HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 22
Nova Vida.


Notas iniciais do capítulo

It's me, Mário! Não, péra...

Olá, meus lindos ❤
Espero que estejam com saudades de mim, porque eu estou morrendo de saudades de vocês.
"Se toca, garota. Estamos com saudades de PG"
Hai, hai T.T
Demorei um pouquinho mais do que nos últimos tempos,mas cá estou com mais dessa aventura.
Peço desculpas aos lindos e lindas que eu ainda não respondi. Farei isso logo mais à noite, explicando tudinho.
Chega de enrolar.
Boa leitura ^^



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Depois de todos esses acontecimentos, Alice se perguntou: “Quantos loops a montanha russa da vida ainda têm para me surpreender de tal forma?”. Se alguém lhe disse há dois meses que tudo isso aconteceria, não teria acreditado em uma só palavra.

Em sua sala na sede da Nexus, fitou seu distintivo, onde seus dados e sua foto estavam ao lado de uma estrela de oito pontas, símbolo do qual estampava o peito de seu novo uniforme; um macacão preto e curto, com mangas até o meio do braço. Pensou em reclamar da falta do decote, mas apenas se rendeu a sua nova vida. Estava cansada de nadar contra a correnteza, então se deixou levar pelas águas desconhecidas de seu futuro.

Apesar da confusão, Alice agradeceu a Luke, Liam e Raven, e pediu para que ficassem mais um tempo, mas a Nexus de Londres precisava de seus melhores agentes. Sentiria falta deles.

Jones foi muito atenciosa com Alice, embora questionasse a decisão de Jordan. Sabia que a heroína era indisciplinada e impulsiva, defeitos inadmissíveis na corporação, mas no fundo, também sabia que a tutora viu algo naquela jovem que ninguém mais via, além daqueles que tiveram suas vidas salvas por ela.

 

— Você usava uma katana, não é mesmo? — Valerie questionou em meio a uma conversa quando apresentava a sede para Alice.

— Usava. Mas ela quebrou em pedacinhos há pouco tempo, quando eu lutei contra um terciário feioso. — Deu de ombros, triste ao lembrar de sua espada favorita.

— Gabriel Cortez. Ele está se comportando bem na prisão. Enfim. Jordan tinha um presente para você.

 

Entraram na sala de Jones — que pertenceu à Sra. Reed — e caminhou até a parede atrás de sua mesa, onde uma espada estava pendurada em um suporte. Entregou para Alice, em silêncio, apenas observando suas expressões mudando sutilmente.

A garota analisou a bainha e o cabo pretos e simples, antes de tirá-la, fazendo o som metálico ressoar pela sala. Era uma peça muito bonita e boa para ser manejada.

Observando a lâmina brilhante e bem afiada, algo inscrito lhe chamou atenção. Um nome.

 

— Meredith Ward — balbuciou, tocando o local.

— Pertenceu à sua mãe, Harper. Agora é sua.

— Eu nem sei como agradecer.

— Faça bom uso, assim como a agente Ward fez. Seja tão honrada quanto ela. Esse é o melhor jeito de agradecer, não a mim, mas à elas. — Apontou para um pequeno quadro na parede, onde Jordan e Meredith estavam abraçadas e sorrindo, enquanto exibiam seus distintivos da Nexus.

 

Tudo estava completamente mudado, tudo fora do lugar, do seu curso normal, mas, de certa forma, tudo estava naturalmente melhor. Como se o próprio destino ajeitasse a bagunça que causou.

De volta à sua casa, Alice descobriu que William e Rachel estavam por trás de muitas coisas envolvendo o misterioso poder da Corvo de saber tanto sobre sua vida. Eles facilitaram a entrada da arqueira em sua casa e lhe passaram informações particulares.

Isso não a deixou tão furiosa quanto o fato de descobrir que William foi contratado pela Nexus há duas semanas e não lhe contou nada.

 

— Eu nunca vou te perdoar, William Carter! Nunca! Você não podia esconder isso de mim! Pensei que fosse sua melhor amiga, mas parece que a Rachel roubou meu lugar, não é?!

— Já vi que vai sobrar para mim — resmungou a mulher, desligando a televisão.

— Eu fiz isso para proteger você, Alice! Se eu contasse, estragaria toda a missão.

— Me proteger? Eu sei me proteger muito bem sozinha, okay?! Graças a essa… missão, o tio Mad morreu, a Annie ficou sem pai e eu quase perdi o meu irmão! Muito obrigada por me proteger. Obrigada mesmo! — Virou de costas, tentando evitar que as lágrimas deixassem seus olhos.

— Que irmão? — Rachel franziu as sobrancelhas, confusa.

— Benny. Ele é meu irmão, filho do meu pai — disse baixo, suspirando em seguida. — A Raven acertou ele no braço, mas rompeu a artéria. Ele perdeu tanto sangue que quase não deu tempo de salvá-lo.

— Sinto muito, Lice. — Will a abraçou pelas costas, encostando o queixo na cabeça dela. — O orelhudo vai ficar bem, tenho certeza. Ingleses são fortes, você vai ver.

— Bobo. Não sei como vou encará-lo depois disso.

— Você ainda não foi vê-lo? — Rachel questionou. — Já faz quase dois dias que o garoto quase morreu, Lice. Ele deve estar pensando que você não se importa com ele.

— Rachel tem razão, Lice.

— Odeio quando vocês concordam um com o outro. — Cruzou os braços, fazendo um biquinho.

— Relaxa, garota. Ele só tem olhos para você e eu não gosto de idiotas.

— Não foi isso que eu quis dizer!

— Não mesmo? — Rachel ergueu uma sobrancelha, sorrindo de canto, enquanto deixava os dois sozinhos.

— Me desculpa? — Will virou Alice, fazendo-a erguer o rosto para ele.

— Não sei. Talvez. Se eu ganhar um beijo, posso pensar…

 

Antes que terminasse a frase, William se aproximou tão rápido que a garota esqueceu de como se respirava. Em um instante, conseguiu escutar as batidas do próprio coração e sentir a proximidade dos lábios dele quase tocando os seus.

Aqueles olhos azuis intensos, tão indecifráveis naquele momento, presos ao seus, deixavam sua mente fora de sinal, sem conseguir pensar em mais nada, além de quebrar de vez aquela distância milimétrica.

Fechando os olhos, foi o que ela fez. Se aproximou mais, porém, não sentiu os lábios do amigo. Eles estavam em sua bochecha.

Abriu os olhos, confusa, apenas para ver Will segurando uma risada, enquanto se afastava da garota de rosto tão vermelho quanto um tomate.

 

— Um dia é do caçador, outro dia é da caça… O feitiço se virou contra o feiticeiro… Quem com ferro fere, com ferro será ferido… Brasileiros têm ótimos ditados. — Seu sorriso travesso era tão encantador quanto qualquer outro que expressava.

— Idiota! — foi tudo o que ela conseguiu dizer, antes de pegar as chaves sobre a mesa e sair, sem ousar olhar para trás.

 

Assim que a porta foi fechada, William comemorou em silêncio, sem conter a felicidade em seu peito.

Já Alice, bateu duas vezes a testa no volante, se odiando por ter feito aquilo.

“Onde estava com a cabeça, idiota? Não ouse beijar o Will! Não ouse!”, recriminou a si mesma, antes de começar a dirigir.

O trânsito nas ruas de Manhattan não ajudavam nada a mente dela. Queria chegar o quanto antes, mas o pequeno congestionamento fazia com que sua ansiedade aumentasse a cada minuto parada na avenida. Suas mãos já estavam suando e sua garganta, seca como um deserto. Tentou imaginar o diálogo que teria com o aluno, sempre terminando com a tão temida frase “Eu sou sua irmã, Benny”. Agora imaginava como Darth Vader se sentiu ao contar que era pai do Luke.

Muitos minutos depois, estava parada em frente a porta do quarto 037, da enfermaria. Pensou em dar meia volta e sair correndo, mas essa era uma coisa da qual não poderia fugir por toda a vida. Precisava encarar de vez tudo aquilo.

Abriu a porta devagar e suspirou aliviada ao vê-lo dormir. Caminhou até ele e o observou em silêncio, enquanto acariciava os cabelos negros do garoto. Ele tinha mesmo alguns traços de seu pai.

Não demorou até que Benny acordasse e, embora não enxergasse quase nada, sorriu, reconhecendo a professora.

 

— Srta. Harper. Pensei que estava tão decepcionada comigo que nem viria me ver. — Sentou na cama, colocando os inseparáveis óculos que apareceram misteriosamente ali na noite anterior.

— Decepcionada? Nunca! A Trajetória me contou que você entrou na frente da flecha para salvá-la. Estou muito orgulhosa, isso sim!

— Seu rosto. Você está machucada. Queria ter te protegido também. — Desviou o olhar, fitando as próprias mãos.

— Relaxa! Eu levei uma boa surra, mas ela também não saiu ilesa. — Riu fraco, segurando a mão de Benny. — Não se preocupe. Está tudo bem agora. E você? Se sente melhor? Pronto para uma nova missão?

— Claro que estou pronto! — respondeu, animado. — Só preciso convencer os médicos.

— Calma, garoto. Não tem nada por enquanto. Aliás, tem. A Nexus quer tê-lo como agente e eu também. — Mostrou seu distintivo, mantendo a pose de agente do FBI.

— Da última vez que me convidaram para ser um agente, tive que deixar toda a minha vida para trás e fugir para sobreviver. Me desculpa, Lice. Não posso aceitar.

— Pode sim. Eu prometo, Benny, nada de ruim vai acontecer com você ou sua mãe. Eu vou cuidar de vocês, vou dar a minha vida se for preciso. A Nexus é diferente. Eu demorei para entender, mas agora eu vejo com clareza. Ali seremos heróis, Benny. Seremos apenas quem realmente somos.

— Tem certeza disso?

— Absoluta.

— Confio em você, Lice, assim como confiei na Chloe, a mulher que me salvou da Nêmesis. Se você está dizendo que é a melhor coisa a ser feita, então eu aceito, mas se eu perceber qualquer coisa errada, eu estou fora e você também. Combinado? — Estendeu a mão para a professora, sorrindo fraco.

— Combinado.

 

Aquele aperto de mãos fez com que o coração dela disparasse ainda mais. As palavras que precisava dizer estavam presas em sua garganta, enquanto o silêncio começava a esmagar ainda mais seu peito angustiado. Não conseguiu sustentar o olhar que mantinha no menino, como se através dele, pudesse ser ouvida aquela verdade gritante.

“Eu sou sua irmã”, repetiu várias e várias vezes, treinado para que a frase fosse despejada de uma vez.

 

— Benny, eu preciso dizer, mas não sei como. É difícil.

— Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. Foi há muito tempo, mas eu só descobri agora. Eu preciso te contar. — Cobriu o rosto com as mão, tentando se lembrar de como se respira com calma.

— Você está me deixando preocupado, Lice. O que foi?

— Eu descobri que eu sou… Eu sou a pessoa mais sortuda do mundo por ser sua professora e que você é meu aluno favorito. — Abaixou o rosto, envergonhada por não dizer a verdade. Já não segurou mais as lágrimas, deixando-as escorrer por seu rosto.

— Lice, eu também te amo, tá? — Ele riu, abraçando-a em seguida. — É a melhor professora do mundo. A heroína que eu respeito e a mulher mais linda do mundo. Ganha até da minha mãe, que é a perfeição em pessoa. Tenho orgulho de ser seu aluno e seu amigo.

— Você é muito mais do que isso — disse, entre os soluços.

— Para mim também.

— Você não entende!

— Eu sei que sou lerdo, mas eu entendo sim. É recíproco. Demorei para perceber, mas é um sentimento diferente, como… como irmãos.

 

Aquilo foi o suficiente para Alice desabar de vez. Mesmo sem conseguir dizer aquelas palavras, sabia que Benny sentia, mesmo sem imaginar, que o sangue que seu coração bombeava era o mesmo de sua professora.

Ela foi embora sem dizer, mas sabia que seu irmão nunca ficaria desapontado com aquilo. Era recíproco. Ele mesmo disse. Estava aliviada, no fim das contas.

 

Algumas horas depois, Benny estava sentado na cama, escutando uma música que Taylor havia lhe passado algum tempo atrás. Quando percebeu que a porta se abria, deitou rapidamente, tirou os fones e fingiu que dormia.

 

— Pode abrir os olhos, Dumbo. — Taylor comentou, encostando no batente da porta.

— Ah! É você! — Sentou de novo, sorrindo para a garota. — Pensei que era a enfermeira querendo deixar meu braço com mais buracos.

 

Taylor riu e entrou no quarto, sentando em uma cadeira próxima a cama do hospital.

 

— O que você arranjou, hein?

— Você não acreditaria se eu te contasse. — Deu de ombros

— Que você estava em uma missão com a Trajetória e a Pocket Girl, e acabou se machucando? É, não vou acreditar — comentou, um pouco sarcástica.

— Taylor, como você sabe disso tudo? — A encarou, completamente confuso.

— Sei do que? — Ela ergueu uma sobrancelha.

— Não tente me confundir. — Cruzou os braços, sentindo uma pontada no ferimento. — Anda. Quem te contou?

— Contou o que, garoto? Apenas tentei adivinhar o que aconteceu.

— Sei. — Tirou os óculos e sorriu para a garota. — Talvez tenha sido ela. — Ao terminar de falar, rastros azuis percorreram todo o quarto, até que uma Trajetória falsa parou ao lado de Benny. — Oi, amor. Conta pra ela a data do nosso casamento. — Brincou, fazendo o holograma piscar para ele.

— Certo, qual é a armação? — Taylor fingiu estar surpresa, embora tentasse prender o riso.

 

Ele riu, fazendo a Trajetória se transformar na Pocket Girl e depois na própria Taylor de lingerie.

 

— Eu sou um Neo-humano, Tay. Essa é a minha habilidade. Uma delas. Uso os olhos para criar esses hologramas através da luz. — Passou a mão pelo meio da cópia de Taylor e a fez desaparecer.

— Eu sabia que sua esquisitice não era simplesmente humana. — Cruzou os braços ao se ver seminua. — Aposto que você também consegue voar.

— Voar? Claro que não. — Franziu as sobrancelhas, rindo da garota. — Eu leio as memórias e posso alterá-las também. Voar. De onde tirou essa?

— De lugar nenhum. — Riu, tocando em sua própria orelha.

— Idiota! — Segurou na mão da garota, trazendo-a para sentar ao seu lado na cama. — Quando eu estava morrendo, eu pensei em você, Taylor.

— O que? É bom que venha alguma piadinha depois disso. — Taylor desviou o olhar, corando ligeiramente.

— Não. Não tem. — Seu tom sério fez o coração da garota acelerar. — Eu pensei que não teria a oportunidade de dizer isso, mas aqui está ela e eu não vou deixar ela escapar. — Trouxe o rosto da heroína delicadamente para perto de seu, fitando seus olhos assustados. Seu coração bateu descompassado, tomando coragem para revelar o que sentia. — Não sei se vou apanhar ou se você sente o mesmo, mas eu quero que você saiba que eu estou completamente...

— Não vai escapar agora, Sr. Jonhson. — A enfermeira entrou no quarto, sem perceber que atrapalhou o momento perfeito dos dois.

— Juro que deixo com Alzheimer o próximo que fizer isso. — Bufou, se jogando na cama.

— Licença — Taylor disse rápido e baixo, saindo do quarto na mesma velocidade que suas palavras.

 

No corredor, encostou-se na parede branca do hospital, enquanto passava a mão pelo rosto, antes de a levar para seus curtos cabelos castanhos. Mas os pensamentos da garota logo foram interrompidos pelo som ritmado de sapatos de salto contra o piso. Sayuri se aproximava devagar, carregando uma pequena sacola com doces caseiros.
Ao ver a expressão de Taylor, esboçou um sorriso, criando várias teorias em sua mente.

 

— Parker-san. Boa tarde — disse, cordialmente, com um sorriso gentil enfeitando seu rosto.

— Boa tarde. — Taylor respondeu simples, enquanto fechava a expressão em seu rosto. — Está fazendo o que aqui?

— Só vim fazer uma visita para o Benny-kun. Fiquei sabendo que ele estava ferido, então trouxe alguns doces de limão. — Ergueu a sacola, rindo fraco. — Alice-sensei me disse que são os preferidos dele. Você não me parece muito bem. Aconteceu algo grave com ele?

— Sim, ele só vai ter mais trinta minutos de vida se comer esses doces. — Desviou o olhar, cruzando os braços. — E ele acabou de ser sedado, melhor voltar depois.

— Entendo — disse baixo e desviou o olhar também, suspirando. — Imagino que seja difícil para você. Mas se quiser falar sobre isso, posso te ouvir. Já vi muitas garotas serem rejeitadas antes. Raiva sempre é a primeira reação, mas não faz bem.

— Do que você tá falando, Coreia? — Fitou a garota, quase lhe fuzilando com o olhar. — Ninguém aqui foi rejeitada.

 

Sayuri levou a mão até a boca e arregalou levemente os olhos, embora estivesse adorando provocar a garota.

 

— Sinto muito! Você só está preocupada com ele e eu fico imaginando coisas. Desculpe a má interpretação. Posso ver pelo jeito que olha para o Benny que ele é muito especial para você.

— É um bom amigo e saco de pancadas, nada mais do que isso, ouviu? Não tem jeito de olhar nenhum, você que não deve estar enxergando direito.

— Claro! Isso me deixou feliz. — A garota riu baixinho, escondendo o rosto corado ao desviá-lo em direção a porta do quarto. — Sempre pensei que teria você como rival, mas agora que tudo foi esclarecido, posso tê-lo só para mim. Hoje é realmente um dia de muita sorte!

— Deve ser sim. — Bufou, cruzando os braços. — Só toma cuidado na hora de entregar os doces. O Benny odeia comida oferecida.

— É um risco pelo qual vale a pena correr. — Jogou os longos cabelos negros para trás, despreocupada, mas desejando profundamente incinerar a colega ali mesmo. — Se eu não tentar, outra garota vai fazer isso. E só me restará lamentar por nunca ter tentado ficar com a pessoa que eu gosto. Deve ser tão triste, né? Ver quem a gente gosta com outra pessoa, sem ao menos dizer como se sente.

— É só não gostar de ninguém e toda uma série de problemas são evitados. — Taylor deu um sorriso fraco para a japonesa, enquanto lhe dava as costas. — Bem, até outro dia, Coréia. Melhor se cuidar.

— Digo o mesmo para você, Trajetória — disse, deixando que suas íris vermelhas se tornassem chamas. — Não se preocupe. A Nexus e eu cuidaremos muito bem do Benny-kun. Ah! E eu sou do Japão. Não que você deva saber a diferença entre os países.

Taylor parou no exato momento em que ouviu o seu alter ego ser pronunciado pela irritante colega de classe. Virando-se para ela, caminhou em sua direção, parando em sua frente, apenas para deixar claro a diferença de altura.

— Se eu desconfiar que você contou alguma coisa pra ele, eu vou quebrar os ossos do seu corpo, enquanto os nomeio.

— Estaria morta antes de encostar em um fio do meu cabelo. — Sorriu, tocando a ponta do nariz de Taylor com o indicador. — Não se preocupe. Só tenho a perder contando isso a ele. Fica como o nosso segredinho.

A morena deu um tapa na mão de Sayuri, antes de a fitar, já não se importando mais em esconder sua raiva.

— Parece que eu continuo bem viva. — A olhou uma última vez, antes de voltar a lhe dar as costas e ir embora.

Sayuri segurou a risada, voltando-se para a porta do quarto de Benny. Seu objetivo de irritar Taylor fora alcançado. Aquele dia estava cada vez melhor e só tinha mais chances de melhorar.

Antes que pudesse abrir a porta, a enfermeira o fez, sorrindo para a japonesa antes de se afastar, resmungando alguma coisa sobre as garotas bonitas que visitavam o paciente chorão.

Por um instante, Sayuri compreendeu porquê Taylor estava claramente apaixonada por Benny.

Ele estava pensativo, fitando a janela, enquanto os raios do sol poente iluminavam seu rosto. Como uma pintura digna de um grande artista, se revelava uma beleza delicada e enigmática, embora não fosse perfeita. Ajeitou os óculos que escorregavam por seu nariz e passou a mão pelos cabelos, respirando fundo.

“Ele é bonitinho mesmo!”, pensou, sorrindo com discrição.

 

— Posso entrar? — Sayuri perguntou, mantendo a voz baixa, na tentativa de não assustá-lo. Sem sucesso.

— Kanetsu? Claro. Que surpresa vê-la aqui. — Sentou-se melhor, sorrindo para a colega.

— Trouxe isso para você. — Entregou a sacola, observando suas reações. — Fico feliz de vê-lo melhor. Perdeu tanto sangue que já parecia um cadáver!

— Como soube que eu estava mal? — Franziu a sobrancelha. — E obrigado por isso. Posso provar?

— Claro! São seus. — Riu baixinho, sentando na cadeira ao lado. — Sou agente da Nexus, Benny-kun. Estava resolvendo algumas coisas aqui perto quando me pediram para ver o que aconteceu com você.

— Wow! Não imaginei que você fosse da Nexus. E estão deliciosos. Obrigado.

— Imagina! Eu que agradeço.

— Eu estava morrendo, não estava? Me disseram que eu fui salvo por uma garota, mas ninguém me explicou mais nada. Foi você? — questionou, comendo mais um doce em seguida.

— Eles falavam da Trajetória. Se não fosse ela, já estaria enterrado. Ela deve gostar muito de você. Mas eu também fiz minha parte. — Estendeu o braço, mostrando uma marquinha arroxeada. — Sangue O negativo serve para qualquer pessoa.

— Você doou sangue para mim?

— Hai. Talvez você comece a colocar fogo nas coisas sem querer.

— Como assim?

 

Sayuri estalou os dedos, formando uma pequena chama na ponta do indicador.

 

— Neo-Humana, assim como você.

— Incrível! — Benny estalou os dedos também, embora nada acontecesse. — Bem, obrigado pelo sangue. Salvou minha vida.

— Não agradeça. — Se levantou, ajeitando a saia cor de rosa com babados. — Vou pegar cada gota de volta durante seu treinamento, do qual eu sou responsável. Apartir de hoje, você só vai me chamar de Sayuri-sensei.

 

O sorriso maléfico da garota fez com que Benny engolisse a saliva a seco, enquanto um calafrio percorria sua espinha. Parecia até que uma áurea negra circundava a garota.

 

— C-Certo, Sayuri-sensei — disse rápido e um pouco assustado, observando-a se afastar.

— Benny-kun, a Parker. Você gosta muito dela, né? — perguntou baixo, ainda de costas.

— É tão óbvio assim? — Sua voz pesarosa saiu como um suspiro, voltando a observar a janela.

— Tão claro quanto as águas de Shiraito. — Voltou-se para ele, com um grande sorriso iluminando seu rosto, a ponto de fechar seus pequenos olhos. — Se esforce, Benny-kun! Você consegue!

 

Sem dizer uma única palavra, ele sorriu de volta, sentindo uma fagulha de esperança reacender em seu peito.



~*~



Já era início da noite, quando Alice estacionou em frente a casa de Benny. Embora vários fatores indicassem que ele era realmente seu irmão, sentia-se na obrigação de confirmar com a única pessoa na qual poderia lhe revelar a verdade naquele momento.

Tocou a campainha duas vezes e, quando estava pronta para apertá-la de novo, a porta foi aberta por Jéssica, que atendeu com um sorriso gentil.

 

— Pois não?

— Boa noite, Sra. Johnson. Meu nome é Alice Harper. Precisamos conversar.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Obrigada a quem leu até aqui ♥
Gente, se possível, deixa um recadinho. Quero muito saber a opinião de vocês, seja ela qual for. Me façam sorrir ^^

Pra quem não manja de japonês, vou explicar um pouquinho aqui.

Quando lerem essas terminações em nomes, saibam que são sufixos de nomeação.
"Kun" é usado para meninos, "chan" é usado para meninas, "san" é unissex, usado para pessoas mais velhas ou com pouca intimidade. "Sensei" é professor. Existem exceções em alguns casos, mas em PG vai ser usado só nesses sentidos mesmo.
"Hai" significa "sim" e "Shiraito" é o nome de uma cachoeira muito linda lá no Japão. As águas são bem transparentes.

Agradeço mais uma vez ♥
Beijocas da Mini e até breve =*



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