HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 23
Reator


Notas iniciais do capítulo

Voltei ^^
Mais rápida que o Flash, estou aqui com mais um capítulo.
Boa leitura ^^



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“— Boa noite, Sra. Johnson. Meu nome é Alice Harper. Precisamos conversar.”

 

Por um instante, o silêncio entre elas foi interrompido apenas pelo farfalhar das folhas espalhadas pelo vento. Mas não demorou até que a jovem senhora se recordasse do nome e a recebesse com um sorriso cativante.

 

— Srta. Harper! Entre, por favor. Benny fala o tempo todo de você, isso quando não reclama da Tay. Um amor de menina — tagarelou, enquanto dava espaço para a moça.

— Com licença — disse baixo, tentando sorrir, embora o nervosismo a atrapalhasse. — Ela é um amor, sim. Uma ótima aluna, assim como o Benny.

— Formariam um belo casal, não acha? Adoraria tê-la como nora.

— É o que todos torcemos. — Alice riu fraco, fitando as próprias mãos.

— Sente-se, por favor. Aceita um chá, outra bebida…? — questionou a mulher, preocupada em ser uma boa anfitriã.

— Não, obrigada. Talvez em outra ocasião. Eu… Desculpe, estou uma pilha de nervos. Não consigo encontrar um jeito de dizer tudo.

— Aconteceu alguma coisa com meu Benny? — Seu tom preocupado só piorou a situação de Alice, pressionando-a a falar de uma vez.

— Não, não! Ele está ótimo. Amanhã de manhã ele já recebe alta. Mas já aconteceu. No passado. — Respirou fundo, encarando o piso brilhante. — Quando eu tinha uns dois anos, mais ou menos, meu pai precisou fazer uma viagem para Londres. Lá ele conheceu uma moça que, segundo ele, tinha os olhos mais lindos que já havia visto. Mais lindos até do que os da minha mãe. Ele teve um caso com ela, mas precisou voltar para cuidar de mim, que sofri um suposto acidente com um composto químico pouco antes dele partir. Essa moça não ficou sozinha. Ela estava esperando um bebê.

“ Segundo o que me falaram, meu pai fez de tudo para que ela perdesse a criança, mas seu amigo a salvou, embora fosse apenas para usá-la como experimento.”

— Alice Harper — pronunciou o nome com desprezo, desviando os olhos marejados. — Foi o Jared que te mandou? Me dê um bom motivo para não te expulsar na base da vassourada.

— Não foi ele que me mandou, Sra. Johnson. Eu não tenho a menor ideia de onde ele possa estar na verdade. É um fugitivo procurado e perigoso. Ele matou minha mãe. — Abaixou a cabeça, evitando que as lágrimas insistentes começassem a cair. — Eu entendo que é difícil para você, mas preciso que confie em mim. Eu só quero o melhor para o Benny…

— O melhor para ele é nunca saber que o pai está vivo! — bradou, cerrando os punhos. — Ele já sofreu tanto com isso, garota. Para quê mexer nessa ferida.

Porque eu o amo! Porque ele é tudo o que resta na minha vida da qual eu posso chamar de família.

 

Jessica pôde ver nos olhos profundos de Alice e nas olheiras sob eles, que ela falava a verdade. Abaixou o rosto, escondendo-o entre as mãos, enquanto tentava digerir todas aquelas informações.

 

— Ele nunca vai me perdoar, Harper. Nunca.

— Vai sim. O Benny é o melhor garoto do mundo. Sei que ele vai compreender.

 

Mesmo com receio, Alice colocou uma mão sobre o ombro da mulher, enquanto a outra acariciava as mãos dela.

Tiveram uma longa conversa agradável, embora sentissem o peso do mundo sobre as costas.

Jessica insistiu mais uma vez em servir um chá e Alice acabou aceitando e a seguiu até a cozinha, onde passaram um bom tempo falando de Benny.

Já estava tarde quando finalmente a garota se levantou, mesmo que sua permanência fosse solicitada. Ainda tinha alguns compromissos para cumprir e um game para zerar.

 

— Obrigada por tudo, Sra. Johnson. E me perdoe por trazer um problema tão grande nesse momento delicado.

— Jessica, por favor. — Sorriu, ajeitando os cabelos que se desprendiam de seu rabo de cavalo. — Posso perceber que você é diferente do Jared. Não sei porquê, mas confio em você, Alice.

— Se não pedir demais, posso fazer parte da vida do Benny? Passar os feriados juntos, viajar nas férias… coisas do tipo, sabe. Prometo não contar nada até que você esteja pronta para isso.

— Claro que pode! Não vou tirar seu direito, menina. Eu sei como é difícil ficar longe de um irmão querido. — Segurou as mãos dela, fitando-a. — E obrigada por guardar segredo. Pelo menos por mais um tempo.

— Relaxa. Vou pedir para o pessoal da Nexus fechar o bico também. E outra coisa que não deve se preocupar, é quanto a corporação. Não permitirei que se repita o sofrimento dele. — Abraçou a mulher, deixando-a sem reação.

— Obrigada — respondeu por fim, retribuindo o abraço.



~*~



Alice foi direto para a casa de Taylor, onde encarou a porta por um instante antes de bater. Ajeitou os cabelos e a jaqueta de couro, segurando o distintivo próximo ao rosto em seguida.

 

— Harper. Alice Harper — disse, assim que a porta foi aberta, mantendo a voz um pouco mais baixa e rouca.

— Bem sexy. — Taylor comentou ao abrir e dar espaço para a mulher entrar, fechando a porta logo em seguida. — Por que você aceitou depois de toda aquela luta com aquela arqueira?

— Você não faz ideia de como ela pode ser convincente, Tay. — Riu, sentando-se no sofá. — Já sabe o que eu vim fazer, não é?

— Me recrutar, suponho.

— É. E você tem três dias para aceitar ou aquela arqueira vai atravessar seu peito com um flecha. — Suspirou, colocando as mãos na cabeça e fitou o chão. — Não que eu fosse deixar, mas tenho que seguir o protocolo. Só que não é só isso. Preciso desabafar com alguém antes que meu peito exploda. Uma coisa sobre o Benny.

— Aconteceu com alguma coisa com aquele orelhudo? — Cruzou os braços, enquanto apoiava as pernas na mesa de centro, embora fizesse isso mais lentamente que o normal.

Alice abaixou a cabeça, enquanto coçava a testa, respirando fundo.

— Benny é meu irmão, Tay — soltou de uma vez, se acostumando em dizer aquilo.

— E eu sou sua filha perdida. — Riu baixo, balançando a cabeça negativamente. — Conta outra, tia Lice.

— Olha bem para a minha cara e veja se eu estou brincando. — Suspirou, fitando a garota. — E ser sua mãe não é uma realidade tão distante. Talvez até mãe da Annie também.

— Tá, desculpa. — Deu de ombros. — Enfim, quem te disse isso? É sério mesmo?

— Foi a Corvo que jogou isso na minha cara no meio da luta e acabei de confirmar com a mãe dele. Meu pai e ela tiveram um caso. Sabia que aqueles olhos azuis eram familiares demais. — Escondeu o rosto entre as mãos, suspirando. — Eu não sei como dizer isso a ele.

— "Benny, eu sou sua irmã" — disse, em uma imitação quase perfeita da sua professora. — Posso falar pra você, se quiser.

Eu preciso fazer isso. E não temo a reação dele em relação a mim, mas em saber que o pai é um assassino. Tentou matá-lo antes mesmo de nascer. Não quero isso para o meu irmãozinho.

— Isso vai ser algo que ele vai ter que superar sozinho, tia Lice. — Assentiu, enquanto massageava as mãos. — Ele só vai precisar de um tempo para absorver isso tudo.

— Espero que sim — murmurou, um tanto pensativa. — Mas vamos falar da sua associação à Nexus. Sabe que a Pocket precisa da Trajetória.

— Não vou entrar na organização que não moveu um dedo pra ajudar os meus pais ou a mim depois que eles morreram. — Fitou o chão por um instante. — Hora de seguirmos caminhos diferentes, tia Lice.

— Tay, não pense assim. Bem, não é como se eles não tivessem largado a minha mãe nas mãos de um assassino, mas agora eles estão me dando a chance de uma vingança. De fazer justiça. Podemos investigar o que aconteceu com seus pais e pôr um fim digno para isso também. E na Nexus, teremos recursos para isso.

— Olha, eu sei que te dei altos motivos para confiar neles, mas eu não consigo. — Desviou o olhar, séria. — Se for pra fazer isso, será por conta própria. Bem, se eu for capaz. E além do mais, os dias de Trajetória acabaram, Lice — Taylor comentou, sem humor. — Não precisam se preocupar comigo.

— Não, Taylor. Não precisa ser assim. Eu vou cuidar de você como eu faço com o Benny. Não precisa ter medo. — Segurou as mãos da aluna, fitando seu rosto.

— Ai, não faz isso. — A garota puxou as mãos de volta, com uma expressão de dor. — O reator machuca o meu corpo, tia Lice. Quanto mais eu uso, pior fica.

— E por quanto tempo ia esconder isso de mim?  Se o reator te machuca, tem que parar de usá-lo!  — disse firme, embora sua preocupação fosse muito maior do que sua pose de durona. — Não quero vê-la assim, gemendo toda vez que se mexe.

— E te deixar lutar sozinha? Você ia adotar quase todo Neo-Humano malvado com história triste.  — Devolveu firme, a encarando.  — Não ia rolar.

— Não adoto todo Neo-Humano malvado com história triste. Só alguns. — Desviou o olhar, reparando no papel de parede. — Me preocupo com você, Tay. Vamos encontrar uma solução para o reator, okay? Assim que as férias chegarem, vamos trabalhar com isso.

— Não tem solução, tia Lice. Tenho procurado por ela todas as vezes em que ficava em casa, ou tinha algum tempo vago — disse baixo, fitando suas mãos. — A única solução, é o fim da Trajetória.

— Eu sinto muito, Tay. Sei o quanto é difícil abrir mão dos ideais por um bem maior.

 

Ela não respondeu nada, apenas segurou o pingente do seu cordão. Gostava do que fazia, gostava de ver o sorriso no rosto das pessoas. Não achava nada disso justo.

 

— Eu vou cuidar de você, Tay. — Puxou a menina para um abraço, acariciando seus cabelos. — Se é o melhor para você, para a sua saúde, tem todo o meu apoio. Você vai ser sempre minha heroína, com ou sem reator.

— Eu agradeço por isso, de verdade, mas não vou ficar em uma cidade onde tudo e todos me lembram ela. — Sua voz saiu um pouco embolada por conta do choro que tentava segurar. — Eu... eu estou saindo da cidade. Do país, na verdade.

— O que?! Não! Você não vai a lugar nenhum! Você... Não pode ir embora, Taylor! — Alice disse rapidamente, se atrapalhando com as palavras.

— Desculpa, tia Lice, mas essa decisão não é sua. Com as minhas notas, consegui uma bolsa para Oxford e meu voo para Londres sai nesse sábado.

Alice se levantou, tomando distância da aluna, enquanto fitava a janela fechada. Fez de tudo para engolir o choro, embora as lágrimas continuassem caindo sem sua permissão.

— Poderia ter me dito isso antes. Ou pretendia ir embora sem nem me dar a chance de uma despedida?

— Eu ia te falar na sexta, pra ter menos chances de você tentar me impedir — falou baixo, sem ter coragem de olhar para a professora.

— Eu não vou impedir — sussurrou, secando o rosto. — Você é esperta. Sei que se decidiu por isso, é o melhor a fazer. Só prometa que não vai se meter em confusão. Londres não é tão pertinho quanto o Brooklyn. — Respirou fundo, tentando manter-se calma. — Sabe que ele vai ficar arrasado com isso, não sabe? — Secou o rosto, mas não adiantou por muito tempo. — Vocês se gostam tanto.

— Não, não nos gostamos. — Taylor se levantou, enxugando o rosto e cruzando os braços.

— Quer continuar mentindo pra mim, tudo bem. Só não minta pra você mesma. — Se aproximou, encarando a garota mais alta. — Eu sei disso antes mesmo de vocês dois desconfiaram. Você sente bem aqui, não é? — Tocou o peito a menina com a palma da mão, sorrindo gentilmente.

 

Taylor virou o rosto, olhando para o outro lado, mas não demorou muito para concordar com a cabeça.

 

— Está pronta para partir, deixando um pedaço de seu coração com ele? — Perguntou, na intenção de persuadir a garota.

— Vai ser melhor assim. — Respondeu baixo.

— Que vontade de te bater e prender no sótão. — Alice puxou a menina para um abraço apertado. — Vamos sentir sua falta, ligeirinha.

— Também vou sentir saudades, Mulher Formiga. — A abraçou de volta, apoiando o rosto em seu ombro.

— Vai contar para ele que você está indo pra tão longe? — Acariciou as costas da menina, se conformando com a ideia.

— Não sei ainda — respondeu baixo.

— Talvez seja melhor a Trajetória contar. — Fitou a menina, sorrindo fraco. — Preciso ir, Taylor. Me prometa que não vai sumir sem se despedir de mim.

— Vou pensar no caso. — Taylor sorriu de volta, acompanhando a professora até a saída. — E não vou sumir sem avisar. Preciso da sua ajuda com as malas.

— Pode deixar. Eu estarei lá. Qualquer emergência, me liga. Posso chamar um apoio da Nexus, mas você fica em casa. É uma civil agora.

— Uma civil faixa preta em três artes marciais e tão inteligente quanto o Batman. — Deu de ombros. — Mas sim, vou me cuidar. Prometo.

— Faltou dizer "humilde e modesta", Tay. — Abraçou a garota mais uma vez, sorrindo fraco. — Até amanhã.

— Esqueci disso. — Riu baixo, correspondendo ao abraço. — Até amanhã.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Não
Me
Matem
(Pelo menos não ainda)

Como sempre digo, confiem em mim. Eu sei o que estou fazendo.
Queridos, obrigada por lerem até aqui. Deixa seu reviewzinho do amor (ou do ódio), me xinga, me bate, só não deixem de se expressar e comparecer no próximo capítulo que já está pronto também e será postado na sexta à noite.
TRAZER LENÇOS DE PAPEL

Beijos da Mini e até lá =*



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