HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 31
Segundo adeus


Notas iniciais do capítulo

Olááá! o/

Voltei, meus amores!
Muitos agradecimentos nesse dia. Obrigada, HarryAD, pela recomendação maravilhosa, ao Faw, que se tornou um leitor tão fofo ❤, e a todos vocês, por alcançarmos juntos a marca de 3000 views ❤
Só avisando mais uma vez, os reviews serão respondidos. Peço só um pouquinho de paciência ^^

Chega de enrolação, preparem os lenços e o coração!

Boa leitura ^^



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Duas semanas se passaram desde que a Nexus de Nova York parou para resgatar uma de suas agentes.

Apesar de tudo o que Alice Harper passou nas mãos de seus pais, sua maior preocupação era com os alunos, que lutaram bravamente em defesa de sua professora favorita.

Richard e Hayley estavam bem, mas os gêmeos se machucaram bastante, principalmente Luke, que teve a perna atravessada por uma espada. Mas nada que os médicos da Nexus não dessem um jeito, deixando-os novinhos em folha em alguns dias.

Annie e Lorenzo deram uma boa bronca em Richard, por tê-los trancado no banheiro, embora eles não tivessem ficado por muito tempo lá, já que Annie deu um jeitinho de arrombar a fechadura.

Os alunos foram convidados pela Nexus para fazerem parte da agência, até mesmo Clark, que não era Neo-Humano, mas ambos recusaram o convite. Luke, Alex, Lorenzo e Hayley queriam continuar com a banda, vivendo normalmente, como faziam até aquele momento, assim como Annie e Richard. Todos foram registrados em um index, com o aviso de que a Nexus estaria por perto, caso eles se metessem em encrenca, e de que as consequências não seriam as melhores.

John sofreu um ferimento grave, necessitando de algumas cirurgias para ficar bem, o que fez com que Delilah sofresse em silêncio, até vê-lo recuperado, embora estivesse afastado por tempo indeterminado.  Ordens da “mamãe” Jones, como ele a apelidou. Assim que o rapaz saiu do hospital, a Fada Violeta não perdeu um minuto sequer e pode, então fazer a pergunta que tanto desejava. Pediu, com seu jeitinho delicado, embora firme, para que ele a acompanhasse no baile da escola, já que era a última vez em que faria o ensino médio. Com um sorriso no rosto, tudo o que ele respondeu foi que, se precisasse, roubaria alguns remédios da Nexus para acelerar sua recuperação, apenas para estar inteiro naquele dia.

Raven levou as novas heroínas italianas para Londres, deixando Alice levemente enciumada, já que sentiria falta de todas elas. Mas a Bernardini mais nova, depois de ter o chip retirado de sua cabeça, preferiu voltar para Princeton e tentar recuperar sua vaga na universidade.

Os Neo-Humanos detidos na operação  ficaram em celas especiais na base da Nexus, esperando um julgamento justo e a transferência para um presídio na Rússia, para pessoas com um elevado nível de periculosidade.

Rachel continuou na companhia de sua tequila, enquanto os sentimentos de Alice e William se tornavam cada vez mais confusos, embora fossem intensos.

 

~*~

 

Benny estava sentado na escada da entrada do colégio, perdido em seus pensamentos, enquanto ouvia Starset, com os fones de ouvidos. Estava usando uma calça escura e um moletom preto, deixando o capuz cobrir parte do seu rosto. Sayuri o observava de longe, sorrindo de canto.

 

— Oi, Benny. — Annie sentou ao lado do garoto e tirou um de seus fones. — Tudo bem?

— Tudo.

— Vai continuar tentando se afastar dos amigos? — A garota cruzou os braços, o encarando sem humor.

— Não estou tentando afastar ninguém, Annie. Só... Quero continuar sozinho. — Deu de ombros.

— Isso é afastar os amigos. — Revirou os olhos, já perdendo a paciência.

Ficaram em silêncio por um momento, mas logo Annie o cutucou, apontando para Richard, que acabara de chegar. O rapaz estava bem arrumado, muito mais do que o de costume, chamando a atenção de todos.

— Olha só para o Clark. Nunca vi ele tão arrumado para vir pra escola. Vai acabar matando mais garotinhas do coração do que o Kira com o Death Note.

— Ele deve estar tentando impressionar alguém. — Se rendeu ao sorriso que se formou em seu rosto, rindo com Annie.

Richard se aproximou deles, mais nervoso do que o normal. Passou a mão nos cabelos um pouco compridos e suspirou, dando um grande sorriso.

— Oi, gente. Bom dia.

— Bom dia! — Benny respondeu franzindo as sobrancelhas e segurando o riso.

— Está tudo bem, Clark? — Annie perguntou, estranhando o comportamento tenso do rapaz.

— Está! Claro que está! Por que não estaria? — disse rápido, tentando parecer calmo.

— Não está não. Vai ter jogo hoje para você estar desse jeito? Ou vai fazer uma entrevista de emprego para estar todo arrumado?

— Você reparou, Benny? — Sorriu para o garoto antes mesmo que ele terminasse a frase.

— Todo mundo reparou, Clark. — Benny apontou para as garotas da torcida organizada.

Quando Richard olhou para elas, soltaram um gritinho eufórico por serem notadas. Ele, por sua vez, apenas revirou os olhos, voltando a atenção para os amigos.

— Essas aí só querem o meu corpo nu porque eu sou capitão do time. Duvido que me dariam toda essa atenção se eu fosse um excluído.

— Você anda com a gente, Clark. É um auto-excluído. — Annie riu alto, fazendo os amigos rirem também.

— Excluídos tipo o Lorenzo e a Hayley. — Olhou para os dois adolescentes encostados em uma árvore e riu baixo.

O garoto com os olhos delineados de preto desviou o olhar, com sua típica expressão de ódio. Já a garota de belos cabelos negros e pele branca como papel, sorriu para Richard, que devolveu um sorrisinho falso.

— Aquilo é ser excluído. — concluiu.

— Vai dizer onde estão contratando ou quer as vagas só para você? — Annie apontou para as roupas de Richard, trazendo o assunto de volta.

— Não é emprego. É que... Eu quero fazer uma coisa importante e não quero fazer isso de qualquer jeito.

— Fala logo, cara! — Benny o encorajou.

— Certo. Vou falar. — Respirando fundo, Clark ajeitou a postura e pigarreou, chamando a atenção de quem estava mais próximo. — Benjamin Johnson — disse alto.

O que você está fazendo? — O garoto se espantou, observando os curiosos.

— Não me interrompa, idiota. E levanta enquanto eu estou falando. — Balançou a mão, indicando para que o garoto ficasse de pé. — Benjamin Johnson. Benny, como você prefere ser chamado. Você sabe que eu não vou convidar nenhuma dessas escandalosas mal-vestidas para o baile, então eu pensei muito e percebi que é com você que eu quero estar naquele dia. — Respirou fundo, tomando coragem para continuar. — Benny, você aceita ir ao baile comigo?

 

Richard sentia o coração tentar sair do peito, fazendo suas mãos trêmulas suarem frio. Observou o rosto de Benny ficar tão vermelho quanto um tomate maduro, enquanto ele olhava para os lados, reparando nas pessoas que olhavam para ele com sorrisos debochados e maldosos. Já se perguntava onde é que estava com a cabeça quando resolveu fazer aquilo em público. Sabia que o garoto era alvo de alguns valentões, e aquilo só iria piorar a situação. Pelo menos era o último dia de aula. Não teria mais que encará-lo depois daquela mancada.

 

— O amor está no ar! — zombou um rapaz alto, vestindo uma jaqueta do time de futebol da escola, embora ele não jogasse. — Vai, orelhudo. Responde antes que sua namorada comece a chorar! — Ele sorriu de canto, percebendo os olhos marejados de Richard.

— Você é um pé no saco, Steward! — Annie se levantou rápido e empurrou o garoto, tirando uma risada dele. — Some daqui antes que eu faça suas bolas pararem na sua garganta.

— Tenta a sorte, machona!

 

O rapaz puxou ela pelo moletom, tirando-a do chão. Mas não teve tempo de fazer nada, pois Benny grudou em seu braço e soltou a menina, trazendo-a para perto dele ao envolvê-la em um abraço de lado.

 

— Apenas tente encostar nela de novo e eu acabo com você! — sussurrou entre os dentes, deixando sua fúria transparecer em seus olhos.

— Como é, Johnson? — Ele gargalhou, dando um sinal para os amigos se aproximarem. — Ouviram isso? O viado vai acabar comigo! Ah, Johnson. Vou adorar te dar uma surra de despedida.

— Vai ter que passar por mim primeiro!

— Clark, relaxa. Cuida da Annie para mim.

 

Sem olhar para o amigo, Benny afastou Annie suavemente, encarando o idiota que o atormentou desde que chegou em Nova York. Aquele seria um ótimo encerramento. Suspirou, lembrando do treinamento de Sayuri. Esvaziou sua mente, livrando-se da raiva do momento e concentrando-se em fazer de cada golpe, uma lição para o inimigo. Seus punhos se ergueram com movimentos rápidos, imitando uma cobra, assim como a japonesa lhe ensinou no início de cada aula de Kung Fu. Os garotos começaram a rir, e Benny permitiu que um sorriso fosse esboçado em seu rosto, assim como no de sua sensei, que não tirava os olhos dali.

Uma roda começou a se formar em torno deles, enquanto alguns adolescentes apostavam, tentando adivinhar quantos ossos Steward quebraria do corpo magrelo de Benny.

O valentão ainda rindo, tentou dar um soco de surpresa, mas o garoto se movimentou tão rápido, que o rapaz mal pôde vê-lo desviar, tirando um suspiro uníssono da platéia, surpresa. Irritado, ele tentou, mais uma vez acertar Benny com uma série de golpes, mas ele não deixou que nenhum o acertasse, aparando todos com o dobro da força aplicada por Steward. Por fim, ele puxou o capuz de seu moletom, permitindo que o adversário visse seu olhar frio.

Naquele momento, Steward sabia que estava encrencado. Benny avançou contra ele, sem dar chances de defesa. Usando as mãos apenas para manter o equilíbrio, desferiu uma série de chutes, rodopiando vez ou outra, apenas para exibir seus conhecimentos em TaeKwonDo.

Cansados de ver o amigo apanhar, os outros entraram na roda e apanharam um pouco do nerd, antes de conseguirem segurá-lo pelos braços. Steward não perdeu tempo e abusou de sua covardia ao acertar um soco no garoto, tirando sangue de sua boca.

Mas, ao contrário do que ele pensou, Benny não chorou e pediu misericórdia. Apenas riu fraco, transformando o riso em uma gargalhada cada vez mais alta.

 

— Isso é uma piada. E das boas. Até a Annie bate mais forte do que você! — cuspiu no pé do rapaz, fitando seus olhos.

— Já quebrei um dente dele! — A garota ergueu o braço, piscando para o amigo.

— Últimas palavras, Johnson? — Batendo o punho contra a mão, Steward se aproximou, sorrindo de canto.

— Tenho sim. Kasai no Akuma-sensei — sussurrou.

 

Antes que o valentão pudesse perceber, Sayuri surgiu ao lado dele e, do cabo de sua inseparável sombrinha, puxou sua katana e a pressionou contra o pescoço do rapaz, deliciando-se com o som de espanto dos alunos.

 

— Basta! — Ergueu seu distintivo da Nexus, deixando suas íris flamejantes fitarem os alunos. — Se não quiserem virar churrasco, melhor saírem. Agora!

— Poxa! A gente só queria saber a resposta do Benny!

 

O garoto puxou os braços com força, desvencilhando-se dos outros dois, enquanto fazia um sinal discreto para a japonesa, afirmando estar tudo bem. Os valentões — não tão valentes agora — se afastaram do garoto, prontos para correr, caso fosse necessário.

Benny caminhou até os amigos, limpando o sangue de sua boca com a manga da blusa e rindo baixinho. Parou em frente ao amigo, que era um pouco mais baixo, e sorriu, segurando as mãos dele. A expectativa da resposta fazia com que os alunos ali presentes ficassem em silêncio, ouvindo apenas o som do vento invernal. Sem dizer nada, Benny se inclinou, dando um selinho demorado no garoto, tirando assobios e aplausos dos alunos.

 

— Isso foi um sim? — Richard não conteve o sorriso, enquanto seus olhos brilhavam.

— Se você manter as mãos longe de mim, não vejo problema algum. — Deu de ombros, entrelaçando os dedos com os do amigo.

— Como assim, garoto abusado? Você me beija na frente de de toda a escola e vem falar pra eu não assediar você?

— Isso foi só para mostrar que eu não estou nem aí para o que toda a escola pensa! Vou ao baile com o meu melhor amigo sim! E quem não gostar, que se acerte com meus punhos! — Benny disse alto o suficiente para todos ouvirem, puxando Annie de lado e passando o braço por seus ombros, enquanto ela o abraçava pela cintura.

— Eu vivi para ver o Benny deixar de ser trouxa. A Taylor precisava ver isso também!

— Não esquenta, Clark! Eu gravei tudo e já enviei. Ela deve estar morrendo de ciúmes do beijo, ou morrendo de rir.

— Annie, eu vou matar você! Eu não acredito que você fez isso! — O rosto de Benny ficou tão vermelho, que parecia prestes a explodir.

— Quer que eu mostre meu chat? — Riu alto, recebendo um beliscão.

— O que ela vai pensar?!

— Por que se importa com o que ela pensa, e não se importa com o que o resto da escola pensa? — Annie deu de ombros depois de devolver o beliscão.

— Porque eu a amo! Não quero que ela pense que eu sou um traidor.

 

Annie trocou um olhar com Richard, suspirando baixinho. Sabia o quanto ele gostava de Taylor, mas aquilo já passava dos limites.

 

— Chuchu, não acha que está na hora de… sabe. Seguir em frente. A Tay nem atende seus telefonemas, e você continua insistindo e mandando mensagens todos os dias. Isso machuca tanto você quanto ela. — Richard acariciou a mão dele com o polegar, ao perceber a expressão dele mudar.

— Benny-kun, posso falar com você?

 

A voz de Sayuri chamando seu nome foi música para seus ouvidos. Ele sorriu fraco para os amigos e sussurrou um pedido de licença, antes de deixá-los para trás, observando-o se afastar de cabeça baixa. Não queria que ninguém reparasse em seus olhos vermelhos. Mas, infelizmente, não conseguiu escondê-los de sua sensei.

 

— Chorando de novo? Você é um caso perdido mesmo! — Ela riu, bagunçando os cabelos do garoto.

— Nossa! Isso foi inesperado. Qual o motivo dessa animação?

— Eu descobri onde está meu pai. Finalmente vou encontrá-lo, Benny-kun! — Os olhos de íris vermelhas da garota brilhavam, assim como seu sorriso.

— Parabéns! Isso é uma ótima notícia! — Ele colocou as mãos nos bolsos, sorrindo, melancólico.

— Eu soube que o seu pai está vivo. Você também vai encontrá-lo.

— Eu não sei se eu quero. — Balançou a cabeça, olhando nos olhos dela. — Não tenho um bom pressentimento sobre isso.

— Seja como for, espero que tenha sorte. — Suspirou, desviando o olhar. — Bem, eu não sou boa com despedidas, então…

— O que?! Despedidas? Como assim?

— Meu pai está em Londres. Estou indo para lá, Benny. Sinto muito.

— Garotas e seu dom de me fazer odiar meu país — resmungou, sentindo um nó na garganta. — Quem vai me treinar?  Quem vai me tirar da cama às quatro horas para fazer meditação? Você não pode me abandonar!

— Benny, seu drama é digno de Oscar! Já pensou em atuar? — Ela riu baixinho, tampando a boca com a mão.

— Não dê risada dos meus sentimentos! — ralhou, embora também estivesse rindo. — Vou sentir sua falta, sensei.

— Eu também, Benny. Eu também.

 

Sayuri fez uma breve reverência, mas Benny a abraçou com força, começando a chorar. Ele já estava com as emoções à flor da pele, e não resistiu à despedida.

 

— Promete que vai me ligar?

— Prometo! — Ela não conseguia conter o riso, divertindo-se com o jeito sentimental do garoto, embora também estivesse triste por deixá-lo. — Eu tenho que ir. Dedique-se ao seu treino. Qualquer dúvida, me liga. E não se preocupe. Se eu ver a Parker-chan, eu vou dizer que você mandou um beijo. — Piscou, antes de afastar-se, sorrindo.

 

O garoto permaneceu ali, observando-a caminhar para a saída. Sayuri, sem dúvidas, era uma garota que carregaria no peito por toda sua vida. Ela o ajudou crescer, e esteve ao seu lado quando mais precisou de ajuda. Considerava-se sortudo por tê-la como sensei e amiga, e estaria disposto à honrá-la, mantendo o treinamento e seus ensinamentos como uma parte de sua vida.

Logo o sinal tocou e tirou o garoto de seus pensamentos, roubando-lhe um suspiro pesado, enquanto vestia seu capuz e colocava as mãos nos bolsos, caminhando para a sala.

 

~*~

 

Enquanto isso, em Vivid City…

 

Depois de um dia longo ajudando a Rebecca a aperfeiçoar a sua armadura, Taylor finalmente terminou a sua ducha gelada, indo até a cozinha em seguida, usando um short curto e uma regata dos Ramones, enquanto seu cabelo estava enrolado em uma toalha.

Após preparar uma caneca de chocolate, a Parker caminhou até a sala, onde sentou em sua cadeira giratória e ligou seu notebook, já recebendo uma notificação de seu e-mail. Ao abrir, viu que ele havia sido enviado por Annie, e o título era “VOCÊ PRECISA VER ISSO”, o que fez a garota rir baixo, enquanto abria o vídeo anexado.

Tomando um gole de seu chocolate, ela franziu o cenho ao ver um rapaz alto em uma briga contra três garotos. Após um tempo tentando reconhecer quem era, graças a filmagem tremida, Taylor pode perceber que era o Benjamin e o Steward brigando, embora o fato do Johnson não apanhar fosse mais surpreendente.

 

— Parece que o orelhudo aprendeu a lutar. — Ela sorriu de canto, ao mesmo tempo em que o garoto era pego e atingido pelos valentões. — Falei cedo demais.

 

Em seguida, Sayuri apareceu, fazendo-a revirar os olhos, enquanto levava a caneca até a boca e tomava mais um gole demorado de seu chocolate morno. Após a japonesa liberar o amigo, a Parker franziu o cenho ao ver o amigo caminhar até o Clark e então, o beijar, o que a assustou e fez com que ela se engasgasse por um instante, enquanto o impulso de seu susto a derrubou da cadeira.

Com chocolate no chão e em sua roupa, Taylor caiu na gargalhada, após aliviar a sua crise de tosse.

 

— Clark, eu escolhi te amar.

 

~*~

 

As aulas do último dia foram tranquilas, servindo apenas para os alunos conversarem e se despedirem de alguns professores. O comentário sobre a briga do Benny com o Steward rendeu para o garoto alguns números de telefone e tapinhas nas costas, deixando-o um tanto envergonhado.

Antes do final da última aula, uma batida fraca foi ouvida na porta da sala 301, e Alex correu para atender, como sempre. Ao abri-la, sorriu ao desviar o olhar um pouco para baixo, fitando sua mais querida professora.

 

— Srta. Harper! Que bom te ver!

— Também é bom te ver…, Alex? — Ergueu uma sobrancelha, semicerrando os olhos.

— Aleluia! Ela acertou! — O garoto ergueu os braços em comemoração, enquanto toda a sala fazia barulho, batendo nas mesas.

— Na verdade, eu só acertei porque o Luke ainda está com alguns arranhões. — Ela sorriu forçado, acenando para o outro Henderson. — Joe, posso roubar sua turma um pouquinho?

— Claro, Alice! — O professor de literatura sorriu, se levantando. — Eles não estavam afim de ler mesmo!

 

A professora esperou o colega sair, sem deixar de reparar no caminhar do rapaz, com um sorriso discreto, mas logo voltou o olhar para a turma. Ela observou cada um, antes de erguer um envelope, contendo o nome dos aprovados em algumas faculdades. O silêncio tomou conta da classe, então ela anunciou, um a um, o futuro dos queridos alunos. Pelo menos da maioria.

Richard apenas confirmou o que já sabia, enquanto Alex quase caiu da cadeira ao saber que entraria para a faculdade de Engenharia Mecânica. Luke também garantiu sua vaga em Medicina, Lorenzo passou em Psicologia, e Hayley, em Música. Ambos iriam para Princeton, encarar o futuro. Mas nem todos tiveram sorte. Benny e Annie, entre outros, não conseguiram garantir suas vagas, e teriam que tentar no próximo semestre.

Após a euforia do anúncio passar, Alice suspirou e se levantou, encarando a turma mais uma vez.

 

— Hoje vocês terminam um ciclo, para iniciar outro. O ensino médio pode ter parecido um verdadeiro inferno, com provas e trabalhos intermináveis, professores chatos — Apontou para si mesma, rindo fraco. —, noites de pesquisas, questionamentos profundos como, em que momento da minha vida eu vou usar essa fórmula maldita?! — Fez uma pausa, suspirando. — Não se preocupem. A faculdade é muito pior!

— Valeu pela força, professora!

— Não por isso! — Ela piscou para o garoto que falou, dando uma risada. — Mas o que eu estou tentando dizer, é que eu quero agradecer por me permitirem fazer parte desse ciclo. Por todos os sorrisos, abraços, broncas, as vezes que vocês queriam me matar… por tudo isso. Quero que saibam que eu ainda estarei aqui, como professora e amiga de vocês, sempre que precisarem. Parabéns, formandos. E boa sorte com esse novo ciclo, chamado futuro. Ou vida adulta, cheia de responsabilidades e boletos assustadores. Eu amo vocês!

 

Alguns rindo, outros emocionados, os alunos aplaudiram a pequena professora, levantando-se todos. Richard caminhou até ela e a ergueu, deixando-a sentada em seu ombro, como fazia com os jogadores do time e algumas líderes da torcida.

Não demorou para que o sinal batesse e, um a um dos alunos, desse um abraço apertado na professora antes de sair. O único que permaneceu em seu lugar foi Benny, que encarava a mulher, de braços cruzados, esperando que o último colega saísse.

 

— Acho que me dei mal. — Ele riu fraco, desviando o olhar. — Se bem que eu nem tinha certeza se era mesmo biologia que eu queria cursar.

— Relaxa, Benny. Você e a Annie passaram por muita coisa esse ano. Não é vergonha reprovar no vestibular.

— Eu sei, eu sei. Vai me dar um tempo para pensar no futuro. Toda essa coisa de herói, Nexus… Já nem sei mais o que eu sou ou quero ser. Às vezes minha cabeça fica uma bagunça. — Deu de ombros. — Bem… Eu só queria saber se está tudo bem entre nós dois.

— Credo, Benny. Falando assim, até parece que terminamos um relacionamento. — Ela riu, franzindo o cenho. — Eu acho que está tudo bem. Ou não. Eu não sei. O que você acha?

— Acho que você está escondendo algo importante de mim. Só…

— Benny — Alice suspirou, sentando ao lado do garoto e segurando suas mãos. —, eu não quero esconder nada de você. Isso me tortura toda vez que eu te olho, porque é algo que… Não existe ninguém no mundo que queira que você saiba disso mais do que eu. Só que eu prometi que guardaria segredo até você estar a salvo.

— Eu estou em perigo? Meu pai é perigoso, é isso?

— Sim, ele é. Mas ele não vai fazer mal nenhum para você, porque eu não vou deixar. Escuta...

— Não, Lice. Escuta você — interrompeu, fitando a professora. — Não quero saber sobre isso. Minha mãe e eu já sofremos muito com isso, e algo me diz que ela também já sabia que ele era um vilão. Eu não preciso saber sobre um cara que fez mal para ela. Eu não quero que isso te machuque por dentro, muito menos por fora. Não precisa se preocupar com isso, Lice. Não preciso de um homem que não quis saber de mim, quando tenho várias mulheres lindas e incríveis ao meu lado.

 

Sem dizer nada, Alice abraçou o garoto, deixando que as lágrimas acumuladas em seus olhos escorressem por seu rosto. As palavras do menino lhe atingira como uma espada de dois gumes, deixando-a emocionada e, ao mesmo tempo, triste. Não fazia ideia de como revelar seu parentesco agora que ele não queria mais falar sobre aquilo.

Mas o tempo faria seu trabalho. Tinha certeza.

Saíram juntos da escola, conversando sobre o Baile de Inverno e toda a bagunça que ele arrumou para proteger o amigo, deixando sua irmã cada vez mais orgulhosa do homem que ele estava se tornando.

 

~*~

 

O sol já estava se pondo quando Benny chegou em casa, depois de mais um dia de treino pesado. Após roubar um pedaço da torta que Jessica fez para o jantar, ele foi para o quarto e ligou o aquecedor, antes de se livrar das roupas pesadas e incômodas. Tomou um banho quente e demorado, deixando a água relaxar seus músculos doloridos. A diretora Jones não pegou leve, apenas para mostrar que nada iria melhorar com a saída de Sayuri.

Depois que saiu do chuveiro e se vestiu, o rapaz se jogou na cama e pegou o celular, procurando o último contato em seu registro de ligações. O nome de Taylor apareceu, tirando um sorriso dele, mas logo seus pensamentos foram interrompidos quando a porta se abriu, e Jessica acenou antes de entrar, carregando uma roupa protegida por uma capa de lavanderia.

 

— Bater na porta! Desculpe. Eu esqueci de novo. —  A mulher sorriu, batendo a mão na testa.

— Tudo bem, mãe. Eu não estava ocupado. — Deu de ombros, sorrindo de volta.

— Olha só! A roupa do meu Príncipe acabou de chegar! — Jessica tirou o paletó preto do cabide e o entregou para o filho, encorajando-o a vesti-lo.

 

Suspirando, o garoto fez o que a mãe pediu e já deu uma voltinha, abrindo os braços, para mostrar todos os ângulos de seu traje. A mulher sorriu de orelha a orelha, admirando seu filho.

 

— Está lindo! Aposto que vai ser o mais bonito do baile!

— Não exagera, mãe! Só sou o mais bonito para você. — Ele riu, puxando-a pela mão e a girando, antes de segurá-la pela cintura. — Está certo, Srta. Johnson?

— Não! — Jessica balançou a cabeça, rindo baixinho. — Segure minha mão dessa maneira e erga mais um pouco esse braço, dessa maneira. — Ela o ajudou e sorriu, começando a dançar com o garoto.

— Eu não levo jeito para isso. — Benny desviou o olhar, ajeitando os óculos. — Você é meu filho, claro que leva jeito.

— Talvez eu tenha puxado para o meu pai. — Deu de ombros.

— Seu pai dança muito bem, Benny. Eu o ensinei.

— Dança? Então você…

— Sim, querido. Eu sei que seu pai não morreu. Mas…

— Mãe, não. Não vamos falar sobre isso. Só me ensina a não passar vergonha na frente de todo o colégio. — Benny assentiu, fazendo-a sorrir.

 

Os dois dançaram pelo quarto, mesmo que não houvesse música para ritmar seus passos. Conversaram sobre coisas aleatórias e Jessica lhe contou que convidou Alice e mais alguns amigos do garoto para comemorarem o natal em sua casa. Aquela era uma notícia que ele não esperava, mas o animou bastante.

Satisfeitos com a aula de dança, os dois se separaram, depois que o garoto abraçou a mãe com força, e deu um beijo no topo de sua cabeça. Enquanto ele guardava a roupa no armário, Jessica sentou-se na cama e pegou o celular do filho, encontrando todas as ligações que ele fizera para Taylor no último mês.

 

— Mãe, o que significa isso?! Vou ter que bloquear a tela? — Irritado, tomou o aparelho, tirando um suspiro pesado de Jessica.

— Não queria ser invasiva, Benny. Desculpa.

— Você nunca quer!

— Vocês se falam todos os dias? — perguntou, ignorando o mau-humor do garoto.

— Não exatamente. Todos os dias eu deixo um recado na caixa de mensagens, mas ela nunca atende. — Deu de ombros, desviando o olhar ao sentar-se ao lado de sua mãe.

— Benny, não vê o quanto isso está machucando vocês dois? — Acariciou o rosto do filho, suspirando. — Precisa deixá-la ir, querido.

— Quando o meu pai foi embora, o que você sentiu? O que você fez para... Para deixá-lo ir? — Ele encarou a mulher, secando o rosto.

Ela apenas sorriu, tocando o peito do garoto, com os olhos marejados.

— Eu senti isso! Exatamente isso! Mas eu só consegui seguir em frente quando percebi que ele não era o homem da minha vida. E foi quando eu conheci o homem mais lindo do mundo, o meu verdadeiro amor, que eu finalmente o esqueci. Deixei ele ir.

— Você se apaixonou por outro cara? Quem foi? — Franziu o cenho, encarando a mulher, que riu baixinho.

— Sim. Eu me apaixonei. Foi amor à primeira vista. Ele tinha menos de três quilos e orelhas bem grandes. Chorava alto. Mais alto do que as outras crianças do berçário. — Ela riu bagunçando os cabelos de Benny. — Foi quando você nasceu que eu percebi que você era o homem que eu mais amaria na vida, incondicionalmente.

— Mãe! Você vai me fazer chorar!

— Você sempre chora, querido. Sempre chora.

 

Jessica abraçou o filho, segurando a risada, enquanto ele segurava o choro. Com um beijo terno, ela o deixou com seus pensamentos confusos.

Benny voltou a pegar o telefone e discou para a garota do outro lado do oceano, respirando fundo. A chamada foi completada, mas, como todos os dias, quem o recebeu foi a secretária eletrônica, da qual ele apelidou de Christina.

 

— Hey, Tay. Tudo bem? — começou, mas não teve resposta. — Eu nem vou contar o que aconteceu hoje na escola, porque a pilantra da Annie já mandou o vídeo. Aposto que você se engasgou de tanto rir, não foi? Típico! — Ele riu, suspirando. — Sabe, aquele beijo não foi para valer. O Clark já tá sabendo e estamos de boa, como sempre. Eu pensei que seria estranho beijar outro garoto, mas foi bem normal.

 

Em seu quarto, Taylor ouvia tudo o que o garoto dizia, sorrindo fraco. Mas logo sua expressão mudou, fazendo-a sentar-se na cama, quando o rumo da “conversa” foi alternado.

 

— Daqui a pouco a Christina vai encerrar a gravação, então… Eu só queria me despedir, embora eu… embora eu não esteja preparando para isso. Já faz um mês, Tay. Em um mês eu não recebi um sms seu, ou um recado… Nada! Tudo o que eu sei sobre você é graças ao Clark e a Annie que me dizem que você está bem. Isso machuca! — disse, embora sua voz já estivesse entrecortada. — Eu não queria terminar assim, Tay, mas eu preciso deixar você seguir em frente, e preciso… Preciso esquecer você! Então, se você você estiver aí, por favor, diga alguma coisa. Diga que você também pensa em mim, que você também me ama! Por favor! Diga alguma coisa!

 

Ele esperou por alguns instantes, mas tudo o que ouviu foi a voz de Christina, dizendo que a gravação seria interrompida em dez segundos, enquanto lágrimas eram derramadas nos dois continentes, conectados por aquela ligação que se encerrava.

Suspirando, ele concluiu:

 

— Adeus, Taylor.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Essa doeu, não é? T.T
Mais uma vez, peço que confiem em mim e não me matem.
Faltam apenas 3 capítulos para o fim, galera! SÓ 3!
Fiquem com a gente!

Beijos da Mini e até o próximo =*



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