Sereias apocalípticas escrita por Evil Maknae, RebOS, Laesinha, Ana


Capítulo 2
Azar.


Notas iniciais do capítulo

OLÁ -u- Sejam bem-vindos ao capítulo 2 de "Sereias Apocalípticas". Bem, desta vez temos uma autora diferente e um personagem diferente. Esse capítulo é da Rebecca. Espero que gostem e-e
$TiaBecks$



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Acordei às 17 horas, totalmente suja e ensopada e sangue. Normal, era sempre a mesma rotina. Passar a noite lutando com zumbis, invadir uma casa desconhecida quando o sol começasse a nascer, dormir o dia todo e acordar sabendo que tudo ia acontecer de novo. Levantei da cama rapidamente, faltava pouco tempo para as bestas sanguinárias ficarem fortes e ágeis.

  Tirei a roupa enquanto procurava o banheiro. A casa que eu estava era bem luxuosa, mas no meio de um apocalipse zumbi, ser rico é a mesma coisa que ser inútil. As pessoas não procuram dinheiro, elas procuram vida. Viver é uma coisa difícil quando se tem trilhões de mortos vivos querendo provar do seu sangue.

  Abri a porta com um chute. Finalmente, o banheiro. Entrei apressada e joguei minha roupa dentro da enorme banheira de mármore. Relaxar numa coisa dessas deve ser magnífico, se o país não estivesse quase explodindo por causa de um vírus ridículo. Liguei o chuveiro e esfreguei as manchas de sangue da minha pele. Tomei o resto do banho rapidamente.

  Sai pela casa pingando para pegar a minha mochila, que estava num canto, jogada no chão. Vesti-me rapidamente enquanto comia um hambúrguer de dois dias atrás. Soquei a roupa que estava na banheira dentro da mochila e recolhi as minhas coisas pela casa. Olhei pela janela, já estava escurecendo. Era hora de dar o fora.

  Desci a escada. A cada passo que eu dava, a madeira coberta de poeira rangia sob os meus pés. Um cheiro de algo apodrecido vinha de um cômodo que parecia a cozinha. Poderia ser comida ou um corpo morto. Decidi deixar a curiosidade de lado.  

  Corri até o carro. Havia alguns zumbis, mas já estavam longe de mim. Joguei minha mochila no banco de trás. Recarreguei as armas, liguei o rádio e acelerei. Umas das coisas boas de estar num apocalipse zumbi é que você pode pegar o que quiser. Eu tinha ótimos CDs de músicas sem pagar nada. As pessoas que me denunciariam por roubo eram mortos vivos que tentam provar minha saborosa carne.

  Pisei fundo no acelerador e atropelei uns quatro zumbis sorrindo. Minha loucura passava dos limites às vezes. Eu poderia ser uma pobre órfã num apocalipse zumbi, mas eu acreditava que algum dia tudo ficaria bem. Eu tentava manter a esperança, mesmo que eu pudesse morrer a qualquer momento. Era uma forma bem iludida de viver.

  O céu cinzento já estava escurecendo. Eu precisava chegar ao posto de abastecimento rápido. No período noturno, os zumbis ficam mais perigosos e tudo fica mais difícil e mortal. A gasolina estava praticamente esgotada, eu teria que sair... Mais cedo ou mais tarde.

  Pisei no freio. Puxei minha bolsa e procurei o GPS rapidamente. Digitei com as mãos tremulas e achei o caminho. Olhei para o painel novamente. A gasolina precisava ser suficiente.

 Acelerei novamente. Mudei a marcha e continuei dirigindo pelas ruas rapidamente. Dei curvas mortais até chegar numa rua deserta. Dei uma ultima olhada no painel e enxuguei o suor das mãos. Consegui ver o posto a poucos metros. Pisei no acelerador mais forte.

  Zumbis começaram a aparecer de becos escuros e escondidos. O céu já estava escuro e o meu desespero aumentou. As bestas começaram a surgir loucamente de todos os cantos. A cidade que antes era destruída e totalmente vazia, estava cheia de seres asquerosos. Dava para ouvir os grunhidos estranhos que eles faziam.

 O carro parou no meio do caminho. Eu olhei para os lados, enquanto os zumbis se rastejavam até mim.

  -Não, não, não, não. –Soquei o volante. –Merda de carro idiota!

  Um zumbi tinha chegado até a janela direita do fundo do carro. Ele soltou um liquido asqueroso pela boca e bateu no vidro querendo quebrá-lo. Puxei minha mochila do fundo do carro e peguei as armas. Encaixei meu facão no cinto, tirei o CD do aparelho de som e olhei no retrovisor. Vinham mais. Respirei fundo e encarei o meu reflexo.

 -É hora do show.

  Abri a porta e saltei para fora. Atirei na cabeça de dois zumbis e corri até o posto. Eles se aglomeravam rapidamente na minha frente, o que dificultava a minha situação. Coloquei a minha mochila nas costas e continuei correndo e atirando. Puxei meu facão e cortei a cabeça de um; dois; três.

   Enquanto o número de zumbis “diminuía” eu avançava mais. Corri o mais rápido que pude e consegui chegar até o posto. Eu arfava de cansaço. Minha respiração estava acelerada. Atirei na vidraça da mercearia e entrei no local. As luzes estavam apagadas. Abri a mochila e peguei a lanterna.

   Espero que eles não apareçam no meio do escuro, pensei.

   Uma das coisas que eu mais tinha medo era do escuro. Tive até os 14 anos, mas depois que o vírus se espalhou e zumbis tomaram conta de tudo, eu criei outro medo. Não de zumbis, mas de morrer. Na minha infância, a morte nunca foi vilã dos meus pesadelos. Eu sonhava com monstros feiosos e achava que eles eram a pior coisa do mundo, até virarem reais. Quando o medo imaginário vira real, você aprende a vencê-lo... Ou não.

   Caminhei através das prateleiras. Peguei alguns pacotes de salgadinho, isqueiros, pilhas e vários doces. Soquei tudo na mochila e corri para achar os fundos da mercearia. Arrombei uma porta e cheguei até um beco. Cheguei até a mesma rua que estava antes, mas um pouco mais afastada. Alguns zumbis entravam na mercearia, outros já caminhavam até mim. Meu antigo carro estava com os vidros todos quebrados, além de estar sem gasolina.

   Puxei meu facão e consultei o GPS. Eu precisava seguir para o norte, mesmo que a pé. Talvez eu achasse um carro no caminho, ou algo do tipo. Corri com o facão na mão, matando os zumbis que atrapalhavam o meu caminho, ou seja, boa parte deles. Meus braços já estavam sujos de sangue novamente.

   Atravessei o facão no peito de um, parti a cabeça de outro, cortei as pernas de outro. Consegui avançar até chegar numa outra rua, onde achei uma bicicleta. Parecia velha, mas teria que funcionar. Pedalei rapidamente, tentando desviar dos zumbis.

  Um deles surgiu “magicamente” na minha frente e me fez sair rolando pelo asfalto. Minha calça tinha um rasgão e minha pele ardia. Levantei rapidamente, segurando a arma. A besta vinha na minha direção. Levantei a arma e apertei o gatilho.

  Virei e me deparei com outros cinco em minha direção. Todos nojentos, fedorentos e esfomeados. Carreguei a arma e atirei. Peguei a bicicleta, montei e saí pedalando novamente. A cada esquina, mais mortos vivos surgiam e isso me deixava apavorada. Parecia que cada tiro que eu dava era em vão e isso já havia se tornado algo exaustivo. 

  Tinha horas que uma parte de mim queria desistir se entregar para os zumbis, mas outra parte queria prosseguir e chegar até a base. Essa parte me dava forças. Mesmo que prosseguir fosse uma das coisas mais difíceis a fazer, eu não queria desistir.

  Minhas pernas trabalhavam o mais rápido que podiam. Parecia desesperador. Eu já esperava a minha morte a qualquer minuto. Ter uma bicicleta como veículo numa situação como essa não era nada recomendável. Meu corpo estava completamente vulnerável a ataques.

  De repente um barulho milagroso encheu meu corpo de esperança. Um barulho de motor de carro. Desacelerei enquanto tentava ouvir de onde o barulho vinha. Virei à direita e parei numa rua que seria deserta se não tivesse um carro vindo em minha direção. Larguei a bicicleta no meio da calçada, fui até o meio da pista e saquei a pistola. O carro chegava cada vez mais perto. Como aviso de que eu não era um zumbi, dei dois tiros pra cima. As pessoas entenderam a mensagem e o carro parou há dois metros de mim.

  Corri até a porta dos fundos, que foi destravada, permitindo que eu entrasse. Joguei minha mochila e minhas armas e, em seguida, entrei. Depois que eu fechei a porta, o carro seguiu o caminho.

  Eu estava do lado direito do banco, então a motorista estava na minha diagonal. A pessoa que estava do lado dela virou o rosto para me observar.

   -Você está legal? –Ela perguntou.

  -Sim. Eu agradeço muito por terem me dado a carona.

  -O que aconteceu contigo? –A motorista perguntou. –É raro ver humanos caminhando pela cidade.

  -É mais um daqueles dias que sua gasolina acaba num momento bem inconveniente.

  -Sabemos como é. –A garota motorista falou sorrindo. –Bem, eu sou Layx e essa é Amanda. Ah, e não podemos esquecer o Cookie.

  Layx apontou para a camisa de Amanda, onde se escondia um cachorrinho peludo.

 -Nem tinha te percebido, Cookie. –Acariciei o pelo dele. –Eu sou Rebecca. Prazer em conhecê-las.

 -Você sempre viveu aqui? –Amanda perguntou. –Porque eu acho estranho o fato dos nossos caminhos não terem se cruzado.

—Bem, minha história é meio complicada. Antes eu rodava pelas cidadezinhas procurando comida, alimentos e roupas, mas acabou ficando bem difícil carregar tudo por ai, então eu fiquei num local fixo. No natal do mesmo ano, a minha casa foi invadida por zumbis e eu só consegui retirar o básico de lá. Depois desse dia eu preferi retornar a fazer viagens. –Respondi. –Mas agora eu estou tentando ir até a base.

 -A base? Você também soube dela? –Layx perguntou.

—Sim. Todos estão falando disso agora, mas ninguém sabe onde fica.

—E você sabe algo sobre ela?

 -A única coisa que eu sei é que fica no norte. A localização exata, ninguém sabe.

—É quase uma missão impossível, mas vale a pena tentar. –Amanda falou.

—E muito. –Concordei.

 -Gente, é impressão minha ou parece que o numero de zumbis aumentaram? –Layx perguntou assustada.

 Eu e Amanda olhamos pelas janelas enquanto as aberrações surgiam de vários lugares.

 -Nossa noite vai ser muito longa...


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram? Odiaram? Querem dar alguma ideia? Tem alguma pergunta a fazer? Respondemos tudo.
Abraços e até o próximo capítulo.