HL: Pocket Girl - How Heroes are Born escrita por Mini Line, Heroes Legacy


Capítulo 19
Gostosuras ou travessuras?


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores ^^
Trago um capítulo CHEIO DE REFERÊNCIAS e mensagens ocultas. Sabe aquele detalhe sem importância? Então. Ele é importante kkkkk
Espero que consigam achar esses pontos chaves para se lembrarem quando forem revelados.
Agradeço os comentários. Vocês são incríveis ♥

Boa leitura ^^



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Sede da Nexus, Nova York

 

Durante a madrugada, poucos agentes faziam a ronda no prédio e alguns setores ficavam fechados, evitando o acesso de curiosos.

Sayuri estava sentada em uma das escadas de emergência, afiando a lâmina de sua espada com uma pedra curiosa, parecida com um cristal azul escuro, enquanto cantarolava uma melodia tradicional japonesa. Nem percebeu quando John sentou ao seu lado, absorta em seus pensamentos.

 

— Senbonzakura. Essa canção é muito bonita — ele comentou, sorrindo para a garota. — Atrapalho?

— Claro que não, John-senpai. Já estou terminando de afiar. — Examinou a lâmina de lado, insatisfeita com o resultado. Nunca estava afiada o bastante, em sua opinião.

— Admiro sua paciência. Passa tanto tempo fazendo isso… Deve gostar mesmo dessa katana.

— Ela é mesmo especial. Uma das últimas lâminas malditas de Muramasa. Um ferreiro muito conhecido por suas espadas completamente letais. E essa aqui — girou a katana, deixando o metal fazer um som baixo ao cortar o ar —, pertenceu ao mais poderoso mago da história do Japão, Nakamura Yoshiaki.

— A lenda dos irmãos Nakamura é bem interessante. Eu li sobre ela quando nos conhecemos no Japão. — Ele pegou a espada, tomando cuidado para não decepar o próprio braço.

— Não é lenda. É história. Senão, hoje eu não estaria aqui. Foi a katana de Yoshiaki que me salvou e concedeu os poderes.

— Na verdade, tenho uma resposta mais… científica para explicar seus poderes. — John entregou alguns papéis para a menina e sorriu, vendo-a confusa. — Se Wyatt Kane for mesmo quem você procura, e eu creio que é, então temos uma explicação lógica. Ele é um Neo-Humano pirocinético como você e esteve no Japão no início do ano que você nasceu, em uma missão da Nexus. E era exatamente onde você morava.

— Então ele era o famoso Brasas! O salvador tão adorado mesmo depois de tantos anos. Isso explica tudo! — Sorriu, verificando os relatórios da missão.

— Exatamente! Seu corpo apenas reagiu quando os garotos que… Você sabe… Quando eles atearam fogo em você. Seu DNA apenas ativou os genes pirocinéticos, por isso você não morreu — explicou, gesticulando com as mãos, enquanto fitava a menina. — Não tem nada a ver com os poderes do mago japonês.

— A ciência nem sempre explica tudo! Sei que a magia do Yoshiaki vive nessa lâmina. Eu sinto! — Os pequenos olhos rubros de Sayuri brilhavam ao observar sua espada. — E não me olhe com essa cara de cientista cético! Você acreditava em muitas coisas místicas quando nos conhecemos.

— Isso foi há seis anos. Eu era um pirralho…

— Ainda é! — interrompeu, erguendo uma sobrancelha.

— Hey! Sou mais velho que você, Sayuri-chan. — Se pôs de pé, pegando os papéis novamente. — Tenho que colocar isso no lugar. Agora vai ser bem fácil conseguir um telefone ou endereço.

— E esses outros papéis?

— Ah! Isso é uma pesquisa boba que estou fazendo sobre o Legião. Sabe, o primeiro herói que morreu na Segunda Guerra. — Deu de ombros, mas logo ficou pensativo e olhou para a garota. — Você nunca ouviu comentários sobre a família dele ou algum detalhe sobre a explosão de Hiroshima? Talvez tenha ouvido falar sobre uma mulher chamada Madelyne Creed?

— Não. Acho que não. — Balançou a cabeça devagar, após pensar por um momento.

— Bem, não é nada de importante. Só a minha curiosidade. Agora vou descobrir onde o agente Kane se esconde.

— Muito obrigada, John-senpai. — Pulou no rapaz, o abraçando com força, sem conter a felicidade que sentia naquele momento. — Hontoni arigato!

 

~*~

 

Diferente de todas as outras manhãs, nesta, em especial, Alice acordou cedo e sem a ajuda do despertador. Pulou da cama e correu para o quarto que pertencia ao seu pai, jogando-se sobre Rachel para acordá-la.

A mulher resmungou e bateu em Alice com um travesseiro, puxando o cobertor em seguida para esconder o rosto.

Sem desistir, ela continuou sacudindo Rachel na intenção de fazê-la levantar também.

 

— Qual é? A casa está pegando fogo? Pede para o técnico de Tamagoshi apagar e me deixa dormir mais um pouco!

— Ah, Rachel! Acorda logo! Preciso da sua ajuda para decorar o quintal! É Halloween! — choramingou, deitando ao lado da amiga.

— Quantos anos você tem? Seis? — disse, ainda com a cabeça coberta.

— O suficiente para tirar você da cama!

— Nada disso, Harper! Relaxa essa bunda e dorme mais um pouco também. — Virou de costas para a garota, embora soubesse que ela não desistiria.

— Não vou conseguir dormir. Não do lado de uma loira gostosa dessa — sussurrou no ouvido de Rachel, enquanto deslizava sua mão por dentro da regata, até apertar suavemente o seio dela.

— Sua tarada! — Sem hesitar, deu um tapa estalado na coxa de Alice, fazendo a garota rir alto. — Depois que eu te agarrar, não reclama!

— Só vem! — Devolveu o tapa, iniciando uma disputa de força com Rachel, rolando na cama com as mãos entrelaçadas, em meio a risadas e cantadas baratas.

 

Mesmo da cozinha, William ouviu o barulho das duas e riu baixinho, terminando de passar manteiga em duas torradas. Ligou o liquidificador, mas aquilo não foi o suficiente para abafar os gritos Alice seguidos de risadas,  fazendo-o sorrir também. Arrumou uma bandeja e foi até o quarto onde elas estavam.

A surpresa foi tão grande ao encontrar Rachel fazendo cócegas na garota, que ele hesitou um instante, enquanto seus olhos surpresos fitavam as duas.

 

— Tem um espaço para mim nessa brincadeira? — Sorriu de canto, encostando-se na porta.

— Não! Sai fora, hétero! — Alice fez uma careta.

— Amigos, amigos. Alice à parte. — Rachel saiu de cima da garota e esticou as costas, conformada com as horas de sono perdidas.

— Chatas! Então vou levar isso de volta para a cozinha. — Ergueu um pouco a bandeja, dando meia volta.

— Hey!

— Volta aqui com isso!

 

As duas correram até ele, fazendo-o voltar para o quarto.

O café foi animado, embora Rachel e William brigassem vez ou outra. Mesmo se declarando amigos, algumas implicâncias nunca deixavam de existir. Principalmente depois de descobrir o “Will-Faz-Tudo”, ela não perdia uma oportunidade de o alfinetar.

Sem dar descanso para os amigos, Alice os arrastou para a sala, onde havia deixado todos os enfeites de Halloween. Encarregou Will de pendurar os móbiles na varanda e Rachel de preparar uma armadilha nova atrás de um grande arbusto, para assustar as crianças.

Alice estava concentrada na produção de lanternas de abóbora, quando uma ideia um tanto “bizarra” lhe passou pela cabeça: convidar seus alunos favoritos para passar a noite de Halloween em sua casa, extrapolando nas travessuras, enquanto se entupiam de gostosuras.

Limpou as mãos em um pano e pegou o celular no bolso da calça jeans rasgada no joelho que usava.

O primeiro a ser contatado foi Benny. O telefone não precisou chamar duas vezes e o garoto já atendeu, um pouco apavorado com uma ligação tão cedo em pleno feriado.

Ao explicar o motivo, o primeira coisa que ele perguntou foi se Taylor também iria. Mesmo sem ligar para a garota primeiro, confirmou sua presença, estranhando o jeito um tanto apreensivo de Benny.

Logo em seguida, foi para Richard que ela ligou.

 

— Oi, Clark. Quer vir fazer bagunça aqui em casa hoje? O Benny já confirmou e vou chamar a Tay e a Annie também. — Alice disse, animada quando o rapaz atendeu.

— Ai, tia Lice. Não vai dar não. Tenho que levar a Vic para pedir doces.

— Sério que você vai mentir para mim? — Sua voz ficou séria ao perceber que o rapaz falava mais grosso. — Seu pai te bateu de novo, não foi?

 

Um silêncio ocupou a linha. O único som que ela conseguia ouvir era o de Richard segurando o choro, enquanto trancava a porta de seu quarto.

Na placa dourada fixada no troféu de melhor jogador do campeonato regional, onde “Richard Foster” fora gravado, ele observou o reflexo de seu do rosto com uma mancha inchada e roxa, e seus olhos vermelhos por chorar escondido.

 

— Não se preocupa com isso, tia Lice. Eu vou ficar bem.

— Não me preocupar? Clark, é claro que me preocupo! Isso é crime! Me deixa te ajudar! — sua voz saiu suave, ainda que cheia de preocupação.

— Vai ser pior — choramingou, voltando a falar em seu tom fino mais uma vez. — Não... Não conta pra ninguém. Já basta ser o viado da família. Não quero ser a bicha chorona. Consegui uma vaga em Princeton e ano que vem eu me livro desse inferno. — Suspirou, sentando em sua cama.

— Não hesite em me ligar se precisar de socorro ou um lugar para ficar, entendeu? Juro que arrebento a cara desse homofóbico antes que ele diga "arrasou, viada!" — Ela riu fraco, abaixando a cabeça. — Se cuida, meu anjo.

— Obrigado, tia Lice. Você que é um anjinho de presépio. Bem pequenininho, mas poderoso.

— Vou ignorar esse comentário maldoso! Tchau, Clark. E me liga, viu?

— Tá, “mãe”. Eu ligo. Beijocas.

 

Ao desligar o telefone, Alice ficou encolhidinha, abraçando as pernas. Aquilo sempre a deixava triste.

Sabia que não havia muito a ser feito no caso de Richard e da vez que tentou conversar com o pai do garoto, ouviu coisas horríveis, misóginas e homofóbicas, sem contar na surra que ele levou em casa.

O instinto materno gritante dentro dela, na maioria das vezes, era algo ruim, já que não podia roubar os alunos e mantê-los constantemente em sua proteção.

Afastando aqueles pensamentos, ligou para Annie, torcendo para receber boas notícias.

 

— Um minuto! — a voz ofegante de Annie fez com que Alice se levantasse, transbordando preocupação.

— Annie? Respira devagar. Calma!

— Relaxa aí, tia Lice. — Após um longo silêncio, a garota riu fraco, voltando a respirar normalmente. — Só uma crise de asma. Nada fora do normal.

— Aham, sei. Isso foi uma visão. Vai contando. — Sentou de novo, ainda preocupada.

— Credo, tia Lice. Até parece que você tem poderes de detector de mentiras. Foi uma visão, mas já aconteceu, então não precisa se preocupar — mentiu mais uma vez, torcendo para que Alice não percebesse.

— Bem, se não é nada, que tal vir aqui assustar uns pirralhos? Benny vai vir, Clark vai levar a Vic para pedir doces e ainda vou falar com a Tay. O que me diz?

— Nem vai dar, tia. O Madson vai passar aqui em casa. Estou com saudades, sabe.

— O tio Madson é um doido! Fugir da Nexus tudo bem, mas deixar você sozinha é muito errado! Diga a ele que vamos ter uma bela luta e vou chutar a bunda dele! — Riu alto, desenhando em outra abóbora pronta para ser entalhada.

— Com certeza vão ter — Annie respondeu um pouco pensativa, mas logo riu, despedindo-se da professora e amiga.

 

Já desanimada, ligou para Taylor, mas tinha certeza de que ela não perderia a chance de assustar os meninos da rua de baixo.

 

— Fala, tia Lice! — a garota atendeu, um pouco sonolenta.

— Te acordei? Desculpa! Ligo depois. — Fechou os olhos com força e bateu na testa.

— Não, não. Pode falar. Já estava levantando — sua voz fraca dizia o contrário.

— Quer passar o Halloween aqui? Estou querendo aprontar uma com as crianças mal educadas. O que acha? A Annie e o Clark não podem vir, mas o Benny vem.

— Benny? — Taylor se sentou na cama rapidamente, mas logo se deitou. — Não vai dar não. Hoje é dia de maratonar GoT. Mas dá um tapa no orelhudo por mim.

— Estou cercada de pequenos mentiroso. — Suspirou, fingindo estar decepcionada. — O que está pegando?

— A única pequena é você, tia Lice! — Sorriu vitoriosa, se ajeitando na cama. — E não aconteceu nada! Falo sério. Só acho que não estamos mais na idade de pregar peças de Halloween. Principalmente você!

— Que ousadia! Me chamando de velha e baixinha? Sou só três anos mais velha. Nem é tanto assim. — Fez um biquinho, virando o rosto. — Está bom! Mas no dia de Ação de Graças quero você e sua tia aqui em casa. Sem desculpas!

— Certo, tia Lice. Até lá podemos combinar alguma coisa. Agora preciso desligar. Vou testar uns ajustes no reator.

— Okay, linda. Se cuida.

— Você também.

 

Ela jogou o telefone em cima do sofá e suspirou, fitando a abóbora com olhos e boca.

 

— Parece que vamos ser só nós dois, Jack. Esses adolescentes nem me amam mais!

 

~*~

 

No fim da tarde, quando os últimos raios dourados coloriam o céu de várias nuances diferentes, as crianças já começavam a sair de suas casas, eufóricas para começar as festividades do dia das bruxas, usando as mais diversas fantasias.

Várias ruas ficaram fechadas para o acesso de veículos, prezando pela segurança dos pequenos.

Benny bateu na porta de Alice e ouviu a vizinha resmungando algo sobre ele ser grande demais para pedir doces.

Ao ser atendido pela professora, ficou boquiaberto ao vê-la em uma fantasia perfeita de Alice, do game Alice Madness Returns.

 

— Uau! — Ele sorriu, procurando palavras para descrever a beleza da mulher. — Você está incrível, Lice. Parece que saiu direto do jogo!

— Obrigada! Entra. Acredita que os três não quiseram vir? Essa noite vai ser apenas você e eu — disse devagar, enquanto o ajudava a tirar o casaco pesado que usava, divertindo-se com o constrangimento do aluno.

 

Ele corou imediatamente e não soube o que dizer. Na verdade, aquilo lhe soou bem assustador e nada convidativo como costumava imaginar durante as aulas de artes.

 

— Pedófila! — Rachel entrou na sala, para o alívio de Benny.

— Ele sabe que eu estou brincando. — Guardou o casaco do aluno e sentou no sofá, apontando um lugar para Benny.

 

O menino nem percebeu o gesto de Alice, já que seus olhos estavam presos as curvas do corpo de Rachel, que chamavam atenção em sua fantasia colada de Mulher-Gato.

William entrou logo em seguida e deu um tapa na nuca do garoto, tirando-o da hipnose.

 

— Tente não babar. Eu limpei o tapete hoje.

— Até aqui você é um faz-tudo? — Sorriu de canto, sentando do lado esquerdo de sua professora.

— Sim! E logo você vai descobrir o que eu faço com orelhudos como você! — William sentou do outro lado, trocando um olhar feio com Benny.

— Por que eu pensei maldade dessa frase? — Alice riu alto, olhando para um e para o outro.

— Porque você só pensa besteira, Lice. — Rachel riu também, divertindo-se com os dois emburrados.

— Certo, certo. Não chamei você para brigar com o Will. Chamei para a gente se divertir. Estava pensando… o que acham de um jogo de garotas americanas contra garotos ingleses? — Se levantou rápido, colocando as mãos na cintura.

— Assim não tem graça, Lice. A gente ganha deles de olhos fechados, seja lá o que vamos jogar!

— Aproveitando que eu estou de “Alice”, vamos jogar cartas. Quero ouvir a Rainha de Copas gritando pelas cabeças deles. — Piscou os olhos rapidamente, sorrindo como uma psicopata.

— Não me decepcione, moleque.

— Minha mãe era garçonete em uma confeitaria que realizava campeonatos de Poker e Truco para ajudar instituições de caridade. Ela venceu oito meses seguidos. — Se gabou, ajeitando o capuz do casaco fino que usava. — Me ensinou tudo o que sabe.

— Tadinha da Sra. Johnson. Terá um filho humilhado. — Alice tirou um baralho do bolso do avental, embaralhando as cartas com dificuldade.

 

Benny logo as tomou das mãos dela e deixou as cartas deslizarem rapidamente, fazendo graça e alguns truques bobos.

Sentaram-se ao redor da mesa de centro, em frente a sua respectiva dupla e o garoto distribuiu as cartas, iniciando uma partida de Truco.

Benny esboçou um sorriso para William e tocou os próprios lábios com o indicador, pedindo silêncio. Tirou os óculos, deixando até mesmo Alice confusa.

O rapaz não entendeu o plano de Benny, até que, como um passe de mágica, pequenas cartas flutuantes surgiram na frente das dele, sem que Alice ou Rachel pudessem ver.

Ao olhar assustado para o garoto, viu os olhos de seu parceiro emitindo uma luz fraca, deixando-os ainda mais azuis, mas logo voltaram ao normal um instante antes de Alice os encarar.

Logo Will percebeu a intenção do garoto; usar os poderes para ganhar o jogo. Com o máximo de sua concentração, conseguiu fazer sobre o canto da mesa, cristais de gelo no formato dos números e naipes de suas cartas.

Benny arregalou os olhos, olhando dos números para o rapaz, abismado. Will apenas respondeu com um sorriso, levantando uma sobrancelha.

O jogo foi bem rápido, já que a vitória era certa.

 

— Vocês roubaram! — Alice acusou, jogando as cartas nos dois.

— Que feio, Srta. Harper. Não sabe perder. — Benny riu alto, batendo na palma da mão de Will.

— São americanas, pirralho. Claro que não sabem perder. Muito menos jogar.

— Ou podemos dizer que não somos inglesas para usar poderes para roubar. — Rachel cruzou os braços, encarando o garoto. — Confessa!

— O Benny não poderia ter roubado. Não dessa distância. Ou poderia? — Alice franziu o cenho e imitou Rachel, pressionando o garoto.

— Poderes? Eu não sei do que estão falando.

— É. Poderes. Tipo os meus. — A mulher sorriu, antes de sair tão rápido de seu lugar e surgir atrás do garoto, que apenas um vulto foi visto. — Sabia que eu posso fritar seu cérebro com apenas um toque?

 

Benny desviou o olhar para os dedos dela próximos ao seu rosto, onde os raios cinzentos chiavam baixinho, o deixando apavorado.

 

— Está bem. Eu confesso. Eu roubei — disse rápido e Rachel se afastou. — Espera! Todos vocês são Neo-Humanos?

— É! Legal, não? Agora não sou a única diferentona da casa! — Alice sorriu, animada, recebendo um olhar feio dos amigos. — O que? Agora somos todos esquisitos. — Deu de ombros. — Eles são novatos. Não tem um mês desde que despertaram os poderes.

— Lice, já pensou em montar uma equipe? Tipo, sei lá, Quarteto Fantástico, Vingadores… — Benny sugeriu.

— Sabe que seria legal? Vocês três, a Trajetória e eu! Como não pensei nisso antes? Precisamos de nomes para vocês e uniformes. Depois um nome para a equipe.

— Rachel vai se chamar Mulher-Dragão! — Will cruzou os braços, sorrindo para ela.

— Para sua informação, eu já pensei em um nome. GreyThunder. E você, Carter? Já achou algo legal? — devolveu, levantando uma sobrancelha.

— Pelo que eu vi, ele pode se chamar Elsa e usar um vestido de gelo — Benny interrompeu.

— Talvez eu devesse congelar você e sua língua maior que as orelhas, Garoto-Dumbo!

— Lerigou!

— Homem-Orelha!

— Floquinho!

— Chega! — Alice bradou, batendo o pé no chão. — Will, um alter ego para você. Tem ideia ou precisa de ajuda?

— Netuno — disse simples.

— Netuno?

— É. Netuno é um planeta feito de gelo e o Deus dos mares. Usei isso como nick no tempo da Anonymous. — Deu de ombros. — Era idiota na época, mas agora faz sentido.

— Continua sendo idiota! — Benny murmurou.

— Então imagino que você tenha um nome super incrível para implicar com o meu. — cruzou os braços, fitando o garoto.

— Não. Não faço ideia — admitiu, desviando o olhar.

— Quais são suas habilidades, além de roubar no jogo? — Rachel perguntou.

— É complicado. Eu passei por muitos experimentos na Nêmesis. Eles queriam que eu desenvolvesse habilidades físicas e psíquicas, mas tudo se direcionou para os meus olhos — explicou, sentindo-se desconfortável com as lembranças. — A cientista que cuidava de mim, Chloe, me explicou que eu possuo fotocinése. Seria basicamente o controle sobre a luz, mas eu nunca consegui desenvolver bem, porque meu corpo não aguenta. Então tudo o que eu consigo fazer é aumentar ou diminuir um pouquinho da luz ambiente e criar hologramas. — Tirou os óculos, fazendo um clone perfeito de Alice em sua frente. — Foi assim que eu roubei. Mostrei minhas cartas para o Will-Faz-Tudo.

— Bizarro! — Alice se impressionou e tocou o holograma, fazendo-o desaparecer. — Mas e aquele lance das memórias? Você invadiu minha cabeça!

— Aquela é a habilidade psíquica. Vejo e altero memórias. São duas coisas bem diferentes e eu ainda não sei porque raios eles fizeram isso comigo.

— Jared sempre falava sobre criar Neo-Humanos perfeitos. Talvez você seja o receptáculo para esses experimentos, só não contavam com seu físico. Talvez se usassem um "soro de super soldado", conseguissem um bom resultado. Bem, é o que eu teria feito. Só três miligramas em dez ml de água, seria o suficiente — Rachel explicou.

— Quem é você? — Benny perguntou, assustado.

— Ex cientista da Nêmesis e agora sou agente da Nexus. Mas isso não vem ao caso. — Deu de ombros. — Seu alter ego poderia ser Hipocampo. Sabe, a parte do cérebro responsável pelas memórias.

— Gostei. — Ele sorriu.

— Ainda acho que Homem-Orelhas combina mais!

— Se você é fotocinético, poderia se chamar Spotlight — Alice sugeriu.

— Gostei mais ainda! Vai ser Spotlight! Agora me dê um bloco de papel para eu desenhar os uniformes.

— Não precisa desenhar o seu. Já sei o que você vai usar.

 

Deixando todos confusos, Alice foi até seu quarto e logo voltou, trazendo um tecido azul, no mesmo tom dos olhos do garoto.

 

— Você só precisa disso.

— Um cachecol? Como isso vai ser um disfarce? — Analisou o tecido leve, nada contente.

— Não é um cachecol. É uma echarpe. E você vai usar assim. — Enrolou no pescoço dele, deixando uma longa ponta solta para trás. Depois puxou um pouco do tecido para cobrir a boca e o nariz, assim como a máscara que ela usava. Por último, colocou o capuz do casaco fino que ele usava. — Pronto! E assim nasceu o Spotlight!

— Tem certeza que não está muito… simples? É só uma calça e um casaco de moletom pretos com um cachecol azul!

— Echarpe! — Ela corrigiu, o empurrando de leve até o espelho próximo a entrada. — O que vocês acham.

— Para algo provisório, está legal. — Rachel assentiu, avaliando o garoto.

— Não vou mentir só para implicar com o pirralho, mas eu gostei — Will comentou, abrindo um chocolate destinado às criancinhas, bem na hora que uma delas tocou a campainha.

— Pode ir atender, Benny. — Alice o empurrou, sem dar chances para ele reclamar.

— Gostosuras ou travessuras?! — questionaram em coro, animadas ao vê-lo com um pote de doces.

— Hey! Bela fantasia, baixinha — ele disse para a garota menor, vestida de Pocket Girl, enquanto distribuía as guloseimas.

— Baixinha é sua irmã! — a pequena protestou, acertando um chute na canela do garoto.

— Isso mesmo, Pocket Girl! Bate nele! — Alice foi até a porta, emocionada pela homenagem. — Até mesmo as garotas pequenas podem ser muito poderosas! Qual o seu nome?

— Bárbara Fox.

— Barb — Deu um chocolate a mais para ela —,  vai lá e chuta a bunda dos grandões!

— Obrigada, moça! — Ela deu alguns pulinhos, animada.

— Eu que agradeço!

— Lice, telefone! — Will gritou da cozinha, chamando sua atenção.

 

Ela se despediu das crianças e correu para atender. Ao ver o identificador de chamadas, franziu as sobrancelhas e ficou séria no mesmo instante.

 

— Qual o problema, Trajetória?

— Neo-Humano secundário na área residencial de Manhattan. Só consegui uma imagem ruim. Parece uma pessoa com asas negras, tipo um pássaro gigante e assustador. Está estragando a festa das crianças — a menina passou o relatório, enquanto se preparava para sair.

— Bizarro!... Sem sinal da Nexus? Aquela Fada Violeta poderia cobrir meus turnos nos feriados. — Revirou os olhos, chateada. — Estou indo. Ah! Temos um novo integrante na equipe. Não precisa se assustar. Ele é de confiança.

— Quem é, tia Lice? O Will?

— Não, não. Spotlight. Acho que você nunca viu as orelhas avantajadas dele.

— Não me diga que é o Dumbo?! — disse alto, arregalando os olhos.

— Isso mesmo. Relaxa. Eu sei o que eu faço. Chego logo.

— Espero que saiba mesmo.

 

Sem se despedirem, desligaram o telefone e Alice já começou a se livrar da fantasia, pegando suas luvas escondidas atrás de uma almofada do sofá.

 

— Chamado para a Pocket. Benny, você vem comigo.

— E a gente? — Rachel questionou.

— Preciso de alguém para receber as crianças — disse simples.

— Não é justo, Lice. Também queremos ajudar! — Will protestou, se levantando.

— Vocês não estão prontos. Sem contar que você é uma agente da Nexus agora, Rachel. Não pode agir sem a permissão deles. Viu porquê eu falei para não entrar? — Tirou o uniforme de uma gaveta, ficando invisível em seguida para vesti-lo em paz. — Vocês não tem controle total ainda. Podem machucar alguém sem querer. Sejam pacientes! E eu não estou sozinha. A Trajetória vai estar lá também.

— Você que manda! — Will sentou de novo, emburrado.

 

Alice ficou pronta, deixando-se visível outra vez. Colocou um comunicador no ouvido e ensinou rapidamente  ao garoto como usar o dele. Fez um teste rápido, apenas para certificar-se de que Taylor estava conectada e sorriu para o aluno, colocando a mão em seu ombro para acalmá-lo. Ele não conseguia disfarçar o nervosismo.

 

— Chegou a hora do Spotlight brilhar!



 

 


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Notas finais do capítulo

Prontos para a ação?
Próximo capítulo teremos muuuuita treta! Acho que não vão querer perder Taylor e Benny trabalhando em equipe, vão?

Obrigada a você que leu até aqui. Deixa seu comentário ali bem rapidinho, só pra eu saber se vocês estão gostando ;)
Beijos da Mini e até o próximo =*

Nota: As lâminas malditas de Muramasa realmente existem e tem uma história bem legal.
Yoshiaki Nakamura é um personagem do Heroes Legacy e logo receberá sua história completa.



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