FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 4
Encontro casual I - 385 dias para Reset


Notas iniciais do capítulo

Gente, são quatro capítulos em apenas uma semana (vocês não percebem essa agilidade porque estou programando eles para serem postados toda quinta feira), estou batendo recordes pessoais.
Alias, agradeço a todos que estão comentando na fanfic, isso me deixa determinada a continuar, por favor, nunca deixem de comentar em uma história que leem, não sabem como isso anime o autor.
Espero que curtam esse cap, provavelmente bem pequeno.



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FusionTale - Encontro casual I - 385 dias para Reset

 Um detalhe que nunca escapava das características de Mettaton, com toda certeza, era sua excentricidade e seu amor por moda.

Frisk já havia perdido a conta de quantas vezes ele a havia arrastado para o shopping em compras que apenas serviriam para o seu prazer. Se ele era um consumidor compulsivo? Com toda certeza! E não existia uma pessoa na terra, ou em qualquer outra dimensão, que poderia negar tal fato.

Aquele final de semana não seria diferente. Estava em seu quinto dia naquele mundo e mesmo que muita coisa não tivesse mudado, além de seu encontro casual na biblioteca com os irmãos esqueleto, que já não era mais esqueletos, Frisk estava feliz com cada dia de sua nova vida. Depois de se passar quase uma vida inteira em reiniciações cansativas e desgastantes no subterrâneo, morrendo uma e outra vez nas mãos de monstros diferentes, lutando constantemente com um fantasma vingativo que queria tomar posse de seu corpo, você passava a apreciar dias de paz, de tranquilidade em uma rotina constante.

Apreciava a luz do sol durante as manhãs em que despertava para ir a escola. Apreciava a brisa fresca que adentrava pelas janelas abertas do carro. Apreciava o reencontro com seus amigos a cada chegada na sala de aula, cada conversa aleatória e ocasional durante os momentos de intervalo, cada caminhada que faziam para casa, cada jantar em família durante as noites dos dias de semana. Em suma, apreciava as pequenas coisas da vida que anteriormente passavam desapercebidas de seu cotidiano por serem costumeiras, constantes e imutáveis. Não importava que fosse banal, pelo contrário, quanto mais banal fosse mais apreciado era o momento.

Era ser feliz sem precisar de uma aventura, por mais que elas fizessem falta às vezes, em um momento de monotonia no meio das aulas de história, em que encarava a janela que dava vista ao pátio de entrada, e divagava no universo que viveu antes de sua consciência cair nesse. Sentia fala da adrenalina, da emoção de cada caminhar para mais distante no Underground, nas batalhas árduas que lhe forçavam além de seus limites, exigindo flexibilidade e agilidades inimagináveis! Mesmo que sua vida corresse riscos ainda era uma droga viciante que se espalhava por seu sangue, fazendo seu coração bater mais e mais rápido.

Todavia, Frisk nunca trocaria o que tinha agora pelo que tinha antes. Chara estava feliz, sua família estava unida, poderia conhecer os amigos que conhecia em sua outra dimensão, todavia não nessa. Poderia ver um mundo completamente diferente e aprender coisas totalmente novas.

Frisk passou a ser uma amante do conhecimento.

Talvez por tal motivo não foi muito difícil decifrar o que seus sonhos queriam dizer. Mesmo que o ultimo que teve foi na noite de quarta para quinta, ainda foi informativo o suficiente para lhe dar uma ideia geral do que poderia ter acontecido, mesmo que fosse apenas uma pequena teoria bastante louca no momento.

A questão em si era, depois do sonho, Frisk havia tido um vislumbre de conhecimento, um que se derivava da "Frisk" de seu sonho e do mundo onde ela se encontrava. Por tal, ela havia, propositalmente, puxado sua alma para fora, em um vislumbre mais detalhado do que seria toda sua essência. Sua teoria era de que, o tremor que havia acontecido quando havia apertado o botão de redefinição do menu em seu universo, pouco antes de aparecer nesse, era o desencadear de uma fusão entre todos os outros universos, um colapso de proporções espaço temporal que levaram ao que tinha agora.

Por isso tinha sonhos com outros universos. Não eram sonhos, eram memórias, memórias remanescentes na alma de cada Frisk que existiu em outro espaço tempo. Fato comprovado nos leves detalhes de "remendo" pouco aparentes em sua alma. Era como se, em primeiro lugar, sua alma fosse separada em vários pedaços distribuídos para diferentes universos e, por culpa de um evento que ainda não poderia explicar, haviam voltado a ser um só.

Talvez isso tivesse acontecido com todos os outros, mas ela nunca teria certeza se não analisasse cada alma e não acreditava ser muito educado pedir para ver a essência de uma pessoa.

Mas naquele dia, naquele começo de tarde de sábado, aquilo não chegava a importar. Mettaton simplesmente havia "sequestrado-a" de sua casa para jogá-la em um shopping mais uma vez. Sua mãe tentou pedir para que ela detivesse um pouco as compras compulsivas de Mettaton, mas ela mesmo sabia que Frisk não teria muito esse poder. Seu amigo poderia ser bem teimoso quando queria e se ele achasse que Frisk ficava bem em uma roupa, ele com toda certeza a iria comprar para que ele exigisse o uso em alguma ocasião, seja ela qual for.

O espaço no guarda-roupa de Frisk já estava faltando e ela não sabia como dizer isso a Mettaton. Não era como se ela precisasse de muita roupa, mas obviamente seu amigo não queria saber disso.

Outro detalhe importante em ser destacado era que Mettaton era uma pessoa famosa, não apenas na cidade, como também no país. Seu show de televisão era um dos mais populares e mais conhecidos, então, obviamente, ele não poderia simplesmente sair passeando por aí sem querer chamar nenhuma atenção. Seu próprio jeito de ser já chamavam muito atenção! Por isso era necessário um disfarce e como já foi mencionando, extravagância parecia ser seu sobrenome do meio.

Então ele se vestia de mulher.

Não muito impressionante para falar a verdade. Mettaton era um homem bonito com características andrógenas, era complicado dizer o que ele era dependendo do que usava. Não muito diferente de Frisk, que por vezes era facilmente confundida com um garoto, talvez por seus cabelos curtos, seios pouco desenvolvidos e estilo duvidoso de roupas, somado a sua falta de fala, era fácil para ela se passar por um menino, por mais que não fosse exatamente sua intenção.

Seja como for, o fato era que agora se encontrava no meio de um shopping, pulando de loja em loja, de vestuário em vestuário provando todas as roupas que Mettaton acreditava que ficariam boas nela. Não que estivesse muito errado, seu senso de moda era impecável, daria inveja a qualquer estilista e ele gostava bastante de usar Frisk como seu manequim, dizendo que ela tinha talento para modelagem, mesmo que ela não acreditasse.

Frisk era uma garota relativamente gordinha. Ou pelo menos com um copo mais avantajada e agraciado com curvas mais marcantes. Era uma das poucas diferenças que tinha com Chara, que facilmente poderia se passar como sua irmã gêmea se não fosse pela tonalidade de sua pele e a cor de seus olhos, os quais Frisk muito poucas vezes dava as graças de mostrar. Chara era uma garota magra, com cintura fina, quadril fino, pernas esguias e rosto alongado. Frisk no entanto possuía mais fartura de carne, com o rosto arredondado, bochechas bem rechonchudas, pernas relativamente grossas e quadril um pouco mais arredondado. Chara também parecia ter deixado seu cabelo crescer, enquanto Frisk preferiu deixar o seu curto, repicado em suas pontas com a franja cobrindo-lhe a testa.

— Oh yeah! Esse é perfeito! Você tem que ficar com ele, Darling! - exclamou Mettaton depois de seu vigésimo sétimo vestido, ele já deveria ter-lhe comprado uns cinco a mais.

Mettaton era muito parecido com sua forma robô, retirando o simples detalhe que não mais possuía partes mecânicas por óbvios motivos. Pele clara, os cabelos de um profundo negro, olhos arroxeados, de rosto fino, corpo esguio, quase tão delicado quanto o de uma mulher, mas tão bem preparado quanto o de um homem no auge da forma. Cada dia ele fazia questão de se arrumar de uma forma diferente, mas naquele em especifico ele tinha uma justa calça jeans negra, com belas botas de couro que chegavam-lhe aos joelhos com saltos altos, sua blusa, por sua vez, era uma bela blusa negra de mangas caídas em seus braços, deixando os ombros descobertos de um jeito sensual. Seus pulsos estavam recheados de braceletes ou pulseiras, uma gargantilha no pescoço, enquanto seu rosto era maquiado com um batom negro, um leve pó sobre as maçãs do rosto, deixando-as coradas em sua pele branca, lápis de olho destacando seus olhos de cores peculiares e uma leve sombra sobre eles. Os cabelos soltos, caindo-lhe sobre o rosto e a nuca com leveza, tão naturalmente lisos que chegaria a invejar qualquer mulher. Óculos escuros e um chapéu de longas abas negro escondiam seu rosto conhecido.

Frisk lhe sorriu sem graça, um pouco cansada de todo aquele troca, troca de roupas.

— Hum ~. Você tem certeza que não quer vir trabalhar comigo, darling ~? - cantarolou Mettaton enquanto ia até o caixa pagar as roupas que havia selecionado, juntando a sacola as outras as quais havia arrastado de outras lojas que já haviam passado. Frisk apenas o acompanhou, de volta a suas roupas anteriores. - Tenho certeza que colocaria todas as magricelas desleixadas se mordendo de inveja!

Frisk negou rapidamente com a cabeça, rindo baixinho. Não era novidade que Mettaton tentasse convencê-la a ir para o estrelato, por seu corpo esguio e boa coordenação motora, Frisk podia trabalhar com qualquer meio que exigisse trabalho físico. O próprio Mettaton já a tinha ensinado a dançar e com toda a humildade que lhe cabia ela levava jeito, tanto que foi a partir desse momento que Mettaton começou a tentar convencê-la a entrar para o estrelato, junto com seu talento para o violino, fato que levou anos para chegar ao estado em que estava e mesmo assim não poderia ser dito como um profissional ou perto disso.

Frisk nunca aceitou, porém. Sua ideia estava em uma faculdade, indo para direito ou relações sociais, pretendendo ajudar seu pai a melhorar a condição de vida daqueles que possuíam magia.

Com as compras feitas, Mettaton finalmente aceitou pararem para comer, todavia, antes de qualquer coisa, tiveram que dar uma parada a uma livraria, aparentemente tinha uma lista de novos livros e mangás que a irmão de Mettaton precisava que fosse comprar, aproveitando que ele já estava a caminho do shopping de qualquer maneira.

— Pode me esperar aqui com as compras, darling. Não vou demorar muito. - haviam parado em um pequeno banco colocado de frente para a livraria a qual Mettaton iria procurar os livros de sua irmã, as sacolas depositadas em um canto do lugar, dando descanso aos braços cansados dos dois. - Logo depois iremos comer o que você quiser!

Frisk assentiu, logo depois de ter suas bochechas atacadas por fortes beliscões que o moreno fez questão de dar, disparando em seguida para dentro da loja em um rebolado que não deixou de chamar a atenção. Frisk por sua vez acomodou-se no banco, as pernas puxadas para o peito enquanto puxava o celular do bolso, logo de cara deparando-se com a foto de toda sua família como papel de parede.

Dias de bobeira como esse sempre eram divertidos, Frisk não sabia exatamente como eles eram de sua existência no Underground, mas a Frisk desse mundo parecia tê-los um bocado. Era uma pena que Blooky não tinha vindo para participar também. De acordo com Mettaton ele havia se recusado veementemente a sair de seu quarto, alegando que multidões o deixavam nervoso e que realmente ninguém apreciaria sua companhia. Sem falar de estar trabalhando em um novo projeto de remix para o show de Mettaton. Blooky era muito talentoso em remixar musicas ou até mesmo compô-las, muitas vezes tendo seus projetos apresentados nos shows de seu primo.

Mettaton amava muito seu pequeno e tímido primo, Nasptablook. Por isso fazia questão de tirar o rapaz de dentro de sua "toca", seja arrastando-o para o shopping, ou um grupo de karaokê ou uma simples saída com amigos. Mas era complicado para o tão deprimido e introspectivo Blooky acompanhar os passos de seu extrovertido primo Mettaton, por mais que o quisesse. Os dois tinham uma linda amizade, mesmo que não aparentasse e Blooky nunca diria, mas ele admirava e amava Mettaton, tanto quanto qualquer outro fã que o moreno pudesse ter. Ele via todos os shows que seu primo apresentava, não importava qual e se caísse em um horário em que não podia ele pedia Alphys para gravar. O único problema era que Blooky nunca sabia como demonstrar isso.

Frisk os achava tão meigos! Era complicado para ela estar ao lado dos dois sem sorrir ternamente o tempo inteiro. Blooky até mesmo imitava o corte de cabelo de Mettaton!

Remexendo aqui e ali em suas mensagens, conferindo se havia algum novo recado no meio tempo em que tinha mantido-se a comprar com Mettaton e ao mesmo tempo escutando algumas musicas que tinha gravadas na memória de seu celular, deixou que o tempo passasse sem se preocupar com o mundo a sua volta. Não era como se estivesse com pressa, aquele era um dia que deveria apreciar com calma. 

— FRISK? - ergueu a cabeça assim que escutou seu nome ser pronunciado, pela primeira vez divergindo sua atenção para além do celular. A voz tão conhecida, a visão apenas serviu para comprovar seus pensamentos de quem estava a lhe chamar, não surpreendendo-se nem um pouco ao deparar-se com Papyrus, bem a sua frente, com seu enorme costumeiro sorriso em seu rosto, uma sacola de compras em um de seus braços trajando a mesma roupa que o viu usar da primeira vez que o conheceu nesse universo. - WOWIE! QUE BOM ENCONTRÁ-LA AQUI!

"É bom vê-lo de novo também, Papyrus" respondeu com um sorriso, deixando seu celular de lado para poder fazer corretamente os gestos com suas mãos. Ele pareceu bastante feliz que Frisk se lembrava de seu nome, os olhos brilhando em uma alegria sem precedentes e totalmente inocentes. "A que dou a honra de ter a presença do grande Papyrus junto a mim?"

— NYEHE, OBVIAMENTE UM MERO MORTAL ESTARIA LISONGEADO COM MINHA PRESENÇA! EU, O GRANDE PAPYRUS! - vangloriou-se, postando-se em uma pose que com toda certeza atraiu a atenção de todos aqueles que passavam pelo lugar e um pouco mais. Alguns a fazer careta pelo egocentrismo do rapaz albino, outros simplesmente deveriam questionar-se porque ele estava gritando tão alto. Todavia, Frisk apenas colocava-se a rir baixinho, divertindo-se com esse jeito tão Papyrus de ser. - EU ESTAVA FAZENDO ALGUMAS COMPRAS PARA MEU IRMÃO. ELE TEM UM PEQUENO... HE... PROBLEMA QUE PRECISA DE CONSTANTE ATENÇÃO. POR ISSO, EU, O GRANDE PAPYRUS, COMO O GRANDE IRMÃO QUE SOU, VIM COMPRAR ENQUANTO ELE AINDA NÃO ESTÁ BEM.

Frisk por alguns instantes preocupou-se com o que Sans poderia ter. Um problema? Ela não se lembrava de nenhum outro problema que Sans poderia ter que não fosse relacionado as redefinições, mesmo assim não era nada que envolvesse constante atenção. Ele nem ao menos parecia ter conhecimento sobre reposições ou nada do tipo, tanto que nem ao menos pareceu reconhecer Frisk na primeira vez que se encontraram. O que ele poderia ter?

"Problema? Ele está bem?" questionou preocupada, os olhos a encarar Papyrus com atenção. Se Sans realmente estivesse mal Papyrus não estaria tão tranquilo, estaria?

— OH, NADA COM O QUE SE PREOCUPAR, PEQUENA! JÁ ESTAMOS ACOSTUMADOS COM ISSO E SABEMOS COMO LIDAR. - Frisk deixou cair o assunto por ali, mas não significava que a questão deixaria sua mente tão cedo. - E VEJO QUE TAMBÉM ESTÁ DE COMPRAS. WOWIE! QUANTA COISA!

Frisk riu sem graça, os dedos coçando sem jeito a nuca enquanto seu rosto tornava-se um pouco rubro. A quantidade de sacolas que tinha a seu lado realmente era um exagero, mas Papyrus não parecia exatamente incomodado com isso, apenas impressionado.

"Estou de passeio com um amigo meu. Ele tem um pequeno problema em exagerar na quantidade de coisas a comprar" explicou, recebendo em troca o enorme sorriso de Papyrus. Foi então que a ideia lhe surgiu. Em seguida ela iria almoçar com Mettaton, e Papyrus era muito fácil de retomar a amizade, Sans poderia ser mais desconfiado, mas Pap era tão necessitado de amizade com aceitaria com toda certeza. "Vamos comer alguma coisa daqui a pouco. Quer vir junto?"

Os olhos de Papyrus brilharam de tal maneira que Frisk se perguntou se sua situação nesse universo não fosse um pouco pior do que no Underground. Papyrus não implorava companhia, ele tinha um jeitinho que às vezes afastava, simplesmente pelas primeiras impressões, mas era um rapaz que tinha um coração de criança. Frisk às vezes não conseguia compreender como ele poderia ser carente de amigos.

— MAS É CLARO QUE EU, O GRANDE PAPYRUS, VOU AGRACIAR VOCÊ E SEU AMIGO COM MINHA MAGNIFICA PRESENÇA! NYEHEHEHE!

Fris sorriu alegre, seria ótimo ter Pap como companhia. Talvez pudesse conseguir o contato que na primeira vez que se encontraram não havia se lembrado de pedir.

— Darling, com quem está conversando? - ambos voltaram sua atenção para Mettaton, aproximando-se com um olhar desconfiado em seu rosto, duas pequenas sacolas em seu braço esquerdo enquanto o direito apoiava-se em seus quadris, ligeiramente inclinados para o lado.

"Esse é Papyrus. O conheci dois dias atrás com seu irmão mais velho, Sans. Eles me ajudaram a chegar em casa sem ter problemas com valentões"

—  Oh! Muito obrigado por cuidar da minha pequena, querido ~! - Mettaton deu um de seus encantadores sorrisos para Papyrus, empurrando uma mexa de seu perfeito cabelo para trás. Dizer que o pobre rapaz ficou completamente encabulado era pouco. O pobre albino engasgou-se com as palavras, tão vermelho quanto sua pele clara poderia permiti-lo ficar. Frisk teve que segurar os risos que insistiam em tentar escapar de sua boca.

"Eu o convidei para comer conosco, espero que não tenha problema, Ton-ton"

Ton-ton foi o apelido que Frisk o havia dado quando muito jovem, na primeira vez que o conheceu. Sem conseguir compreender completamente seu nome, pela estranha pronuncia, Frisk procurou abreviá-lo em um apelido carinhoso que prontamente foi aceito pelo homem. Agora, ele não aceitava que ela o chamasse de qualquer outra maneira esperando ansiosamente que um dia ela pudesse pronunciá-lo com sua própria voz, sem o uso de suas mãos.

Pois sim, Frisk poderia falar, ela apenas preferia evitar. O motivo estava enterrado em seu passado, mas não esquecido por seu corpo e depois de tantos anos acostumada a linguagem gestual era complicado simplesmente colocar-se a usar sua voz. Antes mesmo de ser adotada pela família Dreemur, Frisk já havia deixado de pronunciar sons além de leves risadas.

— Mas é claro que ele pode comer conosco, Darling ~! - cantarolou animado Mettaton, prontamente puxando Papyrus pelo pulso, enquanto Frisk apressava-se atrás com as outras sacolas, rindo baixinho com a expressão vermelha e encabulada que o pobre albino não conseguia tirar de sua face.

O resto do dia passou em companhia de Papyrus, que logo após o lanche ofereceu-se para levá-los para casa em seu carro, já que não foi capaz de pagar sua parte do lanche por insistência de Mettaton, que teimosamente insistiu ser o único a pagar a conta. Frisk conseguiu aproximar-se mais do enorme albino, divertindo-se com suas mais variadas facetas cada vez que Mettaton cismava em usar de seu charme contra ela.

Ela descobriu que Papyrus vivia junto com Sans e seu pai em um bairro nos subúrbios da cidade. Apesar de Frisk não conhecer o pai de Papyrus e de Sans, pois ele não existia em qualquer outra dimensão que pudesse chegar a pensar, ainda era uma informação interessante. Papyrus também contou que estava na faculdade de culinária, com seus vinte e dois anos e se especializava na comida Italiana, a qual para Frisk não era nenhuma surpresa. Afinal, seu amor por espaguete nunca poderia ser deixado de lado independente do mundo ou linha do tempo. Ele inicialmente tinha a pretensão de ser parte do corpo policial da cidade, mas foi convencido por uma amiga a começar a faculdade de culinária.

O dia passou entre conversas casuais e conversas pessoais, mesmo que Frisk não chegasse a falar muito, usufruindo apenas das informações que conseguia de seus amigos, ela ainda estava feliz com aquele singelo encontro casual. E no final ela havia conseguido o que queria, trocando seu numero de telefone com Papyrus prometendo marcar qualquer outro encontro em algum dia qualquer.

O que realmente a preocupou foi o final do dia, enquanto sentava-se comodamente no sofá da sala para ver televisão. Asriel conversava com Torial e Asgore na cozinha, enquanto Chara... Bom ela não sabia exatamente onde Chara estava antes de jogar-se no sofá a seu lado. Por suas roupas supôs que ela tinha acabado de chegar.

— Então... Fiquei sabendo que chegou a encontrar-se com os irmãos esqueleto. - comentou, da forma mais casual que conseguia. Todavia Frisk já conseguia supor que o que se seguiria daquele assunto não seria nada agradável. Mesmo assim assentiu, um pequeno sorriso ainda desenhado em seu rosto. Chara, por sua vez, suspirou, os olhos vermelhos tornando-se frios e afiados. - Não se aproxime de Sans, Frisk.

Frisk voltou seu olhar para a garota a seu lado, por um momento perguntando-se se aquilo era realmente sério. Todavia Chara não estava com cara de quem estaria brincando e mesmo assim Frisk não conseguia entender a que vinha aquela ordem tão estranha. Sans foi seu amigo em seu outro universo, mesmo que tivesse estragado tudo com as redefinições, ainda o considerava como um amigo muito querido e queria voltar a ser.

— Eu conheço esse olhar, mas eu estou falando sério, Frisk. - advertiu Chara novamente, sua expressão ficando mais dura do que anteriormente, se é que era possível. - Ele não é o mesmo Sans que você conheceu, esse universo não é o mesmo. Então fique o mais longe possível dele.

"Mas por que, Chara? Eu não entendo."

— Eu estou avisando, Frisk. Asriel se preocupa com você, e eu não gostaria de vê-lo triste porque você se envolveu com alguém que definitivamente pode te machucar. Da pior maneira.

E assim ela deixou, sem mais explicações ou semelhantes. E mesmo com o aviso, mesmo percebendo a seriedade, Frisk não poderia exatamente prometer isso a Chara.

E ainda assim, era mais uma coisa a se pensar naquela noite.


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Notas finais do capítulo

Gente, não me levem a mal, eu gosto do Sans e tudo, mas estou dando feliz dele não ter dado as caras no cap. Fazer seus trocadilhos é complicado, vocês não tem ideia (apesar que hoje, quarta feira, 06/05) eu soltei um terrível (não acredito que disse aDOORable, sério, matem-me).
Bem, espero que tenham gostando, que tenha enchido vocês de determinação para comentar lindamente!
De qualquer forma, adorei a presença e, aliás, antes que esqueça, o outro universo com o qual Frisk sonhou é Echotale (não foi detalhado nem mencionado, mas foi o que pensei pra fazer), deem uma procurada depois (é onde tem o Sans que mais gosto xD).
Até mais!