HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 2
Eu sei o que você fez na noite passada


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos! Tudo bem com vocês? Desculpem a demora para atualizar. Infelizmente meu tempo para escrever é curto e a inspiração me deixou na mão nessas últimas semanas. Quero agradecer aos que comentaram e aos que estão acompanhando. Sério, vocês são demais ♥

Sem mais delongas, vamos ao capítulo.
Boa leitura ^^



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Em frente à bonita casa branca, um Mini Cooper azul estacionou bruscamente, deixando as marcas dos pneus na calçada. A cortina da grande janela ao lado da porta foi afastada para que Jared, furioso, olhasse mais uma vez para fora, tendo a certeza de que dessa vez a filha chegou.

Ao abrir a porta, a garota recebeu um olhar duro de reprovação e a certeza de que viria um sermão de doer os ouvidos.

 

— Atrasada! — A voz feminina tirou a pequena de seus pensamentos.

 

Jogada no sofá, estava uma mulher loira e bonita, embora mantivesse uma expressão nada amigável. Segurava uma garrafa de cerveja e assistia a um jornal local, onde o repórter entrevistava os reféns de um assalto a uma joalheria no fim daquela tarde.

 

— Não vai perguntar onde estão os convidados da festa, Alice Harper?

— Pai, eu...

— Não quero ouvir suas desculpas, Alice! — bradou o homem, fazendo a filha estremecer, enquanto arregalava os olhos em silêncio. — Você faz ideia da vergonha que eu passei hoje por sua causa? Responsabilidade. É a única coisa que eu te peço todo santo dia. Será que você nunca vai tomar jeito, garota? Programe-se para fazer as coisas. Crie uma rotina. Mas pare de ser tão irresponsável e inconsequente. Toda vez é a mesma coisa. No seu próximo aniversario eu te dou um relógio de presente. Quem sabe assim você para de se atrasar. — Após encher os pulmões de ar e soltar lentamente, abraçou a garota que mantinha os olhos nos próprios pés, sentindo-se mal por mais um discurso pelo mesmo motivo. — O que aconteceu dessa vez?

— Talvez aquele garotinho sendo entrevistado saiba explicar melhor. — A mulher apontou para a televisão e Jared encarou a tela com os braços cruzados.

 

— Esse garoto de dezessete anos foi uma das vítimas desse ataque de dois Neo-humanos. Por favor, conte o que aconteceu lá dentro. — O jovem repórter apontou o microfone para o menino e a câmera focou em seu rosto.

— Bem, — o garoto de olhos azuis intensos falou, um pouco tímido. — tudo parecia “normal” quando eles chegaram e mandaram todas as pessoas se sentarem em um canto da joalheria. Eles estavam armados e não mostraram suas… Excentricidades. Foi quando ela apareceu.

— Ela? Quem era ela? — o homem de cabelos castanhos bem ajeitados perguntou.

— A Pocket Girl, óbvio! Ninguém sabe quem realmente ela é, mas... Foi a coisa mais incrível que eu já vi. — Seus olhos brilhavam ao se lembrar do que acontecera. — Ela apareceu do nada, como se fosse um fantasma. Disse que acabaria com eles tão rápido que não teriam tempo de soletrar “perdedores”. Eles a chamaram de primária e revelaram-se Neo-humanos.

— Você sentiu medo?

— Não! Não tinha tempo pra sentir medo. Eu me sentia em um filme de ação. Eles começaram a lutar e foi incrível! Ela encolhia, sabe. Ficava tão pequenininha que eu nem podia enxergar. Então…

 

A televisão foi desligada por Jared, que encarou a filha.

 

— Ah, pai. Deixa eu ver. Esse garoto tem mania de aumentar tudo o que acontece.

— Você conhece ele? — Rachel, a loira no sofá, perguntou.

— Sim! Ele é… meu aluno. — Abaixou a cabeça ao perceber que havia falado demais.

— Seu aluno?! E se ele te reconheceu, Alice? E se ele te entregar para a Nexus? — Jared gritou.

— O Benny nunca faria isso. E ele disse que ninguém sabe quem era a garota da joalheria. Não tem com o que se preocupar.

— Não me preocupar? Alice, como não me preocupar? Você é a coisa mais importante que eu tenho. Não suportaria ver a Nexus pôr as mãos em você. — Acariciou os longos fios castanhos da filha, observando seu rosto delicado com ternura. — Sinto muito, querida, mas você vai sair daquele colégio.

— O quê? — A pequena se afastou bruscamente do pai, sem acreditar no que acabara de ouvir. — Eu não vou abandonar meus alunos por causa das suas neuras! — gritou, antes de subir as escadas em direção ao seu quarto.

— Alice! — ele chamou a garota, que fingiu não ouvir.

— Bem, — disse a mulher, levantando-se do sofá. — é melhor eu ir para casa. Boa noite, Sr. Harper. Nos vemos no laboratório amanhã.

— Pode ficar, Srta. Grey. — Jared passou a mão nos cabelos escuros com alguns fios grisalhos começando a aparecer. — Tenta colocar um pouco de juízo na cabeça daquela garota. Talvez ela escute você.

— Já que insiste… — Ela sorriu forçado para o homem e deixou-o sozinho com seus pensamentos.

 

Pensamentos dos quais o levaram até o ocorrido de vinte anos atrás, quando vira a esposa pela última vez. “Eu vou protegê-la, Meredith. Não se preocupe.”, pensou.

Alice ouviu duas batidas na porta e autorizou a entrada.

 

— Foi ele que mandou você vir aqui, não foi, Rachel? — perguntou à loira, sem levantar da cama.

— Foi. Mas eu estava com preguiça de ir para casa mesmo. — Sentou-se ao lado da garota e esticou as costas. — Ah! Feliz aniversário.

 

Rachel e Alice conversaram por um bom tempo, falando sobre o quanto Jared era protetor e inflexível. A mulher apenas seis anos mais velha que Alice, era uma das cientistas que trabalhava no laboratório de Jared, na área de genética. Contou que muitas vezes, o chefe demitiu vários funcionários por apenas discordarem de suas ordens.

Logo o assunto foi mudando de plano até chegar em Dean Simmons. O braço direito de Jared e o homem por quem Alice tinha uma queda.

Dean era sério e, de certa forma, muito parecido com o patrão. Mesmo assim, a garota o via como um deus. Inteligente e bonito, sempre tirava suspiros da pequena.

Algum tempo depois, Rachel foi para o quarto de hóspedes, permitindo que Alice corrigisse a grande pilha de provas acumuladas na escrivaninha. Ela prendeu seus cabelos com um palito e pegou a primeira folha do topo da pilha.

A cada prova que corrigida, podia ouvir as palavras frias de Jared, dizendo que ela deveria deixar de dar aulas. Por mais que a profissão fosse só um meio de esconder sua identidade secreta, a garota sentia-se completa na sala de aula. Sentia-se normal.

Ao puxar mais uma folha da pilha que já estava pela metade, não pôde conter o sorriso ao examinar o conteúdo do papel.

 

Questão única

 

Qual a influência do romantismo na arte do século XVIII?

 

Querida professora, romantismo deixa as pessoas idiotas, então não sei muito sobre isso, porque certamente não sou nem um pouco idiota. Agora te dou o privilégio de ter uma prova a menos para corrigir. Não precisa agradecer.

Com amor, Benny Johnson ♥

 

— Esse garoto não tem jeito!

 

Seu sorriso logo se apagou ao ouvir a porta se abrindo.

 

— Alice, podemos…

— Pai, eu estou ocupada agora, então se me dá licença, gostaria de ficar sozinha. — disse sem olhar para o homem ao seu lado.

— Eu só quero mantê-la segura, pequena. É o que sua mãe queria. — Seus olhos estavam fixos em um ponto qualquer.

— Deveria ter feito isso quando me deu o soro.

 

Aquilo foi a coisa mais cruel que Alice poderia ter dito.

Quando ela tinha apenas um ano e alguns meses, Jared estava sozinho com a garota em seu laboratório improvisado. A pequena chorava muito e o pai inexperiente não sabia o que fazer. Foi quando, por um breve descuido, trocou a mamadeira de suco pelo soro encolhedor que desenvolvera na noite em que Alice nasceu. E assim a garota se tornou uma Neo-humana.

Ao perceber o quanto foi rude, levantou-se rápido e jogou os braços ao redor da cintura do pai.

 

— Pai, me perdoe! Eu não deveria ter dito isso.

— Você tem razão. A culpa é minha, mas também é meu o dever de evitar que outro mal aconteça a você.

— Pai, eu não quero deixar a escola. — implorou, olhando em seus olhos azuis.

 

Com um longo suspiro, o homem afastou a filha e começou a caminhar pelo quarto.

 

— Certifique-se de que o garoto não a reconheceu. E se mais um incidente desse acontecer, você não sai mais de casa, entendeu?

— Entendi! — A pequena riu, sentindo-se aliviada por essa nova oportunidade.

— Bonito colar. — Jared segurou os pequenos pingentes dourados com a forma do Pac Man e um dos fantasminhas.

— A Rachel que me deu de aniversário. — disse, caminhando em direção a porta. — Agora eu preciso terminar meu trabalho, pai. Boa noite.

— Boa noite, querida. — O homem depositou um beijo no topo da cabeça da filha e saiu.

 

Alice pôde respirar aliviada, antes de voltar à sua missão.

 

~*~

 

Já era a quarta vez que o despertador fazia seu irritante barulho ecoar no quarto bagunçado de Alice. Ela sentou-se na cama, ainda sonolenta, e passou a mão nos cabelos embaraçados.

 

— Que horas são? — pergunto-se, antes de arregalar os olhos ao ver o horário. — ‘Tô lascada! — gritou, saltando da cama.

 

Resultado: enroscou o pé no edredom e caiu de cara no chão. Sem tempo para reclamar de dor, entrou no banheiro e tomou um banho frio para ajudá-la a acordar. Vestiu-se o mais rápido que pôde, rasgando a meia fina que usaria por baixo da saia que ia até a altura do joelho.

 

— Droga! Meia idiota! Vou de calça mesmo. A diretora que reclame pra ver!

 

~*~

 

— Senhorita Harper! Sabe muito bem que as regras da escola proíbem esse tipo de vestimenta para os professores, não sabe? — Uma senhora alta e de cabelos grisalhos amarrados em um coque apertado, ajeitou os óculos que escorregavam por seu nariz afilado, enquanto encarava a pequena professora.

— É que… Sabe, eu tive uns problemas essa manhã e… Desculpe-me. Isso não vai se repetir. — concluiu ao sentir o olhar de reprovação da diretora.

— Certo. Agora vá para sua sala. Os alunos já estão esperando.

— Sim, senhora.

 

Ao entrar na sala, viu um grupo de alunos formando um círculo ao redor de Benny, que contava animadamente para os colegas o que ocorrera na noite anterior.

 

— Nossa, Johnson. Ela lutava assim? Deve ser uma japonesa ninja. — um dos garotos disse, fazendo movimentos com a mão como se empunhasse uma espada.

— Ela se vestia bem? Digo, como uma heroína? — perguntou uma garota de cabelos avermelhados.

— Ah! O uniforme dela era maneiro. Ela usava uma saia por aqui, ó. — Apontou para as coxas, indicando o tamanho da peça de roupa.

— Uau! Tão curta assim? Conseguiu ver a calcinha dela?

— Ei, ei, ei! Bando de pervertidos, a aula já vai começar. — Alice chamou, sentindo que as bochechas esquentaram um pouco.

— Desculpa, Srta Harper. — Um dos meninos da roda voltou para o seu lugar e indicou para que os outros fizessem o mesmo.

— Vi você na televisão ontem, Johnson. Você está bem? — a professora perguntou.

— Melhor impossível.

— Ora, ora. Pensei que diria que está traumatizado, por isso não fez o trabalho que eu passei há um mês. — Toda a turma riu do comentário da garota.

— Errado. Eu fiz me trabalho inspirado no que aconteceu ontem. Fiquei a noite toda trabalhando nele.

— Aleluia! — o amigo de Benny gritou, fazendo todos rirem.

— Okay! Então podem passar seus projetos para frente — ela disse.

 

O trabalho que os alunos deveriam fazer era construir uma HQ com personagens originais, assim como o enredo.

Quando recebeu a pilha enorme de HQs, Alice entregou as provas corrigidase iniciou sua aula.

 

Tudo estava correndo bem naquele dia ensolarado, porém com um vento agradável de começo de outono.

Estava sentada em sua cadeira enquanto guardava trabalho por trabalho em uma caixa no final da aula, depois que todos os alunos já haviam saído. Foi quando se deparou com uma capa curiosa e o título ainda mais.

“Pocket Girl. Por Benny Johnson.”

 

— Gostou, Srta Harper? — Seu aluno a assustou, fazendo-a derrubar o trabalho no chão.

— Gostaria mais se tivesse colorido. Não lembra que essa era uma das exigências?

— Já sei. Vai descontar alguns pontos! Mas não é por isso que eu estou aqui. Sei que ontem foi seu aniversário, então fui até a joalheria para comprar um presente. — Retirou um pequeno embrulho do bolso e pôs sobre a mesa.

— Não precisava, Benny. Muito obrigada, — Estava emocionada com a gentileza do garoto.

— É pra combinar com o colar.

 

O sangue de Alice gelou quando ouviu o que Benny disse, ao mesmo tempo que abria a caixinha de veludo preta. Dentro dela havia uma pulseira com os mesmos pingentes do colar que usava.

 

— Benny, como sabe que eu ganhei esse colar? — Perguntou, apavorada.

— Como se eu não fosse reconhecer minha professora favorita. — Apoiou as mãos na mesa, aproximando seu rosto ao da garota. — Sua voz, seu jeito. Uma máscara tampando sua boca não é um disfarce tão eficaz.

— Eu não sei do que você está falando. — Abaixou a cabeça, pensando em como sairia daquela situação. Não poderia revelar quem realmente era e teria que enganar o garoto.

— Não sabe? Então vou ter que refrescar sua memória. — Puxou o queixo de Alice, trazendo o rosto delicado da professora à poucos centímetros do seu e olhando profundamente em seus olhos castanhos. — Afinal, você não é a única que tem segredos.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

O que acontecerá com Alice e Benny? Qual o mistério que envolve o colar novo da garota?
Não percam o próximo capítulo!

Bem, pessoal, quero agradecer a você que leu até aqui. Espero que tenha gostado assim como eu adorei escrevê-lo.
Comentários são bem vindos. E não precisa ter medo de deixar seu "Amei. Continua". Vou responder com todo carinho.
Isso é tudo. Beijos e até o próximo =*