Sereias apocalípticas escrita por Evil Maknae, RebOS, Laesinha, Ana


Capítulo 15
The Unforgiven


Notas iniciais do capítulo

OIOIOIOI

Amanda Kyle here. Queria dizer que eu fiz esse capítulo planejando TUDINHU no inicio da fanfic ;u; gosto de adiantar tudo.
Queria fazer uma pergunta: Shippam Amancian? HMMMM OK ¬U¬

Mais uma coisa: recomendo The Unforgiven da banda Metallica para ler esse capítulo... IJS... I'm Just Saying.

Sem mais delongas, aqui vamos nós... Boa leitura.



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Depois de ter pego Charles, estava tudo certo. Dirigimos no que acreditávamos ser a direção correta, apesar de ainda estarmos um pouco em choque.

Cada cidade percorrida ia ficando mais cinza, e os zumbis levantavam depois de atropelados e atacados, talvez nos mostrando estar próximos de nosso destino. Eu observava tudo com calma e atenção, tentando privar as terríveis cenas de Cookie, que tentava olhar curiosamente.

E de repente, o carro parou.

Layx gelou, arregalando os olhos.

—- Layx? – Rebecca chamou, se levantando do acostamento do banco.

—- Não, não, não. Isso não pode ter acontecido. – Ela repetia para si mesma.

—- A gasolina acabou? – Anna perguntou, preocupada.

—- Temo ser pior que isso. – Ela disse, baixinho, olhando, ainda pela janela fechada do carro, Ivy parar subitamente atrás de nós, no meio da rua.

Todas nos contraímos, e sentimos o ambiente ficar pesado.

—- Layx, eles estão se aproximando, os zumbis. – Disse, tentando não a pressionar.

—- O que faremos? – Ela perguntou, tensa.

—- Ele não liga? – Rebecca sugeriu.

Layx girou a chave algumas vezes, e o motor soltou um ronco, mas não foi o bastante para liga-lo.

Vi Ivy abrir a janela do motorista, e colocar a cabeça para fora.

—- O que aconteceu? – Ela gritou.

Layx abriu a janela também.

—- O carro apagou!

Um zumbi, próximo demais de nós aproveitou o momento e enfiou seu braço e cabeça para dentro do carro. Subitamente, todas atiramos ao mesmo tempo, deixando ele pendurado e abatido ali.

Nos entreolhamos dentro do carro.

—- Vocês estão com suas armas carregadas? – Perguntei, vendo somente uma resposta para a situação.

Elas assentiram, pesadamente, e saímos dalí.

Nos vendo sair, o grupo de Ivy também saiu, para nos ajudar e solucionar o problema. Nos juntamos em um beco; péssimo erro.

Estávamos cercados de zumbis fortes, com facas e afins, e nenhum de nós sabia lutar bem contra facas e zumbis que tinham reflexos de humanos, até porque, nunca precisamos lutar contra pessoas. Eles defendiam bem os golpes e davam outros que podiam nos matar, se não fossemos recuando mais.

Agora, além da tristeza e a dor de perder um amigo, ainda ficava mais difícil chegar onde queríamos, para talvez tentar recomeçar.

Formávamos um círculo encurralado. Zumbis nos cercavam de todos os lados, e eles estavam em vantagem.

Vários deles me atacavam. Com um gesto rápido, coloquei Cookie dentro da mochila, para sua própria segurança. Eu defendia golpes de facas desviando rapidamente. Os outros pareciam ter facilidade, principalmente Misha, Ivy e Charles. Já eu, precisava de ajuda para tudo.

Tentei atirar contra a cabeça de uma zumbi que me atacava, mas ela era rápida demais. Cansada, tirei o facão da jaqueta e comecei a ataca-la corpo a corpo. Era bem mais fácil assim. Consegui elimina-la perfurando onde era para ser seu coração. Senti como se fosse um corpo humano... Como se ela fosse... Fresca.

Consegui mais resultados usando uma arma corpo a corpo.  Já tinha matado todos eles, mesmo que dificilmente, ao meu redor. Eles pareciam mais humanos que o normal. Como se o restante dos zumbis que eu tivesse encontrado já estivessem podres. Esses estavam revigorados.

Um deles, vinha em minha direção, rápido e feroz. Eu ousei golpeá-lo, mas ele desviou, e parou do meu lado, com poucos centímetros de distancia.

Eu estava prestes a receber uma mordida, até que...

Um vulto pulou na frente.

Samuel?

Cian.

Ele recebeu a mordida no braço e assumiu os riscos no meu lugar, logo, caiu no chão de barriga para cima. Tudo em um milésimo.

Um arrepio subiu a minha espinha, junto a um gosto amargo no meu paladar; Eu sabia que gosto era aquele. A morte.

Sem hesitar mais, atirei na cabeça do zumbi, e me deixei cair de joelhos ao lado de Cian, deixando os outros cuidarem do restante, vendo que garoto estava quase sem o braço. O ferimento estava realmente horrível. Eu conseguia ver sua carne e seus ossos.

—- Se acalme. Eu tenho um kit aqui. – Ia tirando a mochila das costas, afim de impedir que Cian virasse um zumbi. Eu comecei a tremer involuntariamente.

—- Não. – Ele disse, tossindo baixinho.

—- O que? Eu juro que posso cuidar disso. – Disse, assustada. Eu não podia deixar aquilo se repetir. Não podia deixar minha inutilidade levar mais uma vida que não fosse a minha.

—- Não quero que me salve. Não quero. Vou atrasar vocês. Estão tão perto... – Ele dizia entre tosses e ruídos.

—- Não vou te deixar virar um zumbi. Apenas confie em mim.

—- Claro que não, pinguim. – Disse ele, sério, e me entregou sua arma. – Me mate.

Minha mente estava girando. Não conseguia processar tudo.

—- Cian, eu não posso. Eu cuido de você, logo você ficará bem. – Falei, quase gritando.

—- Me mate.

—- EU ME RECUSO – Deixei que toda mágoa e desespero saíssem como grito.

—- Ivy... – Chamou ele, tossindo. – Me mate.

Ivy estava ocupada, junto aos outros, numa roda envolta de mim e de Cian, nos protegendo, então, não prestou atenção.

—- Dói... – Ele gemeu baixinho.

—- Então me deixe te ajudar. – Eu peguei por fim o kit, o spray e as bandagens, e já ia cuidar do braço dele, quando ele levou uma faca até meu pescoço.

—- Não. Ou senão te levo junto para o inferno. – Ele sorriu, com a lâmina tocando meu pescoço.

Eu não via como uma piada.

Não tinha a menor graça pra mim.

—- POR QUE NÃO ME DEIXA FAZER ISSO POR VOCÊ, SAMUEL? – Gritei, chorando, e me toquei que já havia passado por isso antes.

 Não era Samuel.

Era tão importante quanto.

Cian apenas sorriu, triste, e abaixou a faca. Vi lágrimas em seus olhos.

—- Eu não vou fazer isso. Vou sentir sua falta. – Disse, tremendo, chorando e sussurrando.

—- Isso... Isso é egoísmo, sabia? – Ele me deu um sorriso triste mais uma vez.

A arma dele pesava em minha mão, ela ainda estava lá. Cookie já havia saído da mochila e os zumbis já estavam mortos. Todos observavam a cena, assustados e curiosos. Não ousavam interferir. Sabiam que ia ser pior.

Fechei os olhos, com força, tentando acordar de um sonho ruim, mas nada acontecia.

—- Não queria que fizesse isso por mim. Eu não quero mais um irmão morto. – Eu falei, finalmente. – Não entende isso? Que eu preciso de você ao meu lado? Não preciso desse ato de amizade repugnante!

—- No meio do inferno, a amizade é a única coisa que nos mantem vivos. – Ele me deu um sorriso triste, que despedaçou minha alma.

Não fazia sentido.

—- Mas você vai morrer. – Eu disse, entre soluços.

—- Mas você vai viver. Isso que importa. Rápido. Faça o que eu pedi.

Hesitei mais uma vez, e apontei a arma contra sua testa. Doía em mim. Eu não podia atirar.

Ele ergueu o braço bom, me puxou contra si e encostou os lábios em meus ouvidos.

Apesar de estar apontando uma arma para ele, congelei.

—- Eu amava. – Ele sussurrou, baixo o bastante para que ninguém mais ouvisse.

—- Quem? – sussurro de volta, com voz de choro.

—- Benjamin. – Ele disse.

Soltou-me, e colocou a mão por cima da minha que segurava a arma. Alcançou o dedo no gatilho, e atirou contra si mesmo.

Nem tive tempo de perceber o que estava acontecendo.

Eu não conseguia entender que, mesmo eu sendo egoísta o bastante pra querer que ele vivesse, acabei cedendo.

Eu poderia ser egoísta até o fim e salvar uma vida, seguir um caminho diferente do que eu estava seguindo agora.

Mas quando pensei isso, ele já havia morrido.

O que mais doía em mim, era que sua ultima expressão, foi um sorriso, com uma lágrima escorrendo.

Eu não consegui mais aguentar. Todo esse desastre, toda essas mortes, toda essa desgraça.

Acabei desabando em cima dele. Como um tsunami de sentimentos ruins.

Lágrimas se misturavam com a chuva forte de verão, que começara a cair, mas não parei para reparar quando.

Eu estava encharcada, mas me recusei a sair de perto do corpo dele todas as vezes que o restante do grupo me chamava.

Eu queria morrer. Eu queria morrer pra ver se onde quer que eu fosse parar, encontraria Cian ou Samuel.

Mas não pretendia fazer isso.

... Pretendia?

...Pretendo?

Duas pessoas desperdiçaram suas vidas por mim, porque queriam que eu vivesse. E eu não pude fazer nada.

Eu só queria que tudo fosse um pesadelo.

—__ //___

Três dias se passaram e eu só sabia chorar e me lamentar. Layx tinha conseguido fazer o carro pegar, mas eu simplesmente não me importava; ouvi algo como “ele ficou frio, então desligou”.

Cian...

Esse acontecimento me afetara tanto quanto o acontecimento do meu irmão de sangue.

É sempre assim, não é?

Sempre.

Você só percebe o valor que a coisa tem para você depois que a perde.

Eu sabia que Cian era importante para mim, mas não imaginava o quanto.

Eu não sentia mais nada. Minha alma estava atordoada. Meu corpo estava atordoado.

Todos estavam.

Perder dois membros do grupo em pouco tempo não é algo fácil de ser superado.

Os fatos chegavam a fazer sentido agora; Cian tinha problemas com o pai, porque era gay, e acho que não aceitava aquilo muito bem. Ele se aproximou de Ben consideravelmente nos últimos dias, e quando faleceu, seu mundo desabou. Talvez ele não tivesse mais motivos para viver.

Ouvi leves batidas na porta do quarto em que eu estava. Por uma fração de segundo, lembrei-me de Cian, e o imaginei batendo, como sempre fazia quando sabia que eu estava triste.

Mas não era ele. Não podia ser.

—- Vá embora. – Gritei, mas pareceu mais um choro.

—- O que... O que acha de dar uma volta pra acalmar os nervos? – Era a voz de Charles, que havia abrido a porta e visto a cena: eu encolhida no chão empoeirado, com manchas de água ao redor, abraçando um cachorro e uma mochila de um morto.

—- Eu não quero. Por favor, vá embora. – Eu disse, não me permitindo de aceitar o impulso de concordar.

—- Desculpe invadir sua privacidade assim ou ser duro com você, mas... Você vai ter que superar. – Ele andou até mim. – E é melhor que seja rápido... Pra impedir que se machuque mais. – Ele sorriu gentilmente, e estendeu a mão para me ajudar a levantar.

Eu não queria concordar, mas ele tinha razão.

Aceitei a ajuda e fui andar junto a ele.

Me retirei do quarto aleatório da casa aleatória onde eu estava alojada. Simplesmente não me importava com os detalhes.

O mundo estava cinza.

—- Charles, pode vir até aqui? – Ivy chamou-o para o que parecia uma reunião de grupo, da qual eu não ia participar.

—- Agora? – Eu vi o olhar de advertência que lançou a irmã.

—- Agora. – Ela disse.

Ele se voltou a mim.

—- Você vai sozinha?

Assenti. Eu estava com dor de cabeça.

—- Por favor, não faça nada do qual eu ou você possamos nos arrepender depois. – Ele pediu, como se estivesse implorando.

Não entendi o que ele quis dizer.

Mas quando percebi que estava sendo guiada pelas minhas emoções até o terraço de uma casa de três andares, percebi perfeitamente o que ele quis dizer.

Suicídio?

Opção viável.

Deixei Cookie no chão e me aproximei da borda. Era bem alto.

Não consegui sentir medo, raiva, insegurança, e nem nada. Só um vazio no meu coração.

Cookie me olhou, deu alguns latidos, me pedindo para que não fizesse isso.

Fui um pouco mais pra frente.

Meus pés estavam quase para fora do chão.

Olhei a paisagem. Conseguia ver onde Cian havia morrido.

Suspirei.

Ouvi mais alguns latidos de Cookie, e vi a porta do terraço abrindo.

—- Acho que te achei. – Charles entrou rindo um pouco. Provavelmente viu a cena e se assustou. – O QUE PRETENDE FAZER?

Me virei para ele e o olhei.

—- Pretendo aliviar vocês de um peso.

—- Peso? O que está dizendo? Saia daí!

Ele veio até mim cuidadosamente, sabendo que qualquer movimento brusco podia ser fatal para mim.

—- Admita, Charles: eu já matei duas pessoas indiretamente. Duas vidas foram desperdiçadas por uma. E ela nem vale a pena. – Ri, sarcasticamente. – Duas pessoas, se sacrificaram por causa da minha impotência.

—- Amanda, por favor, sai daí. – Ele caiu de joelhos.

—- O que vai mudar na vida de vocês? Se me deixarem aqui, vou continuar matando mais gente, até só sobrar a mim mesma. E aí vou morrer. Não acha mais fácil eu me matar por vocês?

Ele pareceu horrorizado com o que havia ouvido.

Parte de mim se arrependia, mas a outra dizia para continuar.

—- Amanda, se afasta dessa merda.

Não respondi. Ele me observou indignado e surpreso por cerca de três segundos.

—- Então tá. Deixe-me dizer o que eu penso agora. Você fala que tudo isso não é egoísmo da sua parte, mas a verdade é que é sim, e muito! Você quer cometer suicídio e deixar sua família aqui, apenas te observando pular de um prédio caindo aos pedaços? Abandonar todos que te amam, apenas por um capricho? Me diga: você tem alguma deficiência? Onde está a alma determinada que queria viver com os amigos e o cachorro, felizes? Onde está a Amanda que eu conheci? A que nunca chorava. A que transformava tristeza em força? A Amanda que eu gosto? Eu sinceramente não te conheço mais. Não quero outro Benjamin. Não pensei que seria tão egocêntrica a esse ponto. Se matar, sendo que duas pessoas se mataram pra você poder viver. Pare de ser frágil assim! Você é melhor que isso. Pretende nos deixar por si mesma. Cian e Samuel não fizeram aquilo por si mesmos, eles fizeram por você, e foram altruístas. A diferença entre vocês são os motivos; Eles tinham um bom.

Ele parou para recuperar o fôlego.

Já eu, não conseguia processar tudo.

Todas as verdades. Minha idiotice.

Abaixei a minha cabeça e quis chorar.

—- Agora, por favor. Sai daí. – Ele disse, com os olhos cheios de lágrimas.

Eu hesitei em obedecer, mas finalmente, saí de lá com cuidado.

Me aproximei dele, retomando a consciência e envergonhada das atitudes.

—- Obrigado. – Ele disse, e pulou em cima de mim em um abraço.

—- Eu quem agradeço. – Eu disse, e comecei a soltar lágrimas.

—- Desculpe por dizer tudo aquilo. Eu só não queria te ver morta.

—- Eu sei que é verdade, não se preocupe.

Ele demorou a dizer algo. Por um instante eram só nossas respirações pesadas, e meu choro, saindo e molhando a camiseta dele.

—- Eu não cheguei a conhecer ele bem. Mas sei que era importante pra você. Então... Se quiser, podemos enterra-lo.

Eu ergui a cabeça finalmente. Olhei seus olhos. Ele havia chorado também.

—- Faria isso por mim? Iria me acompanhar?

—- Claro.

Assenti, e ficamos ali mais um pouco.

Saí de fininho com Charles, e fomos até onde estava o corpo de Cian.

Estava como eu havia deixado; olhos verdes abertos, um tiro na têmpora, braço machucado, e roupas umedecidas pela chuva.

Eu me impedi de chorar.

Com uma pá encontrada na casa, cavei um buraco num gramado próximo de onde ele havia caído.

Com a ajuda de Charles, o coloquei lá confortavelmente, passei a mão por seus cabelos, precisando de um corte, fechei seus olhos, e finalmente o enterrei.

Doía ver a terra caindo por cima de seu rosto pálido.

Doía pensar que eu nunca mais o tocaria.

Eu tentava me lembrar de todos nossos bons momentos juntos. Mas por que só conseguia me lembrar das nossas brigas?

E por que eu sorria sempre que fazia isso?

Olhei por uma última vez suas espinhas, sorri, e tampei a cova improvisada.

Em um papel qualquer, escrevi um bilhete, que na minha imaginação, ele leria.

Coloquei em cima da terra fofa.

—- Descanse em paz.

Sorri uma última vez, e junto a Charles, voltamos para nossa família.

Nesse dia, eu suicidei a parte de mim que me deixava triste.

Eles fizeram isso por mim. Devo viver por eles.

E eu vou fazer isso com felicidade.


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Notas finais do capítulo

E aí?
...
DOIS MOTIVOS PARA NÃO SHIPPAR. MWAHAHAHA

Depois disso, só digo uma coisa: PUTARIA NO INFERNOOOOO (0( Tá, chega.

Espero, de todo coração, ter deixado vocês tristes :3

Obrigada pela leitura, e vejo vocês no próximo.