HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 3
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores. Como estão?
Quero agradecer imensamente a você que está lendo PG e aos dezesseis acompanhamentos. Sério, vocês só me fazer sorrir.
Esse capítulo me deu trabalho, mas gostei do resultado. Acho que não teria conseguido sem a ajudinha dos meu amigos do HL ♥
Chega de enrolação.
Boa leitura e até mais.



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— Como se eu não fosse reconhecer minha professora favorita. — Apoiou as mãos na mesa, aproximando seu rosto ao da garota. — Sua voz, seu jeito. Uma máscara tampando sua boca não é um disfarce tão eficaz.

— Eu não sei do que você está falando. — Abaixou a cabeça, pensando em como sairia daquela situação. Não poderia revelar quem realmente era e teria que enganar o garoto.

— Não sabe? Então vou ter que refrescar sua memória. — Puxou o queixo de Alice, trazendo o rosto delicado da professora à poucos centímetros do seu e olhando profundamente em seus olhos castanhos. — Afinal, você não é a única que tem segredos.

 

Antes que Alice pudesse reagir, Benny tirou os óculos de armação escura que usava e seus belos olhos azuis começaram a emitir uma tênue luz da mesma cor. A garota ficou imóvel, relaxando gradativamente os músculos antes tensionados pela aproximação perigosa do aluno.

Aquela luz ofuscava seus pensamentos forçando-a a voltar em suas memórias, mais precisamente ao lugar onde a garota estava no fim da tarde anterior.

A viajem ao subconsciente da garota era como um sonho lúcido para Benny e ela, mas sob perspectivas diferentes. Ela revivia. Ele assistia tudo de camarote, como um filme 6D.

Não demorou mais que alguns segundos para que Alice estivesse mais uma vez no beco que não recebia a luz do sol poente que abrilhantava toda a Fifth Avenue.

~*~

“Ser a vigilante da cidade tem seu lado ruim. Não me dão folga nem no dia do meu aniversário. Vou ter que chutar bundas de forma rápida e eficaz.”

Benny não conseguiu segurar o riso ao ouvir os pensamentos da professora. Aquela era mesmo a mulher gentil e um tanto tímida que ele via todos os dias pelos corredores do colégio?

Alice tirou rapidamente da bolsa algumas peças de roupa depois de colocar sua sacola com as provas à serem corrigidas e bolo de seu aniversário delicadamente no chão, fazendo seu aluno esboçar um pequeno sorriso no canto dos lábios, animando-se com a ideia de um strip-tease da professora. Mas o garoto nem imaginava a extensão das habilidades que ela possuía.

Após tirar o sobretudo e depositá-lo sobre uma grande lixeira fechada, a morena colocou um par de luvas muito interessantes. Elas não tinham dedos e chegavam até a metade do antebraço. Eram negras e possuíam alguns pontos metálicos. Era evidente o desconforto de Alice ao vesti-las, mas logo seu rosto retorcido se suavizou, dando espaço para um sorriso ao encarar a própria mão à sua frente, abrindo e fechando os dedos.

Quando Benny pensou que a melhor parte havia chegado, frustrou-se ao ver a Srta. Harper desaparecer diante de seus olhos.

“Para aonde ela foi?”, pensava em meio a uma grande confusão de teorias e dúvidas em sua cabeça, até ver sumindo uma das peças pretas de roupa que estavam sobre a lixeira e aparecendo outra em seu lugar.

“Invisibilidade.”, concluiu sorrindo. Não esperava menos de sua professora cheia de segredos.

Pouco tempo depois, ele ouviu o som de uma arma sendo recarregada e uma lâmina sendo cuidadosamente guardada em sua bainha, deixando a ansiedade do garoto curioso crescer cada vez mais.

“Por que ela não aparece de uma vez? Não da pra assistir um filme onde não se vê o personagem.”

Porém a cena começava a mudar depois de ver todos os pertences de Alice desaparecerem.

Ouviu o som do salto alto no asfalto, indo em direção ao mar de pessoas curiosas que tentavam saber o que estava acontecendo logo à frente.

A confusão era tão grande que ninguém pareceu perceber a presença do ser invisível que abria caminho bruscamente.

Todo o quarteirão estava repleto de policiais e viaturas. O repórter que entrevistou Benny também estava lá, fazendo a cobertura completa do assalto.

A cena mudou completamente quando Alice atravessou a porta, deixando o garoto ainda mais confuso. Agora estavam dentro da joalheria, observando os dois homens fora da lei.

Um deles era alto, mas andava curvado por ter uma corcunda nas costas. Alguns fios loiros estavam de fora do capuz negro da jaqueta estranha que usava. Ele pegava rapidamente as joias de uma das bancadas de amostra e as jogava em uma mochila preta.

O outro homem era grande e forte. Tinha um cavanhaque escuro e usava um casaco fino. Apontava uma arma na direção dos reféns encostados em uma parede, inclusive o garoto alto e magro, de cabelos negros e olhar apavorado que Alice conhecia muito bem.

“Foi nessa hora que ela apareceu.”, pensou o garoto no mesmo instante em que a sua professora de artes surgiu no meio da loja, para a surpresa de todos.

 

— Olá, rapazes. — disse Alice, colocando as mãos na cintura.

 

Mais uma vez Benny sorriu ao analisar a garota de cima a baixo, demorando o olhar em seu decote generoso, em sua barriga à mostra e no coldre em sua coxa esquerda sobre a meia arrastão, dando um destaque a mais na fenda em sua mini saia do uniforme todo preto.

O homem armado disparou contra Alice, mas ela usou seu controle de tamanho para esquivar o mais rápido possível.

 

— Hey! Isso poderia ter me acertado, grandão! Por que não me entrega a arma para que eu te ensine a atirar melhor? — ironizou.

— Veja o que temos aqui, Steve. Uma primária metida a heroína. — O homem loiro de expressão cansada deixou a mochila no chão, dando alguns passos na direção da garota que recuou. — Eu sei do que você precisa. De alguém para desamarrar essa fita da sua blusa, delícia.

— Valeu, corcunda de Notre Dame. Você até que não é feio, mas essa bolota nas costas… Desculpa. Não dá pra entrar no clima.

— Vou acabar com essa garota em um instante. — Steve, o outro assaltante, fez menção de atacar, mas foi impedido pelo comparsa.

— Ela é só uma primária gostosa. Cuida dos reféns que eu vou dar o que ela merece. — O bandido tirou sua jaqueta e endireitou a postura. Ele não usava camisa e no meio de suas costas haviam três serpentes.

— Urgh! Que nojo! Alguém chama a Nexus! — Alice colocou a língua para fora, fingindo estar com náuseas. — Vou deixar os dois no chão antes que possam soletrar “perdedores”.

— Vamos dançar, vadia.

— Só se for no meu ritmo. — Ela se posicionou com os punhos cerrados na frente do corpo e logo avançou contra o Neo-humano secundário, chamado assim por causa de sua mutação genética que afetava um pouco de sua forma física, sem tirar seus traços humanos.

 

Os golpes da garota eram rápidos, mas o homem conseguia segurar todos com facilidade.

Ao tentar acertar um soco no rosto do adversário, ele segurou o braço de Alice e o torceu para trás das costas dela, colando seus corpos em seguida.

Uma das serpentes deslizou por seu braço numa velocidade impressionante, pronta para dar o bote no pescoço da mulher, que diminuiu seu tamanho, desvencilhando-se das mãos do bandido.

 

— Parece que vou ter que apelar. — Alice disse, tirando sua katana da bainha presa nas costas de seu colete, que se fechava com uma fita na parte da frente, pouco abaixo dos seios, lembrando um espartilho preto.

 

Apontou a lâmina para o loiro e sorriu com o canto da boca. O homem engoliu seco, mas logo estava preparado para uma nova investida.

Ele correu em direção a Neo-humana, já com todos os golpes seguintes em mente. Não queria machucar a garota, mas não havia escolha.

Antes que ela o acertasse com a katana, segurou seus braços para cima e acertou seu estômago com uma joelhada, fazendo-a cambalear para trás. Antes que ela recuperasse o ar, ele cerrou o punho e atingiu o rosto de Alice.

 

— Agora você me irritou. — A garota passou a mão no rosto, sentindo uma dor incômoda.

 

Segurou firme no cabo de sua katana e esperou a aproximação do homem.

Em um movimento rápido, segurou no ombro do ladrão e pegou impulso, diminuindo seu tamanho para poucos centímetros enquanto passa por cima dele, ficando frente a frente com as serpentes nas costas do homem. Sem pensar duas vezes, desceu sua lâmina brilhante, arrancando-as de uma vez só.

Com um grito estridente, ele foi ao chão de joelhos, sentindo uma dor imensurável.

 

— Peter! — O outro assaltante estava assutado com a situação.

— Agora somos só você e eu, grandão. — Alice guardou a katana na bainha e caminhou lentamente na direção do homem, que recuou alguns passos.

 

Quando uma funcionária da joalheria percebeu que o bandido estava distraído, conseguiu enviar uma mensagem para o marido, pedindo para que a Nexus fosse acionada. Sabia do perigo que Neo-humanos representavam e que apenas a instituição poderia ajudar.

Sem saber como reagir e vendo o amigo desacordado no chão, Steve estendeu o braço que aos poucos foi se transformando em uma espécie de arma futurística.

Na mira do homem, Alice tentava prever o próximo movimento dele para esquivar e levá-lo para longe dos reféns, mas antes que ambos pudessem se mover, o gerente acertou a cabeça de Steve com um mostruário de colares, feito de metal.

Sem nem ver o que lhe atingiu, o gigante foi ao chão como um saco de batatas.

 

— Nossa! Valeu! — disse, surpresa ao ver o assaltante no chão.

 

Próximo ao seu pé, estava um colar que lhe chamou a atenção. Ela o pegou, analisando a jóia com delicadeza.

 

— Vou ficar com esse. Presente de aniversário. — Piscou para o gerente e guardou no coldre, junto com a pistola nove milímetros que nem usara.

— Aonde você vai? — perguntou uma das reféns ao ver a garota subir no parapeito da janela.

— Salvar o dia mais uma vez, quem sabe. — Acenou para Benny, que ainda estava paralisado no canto onde os ladrões ordenaram que ficasse e saltou, já ativando a invisibilidade das luvas especiais.

~*~

— Srta. Harper? — Benny chamou a professora assim que seus olhos pararam de emitir a luz azul. Ainda segurava delicadamente o queixo de Alice e instintivamente, olhou para a boca da mulher tão próxima da sua.

— O que está acontecendo aqui? — Um homem loiro e alto entrou na sala, se deparando com aquela cena imprópria.

 

~*~

Aeroporto Internacional John F. Kennedy, Queens.

 

Um carro preto com o símbolo da Nexus, uma estrela cinza de oito pontas, foi estacionado em frente ao aeroporto JFK e seus ocupantes, uma mulher bonita de olhos verdes, um homem alto e forte e um garoto um tanto desajeitado, deixaram o veículo e adentraram o local.

O homem carregava uma mochila leve, enquanto o garoto sofria carregando uma mala pesada.

Ao chegarem no portão de embarque, a mulher ajudou o garoto com a mala e os dois adultos riram do menor.

 

— Isso tudo faz parte do seu treinamento, John. — Ela riu, ajeitando uma mecha de cabelo castanho que escapara do rabo de cavalo que prendia seus fios.

— Sei! Isso é abuso de autoridade. — O jovem reclamou, mas se divertia com a situação.

— Bem, acho que é aqui que nos despedimos, Valerie. — O homem sorriu para a morena bem mais baixa que ele.

— Parece que sim. — Ela sorriu também, colocando as mãos nos bolsos da calça preta que usava. — Muito obrigada por vir, Michael. Aquela Neo-humana está me dando muita dor de cabeça. Acha que brincar de herói não trás consequências ruins.

— Logo você consegue por ela nos trilhos. A menina é como um gato arisco. Nada mais que isso.

— Gata! Muito gata. — o garoto interrompeu Michael e recebeu um olhar de reprovação de sua mentora. — É o que dizem. — Deu de ombros, concluindo seu raciocínio.

— Você vai ficar bem, Valerie? — o agente perguntou, preocupado com a colega.

— Semana que vem o Mike completaria dois aninhos. — A agente Jones abaixou o olhar, tentando evitar que as lágrimas chegassem aos seus olhos. — Eu ouvi o diretor dizer que vão me afastar mais uma vez. Só Deus sabe como eu vou ficar daqui pra frente.

 

Vendo a amiga e companheira de academia despedaçada em sua frente, Michael envolveu seus braços fortes ao redor dos ombros da mulher, confortando-a com um abraço apertado.

Uma voz ecoou pelo salão de embarque, anunciando que o voo para Londres já estava para sair.

 

— Cuida bem da Jones, garoto prodígio. — o agente Knoxx pediu, bagunçando levemente os cabelos escuros do jovem Campbell. — Foi um prazer conhecê-lo, John.

— Digo o mesmo, agente Knoxx. — Os dois se cumprimentaram com um forte aperto de mãos. — E fica tranquilo. Vou ficar de olho nela.

— Dê um abraço na Isabella e na Amy por mim. Talvez eu faça uma visita para vocês se me afastarem de novo. — Valerie abraçou mais uma vez o amigo antes de vê-lo pegar sua mala e se afastar devagar.

— Se cuida, agente Jones! — Ele se virou antes de embarcar para dar um último aceno.

— Você também, agente Knoxx.

 

Já no carro, Valerie tirou do porta-luvas um pequeno frasco contendo seu nome e outros dados pessoais. Jogou uma pílula na palma da mão e a engoliu a seco.

 

— Você está bem, Valerie? — John perguntou.

— Vou ficar.

— Sabe, nós vamos encontrar o responsável. Um crime assim não fica impune.

— Prender o monstro que tirou minha família de mim não os trará de volta, John. — A agente secou rapidamente uma lágrima que insistiu em descer pelo seu rosto delicado. — Ele… Ele era apenas um bebê. Eu não entendo. Se era a mim que eles queriam, por que mataram o Jasper e o Mike? Por quê?

— Eu não sei. — O garoto prodígio colocou a mão no ombro da companheira, com o olhar fixado em um ponto do horizonte. — Mas prometo que não vou descansar enquanto não descobrir.

— Obrigada, John. — Ela secou mais algumas lágrimas teimosas que insistiam em deixar seus belos olhos verdes e abriu um sorriso após respirar fundo. — Vamos ao trabalho, garoto. Liga o rádio.

— Vê se não erra a letra da música dessa vez.

 

Assim que uma música começou a tocar, Valerie ligou o carro e dirigiu rumo à base de investigações da Nexus.

~*~

Alice e Benny se afastaram depressa, assustados com o homem que acabara de entrar na sala.

— Srta. Harper?! Você beijou um aluno?! — ele perguntou, se aproximando da mesa.

— Carter, não é nada disso que você está pensando. — Seu coração batia rápido. Não conseguia imaginar uma boa desculpa para aquela situação.

— Não mesmo, mas não seria nada ruim se tivesse acontecido. — Benny sorriu maliciosamente para a mulher a sua frente, fazendo-a arregalar os olhos.

— Ah! Não é isso! — Carter deixou um sorriso sarcástico transparecer enquanto cruzava os braços. — Claro que não. Então não se importam de dizer o que estava acontecendo aqui. — Aumentou o tom de sua voz, no mesmo instante que seu sorriso morreu, olhando decepcionado para Alice.

— Nós apenas…

— Deixa que eu explico, Srta. Harper. — O aluno se levantou, ficando frente a frente com o homem que tinha a mesma altura que ele. — Eu estava vendo o passado da minha professora com a minha habilidade de Neo-humano.

— Benny, o que você está fazendo?

— Isso. — Mais uma vez os olhos do garoto brilharam, deixando Carter paralisado. — Além de xeretar as memórias, posso criar falsas no lugar. É bem útil quando esqueço de cortar a grama ou lavar a louça.
Assim que os olhos de Benny voltaram ao normal, ele se sentou em frente a professora e fez sinal para que ela fizesse o mesmo.

— Por que ele não se mexe? — questionou ao ver o colega parecendo uma estátua de cera.

— Tem que chamá-lo pelo nome. — explicou. — Sorria e nada estranho aconteceu.

 

Receosa, Alice olhou para Carter, e suspirou antes de fazer a tentativa.

 

— Will?

— Ahm… Oi, Srta. Harper. Vim ajudar com as caixas. — Ele se sentia estranho, mas não fazia ideia do motivo.

— Ah. Claro. Eu disse que não era necessário… Will, por que está vestido assim. — Ela apontou para as roupas do século XVIII que o homem usava.

— Eu estava ajudando a turma de teatro. — Abriu um grande sorriso forçado, mostrando quão ruim era seu emprego.

— Entendi porquê todos te chamam de Will-faz-tudo. — Benny lançou um olhar zombeteiro, com um pequeno sorriso no canto dos lábios para o rapaz.

— O que você disse, pirralho? — Will não estava em um bom dia e o garoto percebeu isso ao sentir o olhar congelante do rapaz.

— Nada. — Benny respondeu rápido, abaixando a cabeça e fitando suas mãos, como se nada tivesse acontecido.

 

Alice terminou de organizar os trabalhos em ordem alfabética dentro de duas caixas, uma para cada turma que lecionava, e as fechou com fita adesiva. Não eram grandes e nem pesadas, mas Will e Benny fizeram questão de levá-las até o carro da professora, discutindo pelo caminho sobre os braços finos do garoto.

 

— Disfarça! Olha o Will ali. — Uma garota encostada no armário do corredor puxou a blusa da amiga, chamado-lhe a atenção.

— Parece um príncipe naquelas roupas.

— Queria levar ele pra casa e descobrir se ele faz tudo mesmo. — As duas riram baixo, observando com desejo o funcionário passar.

 

Carter ajudou Alice a ajeitar as caixas no porta-malas e o fechou, ajeitando os fios loiros que cobriam sua testa.

 

— Então, Lice… Srta. Harper — Corrigiu ao olhar para o aluno que os observava de mau humor. — Aquele almoço ainda está marcado?

— Claro que sim, Carter. Só acho que você deveria… — Segurou a risada ao olhar mais uma ver os trajes medievais do rapaz a sua frente.

— Tem razão! — Ele sorriu, envergonhado. — Só vou trocar de roupa e podemos ir.

— Ela não vai à lugar nenhum com você. — Rachel, amiga de Alice se aproximou dos três, que a fitaram com um mix de curiosidade, surpresa e ódio.

— Você! — Will suspirou irritado, olhando para outra direção. — Não tem como o dia ficar pior.

— Olha aqui, seu loiro babaca...

— Parem já! — Alice entrou no meio dos dois, abrindo os braços para afastá-los. — Qual o problema de vocês?

— Qual é o meu problema? — perguntou o rapaz. — Essa… desequilibrada quebrou o vidro do meu carro e você pergunta qual é o problema?

— Eu já paguei. — Rachel retrucou.

— Mas não se desculpou.

— Nem morta gastaria minhas desculpas com um sujeitinho como você, Carter!

— Chega! — Alice bateu o pé, aumentando também o tom de voz, fazendo Benny rir de toda aquela briga ridícula e da pequena professora que ficava hilária quando estava nervosa. — Rachel, o que você veio fazer aqui?

— Estragar o meu dia! — Will resmungou, cruzando os braços.

— Vim te levar pra casa. — ela respondeu, ignorando a alfinetada do homem. — Ordens do Sr. Harper.

— O que eu fiz dessa vez? — a garota levou a mão na testa, fechando os olhos em seguida. Não aguentava mais as neuras de seu pai.

— Se eu contar, estou na rua. Agora vamos. — Abriu a porta do carro da garota e ficou lá, esperando sem um pingo de paciência.

— Desculpa, Will. Vamos ter que deixar para amanhã, tudo bem?

— Claro! — respondeu, sorrindo fraco enquanto fitava o chão. — Amanhã a gente conversa melhor.

— Tchau, Will. — Alice abraçou rapidamente a cintura do colega muito maior do que ela e voltou-se para o aluno. — Não pense que você vai se livrar da nossa conversa, Sr. Johnson. Vai ter muita coisa pra me explicar.

— Não vejo a hora. — Ele devolveu, sorrindo para a professora.

 

Os dois observaram-na sair pelo grande portão eletrônico nos fundos da escola e logo William deixou o garoto sozinho.

Ao caminhar em direção a saída, Benny foi surpreendido por uma de suas colegas. Uma garota de cabelos castanho avermelhados, que desciam ondulados por suas costas.

 

— Benny, precisamos conversar.

~*~

— Não entendo o motivo de toda essa implicância com o Will. — Alice comentou, prestando atenção na entrada da garagem de sua casa.

— Ele me irrita. Aquele sotaque britânico, aquele sorrisinho amarelo. Não sei como você pode ser amiga de um cara como aquele. — Rachel gesticulava, enquanto cuspia as palavras com raiva.

— Continuo sem entender. — Deu de ombros, saindo do carro e fechando a porta atrás de si. Suspirou ao encarar a entrada da casa, imaginando qual seria a bronca dessa vez.

— Boa sorte, Lice. Vai precisar. — A mulher de cabelos loiros ficou ao lado da garota, se divertindo com a expressão preocupada que ela carregava.

 

Quando Alice criou coragem e entrou, ouviu um uníssono “surpresa” de várias pessoas que estavam ali. Logo todos começaram a cantar uma canção de feliz aniversário e ao poucos ela foi reparando em tudo ao redor.

Havia uma mesa decorada com um bolo confeitado com chantilly cor de rosa, refrigerantes e alguns doces. Uma grande faixa na parede escrito “Feliz aniversário atrasado” e balões coloridos.

“Logo ele, pai?”, pensou, morrendo de vergonha ao ver Dean, o rapaz que a fazia suspirar todas as noites antes de dormir.

Sua mentora e treinadora, Jordan Reed, também estava lá, participando daquele complô para envergonhá-la publicamente.

 

— Pai! Por favor! Eu não sou mais criança. — Protestou, abraçando Jared.

— Agora não, Alice. — O homem riu das bochechas vermelhas da filha e a abraçou de lado, virando-se de frente para os convidados. — Não. Hoje eu não vou fazer um discurso dizendo o quanto Alice Harper é valiosa para mim. Só quero aproveitar esse momento de confraternização para entregar seu presente, querida. — Jared entregou nas mãos de Alice uma caixa que cabia na palma de suas mãos.

 

Estava com medo do que tinha ali, pois da última vez que recebera um presente, uma série de problemas vieram na embalagem.

A garota respirou fundo e abriu. Ali estava uma carteira de identificação com seu nome e foto, entre outros dados pessoais.

Jared segurou no ombro da filha, sorrindo orgulhoso.

 

— Bem vinda à Nêmesis.

 

 


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Notas finais do capítulo

Essa escritora que vos fala está morrendo de curiosidade para saber o que vocês acharam desse capítulo.
Não tenham vergonha, eu não mordo (muito forte) kkkk
Obrigada a quem chegou até aqui. Saiba que vou me dedicar mais ainda para trazer um capítulo cada vez melhor.
Beijos da Mini e até o próximo =*