeccionar, seu mesquinho. – digo cruzando os braços.

— Ela também fez você compartilhar saliva com ela? – Amanda começa a dar uma risada estranha.

— Que merda, Amanda. – começo a rir da risada dela.

— Gostou da ideia, foi? Ta dando risadinha sem graça.

— Me poupe, se poupe, nos poupe. – abro os olhos, percebendo que eu realmente não vou poder dormir de novo. – O que você queria falar comigo?

— É que já está quase no crepúsculo. Ir arrumando as coisas para pegar a estrada.

— Ah, claro. O pessoal achou mantimentos?

— Muito pouco. – ela diz com um suspiro.

— Que merda. Bem, vamos lá. Uma base nos espera.

* * *

São quase cinco da manhã e já está ficando claro, o que é um pouco estranho. Geralmente fica claro as seis. Ou talvez meu relógio na porta luvas esteja errado, igual a bússola.

Passei praticamente a viagem toda pensando no sonho que eu tive. Já é o terceiro com o mesmo “enredo”, em que todos da família me batem dizendo que falhei... Eu realmente me sinto culpada pelo atraso de todos, até porque coisas poderiam ter evitado... As mortes de Benjamin e de Cian, por exemplo...

A cidade que as placas estão dizendo que há a 20 quilômetros era uma das maiores cidades da ilha. Talvez tenha suprimentos por lá e quem sabe, outro sobrevivente.

 * * *

— Então, vai ser daquele jeito mesmo, dois grupos?  – Duck diz colocando a mão na cintura.

— É. Mantimentos e abrigo, certo? Todos concordam?  Ou precisa de mais alguma coisa? – Rebecca assume a liderança.

— Tudo certo. – Misha se pronuncia, respondendo por todos.

— Então vamos, galerinha – digo, seguindo pelo noroeste da cidade.

Fiquei no grupo para procurar um abrigo. Ficou eu, Anna, Misha, Woody e Jason. No grupo dos mantimentos ficaram Amanda, Rebecca, Ivy. Charles, Duck e Brendon. Tudo certinho.

* * *

Tentamos andar pela cidade com o carro, mas estava quase impossível. Buracos e corpos mortos estavam no meio do caminho, como se tivesse havido uma guerra. Muito estranho.

De todas as cidades que nós passamos essa é a mais acabada. Há marcas de tiros para todos os lados, as pessoas com buracos na testa e marcas de pisadas pesadas. Em várias casas há grandes buracos irregulares, como se um grande grupo de pessoas tivesse derrubado as paredes com algo grande.

— Acho que não vamos encontrar nada aqui. – Anna olha ao redor desconfiada – Não tem como chegarmos à próxima cidade antes do anoitecer?

— Bem, até tem, mas vamos chegar muito tarde, não vai dar tempo de procurar por mantimentos e abrigo – digo olhando para todos – e vocês sabem que dormir no carro não é nada seguro.

— Como você sabe sobre a próxima cidade? – Jason parece estar desconfiando de mim. Minha nuca fica fria e minhas costas arrepiam ao me lembrar do pesadelo.

— É só olhar as poucas placas que estão nas estradas, Jason. – digo friamente – E, além disso, meus pais viajavam bastante.

— Ah ta.

— Que pergunta idiota, Jason. – Anna fala algumas verdades.

Ele revira os olhos.

— Acho que o máximo que vamos conseguir de abrigo é uma casa velha com vários buracos que vamos ter que cobrir com móveis estragados. – Jason diz bufando.

Afinal, o que há com ele? Está com um mau humor insuportável. Deve ser a saliva.

— Pra mim tá ótimo. – digo.

— Você se contenta com pouco.

— Olha ao redor. Não temos nada. Por agora ter pouco é muito. – Woody tira as palavras da minha boca.

Jason parece ter calado a boca de uma vez

Seguimos com o carro pela calçada em silêncio por alguns minutos até que Anna puxasse a manga da minha blusa apontando para um estacionamento de um prédio quase inacessível.

— Parece um bom lugar, não acham? Parece ser um estacionamento subterrâneo.

O prédio estava caindo em pedaços, literalmente. Um grande pedaço de concreto estava dificultando a entrada. Apenas uma pessoa magra e baixa iria passar pela fresta do canto que havia no estacionamento. Não tem como o pessoal entrar, mesmo se tentasse empurrar o concreto, o que seria impossível. Ele é enorme.

— Não acho que todos vão conseguir entrar lá dentro. – digo.                                         

— É verdade, não tinha pensado nisso. Enfim, vamos continuar.

Continuo dirigindo com a maior paciência do mundo, evitando buracos que nos atrase.

— Se não acharmos algum lugar, poderíamos dormir na beira da estrada dentro dos carros, não? – Misha pergunta na maior inocência do mundo.

— Os zumbis ficam muito fortes à noite. Eles vão apedrejar, capotar e esmagar esse carro. E parece que quanto mais o tempo passa, eles ficam piores. – Woody diz com calma, sem desviar o olhar do lado esquerdo da cidade.

— Que merda... – Misha está de cabeça baixa, parece estar envergonhado.

Vou desviando dos buracos e tento ao mesmo tempo procurar alguma casinha que não caia nas nossas cabeças quando estivermos descansando, mas parece impossível, houve realmente uma guerra aqui. Dá para ver as marcas de armamentos pesados que atingiram vários estabelecimentos. Acho que o pessoal não vai conseguir achar mais munição ou mantimentos. Não há nada aqui.
O carro inclina rapidamente para frente e um barulho de metal amassado toma conta dos nossos ouvidos.

— Ai, merda! – grito batendo com força no volante.

Eu deixei o carro cair não em um buraco, mas numa cratera! Nunca vamos conseguir tirá-lo daqui! Merda, merda, merda!

— O quê houve? – Jason parece ter saído de um transe. Ele não estava prestando atenção na busca pelo abrigo?! Vou dar na cara dele.

— Acho que está bem óbvio, querido! – grito, quase dando uma tapa em Anna que está no banco do carona.

— Calma, tudo vai se resolver. Nós podemos tirar o carro facilmente do buraco, quem sabe procurar um teto por aqui perto para não te estressar mais... – Woody está mantendo a sua voz calma, o que me deixa um pouco nervosa, pois estou me sentindo meio envergonhada, como se eu fosse a única estressada por aqui.

Anna e Misha parecem assustados. Jason está de braços cruzados murmurando algo. Woody... Está sendo apenas Woody.

— Desculpa pelo vacilo, fiquei nervosa... – a ficha finalmente caiu. É claro que ninguém mais está como eu agora. A culpa é minha e não deles. Eu que deixei o carro cair na cratera. Eu que não prestei atenção direito e deixei todo mundo na mão. ­

— É tudo culpa minha.

Anna põe a mão do meu ombro, com o olhar mais solidário que já recebi até hoje.

— Layx, está tudo bem. Estamos bem. Não precisa se preocupar, coisas assim acontecem. Ninguém vai te julgar por isso.

Respiro fundo. Ela me dá um abraço desajeitado, e então diz:

— Agora vamos sair desse buraco!

Todos saíram do carro para examinar a situação. O pneu foi praticamente engolido pelo buraco, o para-choque foi amassado no chão. Vai ter que levantar o carro e empurrá-lo para trás. Mas, assim, quantos quilos deve ter esse carro? Uma tonelada?!

E, além disso, vamos perder tempo tentando tirar o Fox do buraco. E há grande chance de quando tirá-lo, cair em outro buraco e assim começar um ciclo vicioso. São muitos buracos.

— Acho que podemos fazer assim: Eu, Jason e Woody levantamos e vocês duas empurram. Pode ser?

Todos concordam com a ideia de Misha.

— No três nós levantamos e depois dizemos quando deve empurrar. – Jason está preparado para machucar mais um pouco a sua mão atada com um pedaço de cortina e saliva. – Um, dois... três!

Eles não levantam nem quatro centímetros direito e Jason já larga tudo e começa a gritar.

— Minha mão! – ele só consegue dizer isso.

— Caramba, Jason! O que houve? – Anna ficou irritada de repente.

— Ela está latejando muito! – a expressão de dor dele é de dar pena.

A mão dele parece estar fazendo cosplay de coração. O pedaço de cortina amarela já está puro vermelho sangue e precisa ser tratada logo. Quanto mais lateja, pior é a quantidade de remédio que vai ter gastar.

— Anna, você pode cuidar disso? Você entende mais do que eu. – peço, com um sentimento de raiva. Talvez o caso da saliva for boa em machucados seja um mito. Errei de novo? Talvez a culpa seja da cortina que estava suja.

— Tudo bem, mas só três para tirar o carro? Tem certeza?

— Absoluta. – digo com firmeza, mas eu não estou nem um pouco confiante.

— Então tá. Vamos, Jason. – Anna pega a mochila de primeiros socorros e vai para perto de um prédio. Misha não parece nem um pouco feliz com a situação.

— Vamos terminar logo com isso. – ele diz com a cara fechada.

Quando estamos quase tirando o carro do buraco, vejo um zumbi pronto para atacar Woody por trás. Ele está com uma faca grande nas mãos.

— Cuidado! – grito, parando de empurrar o carro bruscamente enquanto pego a minha arma que está amarrada na minha coxa. Atiro em cheio na cabeça, mas não deu tempo de evitar ferimentos. Woody foi atingido pelo braço, um corte feio.

Ele larga o carro na mesma hora, fazendo um estrondo. É muita merda acontecendo ao mesmo tempo. Misha acaba segurando uma tonelada sozinho por meio segundo, o que faz com que o braço dele sofra uma distensão.

Misha grita de dor, caindo no chão. Woody faz quase a mesma coisa, mas pelo menos consegue se manter em pé. E eu simplesmente n sei o que fazer, pois está vindo mais zumbis atrás deles.

— Não fiquem aí! Vão até Anna, vão, vão!

Eu sei que é um pouco cruel dizer isso para o Misha agora, pois ele não consegue se levantar direito, os seus dois braços seguraram por um segundo uma tonelada. É muita coisa.

Woody e eu o ajudamos a levantar, enquanto com o outro braço eu tento manter os zumbis longe. Anna está atirando também. Jason está fazendo o que pode com a sua mão esquerda.

Chego até eles procurando na mochila alguma coisa para cortes, até que uma lembrança me vem em mente.

— Walkie talkies! Onde você os guardou, Jason?!

Ele demorou uns dois segundos cruciais das nossas vidas lembrando onde estava. Ele coloca a mão no bolso gigante da sua calça e tira de lá o precioso walkie talkie.

— Alô, alguém nos ouve? - pergunto, quase arfando de medo e preocupação.

A voz chiada de Amanda soa depois de uns três segundos. É um alívio.

— Estamos ouvindo. – ela diz.

— Estamos encrencados aqui. Misha está com distensão muscular nos dois braços, Jason com uma ferida enorme na mão, Woody com um corte profundo no braço e eu e Anna estamos tentando afastar os zumbis e tratando os ferimentos.

— Não tem como ficar dentro do carro?

— O carro ficou dentro de um buraco. Não inteiro, mas não tem como tirá-lo facilmente e são tantos zumbis que eu acho que eles iriam virar o carro.

— Onde vocês estão?

— Onde deveria ser uma avenida principal... Perto de um prédio no formato de flecha.

— Estamos indo.

Desligo o walkie talkie aliviada. Agora é só preciso aguentar firme por aqui.

— Nós não temos nada para aliviar a dor do Misha. Quando minha mãe ficou com distorção na perna ela teve que por gelo, fazer fisioterapia e descansar por duas semanas. A única coisa que posso fazer é massagem. – Anna está tentando se virar com os machucados.

 – Eu sei, mas olha, não se preocupe com os zumbis, foca nos machucados. Eu posso me virar aqui.

— Eu vou com você. Não tem como cuidar de todos esses zumbis sozinha. – Woody se levanta e parece estar confiante, mesmo com o seu machucado começando a infeccionar.

Analiso a situação. Há um número indeterminado de zumbis saindo de uma esquina, pelo menos umas 20 balas e uma faca. Com o Woody acho que podemos acabar os zumbis sem ter que ir pra faca. Mas ele está ferido e dependendo da infecção vai ter que amputar o braço.

— Pelo menos trate esta ferida antes de irmos.

Ele pega um remédio em spray e joga em seu braço. Era um anti-inflamatório. Mas acho que serve.

— Vamos. – ele diz.

Afastamo-nos uns 5 metros de Anna para mais segurança. Acabamos na esquina de outro prédio, mas a visão é muito melhor para mirar nos zumbis, além de ser mais seguro. A última coisa que eu quero é mais problemas.

— Tem alguma ideia do por que deles aparecerem do nada e em grande quantidade?

— Eles andam em grupos, igual à gente. É basicamente intuição de sobrevivência. Um zumbi sozinho nunca iria sobreviver. Quando um percebe a presença de humano, todos partem pra cima.

— Faz sentido... Urgh. – estou errando muito na mira. Eles estão balançando a cabeça.

— Respira fundo e se controla. Mira no pescoço, assim quando eles ficarem balançando a cabeça ela cai.

Fico incrédula com Woody. Como ele pode estar tão calmo? E cadê o grupo dos mantimentos? Estou ficando sem controle.

Respira fundo e se controla. Vai dar tudo certo. Inspira, expira...

— Layx! – várias vozes com tom de desespero surgem do meu lado direito.

Olho para o lado. Amanda, Ivy, Rebeca, Brendon, Duck e Charles estão gritando, vindo em minha direção e apontando para o céu. Estão agradecendo a Deus que nos encontraram?

Olho para cima e uma pedra enorme está caindo. Sou empurrada e jogada para o lado direito, um som de tiro, estrondo e gritos tomam conta dos meus ouvidos. O contínuo “piiii” está me deixando nervosa e tonta. Amanda e Ivy me ajudam a levantar. Meu rosto e meus joelhos estão arranhados e latejam, mas isso não importa. Onde está Woody?

— Você está bem? – Ivy me pergunta.

— Sim, sim, mas cadê o Woody? Ele estava do meu lado e...

Espera.

Não, não pode ser.

É sério isso?

Depois de tanto eu me esforçar para que todo mundo estivesse seguro, isso acontece?

— Eu sinto muito... – Ivy está incrédula e espantada tanto quanto eu, mas é capaz de tentar me consolar.

Vou correndo até o pedaço de concreto inútil. Há sangue espalhado ao redor, mas tem uma imagem bem pior de se ver: a cabeça do Woody estourada.

Fico paralisada. Eu simplesmente não consigo acreditar.

A lembrança do último sonho que eu tive me vem à tona. Woody morto no meu lugar. Por que eu não tinha me tocado antes?! Agora todos vão me odiar. Eu que deixei o carro cair no buraco, que fez todo mundo sair do carro, chamou a atenção dos zumbis e agora estamos aqui, sem abrigo, machucados (fisicamente e psicologicamente) e sem Woody.

Rebecca me abraça de lado, ela também está chorando.

Por minha culpa.

— Aposto que está se sentindo culpada... Mas olha, não é culpa sua. Não se remoa por isso. – ela me dá um abraço apertado. Sinto o seu rosto molhado no meu ombro.

E eu desabo no choro.

Ficamos abraçadas e sentadas no chão. Mais barulho de tiro. Tento ver o que está acontecendo, mas Rebecca simplesmente me impede de ver.

— Não se preocupe com isso, não tente ajudar dizendo que "está tudo bem", sendo que você não vai conseguir nem segurar a arma direito. Só desabafe.

— Eu só atraso vocês. Não mereço lugar na base. Só faço merda. – mal consigo falar direito, há um nó em minha garganta. Estou bebendo as minhas próprias lágrimas.

— Ei, isso não é verdade, quem te disse isso?

— O universo diz isso.

— Então ele é uma droga. Não te conhece do jeito que nós te conhecemos. Não sabe que você é uma sereia apocalíptica.

A lembrança dessa piada interna me faz sorrir por meio segundo.

— Eu só queria que isso fosse um pesadelo. Só queria acordar disso tudo.

— Não pense que está sozinha nessa... É realmente tudo uma droga. Mas desistir agora só vai mostrar para o universo que ele estava certo. Vamos quebrar as expectativas dele, mostrar pra esse filho da puta que ele estava errado. Woody não gostaria que você desistisse.

Já não consigo mais chorar. É como se eu tivesse chegado num nível superior de tristeza, onde chorar não fizesse sentido. Eu quero uma arma na minha testa.

Desfaço-me do abraço e vou em direção à Brendon, que está mirando nos zumbis. Quando percebo que ele vai atirar no próximo zumbi, fecho os olhos e fico na sua frente.

O som do tiro sai como uma melodia.

Talvez o inferno não seja tão ruim assim.

Caio no chão como o concreto que caiu em cima de Woody.

Mas a única dor que sinto é a da minha cabeça latejando por ter batido ela no chão.

Abro os olhos e vejo Rebecca em cima de mim, com os olhos arregalados.

— VOCÊ ESTÁ LOUCA? EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ SOFRENDO, MAS NÃO PRECISA AGIR QUE NEM UMA RETARDADA.

— Eu... Eu... Eu agir sem pensar...

— VOU FAZER TODOS VOCÊS JURAREM QUE NUNCA IRÃO COMETER SUICÍDIO. – Rebecca grita, apontando para todo mundo.

É verdade que ela já sofreu muito com a perda de Benjamin... Que foi um suicídio. Fazer isso só iria deixa-la mais magoada, além de serem duas mortes num mesmo dia.

Eu sou um lixo egoísta ambulante.


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Notas finais do capítulo

Eu fui muito bondosa com vcs, eu iria terminar o cap no "Talvez o inferno não seja tão ruim assim", mas as outras autoras acharam """pesado""" demais, aff -qqq

Enfim, o que acharam o capítulo? O que esperam para o próximo? **pergunta de propaganda de novela da globo** Será que a turminha da pesada vão achar um abrigo?
Tantas perguntas ;u;
Deixa aquele review/comentário gostoso, vai ♥
Bjos de luz :-*