HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 26
Frankenstein


Notas iniciais do capítulo

Feliz Natal, leitores lindos ❤
Sei que demorei e peço desculpas, mas o ritmo acelerado das postagens estava me fazendo mal. Até pontadas no peito eu sentia por causa da ansiedade e pressão de postar.
Mas hoje vim presentear vocês e contar do meu lindo presente que foi um abraço da leitora Cloo ❤ ela atravessou o país e aproveitou para me ver e pegar um AUTÓGRAFO! Nunca me senti tão especial. Obrigada linda ❤

Sem mais delongas...
Boa leitura ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/686114/chapter/26

Setor de interrogatórios da Nexus.

 

A pequena sala com pouca iluminação foi projetada com o intuito de intimidar o interrogado, com apenas uma mesa e duas cadeira, dispostas uma à frente da outra, luzes claras nos cantos do teto e um grande vidro espelhado ao lado da porta com travas eletrônicas.

Ali, algemada à mesa, uma jovem de olhos e pele clara, cabelos castanhos e um corte no supercílio, observava cada passo do agente responsável por seu interrogatório.

O homem parou por um momento e apoiou as mãos na mesa, aproximando-se dela, que recuou, assustada.

 

— Doutora Klinger, eu vou perguntar apenas uma vez mais. Onde está Jared Harper — disse pausadamente.

— Eu vou responder apenas mais uma vez. Eu não me lembro de nada! Só me lembro de ouvir meu grito e depois acordar naquele porta-malas. Eu não estou mentindo!

 

O agente olhou para a doutora, fitando seus olhos confusos e assustados. Ela não diria nada, tinha certeza. Foi até a frente do vidro e balançou a cabeça, levando as mãos até a cintura.

 

— Não tem jeito. Melhor chamar o agente Johnson.

 

Foi rápido até que Benny chegasse ali. Pediu para ficar a sós com ela e esperou o agente sair, antes de encará-la sem humor algum. Bateu as mãos na mesa, fazendo-a dar um pulo e arregalar os olhos, sentindo o coração disparar.

 

— Millicent Klinger, pelo jeito você está pensando que estamos de brincadeira. Que ninguém tem nada mais para fazer aqui. Pois saiba que temos e não vamos perder tempo com você.

— Vai me matar, pirralho? Eu não tenho medo de você!

— Só abra essa maldita boca para dizer onde encontrar Jared Harper! — bradou, aproximando-se ainda mais dela. — Não tem medo de mim? Ótimo. Não precisa ter medo de mim. Quem sabe elas te façam falar!

— Elas? — questionou, confusa, vendo o garoto tirar os óculos, enquanto a luz parecia diminuir ainda mais.

 

Quando olhou para a mesa, aranhas caminhavam sobre ela, em sua direção. Em pouco tempo, subiam por suas pernas, deixando-a apavorada. Então gritos cada vez mais estridentes eram ouvidos até dos corredores da ala ao lado, assustando alguns funcionários.

 

— Eu não sei! Eu não me lembro! Tudo sumiu da minha mente! — ela disse, chorando e se encolhendo na cadeira, enquanto Benny mantinha-se calmo e inexpressivo. — Se não querem perder tempo comigo, parem de fazer perguntas das quais eu não posso responder. Por favor, tira isso de mim! Por favor!

— Se acha esperta, não é? Pois eu te digo, você não é esperta. — Benny fez as aranhas desaparecerem e aumentou um pouco a iluminação, segurando o queixo da Klinger e mantendo-se perto o suficiente para sentir a respiração dela. — Se não fala por bem, vou tirar cada informação de você. Depois vou fazê-la esquecer de quem você é, quem você ama, tudo!

 

Antes que ela dissesse qualquer coisa, os olhos de Benny brilharam mais forte, hipnotizando a moça. Viajou por suas memórias, encontrando vários momentos apagados. Ela não mentiu, afinal. Parou um pouco antes de um desses apagões, onde um rosto familiar lhe chamou a atenção.

 

— Millie, você não pode mais ficar conosco. — Jared segurava os ombros dela, fitando seus olhos.

— Por que, doutor? Eu fiz algo errado? Não estou mais fazendo meu trabalho direito? — Com lágrimas nos olhos, suspirou.

— Não é isso, Millie. É que “ela” logo vai acordar e eu… Eu já não posso mais negar algumas coisas dentro desse velho coração. Preciso me dedicar totalmente à “ela” e você aqui… Você tira minha concentração.

— Eu não entendo…

— Sinto muito, Millie. Não me odeie, por favor — sussurrou, encostando a testa em Millicent, quando Dean a puxou pelo braço, os afastando.

— Dr. Harper? O que está havendo? O que vocês vão fazer comigo? — Tentou se soltar, sem sucesso. — Para, Simmons! Jared, não! Não!

 

Benny sentiu a cabeça latejar e se desconectou das lembranças, um pouco tonto. Respirou fundo, e a chamou, tirando-a do transe.

 

— Klinger, o que aconteceu? O que fizeram com você? — Segurou firme nos ombros de Millicent, a deixando ainda mais assustada.

— Eu não sei. Eu juro!

— Diga! — gritou, apertando com mais força.

— Para! Por favor, eu já disse tudo! — falou baixo, começando a chorar.

— Está mentindo!

 

O garoto ergueu a mão para lhe acertar o rosto, e a moça fechou os olhos com força, esperando a pancada. Mas sua mão foi segurada com força, deixando-o confuso, já que não havia mais ninguém ali.

Pelo menos era o que pensou.

 

— Basta!

 

Foi tudo o que Alice disse, desativando sua invisibilidade. Ela estava sobre a mesa, com não mais do que um metro de comprimento. Encarou Benny por um longo momento, antes de olhar a moça.

Pulou da mesa, já voltando ao seu tamanho normal e foi até um painel ao lado do vidro.

 

— Podem levar a suspeita. Terminamos por aqui. E você — Apontou para o garoto. —, venha comigo.

 

***

 

— O quê você pensa que estava fazendo, Benjamin?! Você foi chamado para interrogar, não para torturar! Não dava nem para te reconhecer naquela sala! O que aconteceu com você?! — Alice cruzou os braços, mantendo um tom baixo, porém firme, ao parar em um corredor vazio, de paredes brancas.

— Não aconteceu nada! Apenas tentei descobrir onde seu pai está. Não sei de onde, mas eu conheço ele. Só não consigo me lembrar. — Desviou o olhar, franzindo o cenho.

— O conhece? Talvez eu deva te torturar até que se lembre! Agora me diga, qual o seu problema?! O que eu te fiz para agir assim?

— Nada, okay?! Você não fez absolutamente nada! — Encarou Alice, sem esconder os olhos que começavam a ficar vermelhos. — Eu tenho que ir, estou atrasado.

 

Benny deu as costas para a garota, mas ela o puxou pelo braço, o jogando contra a parede.

 

— Então é isso? Você acha que eu não fiz nada?! — Segurou na gola da camiseta dele, fitando seus olhos. — Acha que eu não implorei para que ela ficasse? Eu não queria que ela fosse! Eu não queria levar ela no aeroporto, não queria dizer adeus! Mas essa era uma escolha apenas dela! Trancá-la no porão não faria de mim alguém melhor do que meu pai. Então não me acuse, garoto. A culpa não é minha, nem sua, muito menos da Taylor! Está na hora de crescer, Benjamin! Ela vai seguir em frente! Acostume-se com isso e faça o mesmo!

 

Algumas pessoas os observavam em silêncio, deixando até os afazeres de lado.

Benny engoliu seco, sem reagir ou dizer qualquer coisa. Já Alice, o soltou bruscamente e se afastou, ativando a invisibilidade. Estava irritada demais para prosseguir com uma conversa.

 

~*~

 

Atrás do prédio da Nexus, havia um grande campo de treinamento, com uma academia coberta à esquerda e área de tiro ao alvo no fundo. No centro, apenas um gramado bem aparado e uma árvore alta, que naquela época do ano exibia seus galhos derrubando folhas secas.

Benny correu até lá, onde viu Sayuri encostada no tronco da árvore, vestida em seu uniforme colegial preto, com a katana presa nas costas.

 

— Atrasado! — disse simples, cruzando os braços.

— Desculpa, Sayuri. Precisaram de mim e…

— Não aceito desculpas. Aqui eu não sou sua amiga, sou sua treinadora! Indisciplina e atrasos não serão admitidos, Johnson-kun. O que houve para estar com essa cara de derrotado?

— Eu briguei com a Lice. — Deu de ombros.

— Por que?

— Assunto pessoal.

— Taylor Lee Parker não é assunto pessoal, é distração! — Deu um passo à frente, o encarando. — Quando pisar nesse campo, deve esquecer seus problemas e distrações ou eu vou esmagá-lo como um inseto, entendeu? Aqui não me interessa se sua bunda foi chutada ou se sua namoradinha deu no pé.

— Ela não era minha namorada!

— Não me interrompa! — bradou, fazendo-o se calar. — Agora eu entendo porquê a Parker-chan foi embora. Você é só um fracassado. Inútil. Não vai chegar a lugar nenhum, Benjamin-kun. Qualquer uma desistiria de você. Achar um cara melhor em Londres vai ser assim. — Estalou os dedos em frente ao rosto do rapaz e esboçou um sorriso ao ver seus olhos cheios d’água. — Vai chorar? Quantos anos você tem? Não sabe conviver com uma rejeição? Tem cordas no armazém e essa árvore deve aguentar um saco de ossos! Não vou perder meu tempo com alguém como você. — Olhou para ele de cima a baixo e deu as costas, começando a caminhar.

— Não vai… por favor! Eu preciso treinar — pediu, ainda que relutante.

— Por que eu deveria? — Parou, mas não olhou para trás.

— Porque eu sou um fracassado, inútil e chorão, mas não desisto do que eu quero. E eu quero que você me treine, sensei.

 

Sayuri sorriu ao ouvir a resposta do garoto, mas voltou a ficar séria, virando-se para ele.

 

— Vamos ver até onde vai sua determinação. Venha. Me acerte. — Cruzou os braços, esperando por ele.

— Não vai erguer as mãos? — Franziu o cenho, levantando os punhos.

— Você tem três segundo para me acertar a partir de agora!

 

Sem esperar, Benny avançou contra a garota que aparou o golpe há poucos centímetros de seu rosto, acertando um golpe no estômago dele e puxando uma rasteira, derrubando-o no chão.

 

— De pé!

 

Rapidamente ele levantou, repetindo o golpe, levando a rasteira, caindo no chão. Uma, duas, dez vezes. Por mais que soubesse o que Sayuri ia fazer, não conseguia esquivar. Sempre caía no mesmo erro. E a cada erro, mais uma risada, um deboche, uma humilhação. Sentiu um nó na garganta, mas engoliu seco. Não ia chorar!

Levantou, pronto para mostrar-se digno de ser treinado. Estava com raiva de si mesmo, de apanhar de uma garota menor que ele. Estava com raiva de Alice, de Taylor e de tantas outras coisas que sentia uma chama em seu peito arder, dando-lhe força para atravessar qualquer oponente.

Avançou contra a garota, não não tentou lhe acertar o soco. A surpreendeu ao se abaixar e derrubá-la com uma rasteira, mas a garota nem chegou a tocar o chão. Pegou um impulso e se levantou, acertando um chute giratório no rosto de Benny, que o levou ao chão mais uma vez.

Ao tentar se levantar, sentiu a fria lâmina da japonesa em seu pescoço.

 

— Se acha esperto, não é? Pois eu te digo, você não é esperto! — O empurrou com a sola do sapato, fazendo-o se deitar no chão. — Ódio e raiva são inimigos. A paciência e a calma, as melhores aliadas.  Não se levante enquanto o que é ruim não sair de você. Pense. Pense em cada ponto ruim de sua vida e deixe-os no chão. Só assim vai derrotar outros inimigos; acabando com os maiores primeiro, os que estão dentro de você. Quando estiver pronto para se levantar e deixá-los no chão, você será digno de ser meu aluno. Mas por enquanto, é tão inútil quanto esses sentimentos. Tem todo o tempo que precisar.

 

Mais uma vez Sayuri se virou e caminhou devagar, deixando-o no chão, onde permaneceu por muito tempo. Ali ele chorou, gritou, esbravejou e até cravou as unhas na grama, lutando com ele e os piores sentimentos que o dominaram nos últimos dias. Demorou tempo o suficiente para que as luzes fossem acesas ao mesmo tempo em que o sol se despedia no horizonte, para então Benny sentar e massagear o rosto dolorido.

Fitou o céu cheio de cores indo do laranja ao azul escuro, de uma ponta a outra. Naquele momento, sentiu uma pequena fagulha acender em seu peito, mas, diferente da chama, trazia-lhe paz e esperança. Estava pronto para levantar.

 

— Já vai para a casa? — Sayuri questionou, assustando o garoto. — Sabia que ia desistir.

— Eu não vou desistir. Me treine, por favor. Agora eu derrotei meus inimigos.

— Isso é o que vamos ver agora. Me acerte. — Cruzou os braços novamente, sorrindo de canto.

— Não.

— Não? — repetiu, confusa.

— Eu não sei fazer isso. — Deu de ombros. — Me ensina.

— É. Você está pronto para aprender.

 

Os dois ficaram até tarde treinado. Sayuri ensinou a teoria das artes que dominava e uns poucos golpes, já que ele insistiu muito.

Dia após dia se dedicava mais, colocando paixão em cada golpe e paciência em cada queda. Em duas semanas, já não reclamava das dores pelo corpo, nem do treino para aumentar a massa muscular — o que mais odiava — e, por incrível que pareça, não chegou atrasado dia algum, cumprindo suas obrigações em casa, na escola e na Nexus também.

 

No mesmo lugar onde começou, ele esquivava dos golpes de Sayuri, ritmados por uma cantiga infantil japonesa, se movimentando para direita, esquerda, direita, para baixo e giro, acelerando cada vez mais.

Confiante, em um dos giros tirou a katana das costas da japonesa e a derrubou com uma rasteira, pressionando a lâmina contra seu pescoço.

 

— Te falta ódio, Sayuri-chan.

— Tem certeza? — Sorriu de canto e levantou uma sobrancelha, acendendo uma chama em cada mão. — Vamos. Já chega por hoje.

 

~*~

 

Sentado na sala de interrogatórios, Benny tamborilou na mesa, quando ouviu o som das travas abrirem. Um agente guiou Millicent até seu lugar e preparou as algemas para prendê-la à barra de ferro.

 

— Não é necessário, Agente 28. — Benny fez um sinal de “okay” com a mão, assentindo rapidamente.

— Tem certeza, Spotlight? Ela parece uma garota fraca, mas é uma ótima lutadora, e o seu treino começou há pouco tempo. Não seria melhor…

— Relaxa, 28, sei o que estou fazendo. E a doutora Klinger não vai poder comer isso com as mãos algemadas. — Colocou uma pequena barra de chocolate sobre a mesa, fitando a mulher. — Pode ir agora. Vamos ficar bem.

 

O homem, ainda incerto da decisão do garoto, saiu da sala, deixando-os à sós. Ela olhou para o chocolate e para Benny em seguida, tentando decifrar as intenções dele.

 

— Isso é um novo meio de tortura, pirralho? Eu não vou comer isso. — Cruzou os braços, se recostando na cadeira.

— Na verdade isso é um pedido de desculpas, mas se você não quer, eu agradeço. — Deu de ombros, rindo fraco. — Olha, doutora, eu fui abusivo no nosso primeiro encontro e até levei advertência por isso. A Nexus não tem esse perfil violento e…

— Não tem? — Ela se levantou e tirou a camiseta, deixando-o com o rosto vermelho, mas assim que viu vários hematomas pelo corpo dela, entendeu sua atitude. — Se isso não é violência, estou com medo do que é.

— Eu… Não se preocupe. O responsável será devidamente punido. — Benny desviou o olhar, um tanto constrangido. — Bem, eu não vim para fazer muitas perguntas, na verdade, tenho uma proposta. Você é uma médica geneticista habilidosa, sem falar nos conhecimentos de química e biologia. Queremos que trabalhe aqui.

— Vocês sempre fazem tortura como processo seletivo? — Millicent se sentou, já vestida, encarando o garoto.

— Aceita ou não? — devolveu, ignorando sua ironia.

— Aceito — disse por fim, suspirando.

— Sério?! Assim tão fácil?

— Queria o que? Que eu batesse em você ou cuspisse na sua cara e dissesse Hail Nêmesis? Está lendo muitos quadrinhos, garoto. — Revirou os olhos, pegando o chocolate. — Seja lá qual foi o motivo pelo qual o Jared apagou minhas memórias e me jogou aqui, nunca vou perdoá-lo. E se essa é minha chance de recomeçar, não vou pensar duas vezes.

— Fico feliz por isso, doutora. Mas saiba que, se isso for um plano do Harper para prejudicar a Nexus ou fazer mal para a Alice, não vai sair nunca mais da cadeia.

— Eu nunca faria nada contra a Lice, garoto. Ela me conhece e…

— Por vinte anos ela pensou que conhecia o pai. Olha só no que deu. — Cruzou os braços, se recostando na cadeira. — Tudo o que estou pedindo é: não me desaponte.

— Se não confia em mim, por que está fazendo isso?

— Porque a Alice acredita! Ela não tem só o poder de encolher e ficar forte, ficar invisível, tirar pontos em todos os trabalhos de artes e se atrasar mais do que eu. Ela tem o poder de ver além do que qualquer um vê. De enxergar um lado bom onde não existe esperança, ver potencial em um fracassado. — Sorriu ao lembrar do sorriso da professora, desviando o olhar para fitar a mulher. — Se a Lice acredita em você, eu também acredito!

— Meu Deus! Você está apaixonado pela sua professora! — Ela riu, cruzando os braços. — Isso é patético!

— Não estou apaixonado! Só a admiro. — Com as bochechas coradas, se levantou, constrangido. — A agente Muller vai ficar responsável pela sua contratação e instalação, caso não tenha para onde ir.

— Obrigada agente Johnson. — Ela se levantou também, seguindo-o.

— Só Benny, por favor. — Sorriu, voltando-se para ela.

— Sem intimidades, garoto. Você é a segunda pessoa que eu nunca vou perdoar na vida. Aquelas aranhas me assombram até hoje. — Um arrepio involuntário percorreu o braço dela, fazendo-a esfregar a mão no local.

— Mas elas nem eram de verdade. Só hologramas. — Deu de ombros, liberando a abertura da porta.

— Fala isso porque você não tem aracnofobia! — resmungou, antes de observar as pessoas, ao lado do vidro.

— Foi mal. Mas relaxa, agora que eu sei, uso aranhas de verdade.

— E você morre, orelhudo!

— Por que todo o mundo implica com as minhas orelhas? — Revirou os olhos, fechando a cara. — Doutora, essa é Caroline Muller. Espero que se deem bem.

—  Millicent Klinger, mas pode me chamar de Millie. — Estendeu a mão para a moça de belos cabelos e olhos castanho escuros e sorriso gentil.

— Seja bem vinda à Nexus, Millie. Vem. Tem um monte de coisas para te mostrar depois da parte chata dos papéis. — Fez uma careta, rindo baixinho.

— Millie. — Benny sorriu, observando as duas se afastando. — Espero mesmo que você saiba o que está fazendo, Lice. — olhou para o lado, antes da Pocket desativar a invisibilidade.

— Eu sempre sei o que estou fazendo, garoto. — Sorriu de canto, fitando o irmão. — Desde quando sabia que eu estava aqui?

— Desde que eu entrei na sala e fiz uma varredura com um ponto de luz. Ele demorou mais ao passar por você do que pelas outras paredes.

— Olha! Por essa eu não esperava. O treinamento com a Sayuri está fazendo muito bem para você. — Assentiu, começando a caminhar.

— Valeu! Acha que eu já estou mais forte também? — Apertou os braços, medindo a diferença

— Isso pode levar anos, Benny. Tenha paciência. — Ela riu, dando um tapa forte no garoto. — Você é muito magro. Vai demorar para ganhar massa, mas com uma alimentação legal, os treinos certos e muita paciência, você vai ficar com braços lindos. Só não esqueça do resto do corpo! Não quer parecer uma lagosta, quer?

— Não! Credo! — Ele riu, abraçando a professora de lado. — Lice, me desculpe pelos dias em que eu fui um idiota — disse baixo, fitando o chão.

— A vida toda? — Ela ergueu uma sobrancelha, zombeteira.

— Hey! Não exagera! — Benny não conseguiu segurar a risada e beliscou a cintura de Alice.

— Não precisa se desculpar, Benny. Você estava arrasado, é compreensível. Só agiu de forma errada. E de qualquer jeito, eu não consigo ficar braba com você.

— Está tentando dizer que me ama, Srta Harper? — O garoto parou em frente ela, segurando suas mãos.

— Você não faz ideia do quanto. — Alice riu fraco e desviou o olhar, com o coração tentando sair do peito. — Você não faz ideia. — Surpreendeu o irmão ao abraçá-lo pela cintura, fazendo-o até perder o equilíbrio por um instante.

— Wow! — Ele arregalou os olhos, antes de sua mente processar qualquer informação.

 

Ainda confuso com as palavras da professora, Benny a abraçou de volta, dando um beijo no topo da cabeça da pequena mulher.

Nenhuma palavra mais precisou ser dita. Ele sabia que Alice não falou sobre o sentimento cheio de segundas intenções que havia insinuado. Era algo puro que, bem lá no fundo, sentia também.

Ela o soltou, já desviando o olhar para o setor de T.I., onde William comandava a equipe de inteligência. Não escondeu o sorriso bobo ao vê-lo trabalhando, sempre dedicado às suas tarefas.

Benny seguiu o olhar da professora e bufou, cruzando os braços.

 

— Vamos. O Faz-Tudo precisa cumprir a função dele.

— Ciumento! — Revirou os olhos, voltando a caminhar com Benny.

 

~*~

 

Nova Jersey

 

O clima de tensão pairava por todo o laboratório, onde os poucos funcionários de Jared corriam de um lado para o outro, todos empenhados para a realização do maior empreendimento do cientista.

Em frente ao casulo de vidro onde o pequeno corpo de 1,55 metro flutuava na substância esverdeada e brilhante, ligada a diversos eletrodos, o Harper a observava, com brilho em seus olhos. Encostou a mão na cúpula e suspirou, sorrindo para a mulher adormecida.

 

— Doutor, já podemos começar. — Dean encostou em seu ombro, tirando-o de seus pensamentos.

— Sim. Já está na hora! — Assentiu, se posicionando em frente à mesa de controle.

 

Respirou fundo, voltando-se para seus subordinados, fitando cada um e suas expressões de ansiedade, alegria e até medo.

 

— Meus queridos, hoje provaremos que o impossível é possível. Hoje veremos o nosso árduo trabalho florescer e dar frutos, trazendo o início de uma nova era, onde a morte pode ser vencida e nada pode nos deter. Nada! — Fez uma pausa, entrelaçando os próprios dedos. — Hoje, o Projeto Y deixa de ser um sonho distante e até surreal, para ganhar vida. Para reviver. Que se iniciem os trabalhos.

 

Todos os cientistas e agentes aplaudiram as palavras de Jared, enquanto ele digitava alguns comandos na mesa de controle. Tirou uma chave que guardava em um cordão no pescoço, e a colocou em seu devido lugar, girando-a devagar, ao mesmo tempo que luzes do vermelho ao verde seguiam seu movimento.

No mesmo instante, um estrondo foi ouvido, assustando os funcionários, mas logo o som se estabilizou, enquanto o líquido dentro da cápsula borbulhava e uma corrente elétrica atingia o pequeno corpo. Após a energia ser cortada, a cápsula se moveu devagar, ficando na horizontal e o líquido foi drenado. Por fim, Jared apertou um botão vermelho, que abriu o vidro.

Ele caminhou até lá e acariciou o rosto frio da mulher, sentindo um nó na garganta.

 

— Por favor, acorde! Por favor! — Implorou, segurando na mão dela.

 

Alguns observavam com pena, outros com um sorriso zombeteiro, pensando em quão absurda e patética era a cena.

Mas os olhos da mulher se abriram lentamente, enquanto seu peito subia e descia com movimentos suaves.

 

— Você acordou! Você voltou para mim! — Ele não conteve as lágrimas, sorrindo para ela.

— Onde está Alice? — Perguntou simplesmente.

— Tivemos alguns problemas, mas logo ela estará conosco. Não precisa se preocupar. — Ajudou a mulher envolta em poucas ataduras que cobriam suas partes íntimas à descer de seu casulo.

 

Ela cambaleou, acostumando-se com o peso do corpo molhado, e deu alguns passos vacilantes com o apoio de Jared.

 

— Eu quero minha filha. Agora!

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora o bagulho vai ficar loko! Preparem-se para a treta master e, consequentemente, o fim de PG t.t
Mas não se preocupem. O fim é apenas o começo.

Obrigada a quem leu, boas festas e muitas felicidades para cada um que se dedica a leitura dessa história que é parte de mim.

Beijos da Mini e até o próximo =*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "HL: Pocket Girl - How Heroes are Born" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.