FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 5
Encontro casual II - 375 dias para Reset


Notas iniciais do capítulo

Olá mina!
Primeiro agradecer a todos que vem acompanhando e lendo essa fanfic. Eu sei que deve ser um saco esperar até a próxima semana para o próximo capitulo, mas assim vocês sabem o que eu passo com mangás. Sem falar que assim posso adiantar o suficiente para que não tenha que me preocupar com vocês sem capítulos.
Bem, continuem determinados! Vamos para o cap!



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FusionTale - Encontro casual II - 375 dias para Reset

Não era como se Frisk tivesse a intenção de ignorar os conselhos de Chara ou deixá-la irritada. Principalmente pelas experiências que havia adquirido em cada linha do tempo, sabia perfeitamente que não era, definitivamente, uma boa ideia meter-se no lado ruim de Chara. Sua fúria desenfreada poderia acarretar desde lesões que deixariam seu HP tão próximo de zero que por alguns instantes você poderia até mesmo sentir as garras afiadas da morte arrastando-se frias por sua alma ou simplesmente servir de mais um artifício para ela aumentar seu LOVE. E, sendo sincera, Frisk não queria experimentar nenhum dos dois.

Ela já tinha vivência de quase morte ou morte de mais para sua tão curta vida, se é que poderia definir sua vida como curta. A questão era, Frisk não tinha culpa se alguns encontros simplesmente eram para acontecer. Ela jurava que começaria a acreditar em destino ou em força maior, porque os encontros casuais que passaram a marcar o cotidiano de sua vida estavam começando a assustá-la. Como o pequeno ditado: falar no capeta e ele aparece.

Não era como também se ela estivesse a pensar nos dois irmãos Skeltons a todo momento do dia, mas ainda assim dedicava uma pequena parte de suas reflexões para possíveis planos que pudessem aproximá-la deles, sem cometer quaisquer erros que poderiam levar a uma possível complicação. E ninguém poderia culpá-la por almejar aproximar-se de quem antes, mesmo que em outro universo, em outra linha do tempo, tinham sido grandes amigos. Era um vinculo, uma necessidade, uma saudade que ela simplesmente não poderia quebrar de um dia para a noite, por mais que Chara a tivesse alertado que nada mais era igual.

Frisk não compreendia o que poderia ter de tão perigoso em alguém como Sans. Por mais que ele pudesse ter mudado seu estilo de vida, sua aparência ou até mesmo suas relações sociais ele ainda permaneceria o mesmo preguiçoso, engraçado e estupidamente misterioso esqueleto que ela havia conhecido fora das ruínas no Underground. Obviamente ele a havia impressionado com sua magia, que com toda certeza não equivaliam-se a seu 1 de ataque, da mesma maneira que seu conhecimento sobre as redefinições a haviam pego desprevenida, mas depois de todas essas reiniciações ela pensava que já o conhecesse bem o suficiente para pelo menos montar uma confiança.

Talvez Chara apenas insistisse em mantê-la afastada dele por seu rancor as várias vezes em que ele a havia matado. Frisk não sabia mais quanto tempo levou para que finalmente Chara tivesse sido capaz de acertar sua empoeirada faca na caixa torácica ossuda de Sans, seja como for, desde então os dois nutriam um ódio fervente um pelo outro, por mais que o de Sans, teoricamente, fosse dirigido a Frisk e não especificamente a Chara.

E mesmo que suspeitasse de ser apenas uma teimosia e aversão, Frisk ainda não conseguia dar o primeiro passo. Sempre que pensava ser capaz de pedir um meio de contato com Sans para Papyrus, o qual, durante todos os dias desde que haviam se encontrado no Shopping, trocava mensagens de texto, as palavras de Chara retornavam a sua mente, obrigando-a a apagar a mensagem que havia formulado muito antes que pudesse se quer enviá-la.

Todavia, como já foi mencionado antes, algumas coisas simplesmente pareciam destinadas a acontecer.

O encontro casual da vez aconteceu em uma segunda feira, próxima ao final do mês se bem não se enganava, doze dias depois de encontrar-se com Sans e dez desde a ultima vez que havia visto Papyrus, agora animadamente comunicando-se com ela pelo celular. Era engraçado perceber o quão animado ele poderia se encontrar com apenas um contato novo para poder falar, Papyrus era um adulto com coração de criança, Frisk não tinha duvidas quanto a isso.

Naquele dia de aula a situação era um pouco diferente de sua costumeira rotina, porém. Estavam no começo do ano letivo ainda e mais ou menos nessa época do ano, em todos os anos, o conselho administrativo da escola organizava uma palestra para informar aos novos e velhos estudantes sobre os conceitos da magia de acordo com um profissional da área. Era uma tentativa de melhorar o pensamento das mentes jovens para com aqueles que, por algum motivo ainda desconhecido, poderia fazer coisas que outros simplesmente não poderiam nem ao menos se tentassem. Normalmente a palestra era apenas obrigatória para os novatos do primeiro ano, entretanto, os alunos de terceiro, colegas de Frisk, haviam recebido um trabalho avaliativo referente a tal palestra.

Frisk não se incomodava muito de ir, ela tinha um grande interesse sobre a magia desse mundo e sempre era bom ter alguém que constantemente estava envolvido com tal para poder explicar melhor o que realmente era. Entretanto, obviamente, em uma instituição de ensino comum, nem todos os alunos compartilhavam dessa mesma animação em aprender. Frisk tinha cede de saber natural, talvez decorrente de sua frustração anterior em repetir diversas linhas do tempo, onde pouco se mudava ou era descoberto. A questão era que, aqueles que não queriam participar, ou arcavam com as consequências de uma nota baixa e uma repreensão do professor ou simplesmente arrumavam uma maneira de burlar o sistema.

O problema era que para muitos, essa maneira de burlar o sistema referia-se a forçar alguém a fazer o trabalho por você. Para isso eles precisavam encontrar alguém mais fraco, fácil de intimidar, e obrigá-los, por meio de uma persuasão, algumas vezes físicas, a fazer o que queriam.

Frisk não deveria se impressionar quando os escolhidos foram eles, afinal, Blooky sempre era facilmente intimidado, até mesmo por pessoas que não tinham essa intenção e Tinn era subestimado por não ter braços, o que remetia a maioria acreditar que ele não poderia se defender de quem quer que fosse que o estivesse incomodando. Já Frisk... Bem, seu próprio jeito tranquilo e despreocupado, somada a sua bondade sem tamanho, já a faziam de alvos fáceis para mal feitores. Ela não guardava rancor e não queria prejudicar ninguém, e muitos acreditavam que, por tal motivo, ela nunca contaria sobre uma intimidação.

Aconteceu quando estavam indo para o ginásio da escola, o lugar onde a palestra seria dada. Ela aconteceria logo depois do primeiro intervalo e perduraria até o final da aula, sendo que a mesma terminaria mais cedo por causa da própria palestra. Seu pequeno grupo havia acabado de comer, o dia tão tranquilo como se poderia pedir, Tinn adiantando-se a frente procurando não tropeçar em seus próprios pés ou em seus cadarços desamarrados. Blooky caminhava ao lado de Frisk, encolhido em si mesmo, as mãos bem apertadas uma a outra.

— F-frisk... Você poderia ouvir uma nova musica que fiz? - perguntou o pálido rapaz encarando-a com seus enormes olhos azuis reluzindo em expectativa contida. No entanto, a vergonha e insegurança logo o fizeram abaixar o olhar novamente, remexendo suas mãos de forma nervosa. - C-claro, apenas se você quiser... Mas você não tem que, obviamente... Foi apenas... ah...

"Claro, Blooky. Eu adoraria escutar sua música, tenho certeza que vai ser tão boa quanto todas as outras" Frisk assinalou com um enorme sorriso conseguindo retirar uma pequena elevação nos lábios do amigo, que logo entregou-lhe os fones e preparava para dar play.

Frisk ajeitou os fones e deixou que a musica ressoasse por seus ouvidos em uma melodia ao começo lenta, bem tranquila e calma, batida suave bem semelhante a uma flauta. Permaneceu assim durante alguns segundos até a união de um novo som, mais ao fundo, não conseguindo ainda transpassar ao da doce flauta, todavia, não muito tempo depois veio uma batida mais forte, não muito rápida, mas que animava um pouco mais a música, deixando-a mais eletrônica. Frisk se embalava em cada momento, deixando-se levar pela doce sensação que aquela simples melodia era capaz de transportá-la, ligeiramente recordando-a do momento em que acordou na cama de flores pela primeira vez.

"É incrível Blooky! Tenho certeza que vai ser um sucesso! Qual o nome?"

F-Fallen Down... - murmurou o rapaz, corando o máximo que sua pele claro lhe permitia. Frisk sorriu, logo insistindo para que ele lhe passasse a música, não apenas porque era boa, mas também por trazer aquela sensação... Aquela nostalgia tão mágica de quando encarou pela primeira vez a abertura do buraco desde abaixo, acomodada na cama de flores douradas que reluziam com a pouca luz que conseguia transpassar a enorme distancia que era desde a superfície até ali. A recordava dos velhos pilares, encobertos por trepadeiras que arrastavam-se ao seu entorno, escondendo o desgaste da rocha pelo tempo. A poeira que magicamente reluziam com os feixes de luz, dando um ar de sobrenatural, quase fazendo-a pensar que estava morta.

Mesmo que estivesse ali, em um universo completamente diferente do que durante toda sua existência havia vivido, ela ainda queria manter suas memórias do Underground. Manter sua aventura tão próxima de seu coração quanto podia, mesmo com as falhas que havia cometido, assim poderia sempre, sempre evitar cometê-las novamente. Sua alma cansada clamava por um descanso e, para isso, precisava evitar erros passados.

O som inquietante de alguém caindo os fizeram desviar a atenção para Tinn, que havia se adiantado animadamente a frente, agora jogado ao chão de forma desajeitada, o rosto plantado no piso do corredor enquanto tentava se levantar apenas usando de seus joelhos. Frisk e Blooky se apressaram para ajudá-lo, não porque ele era incapaz de erguer-se sozinho, mas que deveria ser realmente complicado fazê-lo sem os braços.

Mesmo antes de alcançá-lo, porém, Frisk já conseguia ouvir as risadas baixas que escapavam do grupo que os rodeava. Era sempre o mesmo, quatro ou cinco garotos rodeando-os com sorrisos zombeteiros e olhares maliciosos, deliciando-se com a visão dos três abaixados no chão, um com o rosto completamente vermelho pelo tombo que havia levado.

O que parecia o líder do grupo, o qual sempre existia por algum motivo que Frisk não poderia entender, parecia que os outros membros não tinham cérebro suficiente para agir por sua própria conta, se aproximou mais de onde estavam, adentrando no circulo que havia sido formado. Sua jaqueta preta e calça jeans de igual cor, combinavam com o corte de cabelo rebelde e mal arrumado em sua cabeça, olhos castanhos escuros e pele de um café com leite. Frisk o reconhecia de sua sala, o pequeno grupo não tinha magia e fazia parte dos que opinavam contra os que a possuíam. Eles divertiam-se em atormentar qualquer outra pessoa que podiam, seja ela do ano que for. Seu grupo apenas se mantinha longe do de Chara, por motivos óbvios.

— Olá, nerds. Não precisavam cair ao nossos pés dessa maneira, mas obrigado mesmo assim. - zombou o rapaz, os outros que o acompanhavam rindo em divertimento. Frisk franziu o cenho, os olhos escondidos procurando qualquer rota de fuga que poderia arrumar para seus amigos. Se estivesse sozinha era mais fácil de escapar, mas com Blooky e Tinn para defender, talvez tivesse que abrir mão de alguns pontos em seu HP. - Indo direto ao assunto, nerds: nós não queremos ir nessa palestra chata sobre magia, mas estamos meio enrolados com Biologia, sabe? Então vamos fazer uma proposta para vocês, a qual vai ser muito difícil de recusar.  - Frisk bufou baixinho, sabendo bem qual seria a proposta, e ela não estava disposta a aceitar. - Vocês vão fazer nosso trabalho e nós não vamos tornar a vida de vocês um inferno. Bom acordo, não?

Deixando seus amigos postados atrás de seu corpo, Frisk ergueu-se, determinação escapando por cada canto se corpo, suas mãos apertada em punhos ao mesmo momento que sua cabeça negou fervorosamente a proposta. Ela não se rebaixaria ao ponto de ceder a ameaças, ela não tinha obrigação a aceitar aquele tipo de intimidação e mostraria que não era uma covarde para ceder a isso. O líder do grupo, por sua vez, ergueu uma das sobrancelhas, em completo desgosto, com a atitude da garota que tinha a frente.

 - Não vai aceitar minha proposta? - Frisk negou mais uma vez, determinação ainda enchendo seu corpo e a atmosfera de tal maneira que nem mesmo Blooky ou Tinn puderam interferir. - Eu acho que você não esta entendendo bem sua situação, vadia. - chiou o rapaz, a raiva escapando de sua voz sussurrada e perigosamente perto de Frisk. - Vocês não tem uma escolha, é aceitar ou o HP de cada um vai descer próximo a zero. Você não tem mais sua irmã para escapar dessa.

Frisk não precisava de Chara para isso, ela não tinha medo desses rapazes. Ela tinha enfrentado Undyne! Ela tinha atravessado o Underground tantas vezes que perdera as contas, escapado da morte em mais de diversas situações que eram desfavoráveis a ela. Não seria um mero estudante de segundo grau que a assustaria. E quando o primeiro soco veio ela agilmente esquivou-se para longe, abaixando-se novamente para próximo de Blooky e Tinn.

Percebendo que teria que arrumar uma maneira de fazer os dois escaparem, empurrou um dos rapazes na lateral, aproveitando-se da distração que se encontrava, e prontamente indicou para Blooky e Tinn se afastarem. Ela os seguiria se alguém não tivesse segurado o colarinho de sua blusa e a empurrado de encontro aos armários próximos. Suas costas acertando dolorosamente o metal frio das diversas portas que compunham o móvel, alguns dos cadeados deveriam ter lhe causado alguma lesão, não cabia duvidas.

Chiou um pouco, os olhos abrindo-se com pequenas lágrimas pela dor, todavia ainda capazes de ver o próximo ataque chegando, esquivando-se para o lado e deixando que o punho fechado fosse de encontro direto com o metal do armário, obrigando ao rapaz que a atacou a recuar com um uivo de dor.

Frisk dançava entre os ataques, procurando uma maneira de escapar e correr para o ginásio, o único lugar onde tinha uma quantidade suficiente de pessoas para impedir que todo aquele alvoroço continuasse. Todavia, manter sua atenção nos ataques, mantendo sua alma segura, e ao mesmo tempo procurar uma escapatória não era uma boa ideia em uma luta contra mais de uma pessoa. Em poucos instantes ela se encontrou presa pelos braços de um dos rapazes, o corpo contorcendo-se incansavelmente na tentativa frustrada de escapar, porém, sua força era muito inferior ao dos quatro garotos para conseguir ter algum efeito.

— Parece que não tem mais saída, puta. - resmungou, bufando em cansaço, o líder do grupo. Frisk ainda tinha muito fôlego, ela era preparada para atividades físicas graças as aulas de dança de Mettaton, no entanto, estava com os movimentos imobilizados, indefesa naquele momento.

— Ei! - a voz profunda e madura era conhecida, no entanto, naquele momento, sem poder ver quem era e com os pensamentos nebulosos pelo que havia acontecido, Frisk não conseguia identificar. - O que um bando de arruaceiros como vocês estão fazendo com essa garota? É melhor deixarem ela ir.

— Ou o que? E quem é você, aliás? Namorado dela por acaso? Saia daqui que isso não tem nada haver com você! - inquiriu com aspereza o rapaz, líder do grupo. Seus olhos voltaram-se para trás do rapaz que a segurava, provavelmente o lugar onde o recém chegado estava. Frisk inquietou-se um pouco mais, incomodada com a situação.

— Ou vocês soltam ela nesse exato instante, ou vão ter um mal momento. - os rapazes estremeceram, a voz soou mais ameaçadora, Frisk não saberia como descrever, mas de alguma forma uma nostalgia incomoda tomou conta de seu corpo, como se soubesse o que aquelas palavras significava, o que realmente poderia vir depois delas.

Sem qualquer aviso prévio, o rapaz que a segurava a soltou, deixando que caísse desconfortavelmente no chão enquanto corria para longe junto aos outros do grupo, cada um deles mais intimidado que o outro. Atordoada e dolorida Frisk manteve-se no chão por mais alguns instantes, até que uma mão extremamente pálida ergueu-se a sua frente.

— Tudo bem, Kiddo? - seus olhos então encontraram-se com o dono da voz, reconhecendo-o como nada mais e nada menos do que Sans. E Frisk não poderia ajudar, mas sentiu-se absurdamente feliz por vê-lo novamente. As palavras de Chara voltaram para sua cabeça, todavia, naquele momento, empurrou-as para o mais profundo de sua mente, dedicando um enorme sorriso para o rapaz a sua frente enquanto aceitava sua oferta de ajuda, segurando-lhe a mão para que ele a puxasse para cima. - Você é um imã de problemas ou o que? É a segunda vez que nos encontramos e você novamente precisa de ajuda. Vou começar a achar que está fazendo isso de propósito para chamar minha atenção.

Frisk riu, ligeiramente constrangida pelo comentário, mas pelo sorriso que Sans insistia em manter, ela sabia que ele não estava incomodado com a situação ou se quer angustiado. Seja como for, Frisk estava feliz em vê-lo novamente, dessa vez ele não portava, no entanto, o ar despreocupado e descontraído que tinha na primeira vez que se encontraram. Talvez fosse pelo fato de não estar mais usando sandálias ou calças desportivas, mas sim calças jeans azuis escuras, com tênis em seus pés. Todavia a enorme jaqueta azul, a qual ele parecia ter um enorme carinho, ainda estava recobrindo-lhe a parte superior do corpo.

"Obrigada por me ajudar, de qualquer maneira." assinalou Frisk, para então a confusão tomar seu pensamento. Estavam em uma escola de ensino médio e por mais que Sans ainda aparentasse ser novo, ele ainda era velho de mais para estar aqui. Então por que? "Aliás, o que faz aqui? Sem querer ser rude, mas não acho que você seja um novo estudante."

— Sou um pouco velho de mais para estudar no ensino médio, Kid. - respondeu divertido o mais velho, seus olhos voltando-se para os dois que se aproximavam apressados de Frisk. Blooky ainda tremia pelo ocorrido de há pouco enquanto Tinn tinha um olho roxo como sequela de tentar interferir no assunto, apesar de Frisk não ter visto.

— Você está bem Frisk? - perguntou apressadamente Tinn, recebendo um consentimento apressado da garota e um olhar preocupado em seu olho roxo, já começando a inchar. - Não se preocupe! Isso não é nada para alguém que seguirá os passos da incrível policial e defensora do justiça, Undyne!

Frisk sorriu. Tinn ainda tinha sua estranha obseção para com Undyne, que parecia ser, nessa dimensão, uma policial renomada na cidade. Havia subido rapidamente de cargo e não existia homem que a superasse em seu trabalho. Completamente dedicada e esforçada em tudo que fazia, apesar de demasiadamente violenta. Em suma: Undyne continuava sendo Undyne.

— He! É engraçado ver alguém falando tão bem daquele ogro em forma de mulher. - brincou Sans, rindo ligeiramente. Tinn não parecia muito feliz com o insulto ao seu ídolo, mas não disse nada. Seus olhos voltando-se novamente para Frisk.

— Você o conhece, Frisk? - perguntou Tinn, os olhos faiscando para Sans em descontentamento e desconfiança. Quem falava mal de Undyne perto dele seria mortificado em seus pensamentos pelo resto de sua vida! Frisk assentiu, no entanto, o sorriso mais brilhante que ela poderia dar destacando em seu rosto.

"Você ainda não me disse porque está em minha escola. Não me diga que está me seguindo!" assinalou Frisk para Sans novamente, um sorriso divertido em seu rosto. Sans, por sua vez, soltou uma gargalhada, negando com a cabeça de forma calma.

— Tranquila, Kiddo. Apenas estou aqui para dar uma palestra e então vou embora, nada muito extravagante.

"Um minuto! Você vai dar a palestra?! Pensei que trabalhasse com física e não biologia."

— Sou formado em física, realmente, mas onde trabalho tem pesquisadores de todas as áreas, por isso tenho um envolvimento bem grande com o assunto magia. E como a maior parte de meus colegas estava ocupado de mais para vir, acabei sendo o escolhido. - agora Frisk estava ainda mais animada em ver a tal palestra. Como deveria ser Sans tentando ensinar a um bando de adolescentes o que era realmente a magia? Seria uma cena que ela não perderia por nada. - Estão indo para a palestra também? - os três assentiram e Sans sorriu ainda mais. - Então por que não vamos andando? Afinal, estamos indo pelo mesmo caminho.

Frisk animadamente assentiu, Blooky preferiu não reagir e se encolheu atrás de Frisk com os olhos cristalinos em lágrimas enquanto Tinn ainda parecia extremamente desconfiado de Sans. Mesmo assim estavam os quatro de volta por seus caminhos pelos corredores em direção ao ginásio. A principio em completo silêncio, até que, depois de alguns minutos, Sans voltou a falar.

— Então, qualquer um de vocês tem algum tipo de magia? - questionou, seus olhos extremamente azuis voltando-se para os três que o acompanhavam. Frisk negou humildemente, Blooky por sua vez pouco a pouco se tornou transparente, até o momento em que finalmente desapareceu da vista dos que continuavam a caminhar, mesmo que Frisk ainda sentisse o aperto firme em seu braço direito. Tinn, por sua vez, sorriu confiante, os dentes pouco a pouco transformando-se em presas, a boca e o nariz salientando-se ao resto do rosto em um focinho protuberante, pupilas dilatando-se para as de um réptil, escamas pouco a pouco destacando-se em sua pele, para logo em seguida voltar ao normal como se nada tivesse acontecido. Frisk sabia que ele podia ir muito além naquela transformação, mas não queria ter que comprar outros sapatos. - Nice!

— E você tem alguma magia? N-não que tenha que seja um problema não ter... não é como se precisasse ter para apresentar a palestra ou nada disse... - murmurou Blooky assim que seu corpo se tornou visível novamente. Sua insegurança, no entanto, não chegou a incomodar Sans, que apenas sorriu com uma ligeira piscadela de seu olho esquerdo.

— Isso talvez vocês descubram lá. - e dito isso chegaram ao ginásio. Sans separou-se deles logo na entrada, nenhum dos três sabendo exatamente como ele havia desaparecido sem realmente terem percebido.

Dando de ombros, os três amigos acomodaram-se em algumas cadeiras postas pelo lugar. Alguns estudantes já se encontravam a esperar o começo da palestra. Frisk encarou ao seu redor, percebendo que um palco improvisado havia sido colocado na frente de todas as cadeiras, provavelmente onde Sans deveria se apresentar.

Ela estava tão ansiosa para ver.

Quando o ginásio se encontrava quase abarrotado de pessoas Frisk viu Sans postar-se no centro do palco, um microfone em suas mãos enquanto seu costumeiro sorriso mantinha-se em seu rosto.

— Olá a todos! - ele cumprimentou em primeiro lugar, chamando a atenção daqueles que não haviam notado sua presença no palco. - Bom vê-los aqui para me ouvir falar por algumas horas. Meu nome é Sans Skelton, e antes e algum engraçadinho comece com a piada antes de mim é S-kel-ton e não Skeleton. Posso ser exageradamente branco, mas vocês ainda não vão conseguir ver através de meus ossos. - alguns riram com a piada, Frisk sendo uma delas. Sans sorriu ainda mais. - Olha, vejo que tenho uma plateia bem humeros hoje.

E Frisk não poderia ajudar, mas precisava tampar sua própria boca para parar de rir. Sans sempre conseguia arrancar-lhe alguma gargalhada com seus tristes trocadilhos. Por piores que eles poderiam ser, eles sempre encontravam seu caminho para fazê-la rir.

— Ok, ok. Mas não foi para ouvir minhas incríveis piadas que vocês vieram até aqui. Vocês estão aqui para saber sobre a magia, mas não, eu não trouxe uma fada com pozinho dourado que te faz voar. - outras risadas, dessa vez até mesmo de Sans. - Piadas a parte. Alguém tem alguma pergunta antes que comecemos o assunto?

Alguns pares de mãos se ergueram, cada um tentando ser mais evidente que o outro, alguns bastante tímidos. Sans escolheu um aleatório e esperou que o garoto fizesse a pergunta.

— Você tem algum tipo de magia? - questionou o escolhido, trazendo um sorriso maroto de Sans antes que, em um simples piscar de toda multidão, ele já não estava mais onde ele deveria estar.

— Acho que isso responderia a pergunta. - muitos saltaram quando ouviram sua voz vindo de detrás de toda multidão, perto de onde os professores estavam. Foi inevitável dizer que boa parte deles levaram uma mão ao coração, o rosto pálido, como se tivesse a ter um ataque cardíaco. Sans caminhou calmamente de volta para o palco. - Desculpe se fiz vocês saltarem para fora de sua pele. Vamos voltar ao que interessa. Mais alguma pergunta?

Apenas uma pessoa levantou a mão dessa vez.

— Por que não podemos aprender a usar magia? Aprendemos na aula de biologia que era algo vindo da alma, se todos nós temos almas, o que torna alguns diferentes de outros?

— Essa é uma ótima pergunta e vamos começar nosso assunto daí. - Sans levou uma mão ao peito, emitindo um brilho azulado antes que um pequeno coração azul flutuou sobre sua mão, tão resplandecente quanto seus olhos. - Começamos com isso. Como todos já sabem, isso é uma alma, a minha para ser mais exato. Nossas almas são frágeis, para curá-las, precisamos de comida com magia, ou descansar por um tempo indeterminado. Todos nós aprendemos quando pequenos que ela aparece quando pedimos ou quando estamos em uma luta com alguma outra pessoa. Passamos então a medir alguns determinados pontos que a alma pode apresentar: A força de vida ou HP; a capacidade de ataque ou ATK; a capacidade de defesa ou DEF; e, por fim, o nível de violência, LOVE ou LV. Cada um desses pontos pode variar de acordo com sua idade ou suas experiências

O ginásio estava em silêncio enquanto o ouvia falar. Suas palavras ecoavam pelo lugar, amplificadas pelo microfone. Frisk nunca imaginou que Sans tinha tal capacidade de ensinar, mas ela deveria ter imaginado, só o tempo que haviam conversado sobre física e outras dimensões já deveria ser o suficiente para saber que ele era um bom professor.

— Determinados equipamentos conseguem aumentar seu ATK ou sua DEF, mas não seu LV ou seu HP. Esses dois últimos só podem subir se você envelhecer, no caso apenas do seu HP, ou se você cometer algum homicídio, o que aumentaria seu LV e obrigatoriamente todos os outros pontos. Mas por que isso acontece? O que sua violência, suas roupas ou a comida que você come podem influenciar em sua alma? Isso é o que chamamos de magia. - Sans voltou sua alma para seu peito, pondo-se a caminhar pelo palco. - Isso significa que todos nós temos um pouco dessa magia. A física da alma a descreve como uma forma de energia, uma energia diferente da que costumamos estudar. Mais biológica, poderia se dizer. O problema é que algumas almas não simplesmente acumulam essa energia em seus pontos, como também são capazes de liberá-las, assim como a energia convencional. O que faz uma forma mais visível de magia.

Era impossível para qualquer um não prestar atenção. Frisk sentia pena daquele que não estivesse ali, ela tinha quase certeza que Sans seria capaz de mudar a mentalidade de todo o mundo com aquele conhecimento.

— Mas por que, vocês vão pergunta, algumas almas liberam energia e outras não? Qual a diferença entre essas almas? Bem, todos nós sabemos que Ebott, acredita-se, foi o começo de todo o surto de magia pelo mundo. Acreditam que os primeiros usuários e conhecedores de almas nasceram e cresceram aqui. Por tal, nosso centro de pesquisa com relação a magia e a almas. - Sans voltou a colocar  a mão em seu bolso. - Descobrimos recentemente que algumas almas respondem a determinados tipos de emoções, emoções que se destacam na característica da pessoa. Coragem, esperança, determinação... Todos eles fazem com que a alma tenha impulsos diferentes, o que as fazem terem cores diferentes. Mas o que isso tem haver com a magia? Simples, estimulando da maneira certa essas emoções, acreditamos que sejamos capazes de fazer pessoas sem magia aprenderem a usá-la. Muitas vezes, falo isso por experiência, nossa centelha mágica reage diferente com determinados pensamentos ou momentos, tanto que quando a descobrimos é em um momento que desencadeia determinado estresse de determinada emoção. Se pudermos passar isso de forma sucinta para outras pessoas, talvez, e prestem atenção nesse talvez, conseguiremos fazer com que todos usem magia.

A palestra continuou em seu rumo, até mesmo professores tomaram partido nas perguntas que iam surgindo cada vez que outra era respondida. Frisk estava animada, saber que talvez o problema com a magia seria resolvido a enchia com determinação! Ela queria tanto saber mais, quem sabe ela poderia tentar aprender alguma vez.

Isso a fez pensar em todas as vezes em que viu os monstros usarem magia, todas as vezes que eles facilmente resolviam seus problemas com eles. Recordou-se também desse mundo, de seus pais e seu irmão a usarem da magia para determinadas situações. E parecia tão divertido que ela sempre tinha vontade de experimentar. O que se sentira como ser capaz de fazer fogo a base do nada? De curar alguém? De desaparecer? De se transformar? Ela queria tanto saber!

Quando a palestra terminou, Frisk aproximou-se de Sans, um enorme sorriso desenhado em seu rosto.

— E o que achou, Kiddo? - perguntou o rapaz, assim que reparou em sua aproximação.

"Você tem um incrível talento para explicar, Sans! Vou uma perfeita apresentação!" elogiou Frisk, um enorme sorriso em seu rosto. "Você é tão inteligente, como consegue saber de todas essas coisas?"

— Não sou tão inteligente, Kid. Tem que ver meus companheiros de trabalho, aqueles sim são especiais. - Sans bagunçou o cabelo de Frisk, tentando distraí-la de seu constrangimento. Mas ela conseguiu notar, bem de relance, o ligeiro vermelho que destacavam-se em suas maçãs do rosto pálidas. Ele não deveria receber elogios constantemente, ou simplesmente era como Blooky, e se sentia encabulado de recebê-los. - Mas é bom que tenha gostado. Saiu melhor do que eu esperava para ser sincero.

— Sans! - a voz gritou desde o final da multidão e Sans tornou-se mais pálido do que ele normalmente já era. Frisk espiou, vendo um tufo de cabelos vermelhos saltando por entre a multidão. Olhos faiscavam de um amarelo intenso, pele rosada, braços fortes a mostra pela camiseta branca que usava. Frisk conhecia bem aquela pessoa, mesmo que não fosse a mesma a qual se lembrava. - Sans! Seu maldito preguiçoso, por quanto tempo pensa em ignorar minhas chamadas?!

— Chegou minha hora, Kid. Até. - e sem esperar mais, com um sorriso nervoso, Sans desapareceu de sua vista, um pouco antes de Undyne finalmente chegar onde estava.

— Aquele desgraçado, sem vergonha! Ele vai ver só quando eu o pegar! Vou fazê-lo lembrar-se do nosso acordo de uma forma que ele nunca mais vai esquecer! - Frisk apenas observou a enorme mulher amaldiçoar o rapaz que havia acabado de desaparecer sem parar. Continuava sendo a mesma Undyne de sempre, com seu corpo musculoso, cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo alto, olhos amarelados reluzentes sendo um coberto por um tapa olho negro, trajando uma camiseta branca, calças largas e botas de combate de aspecto pesado. Quando os olhos de Undyne caíram em sua pessoa, Frisk pensou ver um leve brilho de reconhecimento. - Oh! Você me parece uma das filhas do prefeito Dreemur!

Frisk assentiu, ligeiramente hesitante, vendo o enorme sorriso que se desenhava no rosto da mulher a sua frente. Ela era bem maior do que Sans, deveria ser do tamanho de Papyrus, se não mais alta. Apenas sua presença era intimidante, por mais acostumada que você esteja a ela.

— É um prazer! Eu sou Undyne Fisher, chefe de polícia. - apresentou-se animada, a mão estendida em sua direção. E, deveria se dizer que, depois de tantas introduções violentas de Undyne, uma amigável lhe era bem estranha. Todavia, Frisk sorriu, apertando-lhe a mão o melhor que podia, procurando não reclamar da força exagerada que a maior havia usada. - Eu admiro muito seu pai, então, sempre que precisar de mim, é só chamar! - ela lhe entrou um pequeno papel, nele anotado o que deveria ser o seu numero de telefone. Frisk sorriu em agradecimento. - Agora se me dá licença, Punk, eu tenho que ir buscar um fugitivo.

E assim como ela havia aparecido ela havia desaparecido, correndo para onde ela pensava ter ido quem ela perseguia. Frisk ficou ali encarando, sem perceber que Blooky e Tinn haviam se aproximado de onde estavam.

— Cara, Undyne falou com você! A chefe da guarda falou com você, que inveja! - exclamou Tinn, e Frisk não pôde fazer mais do que rir fraco.

Realmente foi interessante, esses encontros tão casuais que essa vida lhe estava reservando.

Ela estava animada para o que viria no próximo.


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Notas finais do capítulo

Eu pensei que ele ficaria menor... Oh bem, não vamos reclamar. Espero que tenham gostado. Sei que deve estar massante e vocês estão se perguntando: ei, cadê a emoção da história? Mas calmem leitores, logo vou parar de enrolar (por favor, não me matem quando eu acabar).
Aliás, para aqueles que gostariam um uma ajudinha para imaginar o Pap ou o Sans em forma humana, eu estou colocando aqui o link da imagem de onde me inspirei:

https://www.google.com.br/search?q=Lazuen&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwj0pquijNDMAhUFHJAKHaCFBcoQsAQIJg&biw=1517&bih=692&dpr=0.9

(alerta de algumas imagens insinuativas. Avisando pq nem todo mundo gosta de ver esse tipo de coisa, mas não culpem a mim, culpem a autora das imagem bando de pervertidos xD).
Aliás, ainda tem a bela Fanart que uma de minhas leitoras, OtomGi, fez do encontro do Sans e da frisk na biblioteca. E como eu fiquei muito feliz com essa imagem eu vou compartilhar com vocês, agradecendo novamente por esse incrível desenho, eu realmente adorei:

http://imgur.com/6bwBIpG

Ainda tem a fanart da Lady Fus, mas como ele parece não estar concluido deixarei para mostrá-lo quando o trabalho estiver pronto. Também tem o link da musica que o Blooky fez (ou no qual eu baseei xD):

https://www.youtube.com/watch?v=q2zEcSLEsd4&nohtml5=False

Espero que tenham gostado, semana que vem tem mais! Muito obrigada a todos que estão comentando constantemente aliás, isso enche a autora de determinação!