Sereias apocalípticas escrita por Evil Maknae, RebOS, Laesinha, Ana


Capítulo 12
Cabelo, lembranças e surpresas.


Notas iniciais do capítulo

Me. Desculpem. EU SEI QUE DEMOREI.
Gente, eu estava envolvida com as coisas da escola, na última semana de aula; já devem imaginar a quantidade de trabalhos e provas que eu estava fazendo.
Então entrei de férias e viajei, e aconteceram algumas mudanças temporárias na ordem dos capítulos. Enfim, loucura total.
Resultado: aqui estou eu quase 3 semanas depois, eu acho.
MAS EU VIM, JAMAIS ABANDONARIA VOCÊS E ESSA FANFIC ♥
Também queria me desculpar com as minhas bff's pela demora, mas vocês estão por dentro da bagunça da minha vida HFUGWURGH OBG MANAS! ♥
Enfim, deixo aqui mais um capítulo. Espero que gostem!
Bjão no ♥ de vocês e até lá embaixo!
PS: Capítulo no ponto de vista da Anna.



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Depois do churrasco e de conhecer Ivy e Charles, pode-se dizer que tudo voltou ao normal.

Antes de entrar no carro para sairmos da mansão, todos nós trocamos de roupas. Eu tinha me esquecido de como era bom usar um vestido – eu me senti mais leve. De chinelos e um vestido azul Royal de seda, parecia que eu estava em casa, no verão e nas férias escolares. Porém nem tudo que é bom dura muito tempo.

Com a chegada dos novos integrantes na grande família, caí novamente à realidade nossa de cada dia.

Apocalipse. Zumbis. Morte.

Acabei por me apegar demais à estas pessoas, e se alguma delas partissem, ficaria extremamente triste.

Subi no quarto principal para trocar de roupa. Tirar o vestido foi como se tirasse memórias de um passado bom e feliz. Olhei para os lados e guardei delicadamente o vestido na mochila, no fundo. Quem sabe quando usarei de novo?

Talvez nunca, pensei.

Guardei mesmo assim. Coloquei as roupas de guerra - como chamo minha bota, casaco, camisa e calça jeans grossa - e desci, recarregando os revólveres com balas de prata que Cian achou pela casa e me entregou. Misha me esperava, junto com Rebecca e Ben.

Misha sorriu e me deu seu braço para segurar, e caminhamos até lá fora assim. Rebecca e Ben vinham logo atrás, conversando baixinho. Entrei no carro junto com as meninas e todo o resto no carro de Ben.

O caminho foi longo, tedioso e paramos apenas em uma farmácia para pegar material de higiene pessoal e remédios. Amanda, assim como eu e Rebecca, estava reclusa apenas para seus pensamentos. Layx ouvia música, mas não conseguia me concentrar na letra. Lia o caderninho com as informações sobre a Base, e fazia mais algumas anotações em cima das já estabelecidas pelos meus pais.

Cientistas são mesmos malucos. Bom, se eles não tivessem sido malucos, não teria esse tesouro comigo. Lembro como se fosse ontem como tudo aconteceu.

Morávamos perto do laboratório. Meus pais passavam o dia inteiro lá, e só voltavam a noite. Eu estudava praticamente em tempo integral, então estava tudo certo.

Era sexta-feira, coincidentemente dia 15 de outubro, meu aniversário. Íamos sair para comer pizza, ou algo do tipo. Eu subi no meu quarto para pegar minha bolsa e documentos, e quando desci a desgraça já estava quase toda feita. Meu pai na porta, jogado no chão, se transformando, talvez. Minha mãe em pânico, abrindo a bolsa e vindo até mim.

Eu estava em pânico. Meus músculos travaram. Minha voz sumiu. Foi a pior coisa que já senti em toda minha vida.

Mamãe me puxou até a cozinha, fechando a porta de divisão com a sala. Estávamos á sós. Seus olhos procuravam um ponto onde pousar, e foram nos meus. Ela segurava firme meus braços, espremendo-os contra o tórax. Tentava falar algo, mas não conseguia focar em sua voz.

—Anna, olhe para mim. Olhe para mim agora – sua voz era firme. – Guardei em sua bolsa uma coisa importante, que terá que cuidar com sua vida.

Não conseguia me mover, mas ela sabia que eu diria sim.

— Eu quero que corra, fuja, procura um abrigo. Quero que faça isso agora.

— E você? – minha voz soou esganiçada.

Ela sorriu, apesar de tudo. Em meio ao caos, tentou me acalmar. Ela sabia que não sobreviveria e mesmo assim foi forte o suficiente para cuidar de mim.

Seu liso cabelo preto grudava na testa. Os olhos tempestuosos me encaravam. O rosto, avermelhado. Sentia o cheiro do laboratório nela mesmo sem o jaleco.

Queria respostas, queria entender o que estava acontecendo. Mas apreciar aquele último momento com uma das pessoas mais importantes da minha vida era o mais sensato a se fazer.

Foi então que ela me abraçou forte, e eu retribui. Foi longo, mas durou muito menos do que eu desejaria. Ouviu-se batidas na porta – tinha que me apressar.

Ela enxugou as lágrimas e me entregou minha bolsa, abrindo a porta que dava para o quintal logo em seguida.

— Seja forte, Anna. Eu amo você.

Já do lado de fora, com a brisa bagunçando meu cabelo, olhei para ela e para a porta se quebrando atrás de Helena.

— MÃE!

Ela fechou a porta de madeira com força, e eu corri como se não fosse haver amanhã.

Esse foi o pior aniversário de todos.

***

Acordei com Layx me cutucando, lágrimas quentes descendo pela minha bochecha. Olhei ao redor e só estávamos nós duas. Também já havia escurecido.

— Tudo bem? – ela me ajudou a sair do carro, trancando-o.

— Mais ou menos, amiga.

— Defina mais ou menos.

— Sonhei com meu aniversário – andávamos devagar por um lugar vazio, apenas com nossos carros e uma casinha perto de árvores tortas e envelhecidas. – De novo.

— É uma das razões de não gostar de comemorar?

— Sim. Lembra quando contei? – ela fez que sim – Sonho várias vezes quando vai chegando a data - fez-se uma pausa – Foi o dia que tudo começou, pelo menos na minha cidade. E meu pai foi um dos primeiros a serem afetados, sem contar com os cientistas que estavam no laboratório.

Entramos na casa, e todos estavam na sala, cada um sentado em um canto. Layx me deu como resposta um sorriso consolador e um tapinha afetuoso nas costas antes de se afastar. Elas sabiam que eu não gostava muito dessa data, e nem conversar sobre.

Amanda e Ivy conversavam, enquanto Misha, Ben e Cian jogavam uma partida de algum jogo com cartas. Charles e Rebecca tomavam refrigerante da última mercearia que passamos para estocar os mantimentos. Se não estivéssemos no contexto de apocalipse, diria que era uma reunião de amigos.

Layx voltou com cadeados e correntes, e trancamos tudo antes de dormir. Todos foram para seus quartos ou cômodos que adaptamos para virarem quartos e tentaram dormir. Ou fizeram que nem eu, que nem mesmo tentaram.

Fiquei na sala, bem na entrada. Ninguém ficou comigo, o que me deixou um pouco melhor, por assim dizer. Precisava de um tempo a só para pensar, mesmo tendo ficado anos a só sem falar quase nada.

O sonho era extremamente real. Me perturbou ainda mais porque na época eu demorei para compreender que aquilo era um zumbi e o porque de ser “expulsa” de casa.

Ganhei o caderno, pois minha mãe confiava que eu fosse uma das peças chaves... Ou acreditava que eu me juntaria com mais peças para formar o quebra-cabeça da Base.

As lágrimas que desciam não carregavam algum motivo aparente. Era como se eu estivesse tirando uma mochila pesada das costas.

Meus pais fizeram o caderno para mim. Eles sabiam dos riscos. Como fui tola em ignorar os sinais?

Meu nome gravado no couro da parte traseira do caderno; dos meus pais me ensinando muita coisa que viam no laboratório; todos os elementos químicos que aprendi e suas combinações.

Fitei a porta de madeira pesada. Eu sou um caminhão de respostas sem rumo.

— Ei.

Levei um susto e apontei o revolver para a cabeça de Misha. Soltei um murmúrio, abaixei a arma e observei seu rosto assustado.

— Está maluco? Quase te matei! – o sussurro era como um grito fraco e indignado – Me avisa quando quiser falar comigo. Eu estou muito assustada esses dias; vou acabar matando alguém importante.

Ele riu baixinho e se sentou ao meu lado.

— Pela profundidade de sua olheiras e essas lágrimas em seu rosto, posso concluir que essa é a melhor noite da sua vida.

Olhei fundo em seus olhos.

— Amanhã é meu aniversário, Misha. Eu perdi meus pais nessa data. Foi nesse mesmo dia que tudo começou na minha cidade, que era uma das principais fornecedoras de pesquisas sobre tudo isso.

O garoto parecia incrédulo.

— Pois é, eu sei. – abaixei a cabeça, deixando o cabelo cair em meu rosto.

Senti a mão de Misha em minha cabeça, como um... Cafuné?

O estranho é que caiu bem o carinho repentino. Fazia tanto tempo que vivia para a luta que havia esquecido um lado de mim que aprecia pequenos gestos.

Levantei a cabeça e abracei Misha. Encostamos-nos ao sofá, e recolhi minhas pernas para cima, me aconchegando ainda mais ali naquele abraço. Encostei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos. O pior de tudo é que... Eu consegui adormecer... No abraço de Misha.

***

Acordei deitada no sofá e com dor de cabeça. Sentei-me e calcei as botas, ainda sonolenta.

— Nem para me acordar – resmunguei, coçando os olhos.

Sai da sala, e a casa estava extremamente silenciosa. Devem ter saído pra pegar suprimentos e voltam daqui a pouco.

Entrei no banheiro, escovei os dentes com uma escova de dente do Barney (era o que tinha na farmácia abandonada) e lavei o rosto. Fitei meu reflexo no espelho e observei que... Eu já tenho 15 anos faz muito tempo. Crescer é uma droga.

O rosto quase pálido, as sardas que se multiplicaram em meu nariz e maçãs do rosto e o cabelo longo faziam de mim a Anna Melliot que saiu da sua casa há muito tempo.

Observei ao redor e encontrei uma tesoura na gaveta do banheiro.

— Bom, sempre quis um corte mais curto.

Penteei o cabelo com um pente velho e medi com a tesoura onde ia cortar: dois dedos depois do ombro. Sorri e senti os fios descerem pelas minhas costas.

***

Limpei tudo e meu Deus, dava para fazer uma peruca com todas as mechas que estavam no chão. Olhei-me novamente no espelho e sorri.

O cabelo estava mais liso do que nunca. Agora, bem mais curto do que antes, dançava leve em meus ombros.

Ouvi passos rápidos e peguei meu revolver da bota. Abri devagar a porta e mais sussurros. Estavam vindo da cozinha.

Caminhei devagar, com a arma em punho, até o local e...

— SURPRESA! – todos gritaram, sem medo dos zumbis ao redor da casa, e pularam em mim.

Eu desabei e chorei muito. Chorei de felicidade. Chorei por que aquelas pessoas – que o acaso colocou-as em minha vida - tornaram o pior dia da minha vida no dia mais especial que eu tive em anos.

Me afastei e enxuguei as lágrimas. Olhei em volta e estava uma bagunça. Ri com o bolo e os docinhos na mesa.

— Meu Deus... – Amanda passou a mão em meus cabelos – Você fez aniversário e ficou rebelde. – ela olhou para Cian – Dá pra acreditar?

Cian riu, e eu também. Rebecca me entregou um cartinha, e Layx me deu um mega abraço apertado. Ben me ofereceu uma cerveja antes de me dar uma blusa com um Donnut na frente escrito: TODOS FEITOS COM AMOR! Cian me abraçou e disse palavras bonitas. Eu simplesmente não estava sabendo reagir á toda àquela demonstração de afeto. Ivy e Charles me deram flores, e Ivy me prometeu fazer tranças, mesmo com o cabelo tão curto. Ri, e aceitei; talento não faltava para ela e o irmão. Misha foi o último. Olhei para as meninas, que se cutucavam e riam baixinho, o que me deixou nervosa. Ele ia me dar uma arma? Bom, isso ia ser super útil. Ben comia bolo com Cian até observar o que ia ser feito.

Eles estavam planejando alguma coisa.

Misha sorriu e me entregou um casaco vermelho e bem grande, tipo moletom só que de zíper – igualmente vermelho. Olhei a peça e sorri, vestindo.

— Ela não vestiu minha blusa – Ben apontou para mim, e Rebecca tampou sua boca.

— Obrigada Misha. Mas não entendendo todo esse mistério de vocês. Alguém pode me explic...

E então ele abraçou-me e... me beijou. Um beijo doce, delicado. Até mesmo seu abraço demonstrava cuidado, como se eu fosse de porcelana.

Meu coração parou por um breve momento, com toda a certeza. Mas, depois de tudo isso, ele ainda me abraçou novamente e sussurrou em meu ouvido, deixando-me ainda mais sem pensamento.

— Eu te amo, Melliot. – Misha me abraçou, como se não quisesse que eu fugisse ou desintegrasse ali mesmo, com o queixo em meu ombro, a cabeça encostada na minha.

Pude ver todos nos olhando, o que me fez corar. Então fechei os olhos e tentei pensar no que havia acontecido.

Eu não conseguia pensar. É como se tivesse dado pane no sistema. Misha deve ter notado já que meu coração parecia querer sair do meu peito e eu não ter respondido nada. Então ele me largou devagar, e me olhou nos olhos.

A cor âmbar em seus olhos piorou tudo. Eu não sei lidar com meus sentimentos. Eu sei o que sinto, mas não consigo demonstrar do jeito que eu queria.

Então respirei fundo, fechei os olhos novamente e o puxei para perto de mim novamente. Em meio ao abraço, disse a primeira coisa que veio na minha cabeça:

— Eu também... Amo você.


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Notas finais do capítulo

NOTA: Os olhos do Misha mudam de cor de acordo com... o tempo. Uma hora estão escuros, de um castanho quase preto, e outra de um castanho claro, quase âmbar, como citado mais acima :)

Eai? O que acharam? (eu sei, eu sei... Bem meloso, mas a gente tem que investir no shipp, né? :P)
Comentem o que acharam, queridos leitores!
Bjs de luz e até a próxima :*