FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 39
Constância de acontecimentos


Notas iniciais do capítulo

Consegui! Milagre eu realmente consegui! Eu pensei que não ia dar.
Eu fiquei enrolando com esse capitulo pensando que ia ser pequeno e acabou que ficou muito maior do que eu imaginava e me embolei por completo na postagem, desculpa! Provavelmente vai ficar com alguns errinhos de português por enquanto, depois eu dou uma corrigida com calma e volto a postar ele por aqui.
Espero que gostem~!



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FusionTale - Constância de acontecimentos

Cem... Ela poderia contar um pouco mais de cem redefinições desde que tudo tinha começado.

Era um cenário caotico, ela pensava, suas esperanças para que um dia a situação mudança começava a se tornar tão pequena que mal era visível. Sua determinação ardia como fogo, queimando-a no processo.

Antigas novidades tornaram-se velhas e as que chegavam não eram mais tão emocionantes como deveriam. A ansiedade via-se arrastando-se novamente por debaixo de sua pele, arrepiando cada pelo de seu corpo, tornando-a irrequieta cada vez mais, esperando o inevitável. Não existia mais nada para distrair sua mente, caindo novamente na autoconciência do estado constante de redefinições. Claro, em algum ponto, mais recente, elas pareciam estar se prolongando, mas ainda aconteciam. Por que? Ela não poderia dizer e cada vez que tentava pensar mais ansiosa se tornaria.

O que estava fazendo de errado? O que queria que fizesse? Por que simplesmente não dizia a ela? Por que continuar a fazer isso? Torturando-a dessa maneira? Ela estava tão cansada...

Encontrava-se próximos a junho, primavera ainda iluminando cada recanto ao redor da cidade, enchendo-a de cores. Era o dia em que, logo após o término da escola próximo ao começo do entardecer, desde que eles haviam se encontrado e se reunido com Lance, eles iriam para a parte de trás da escola, onde encontrava-se a área desportiva, com campos de atletismo e futebol.

A ideia tinha sido iniciada há algumas linhas anteriores e desde então seguiu o mesmo enredo a partir do fato que Frisk passou a topar-se com Lance a cada repetição. A ideia tinha vindo com a mistura de determinados conhecimentos em uma conversa específica, na qual Blooky, para grande surpresa, tinha confidenciado sua vontade de gravar Frisk a tocar seu violino, a grande surpresa, no entanto, foi o possível acompanhamento vocal de Lance em meio a gravação.

Eles tinham descoberto pouco tempo antes que Lance era capaz de cantar. Não era tão incrível quanto Sans, cuja voz rouca dava uma entonação especial as melodias as quais cantavam, porém, ainda era o suficiente para tornar-se impressionante. Ele precisava de bastante treino com a música, também, para alcançar o ritmo das notas, sua voz mais suave e fina estava no limite para não ser confundida com a de uma garota enquanto cantava, tornando-se um bom complemento com o violino.

O fato era que a casa de Blooky era muito grande e fazia demasiado eco para qualquer tipo de gravação. Frisk sempre teria seus irmãos ou pais em casa que muito provavelmente atrapalhariam no momento em que estivessem juntos e Lance tinha sua irmã em casa. Tinn tinha dois irmãos mais novos os quais constamentente importunavam em seu quarto, eram adoráveis, mas ainda assim persistentes e tagarelas de mais. Outros lugaras os quais costumavam frequentar também eram barulhentos ou cheios de mais e daria muito trabalho pedir emprestado a Mettaton um de seus estúdios do lado de fora da cidade. Foi quando, vendo a falta de lugar, Lance ofereceu as áreas próximas a quadra.

Depois das aulas, durante algum tempo, as arquibancadas e a quadra ficavam vazias, e como era perto de uma região residêncial do bairro, poucos carros passavam tornando toda a região silenciosa até o periodo em que as lideres de torcida ou os jogadores chegavam para treinar.

A primeira tentativa foi divertida. Nem Frisk ou Lance conseguiam se sincronizar no decorrer da música, muitas vezes resultando em momentos de improvisação que acabavam em divertidas e desengonçadas tentativas de Lance em dançar nas arquibancadas ocasionando, por sua vez, divertidas crises de risos que ocupavam a maior parte de seu tempo. Toda a gravação acabou por ficar para outro dia naquela primeira vez.

Nas próximas Frisk já conseguia, pouco a pouco, pegar o ritmo da voz de Lance. Seu costume era de músicas mais rápidas, um estilo latino caracteristico que seguia em um ritmo acelerado, tanto que mesmo em músicas lentas ele perdia um pouco o compasso, cantando de antecipadamente uma parte que ainda deveria se esperar algumas notas para começar. Demorou ainda algumas tentativas, pelo menos cinco ou seis linhas para finalmente conseguir o treino suficiente para sincronizar-se com ele suficientemente para formar uma melodia descente.

Nas próximas, sem a diversão que tomava a maior parte de seu tempo juntos, eles passaram o resto da tarde sentados sobre as arquibancadas, Tinn no campo a brincar com uma bola, sendo incrivelmente bom com os pés para dribá-la ao redor do campo, Blooky colocou-se em seus fones de ouvido, apoiado nas pernas de Frisk, não realmente reclamando no trançar de dedos em seus curtos cabelos brancos. Lance sentava-se alguns centimetros ao seu lado, olhos focados na quadra enquanto tamborilava os dedos na madeira a qual sentavam, olhar a divagar ao longe, observando a mudança das cores no céu.

Algumas vezes eles mantinham-se calados, deixando que a brisa fosse o único ruido a preencher o siçêncio entre eles. Outras eles punham-se a conversar sobre fatos aleatórios, às vezes sobre a escola, às vezes sobre a gangue, algumas sobre a família, sobre sonhos, sobre a vida. Em outras eles divertiam-se em pequenos jogos tranquilos como o jogo das 21 perguntas ou jo ken po. E tinha momentos como agora, em que Lance a lia como livro e sabia perfeitamente seu estado decadente de sentimentos. Ele poderia não conseguir atribuir um motivo especifico, Frisk poderia conseguir fugir do assunto a maior parte das vezes, mas ele ainda sabia que alguma coisa a incomdava, tão profundamente que a fazia arranhar, inconscientemente, a madeira debaixo de suas unhas, fanzir o cenhor com profundidade e ficar com uma expreção enjoada, agoniada, perdida... Lhe dava um ar envelhecido.

— Você está assim de novo. - resmungou, os olhos azuis divergindo-se do rosto da garota para novamente observar a imagem do campo a sua frente. Sua voz soou quase como um suspiro cansado.

— Assim como? - Frisk sabia como, era uma conversa que já teve diversas vezes antes. Era impressionante como não precisava de muito tempo conhecendo um ao outro para que Lance soubesse exatamente como ela estava. Não apenas ela, como todos a sua volta.

— Você sabe como. Ansiosa, angustiada, nervosa... Como se esperasse que algo fosse saltar em você de repente. - o moreno deu de ombros, parecia tentar tornar o assunto o mais trivial possível. Seus olhos azuis escorregaram para onde ela estava, sem mexer a cabeça. - Tenho notado que você fica muito assim. Podemos não ter conversado muito antes, mas sei que é uma garota mais relaxada. O que te incomoda tanto, Frisk? Não é bom ficar ansiosa desse jeito.

— Não é nada, Lance, realmente. Apenas coisas bobas... - Frisk tentou sorrir, apenas para ter um mover fraco e cansado de lábios. Ela realmente sentia-se cada vez em seu limite. Foi divertido o tempo que durou seu novo conhecimento sobre Lance, mas agora... Ela novamente estava na constante agitação de que qualquer dia o mundo ia começar de novo.

— Seus problemas não são bobos, Frisk. Se estão te incomodando eles são importântes. - Lance levou uma de suas mãos ao próprio pulso, apertando-o com certa força enquanto mantinha seu olhar baixo, solene e perdido. Frisk não queria sabia se estava a interpretar as emoções nos olhos do rapaz de forma correta, ela esperava que não. - Eu costumava pensar assim também. Que meus problemas eram apenas bobagens, não mereciam ser ditos e eu poderia lidar com eles quieto sem incomodar ninguém seguindo a vida. Eu estava errado...

— Lance...

— Você sabe, Frisk, quando você fica muito ansioso você começa a ficar inseguro. Começa a se perguntar o que suas ações vão trazer, se está fazendo certo ou errado, se realmente deveria estar ali, se você é o suficiente... E, com o tempo, você começa a acreditar que todas essas inseguranças estão certas e que são coisas bobas, sabe? Ninguém precisa saber que você está se sentindo indesejado, está se sentindo fora de lugar, que são apenas coisas bobas que vem com a idade, os dramas da adolescencia e engole cada pedido de socorro. Você acredita que pode lidar sozinho, mas começa a perceber que não consegue ouvir os elogios, apenas os insultos, destacando seus erros mais do que qualquer outra coisa e começa a se sentir ainda pior. Começa a pensar que... Talvez fosse melhor se você não estivesse ali. Que atrapalharia menos, que as pessoas que você ama estariam melhores. Então a insegurança começa a virar depressão e você ainda se recusa a falar alguma coisa, ninguém deveria se preocupar, quer dizer, eles já tem seus próprios problemas, por que esquentar a cabeça com suas coisas bobas? Mas então a dor emocional começa a ficar pesada de mais, tanto que você passa a se sentir sufocado, como se estivesse se afogando e tudo que quer fazer é arrumar uma forma de respirar, seja ela qual for.

— Lance, você não... - Blooky não estava ouvindo, fones altos de mais para que qualquer som pudesse transpassar as batidas da música. Tinn estava muito long, concentrado na bola em seus pés, as poucas pessoas que começavam a chegar também estavam muito concentrada em seus próprios assuntos para dar mais do que apenas um rápida conferida neles, sem qualquer chance de escutá-los. Os olhos de Lance subiram para ela, sorriso culpado em seu rosto.

— Aliviava. Eu aprendi que sabia lidar muito melhor com a dor física do que com a mental. Não fiz muito, porém, apenas quando pesava de mais e, como eu nadava, qualquer marca no pulso seria visível então era mais na perna, onde ninguém podia ver. Eu sabia que as pessoas não viam essas marcas com bons olhos e, sinceramente, esse tipo de atenção eu não queria para mim, eu só queria um modo de fazer a dor no meu peito, essa sensação sufocante ir embora. Funcionou até meu irmão descobrir. Naquele dia eu não sabia se ele estava furioso, triste ou desesperado. Mas não desapontado, pelo menos não comigo... Ele... Ele sentiu raiva de si mesmo, por não ter notado, por não ter percebido a tempo de me ajudar. Ele não largou do meu lado durante semanas, até ter certeza de que não faria mais. Ainda coça, muitas vezes eu me pego pensando em fazer mais um, aliviar um pouco o peso que volta para meus ombros, mas eu lembro da promessa que fiz a ele naquele dia. Não quero vê-lo chorar de novo... Eu não diria que estou bem, como pode ver, mas acho que melhorei muito desde aquela época.

— Por que está me contando isso?

— Você parece ser uma pessoa legal, Frisk. Não quero que faça o mesmo. Existem muito mais pessoas que se importam onestamente com você, muito mais pessoas que se preocupam com você e querem ver você bem. - uma das mãos de Lance subiu para o rosto de Frisk, acariciando-o com cuidado, sorriso fraco, porém genuino, desenhado em seu rosto. - Eu sei que às vezes pensamos que podemos fazer tudo sozinhos, que podemos aguentar, mas não precisa. É hipocrisia da minha parte dizer, eu sei, ainda estou aprendendo que não preciso engolir tudo, mas acredite quando eu digo que você não está sozinha. Talvez não por ter pessoas que estejam na mesma situação, mas por ter pessoas que fariam de tudo para te entender e ajudar. Apenas sabia disso, ok?

As palavras lhe subiram um pouco o ânimo, mesmo pela história de introdução. Um calor preencheu seu peito e ela não soube o que responder em troca. Era fácil dar conselhos, insentivar alguém, mas tão complicado recebê-los...

— Você também tem pessoas que se importam com você, Lance. - resmungou, voz solene, porém firme. O rapaz riu.

— Sim, eu sei que tenho. São poucas, a maioria que fica ao meu redor costuma apenas ficar porque acreditam que sou rico e popular, não se importam realmente. - o moreno apoiou o cotovelo sobre os joelhos ossudos, cabeça recaindo sobre a mão, rosto voltado para a garota a seu lado com um sorriso carinhoso, estranho brilho em seu olhar. - Mas com você é diferente. Parece que você atraí o melhor das pessoas, faz elas quererem ser melhor. Eu não sei como explicar, mas ao seu redor todos se preocupam e amam você de uma forma que não dá bem para descrever. Eu... Eu sinto inveja disso.        

— Não é bem assim... Existem pessoas que não gostam de mim...

— Comparadas ao tanto que é louco com você? Garota, eles não são ninguém.

— As pessoas gostam de você também.

— Nah! Eu irrito as pessoas. Não sei como vocês ainda me mantem por perto. - o tom era de zombaria, brincadeira, mas a verdade picava por trás da brincadeira, Frisk sabia disso, já tinha convivido tempo suficiente para saber. Lance era o tipo que divertia-se com qualquer coisa, mesmo dele mesmo. Ele fazia-se de incrível, tentando-se convencer-se de suas próprias palavras e quando ele retaliava a si mesmo, fazia em brincadeira, aliviando a mordida em cada letra, em cada sílaba, disfarçando seu próprio auto-ódio. Normalmente Frisk tinha tempo de retorquir com alguma coisa, fazendo-o rir sinceramente. Seja com um flerte ou simples piada, porém, dessa vez não foi assim. - Pelo menos, seu amigo parece já ter perdido a pasciencia. Ainda vejo o momento que vai arrumar uma maneira de me chutar para longe.

— Quem?

— O cara de cabelos brancos, como era o nome dele? Que sempre anda por aí com aquele enorme jaqueta.

— Sans?

— Esse mesmo! Sinto que toda vez que encontro com ele está prestes a me matar. - Lance estremeceu em representação, abraçando a si mesmo enquanto esfregava as mãos nos braços. - Eu não sei mais se é por ele não gostar de mim ou simplesmente ter ciumes de você.

— Não deve ser tão ruim. - Frisk tentou não rir, mas o sorriso ainda escapou por seus lábios em divertimento. Ela sabia muito bem que Sans tinha ciumes de Lance. Sabia que o albino não suportava que o rapaz moreno estivesse muito perto dela porque os dois flertavam em diversão, abraçavam-se em carinhos e afagos como dois namorados, mesmo sendo apenas grandes amigos. Lance era uma pessoa carente e não seria Frisk a negar o afeto. Sans não parecia muito de acordo.

— Não se faça de inocente. - Lance estreitou os olhos em sua direção, apesar de um leve sorriso subir por seu rosto. - Eu sei bem que você sabe que ele sente ciumes, que ele está ansioso para ter a proximidade que eu tenho com você. E não tente me enganar, sabe que tenho olhos para o romance.

— Você tem olhos para qualquer coisa, Lance. Perdi a conta de quantas vezes você conseguiu ler as pessoas como um livro aberto, sabia assim que viu Sans que ele fazia parte do mundo que estamos trabalhando agora. - Frisk tinha apressado-se para encontrar um lugar melhor para Lance. Não era o trabalho com maior dignidade, mas comparado a onde ele encontrava-se antes, definitivamente tinha subido de nível. Os informantes eram uma boa companhia, Carl basicamente havia adotado Lance assim que Frisk o havia apresentado, arrastando o pobre rapaz para conversar com ela quase todas as vezes, sem nem mesmo questionar se tinha trabalho ou não. Frisk sentiu-se feliz por isso, era bom ver que seus amigos conseguiam se dar bem. E nada como ver Lance ficar tão vermelho quanto um tomate quando tinha o rebote de flertes de Anabelle. Aquela mulher não estava para brincadeiras.

— Detalhes! A questão é que você também quer essa proximidade, Frisk. Eu sei disso. Então por que você simplesmente não deixa ele se aproximar?

— Está dizendo que eu tenho algum tipo de paixão por ele?

— E não é exatamente isso?

— Ok! Tudo bem, eu admito que tenho algum tipo de paixão por Sans, mas... Existem muitas complicações em toda essa história. Não posso simplesmente chegar e dizer: ei, estive afim de você por um tempo agora e, sei que você é muito mais velho do que eu, mas poderia me dar uma chance?

— Por que não? Ele não parece estar disposto a recusar, pelo que tenho visto no pouco tempo em que estive perto de vocês dois. Se fosse pedir minha opinião, o que eu sei que você faria porque minhas opiniões são incrivelmente certas, - Frisk riu, observando a pose confiante de seu companheiro com divertimento. - Diria que ele está tão afim de você como você está dele.

— Você é tão simplista, Lance. É mais complicado do que isso.

— Apenas é complicado porque você o faz ser complicado. Ao invés de procurar todos os motivos para não acontecer, tente... Simplesmente fazer? É melhor dizer que já fez do que arrepender-se de nunca ter tentado, certo?

— Você está sendo hipocrita de novo, Lance. - Frisk alertou, seu olhar travado na quadra a frente, bem na pessoa que agora aproximava-se de Tinn. Ela reconheceu o rapaz mesmo não sendo de sua turma e não chamar demasiada atenção, pelo menos não como Lance. O moreno, no entanto, parece ainda não tê-lo notado e continuava a encarar Frisk de um jeito engraçado. - Você diz para não complicar as coisas, mas me fale então o que te impede de ir até o cara que você gosta e dizer a ele.

Os olhos de Lance subiram para a quadra, acompanhando a direção dos dourados de sua companheira, rosto tornando-se rubro assim que percebeu do que ela estava falando.

Keith Gyong era outro estrangeiro em sua escola. Era bem comum ter famílias correndo para Ebott e, portanto, várias nascionalidades. Keith era um coreano e um usuário, duas combinações que não pareciam estar indo muito bem nos ultimos tempos.O fato de no Ocidente a aceitação para pessoas com magias era delicada, em países asiaticos não existia. A notícia de pessoas usuárias tinha caido como uma enorme pedra em um lago em quase todo lado Oriental ao ponto de serem tão descaradamente caçados quanto pessoas de sexualidades diferentes. Tratados como aberrações que não deveriam existir muitos tiveram que recorrer a mudar-se de suas casas, expulsos de suas famílias e vindo aos montes para lugares mais tolerantes, Ebott sendo um deles. Alguns, porém, não tinham essa sorte.

Keith era um rapaz quieto, amargo, poucas vezes foi visto a conversar com qualquer pessoa mesmo que fosse o astro do futebol da escola e um dos alunos mais promissores que já pisaram nela. Ele era um exemplo, apesar de seus problemas de disciplina, sempre com as notas mais altas, realmente não mostrando qualquer dificuldade para nenhum delas, era complicado achar algum tipo de esporte no qual fosse ruim e era considerado pela grande maioria das garotas e alguns corajosos garotos a admitiri que era um dos rapazes mais bonitos de todo o instituto.

Seus cabelos eram escuros, negros como a noite, relativamente grandes, próximos aos ombros, apesar de concentrarem-se apenas na nuca de seu pescoço, normalmente bagunçados e desorganizados, pele tão clara como porcelana, de estatura mediana, provavelmente do mesmo tamanho de Sans ou um pouco mais alto, não muito porém, olhos em um limiar fino entre o roxo e o azul, dependendo da iluminação poderia ser qualquer um, construções firmes e fortes, apesar de discretas. Seu vestuário parecia constituir em sua grande maioria de preto e Frisk já o tinha viso ir embora algumas vezes em uma motocicleta vermelha. Ele era o tipo de cara de aspecto de Bad Boy que as garotas tinham o costume de se apaixonar, até mesmo os boatos sobre ter algum tipo de relacionamento sobrio com Chara pareciam torná-lo mais atrativo.

Lance não poderia negar sua atração também, era óbvia, porém, diferente de como ele agia com pessoas as quais não nutria nenhum tipo de interesse ele era surpreendentemente tímido para aqueles que realmente gostava, preferindo a distância a ter que aproximar-se para começar a conversar. E Frisk sabia que essa paixão não era de agora, já tinham conversado sobre isso algumas linhas do tempo atrás, onde Lance confessou que tinha caido para o garoto quando percebeu que mais alguém poderia baté-lo nas matérias que tinha orgulho de gritar que era o melhor. Ele acreditou que fosse apenas o fogo de uma rivalidade, finalmente alguém com o qual tinha o desejo de poder ser melhor, que o empurrava para frente. Nunca tinham se falado, mas as comparações estavam ali e Lance lutava contra elas. Em algum momento, no meio de toda a confusão, Lance viu-se prestando mais e mais atenção em Keith, mais do que deveria, com intenções completamente diferentes do que deveria ser normal para rivais.

Lance tinha se perdido e, quando ele aceitou que a queima em seu peito era nada mais do que paixão, ele se afastou. Ele era inseguro e, por tal, nunca acreditaria ter uma chance com alguém como Keith. Eles eram tão diferentes... Como poderia?

— Eu nem ao menos sei se ele gosta de caras. - Lance resmungou, rosto ainda quente em vergonha.

— Pergunte.

— E se ele achar que estou sendo rude? Curioso de mais?

— E se ele te responder que sim, ele gosta de caras? E se ele quiser te conhecer também? Você nunca vai saber se não tentar.

— Mesmo que ele realmente goste de caras, Frisk, nada garante que ele vai gostar de mim. - e lá estava. Lance se deixava cair novamente, seus olhos tristes nublando-se pelo sentimento trapaceiro que derivava-se das ideias traiçoeiras que vinham para sua mente. Frisk sentiu seus ombros cairem. - O cara é incrível, Frisk, você reparou? Ele é perfeito em tudo o que faz, mesmo sem dizer nada as pessoas gostam dele, ele é forte e tem magia... E quem sou eu? O palhaço, o motivo de piada... Por que alguém como ele olharia para alguém como eu? Não sou inteligente, não sou forte, não tenho nada... Incrível.

— Você é um bom nadador, nunca ví ninguém tão conectado com a água como você. Você é um poeta, suas palavras carregam mais emoção do que jamais vi em minha vida e já li muitos livros. Você fala mais de uma língua de forma fluente e tem apenas dezoito anos! Quantos já fizeram isso? E, além de tudo isso, você é um amigo incrível. Você é uma pessoa incrível. Você aceita, você ama, você acolhe e protege como ninguém faz, você é companheiro, carinhoso e carismático, você nos faz rir quando queremos chorar, mesmo quando você quer chorar. Lance, se ele não ver o quão incrível você é ele é o idiota, ele que não merece você.

Lance manteve-se calado, seus olhos baixos no colo, mãos apertadas nos limites da madeira do banco em que estavam sentados nas arquibancadas. Ele estava apaixonado por aquele garoto por dois anos, dois longos anos! Frisk sabia do desejo de Lance de ir para fora, de tentar uma melhor faculdade com foco na astronomia e esse era seu ultimo ano no ensino médio. Se ele não fizesse alguma coisa agora... Ele talvez nunca soubesse se teve uma chance ou não.

Frisk não deixaria isso acontecer! Lance era seu amigo e o ajudaria. Ela sabia que ele tinha medo de se machucar, mas isso apenas o impediria de seguir em frente... E... Talvez ela pudesse aguentar a dor também e tornar seus problemas um pouco mais simples, aceitando o fato de que Sans agora seria constatemente atrás dela, aceitando seus sentimentos... Fazer o que Lance a havia aconselhado.

E não como se ela não fosse boa em montar ideias de ultima hora:

— Ei Tinn! - gritou, alto o suficiente para que ele a escutasse mesmo estando tão longe. Ambos os rapazes na quadra ergueram o olhar para ela, juntamente com alguns curiosos que se encontravam a passear por ali, mas Frisk não se importou. Ela ignorou o olhar assustado de Lance, a confusão de Blooky e manteve o sorriso no rosto. - Podemos jogar uma partida com vocês?! Blooky fica como juiz e formamos duplas, uma contra a outra!

A ideia foi prontamente aceita com alegria e em menos de um segundo Frisk viu-se arrastando Lance para baixo, ignorando as suplicas desesperadas do rapaz enquanto cantarolava, Blooky tímido a seu lado.

O campo era muito maior de perto, sua sorte que os dois rapazes não encontravam-se muito longe da escadas que levavam as arquibancadas, apressando todo o processo de aproximação. Ainda segurando o pulso de Lance para que não fugisse, bem sabendo que ele encolhia-se tímido a seu lado, Frisk ergueu a mão livre para o novo companheiro.

— Muito prazer, sou Frisk. Esses são Lance e Blooky, não se importam de juntarmos a vocês nessa diversão, não é? - olhos roxos a fitaram com atenção, avaliando-a com cautela antes de segurar-lhe a mão.

— Keith. Fique a vontade. - não houve nem um sorriso, rosto sério e frio igual ao cumprimento. Frisk não se importou, cada um tem suas razões para ser como era e, vindo de onde veio, ela poderia imaginar que Keith já tinha visto o suficiente para não mostrar-se simpático com as pessoas.

— Ótimo! Eu farei dupla com Tinn! Lance, você fica com Keith!

Um pequeno detalhe que seria bom de acrescentar era que Frisk não tinha qualquer talento para jogos como futebol. Ela poderia ter uma perfeita coordenação motora para dançar, porém, era uma negação em manter a bola em seus pés sem tropessar de alguma forma, sendo impossível se quer mandá-la para onde queria que ela fosse. Lance também não era dos melhores, ele poderia pelo menos manter-se com a bola por um periodo de tempo considerável e não cair sempre que tentava correr com ela, mas ainda assim, era notável que ele tinha apenas um conhecimento muito básico do esporte e diversas vezes viu-se perdido. Porém, era considerável sua pontaria, nunca errando para onde deveria mandar a bola.

Eles não sabiam quanto tempo mantiveram-se a uma fraca tentativa de jogar. Blooky não era o melhor juiz e nem Frisk ou Lance eram os melhores jogadores, basicamente deixando a maior parte do trabalho para Keith e Tinn, mas ainda foi divertido. Tudo bem que mais de um hematoma deve ter surgido com boladas as quais acertavam onde não deveriam acertar, mas não poderiam negar que a maior parte do tempo estiveram a rir, Lance conseguindo esquecer sua timidez para dar espaço a sua veia competitiva a qual parecia ser muito bem correspondida por Keith, mesmo que estivessem no mesmo time.

Quando terminaram, o céu já escuro e as luzes da quadra acesa, Frisk, com toda sua resistência, estava jogada sobre a grama ofegante. Ela sabia que seus membros doeriam muito mais no dia seguinte, mesmo que estivessem queimando agora. Porém, ela sentia-se feliz que não era apenas ela, apesar de ser a única realmente jogada ao chão, aproveitando a brisa da noite.

Deixando a cabeça cair para o lado ela boservou os dois rapazes a discutir qualquer trivialidade que tinha acontecido entre os dois. E era uma mudança engraçada, Keith parecia ser mais da pessoa que ignoraria qualquer coisa que outras estivessem fazendo, preferindo manter-se em sua solidão a se interagir de alguma maneira, porém, Lance sempre sabia quais cordas puxar para fazer alguém ficar com os nervos a flor da pele e não foi tão complicado descobrir quando percebeu que Keith era igual ou ainda mais competitivo do que ele próprio.

Sejam por comentários sujos e provocativos, não importava, de alguma forma Keith reagiria e tentaria mostrar que Lance estava errado, empurrando-se ainda mais difícil para o que o moreno queria que ele fizesse. Frisk ainda não sabia, no entanto, se Keith estava levando tudo isso na esportiva como Lance ou de forma pessoal. Por enquanto não parecia ter dado qualquer inconveniente então ela torceria para que continuasse de forma amigável entre os dois. Talvez ela pudesse tentar arrumar uma maneira de fazer Keith estar com eles amanhã...

— O que o idiota nerd anormal está fazendo aqui na nossa área? - oh, ótimo. O dia simplesmente não poderia terminar tranquilo, claro que não! Ignorando as dores em seu corpo ela se sentou na grama, cabeça voltando para onde tinha ouvido as vozes deparando-se com o mesmo grupinho de valentões que tanto os incomodava, na frente de Tinn caido ao chão, a bola a qual seu amigo estava anteriormente sentado agora nas mãos de um dos valentões, sorrisos debochados em seus rostos. O líder a frente, como se fosse o rei do lugar. - Pessoas como você não devem estar aqui, em nossa área.

— A quadra é publica! Eu posso ficar aqui o quanto eu quiser! - Tinn reclamou, ousado como sempre, tentando como poder levantar-se do lugar, mas sempre era empurrado de volta para o chão.

— Acho que não, nerd. - o valentão se aproximou, obviamente pronto para machucar da forma como melhor conhecia e Frisk estava pronta para erguesse em socorro e um vulto não tivesse passado apressado pelo canto de sua visão, acertando em cheio o rosto do líder do grupo, jogando-o no chão enquanto o dito vulto mudava sua trajetória para cima.

A bola cujo havia sido lançada caiu alguns metros distante, quicando fracamente sobre a grama antes de rolar um pouco e finalmente parar. Lance, em toda sua pose debochada de sempre, ainda mantinha-se em posição de lançamento, sorriso zombeteiro e desafiador em seu rosto. Ele tinha parado sua discução com Keith assim que percebeu o que estava acontecendo, assim como era normal dele próprio, agiu sem qualquer pensamento premeditado, usando o primeiro que encontrou para acertar o valentão da melhor maneira que poderia pensar.

Frisk poderia ver nos olhos roxos, agora abertos em surpresa, uma leve faisca de emoção, qual ela não poderia realmente colcoar o dedo, a mistura era grande de mais e a emoção em si demasiadamente contida, porém, não parecia ruim. Interessante...

— Sanchez! - guinchou o líder do grupo, erguendo-se com velocidade para se sentar onde tinha caido. Seu rosto estava vermelho e seu nariz sangrava um pouco, olhos queimando em fúria. Frisk deveria dar creditos a ele por ter uma cabeça tão dura e resistente. Lance parecia ter chutado com força suficiente para desacordar uma pessoa. Apressado ele se lenvatou, esqueceu Tinn e avançou direto para Lance que mantinha-se altivo, aproveitando de sua altura para erguer-se acima do rapaz que o enfrentava. - Eu aturava você, Sanchez, apenas porque parecia um cara legal, mas agora já chega! Como escolheu ficar com esses fracassados vai receber o mesmo tratamento que eles!

— Admita, cara, você me aturava porque sabia que sou mais do que pode mastigar. - o que era uma mentira. Se tinha uma coisa que Lance não sabia era lutar. Ele se enfiava em brigas, sim, mas a maioria delas era contra pessas as quais não conseguia vencer e ele sabia disso. O único motivo de se meter em tanta encrenca era para ajudar quem gostava, assim como agora e por isso havia criado uma resistencia para golpes que mesmo Frisk teria inveja. Ela poderia esquivar, Lance não.

— Você fala de mais, Sanchez. Vamos ver se pode morder também! - o punho foi bem direcionado, porém Frisk estava na frente antes que pudesse acertar seu amigo.

— Voce também fala de mais e ninguém aqui está reclamando. Para não dizer que seu bafo fede, vá escovar os dentes pelo menos, higiene pessoal é bom.

— Vadia...

Bastou um soco e o rapaz estava sobre o próprio estomago, tentando recuperar o folego. Diferente das pessoas na gangue que muitas vezes tinham um preparamento físico ou o costume de receber tais golpes, aqueles eram deliquentes qualquer, intimidavam pessoas menores e mais fracas e não aguentavam pessoas mais fortes. Frisk sabia bem e nunca foi tão gratificante um único soco. Ok, sua indiferença estava ativa novamente, ela não se importava com o que aconteceria aqui desde que seus amigos estivessem bem.

— Você é assustadora, Frisky. - cantarolou Lance.

— Não me chame assim, Lancey.

 - V-vocês dois desgraçados... Estão zombando de mim, não é?! - o rapaz se recompoz novamente, seu grupo aproximando-se para colocar-se no meio da confusão, pouco se importando se a quantidade numérica era justa ou não. Foi apenas aí que Keith dignou-se a interferir.

— Já é o suficiente, não acha? Se querem usar a quadra, usem! Nós já estavamos saindo. - o cenho do rapaz estava profundamente franzido, Frisk já achou um milagre ele simplesmente não ter saido.

— Está com eles agora, Gyong? Pensei que você fosse melhor do que isso, sabe? Saindo com Chara e tudo. Foi apenas por isso que o time de futebol o aceitou mesmo sendo gay, não foi? Deveria tomar mais cuidado, acho que se vissem você com esses fracassados com toda certeza será igual ao Sanchez aí, caindo do alto de seu trono.

Existem dois estopins nesse momento, Frisk estava mais concentrada no que pensou que seria o primeiro.

Keith tinha sua fama de ser cabeça quente, boatos mais extremos diziam que, antes de entrar na escola em que estava agora, ele tinha sido expulso da anterior por bater um professor. Sua aparência e formas de ser e agir não ajudavam muito a aliviar os boatos e Frisk poderia ver perfeitamente como ele era fácil para comprar uma briga apenas pelo jeito como aceitou cada desafio de Lance, retribuindo cada comentário com outro de igual altura. Agora, ela apostaria tudo que ele seria o primeiro a explodir com as palavras venenosas direcionadas a ele.

Porém, ela tinha esquecido como Lance poderia perder a cabeça quando falavam de alguém que gostava e, droga, ele era doido com Keith. Foi natural para ele jogar-se para frente, punho fechado, acertando o rosto do rapaz por sobre Frisk. Ela nem ao menos compreendeu como ele conseguiu manter o equilíbrio da força que usou mesmo com ela a sua frene interpondo o caminho.

O garoto estava novamente no chão e Lance estava furioso.

— Fala como se o fato de ser gay afetasse o talento dele. Fala como se com quem ele andasse influenciaria os sucessos que ele consegue, como se ele fosse esse tipo de pessoa. O que? Só porque você não conseguiu ser mais do que um idiota que precisa intimidar outros não significa que outras pessoas estejam no mesmo buraco de inutilidade que você.

Frisk estava orgulhosa. Ela sabia que Lance era assim, o jeito dele de ser sempre foi defender outras pessoas assim como conhecê-las. Ela sabia que ele compreendia o talento que Keith tinha para as atividades que fazia, mesmo que não demonstrasse esforço, Lance sabia que eram conquistas próprias e mais do que ninguém ele valorizava isso. Ninguém poderia tirar esse tipo de crédito. Keith, no entanto, estava surpreso. Ele acreditou realmente que Lance estaria furioso pelo comentário com relação a ele próprio, todavia não era assim. Um garoto que ele mal conheceu estava defendendo ele! Isso... Isso nunca tinha acontecido antes...

O que se seguiu poderia ser dito apenas como uma confusão na qual resultou nos valentões arrastando-se para longe, Frisk e Keith erguendo-se como vitoriosos da luta, sem qualquer escoriação por conta de toda a experiência que tinham. Lance tinha acabado com um olho roxo e talvez alguns hematomas no braço, Tinn, que tinha se enfiado depois, estava com o nariz vermelho, testa roxa, lábio rachado e definitivamente mancando, Blooky quase tinha começado a chorar sem saber o que deveria fazer.

— Vocês são uns idiotas. - Keith resmungou depois de um tempo, respiração ainda um pouco ofegante. O pequeno grupo ergueu a cabeça para encará-lo. - Por que defender uns aos outros desse jeito?

Os quatro se entreolharam, um pouco confusos. Para eles era simplesmente normal nunca deixar o outro em uma situação difícil. Lance, porém, foi o que respondeu, seus olhos azuis tão sinceros e abertos como sempre estavam.

— Porque é isso que os amigos fazem, não é? Defendem uns aos outros? Entram em brigas que não podem ganhar? Ficam com um olho roxo?

— Batem em um valentão mesmo sabendo que se ele revidar seu vida já era. - Frisk zombou. Talvez ela devesse arrastar os dois garotos machucados até sua casa para que Toriel desse um jeito neles. Qual seria sua desculpa para esse insidente que seria a questão, mas isso poderia pensar depois. Agora ela contentava-se pelo rubor que subia desde o pescoço de Lance até o ultimo fio de seu cabelo.

— Por que se meter nisso por minha causa então? Por que você disse aquilo para ele quando me atacou? - o cenho de Keith estava franzido, tentando entender, como se a possibilidade de Lance simplesmente agradar-se dele ao ponto de colocar-se na estúpida situação na qual se encontraram era impossível.

— Bem... Eu... - Frisk lhe deu um cutucão, insentivando-o a falar. Lance engoliu o nó em sua garganta, rosto ainda mais vermelho, mas recusou-se a desviar o olhar. Tinha medo que, do jeito que Keith parecia ser desconfiado, se caso desviasse o olhar ele não acreditaria em suas palavras. - T-talvez porque... Porque eu... Eu queira ser seu amigo?

Oh bem, já era um avanço. Os dois não eram mais desconhecidos com isso e aos poucos poderiam montar sua relação. Frisk apenas torcia que eles tivessem tempo suficiente para isso e nada desse errado.

Só por fim percebendo o quão tarde ela, Frisk tomou seu celular, conferindo a hora em um sobressalto. Gaster deveria estar arrancando os cabelos em preocupação se já estivesse em casa, era um milagre que nem Sans ou Pap tivessem aparecido para lhe procurar, ou mesmo receber uma ligação de sua mãe ou de sua irmã.

— Deuses... Keith, se importaria de cuidar dos meus amigos? Eu estou atrazada e tenho certeza que se perder mais tempo vão virar essa cidade de cabeça para baixo e eu vou ouvir até meu ultimo ano de faculdade sobre isso. Obrigada! - sem esperar qualquer resposta Frisk saiu correndo, esperando que Lance aproveitasse a oportunidade que tinha de ter Keith como seu enfermeiro particular. Seria uma visão interessante se lhe perguntasse, mas talvez era sonhar alto de mais por enquanto.

Correndo Frisk levou alguns bons minutos para chegar até seu destino. Ela tinha esquecido-se que hoje ela deveria se reunir com os Skeltons para ver como iria o andar de seu tumor. Ele estava variando seu crescimento, porém, não estava em estado extremo como no começo. Ele não ia parar, Frisk sabia, a não ser se suas memórias fossem retiradas sobre o vazio ou se as redefinições parassem e ambas essas ideias pareciam demasiadamene impossíveis no momento para serem realizadas então o tratamento deveria continuar.

Bastou tocar a campanhia e Gaster estava a sua frente, cenho ligeiramente franzido pelo atraso. Frisk sorriu constrangida.

"Onde estava mocinha?"

— Desculpe Gaster, aconteceu algumas confusões na escola e acabei me distraindo. Realmente não estava prestando atenção na hora. - era um dos únicos momentos que Frisk encontrava-se feliz que a maior parte das pessoas as quais conhecia sabiam que ela era péssima em mentir, facilitavam em muito momentos como esse. Os ombros de Gaster relaxaram juntamente a seu rosto, deixando-a passar sem mais os ares de reprovação. Sans já estava na sala a ver televisão, erguendo um pouco o olhar sobre seu ombro para encará-la. Ela percebeu que ele estava nervoso.

"Trouxe seus deveres? Pelo seu horário de chegada ou Sans terá que te levar para casa ou você terá que dormir aqui."

— Sim. - a mochila foi erguida em uma demonstração, sorriso no rosto. - E quanto a ficar aqui terá que ver com minha mãe. Ela já começou a reclamar que quase não passo mais tempo em casa. Ela vai começar a brigar com vocês por conta disso.

Gaster soltou um bufo divertido, bagunçando-lhe os cabelos.

"Irei ligar para ela, não se preocupe. E se fossemos brigar por sua estadia tenho certeza que mais pessoas entrariam nessa conversa. Agora, se puder esperar um pouco, tenho alguns assuntos sobre meu projeto para resolver ainda e logo me juntarei a vocês. Papyrus já está terminando de fazer o jantar."

Frisk assentiu e foi até o sofá, pulando ao lado de Sans enquando deixava sua mochila em um canto qualquer ao lado. Ela apenas esperava o começo da conversa que viria.

— Agora diga, o que realmente aconteceu?

— Nada realmente muito grande. Fomos jogar um pouco de futebol para passar o tempo e uns idiotas nos incomodaram. Nada que não possamos lidar, apesar de Lance e Tinn terem saido com um olho machucado. - inacreditavelmente Sans estava a ver um dos shows de Mettaton. Frisk supôs que Papyrus deve ter insistido para não mudar de canal, ele mesmo conseguia escutar tudo da cozinha com a altura que o aparelho se encontrava.

— E esse seu... amigo não quis vir com você? - a mordida estava na palavra, Frisk poderia facilmente dizer que o ciumes queimava ali, mas ela sorriu, seu bom humor era tangível. Em sua grande quantidade de esperança, ela tinha conseguido empurrar Lance para sua paixão antiga.

— Nop. Se tudo der certo eu o deixei com seu futuro namorado. - cantarolou, balançando sobre a cadeira com um enorme sorriso no rosto que quase dobrou de tamanho quando ouviu o albino engasgar.

— Ele é gay?

— Não, ele é bi. Ele tem essa paixão por esse garoto desde que estavam no primeiro ano, mas Lance é muito tímido para fazer alguma coisa, então eu ajudei. - o orgulho borbulhava em sua voz. Ela não se arrependeria mesmo se os dois não se tornassem romanticamente envolvidos.

— E vocês dois não tem nada? - era engraçado como Sans parecia surpreso, encarando-a com descrença. Frisk negou com a cabeça, tentando parecer inocente. - Mas e todos esses flertes um para o outro? O carinho? Só faltavam se beijarem! Mesmo Pap achou que vocês dois estavam juntos!

— Somos apenas amigos, Sans. Nós flertamos um com o outro por diversão, Lance e eu fazemos isso com a maior parte das pessoas que encontramos, deveria saber. Quanto ao carinho, ele é do tipo que gosta de contato físico, não vou negá-lo isso! - Frisk comentou como se fosse óbvio, porque, para ela, realmente era. Não exatamente porque você encontrava-se demasiadamente próximo a uma pessoa significava que você tinha algum tipo de envolvimento com ela, principalmente se fosse do sexo oposto. - Lance sempre esteve apaixonado e eu tenho minha própria paixão. Eu apenas dei um pequeno empurrão para ele.

— Oh, tem é? E quem é?

— Curiosidade matou o gato Sans.

— Por isso digo que temos mais de uma vida. Vamos, Sweetheart, não tem nada de mais eu saber.

— Vou deixar você descobrir. - ela deu-lhe um sorriso travesso, mostrando-lhe a lingua em um ato infantil. Ela não ia falar, não agora, talvez não nessa linha. Primeiro deveria pensar nas palavras de Lance, se realmente valiam a pena seguir. O mundo sempre seria redefinido, sua situação era diferente da dele. Com um suspiro cansado ela se espreguiçou no sofá. - E como anda o projeto? Gaster parecia bem animado.

— Não muito diferente. Sem uma pessoa para colocar a prova todas as nossas pesquisas não tem como avançar mais do que já estamos. Eu não sei como meu pai continua tão animado.

Foi apenas então que Frisk percebeu.

Ela não tinha falado sobre o projeto para Lance nessa linha do tempo. Ela tinha esquecido! Depois da tantas linhas repetindo e repetindo, concentrando-se em outras coisas, em outros assuntos, tragada pela ansiedade da monotonia que a sercou ela tinha simplesmente esquecido que o mundo tinha sido refeito que Lance não estava no projeto! Mas o prazo para Gaster cair no vazio já tinha passado, então como...

O cronograma tinha voltado... O maldito cronograma tinha voltado ao normal! Por que?! Isso a estava enlouquecendo! Será que tinha algum prazo, um limite de redefinições para esse tipo de coisa?

E se... E se quanto mais ela repetisse um acontecimento, quanto mais ela forçasse as linhas do tempo a agirem diferente do que originalmente deveriam, esses acontecimentos passassem a ser constantes, imutáveis? E se, ao impedir todas essas linhas que Gaster caisse no vazio, tinha de alguma forma concertado o cronograma, concertado o que foi quebrado? Ela esperava não comprovar esse tipo de teoria, ela não queria outro colapso.

— Ei, Sans... Eu acho que tenho alguém que pode ajudar? - bem, seja como for, era melhor não arriscar.

— Você não tem contado sobre o projeto para outras pessoas, tem Sweetheart?

— Sans, você sabe que eu sei guardar um segredo. Mais do que ninguém você deveria saber. É apenas que Lance gosta de magia e ele não a tem. Tenho certeza que poderia ajudar, ele estaria feliz na verdade...

Seja o que for que aconteceu não seria Frisk a reclamar do alívio que tomou sua alma ao saber que pelo menos ela poderia ter concertado um dos colapsos.


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Notas finais do capítulo

Eu realmente deveria me organizar melhor... Oh bem, o próximo eu vejo se não fico enrolando tanto para fazer. Acho que vão curtir bastante os próximos vão ser bem mais legais e cheios de ação, eu prometo. Também vai revelar um pequeno detalhe da fanfic que eu deixei pequenas dicas espalhadas aqui e ali.
Agora de Oc só falta eu arrumar uma Pidge, um Hunk, Shiro, Allura e Coran para completar o fandom de Voltron nesse treco... Nah, talvez não.
Espero que tenham gostado e até a próxima!



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