FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 19
Ligações na madrugada - 12 dias para Reset


Notas iniciais do capítulo

Yooo. Em primeiro lugar, para aqueles que acompanham UnderPray também, eu vou dar uma pausa na fanfic para conseguir adiantar os capitulos, trabalhar com calma neles e entregá-los para vocês com a melhor qualidade possível.
Fusion continua normal por já ter capitulos adiantados, e por sorte tenho até para as férias, também vou adiantar o que puder e melhorar a qualidade dos seguintes. Apenas o melhor para vocês, então sejam pacientes comigo.
Esse capitulo em particular eu gosto, uma pequena treta para não deixar monotono o tempo inteiro. Espero que gostem!



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FusionTale - Ligações na madrugada - 12 dias para Reset

Como tinham acabado naquela situação?

Sans podia sentir sua alma partir-se com a visão do dourado cristalino a sua frente, ele nunca quis causar-lhe esse tipo de suspeita ao manter todos seus segredos guardados a sete chaves. Ele nunca quis... Ele nunca quis magoá-la, ele apenas queria protegê-la de quem ele era, de quem ele foi antes de começar a se envolver com ela. Ele... Ele não tinha desculpas para a dor que ele deveria tê-la feito passar com toda essa história e ele sabia que a culpa era sua e somente sua.

Nunca quis que ela chorasse, ele sempre pensou que poderia fazê-la sorrir, mas agora já não tinha mais tanta confiança e doía, doía vê-la daquela maneira tão desolada por sua causa, por seu medo de simplesmente dizer o que já deveria ter dito há muito tempo.

Aquele dia havia começado como todos os outros, tanto para Frisk como para Sans. A morena acordaria cedo para acompanhar sua mãe até a escola fundamental a qual dava aula, Frisk recentemente tendo conseguido um emprego como ajudante, muitas vezes sendo a responsável pelo cuidado das crianças de primeira a quinta série durante seu intervalo, quando estavam em aula ela estaria a organizar documentos ou ajudando na correção de provas na sala dos professores.

Ela era verdadeiramente grata a sua mãe por ter conseguido esse emprego para ela, Frisk o amava desde o primeiro dia e era totalmente disposta todas as manhãs a se levantar para ir ao trabalho.

Durantes os intervalos, principalmente, Frisk apreciava brincar com os pequenos grupos de crianças que muitas vezes amontoavam-se a sua volta pedindo por atenção. Crianças de todas as idades e tamanhos, graus de animação diferentes e diversas ideias para todos os tipos de brincadeira que poderiam pensar em sugerir, todas elas sendo atendidas com zelo e atenção, a boa vontade e carinho que Frisk reservava com todo seu coração para aquele momento. Ela não se importava que chamasse mais atenção do que as outras duas ou três ajudantes com as quais dividia o trabalho, Frisk não estava ali para ser melhor do que qualquer um, ela apenas gostava do que estava fazendo e por tal se destacava mais.

Florenci, o pequeno garoto loiro que havia criado uma proximidade considerável com ela desde o primeiro dia que haviam se conhecido no acampamento do ano anterior, em nenhum momento desgrudava de sua presença. Se Frisk tivesse tempo com toda certeza aceitaria o trabalho de babá que os pais dele a ofereceram, entretanto sua agenda era basicamente preenchia tanto por seu próprio atual trabalho quanto pelas atividades com Undyne e seus encontros com Sans, para não dizer em seu próprio tempo para estudos do vestibular que viria no ano seguinte. Frisk não havia desistido da faculdade, apesar de tudo, ela estava determinada a seguir a carreira!

O loiro basicamente havia se tornado como um irmão mais novo para Frisk, sempre com uma conversa fácil e repleta de imaginação. Frisk poderia contar para ele suas aventuras em outras dimensões já não mais existentes, mascarando-as como contos fictícios os quais havia inventado no momento. Ele sempre parecia disposto a escutar, encarando-a com seus enormes olhos verdes intensos, como se acreditasse em cada palavra que ela dizia. Existiam ainda as vezes em que Frisk se dispunha a levá-lo para sua casa, não muito distante da escola, quando seus pais não poderiam vir buscá-lo. Ele parecia gostar, nesses momentos, de escalar pelas costas de Frisk, acomodando-se como uma mochila até o momento que chegasse ao pequeno prédio em que morava. Frisk, por sua vez, não se incomodava, o garoto era leve e bem pequeno, ela própria que tinha escassos um metro e cinquenta e cinco conseguia elevar-se consideravelmente por cima de sua cabeça apesar de sua idade.

Frisk também estava mais forte, seus treinamentos durante três vezes na semana, terça, quinta e sexta, levavam-na não apenas ao extremo, como também forçavam seus músculos a serem capazes de carregar pesos e enfrentar dificuldades as quais Frisk nunca pensou em poder antes. Ela sabia que apenas suas experiências no underground não seriam o suficiente para ter uma boa defesa, mas ficou impressionada com o quão aberta ela era para golpes.

A ruiva era mestre em pelo menos três tipos de artes diferentes de combate. Judô foi aquela que pensou se adaptar mais em Frisk e seu estilo de não agressão, apesar de constantemente acrescentar técnicas ou golpes dos outros estilos para preparar Frisk para qualquer tipo de imprevisto.

Mesmo com as dores consequentes, Frisk era grata a ruiva sempre que conseguia resistir as perseguições matinais de Chara por, consequentemente ao acordar, acabar por despertar a fera que odiava ser incomodada durante o período da manhã. Frisk, porém, estava começando a ficar com medo de incentivar sua irmã a melhorar suas habilidades de combate. Chara não era, definitivamente, uma pessoa que precisava ficar ainda mais forte e habilidosa do que já era.

Na mesma manhã Sans despertou próximo ao horário do começo de seu trabalho. Gaster já havia saído, não se preocupando em despertar o filho. Sans já era velho o suficiente para conhecer suas responsabilidades e Gaster era bastante ciente de que não adiantaria de nada tentar acordá-lo antes de seu próprio horário, ele era uma causa perdida para as manhãs. Preguiçosamente ele se arrumou, bocejando ainda sonolento e então usou um de seus "atalhos" para chegar ao trabalho ainda dentro de seu horário.

Sans não era uma pessoa tão animada com o que fazia quanto Frisk. Originalmente seu trabalho era relacionado a física do espaço tempo. Ele acreditava que poderiam existir mais de um universo ou linha do tempo ocorrendo paralelamente a que viviam, podendo ser comprovadas pela física se fosse bem estudada as anomalias temporais ou na distorção do próprio espaço em determinadas ocasiões. Sua proposta era a de comprovar tais anomalias e possibilitar não apenhas o conhecimento de outros universos como a capacidade de manipular o tempo, mas o projeto foi recusado e ele foi forçado a trabalhar junto de seu pai em uma área que não era a sua. Não que ele estivesse a reclamar muito agora, por estar em tal projeto ele teve a oportunidade de, não apenas se aproximar de Frisk, como dar-se a oportunidade de conhecê-la da forma que ele jamais imaginaria.

Talvez, se não fosse por esse projeto, ele se manteria distante, suspeitando de cada atitude que ela pudesse ter, de toda sua bondade e altruísmo. Ele estava feliz em ter trabalhado naquele projeto.

Seu telefone havia vibrado em seu bolso e ele ignorou, juntando-se a Alphys e Gaster que ainda avaliavam não apenas os resultados do desempenho de Frisk como também as sugestões de propaganda que haviam feito para divulgar o trabalho. Era o passo final de todo o trabalho duro para finalizar aquela pesquisa tão importante. Sans estava preocupado, pois teriam que expor Frisk ao publico. Perguntas seriam constantemente feitas a ela sobre todo o trabalho e ele não tinha certeza se era realmente aconselhável deixá-la em tais níveis de estresse. Ela ainda era uma adolescente no final, mesmo que ele tentasse prepará-la, nada garantiria que ela estaria bem sendo rodeada de repórteres famintos por um furo, principalmente ela sendo filha adotiva do prefeito.

Se eles puxassem o incidente sobre a custodia de Frisk faltaria bem pouco para pressioná-la ao ponto do nervosismo e forçá-la a uma reação que poderia ser interpretada de diversas formas diferentes, assim eles poderiam montar suas próprias histórias, muito provavelmente favorecendo a oposição ao projeto. Apesar da grande concentração de usuários de magia em Ebott o numero de não-magicos ainda era maior, não sendo muito favorecedor as pesquisas relacionadas ao tema.

Seu celular vibrou novamente dentro de seu bolso, bem no momento em que estava discutindo tal ponto com Alphys. O albino soltou um grunhido e finalizou a ligação antes que ela pudesse continuar. A loira a sua frente estava empolgada de mais a tagarelar sobre o assunto e na possibilidade de Frisk ser capaz de criar material vivo para realmente prestar atenção na irritação de seu colega. Gaster, no entanto, era mais perceptível as alterações de seu filho.

Todo pai era atento, era um instinto que se adquiria como proteção a cria. Gaster sabia que era um fator biológico, amplificado pelo fato de Sans ter tido um crescimento delicado e complicado. O albino mais velho sabia que seu instinto superprotetor para com seus dois meninos nunca desapareceria, principalmente com a morte de sua esposa, mas ainda era complicado se aproximar de Sans o suficiente para saber como ajudar. Gaster foi forçado a se afastar por conta de seu trabalho, foi forçado a deixar uma parte do crescimento problemático de Sans e ele era ciente que havia perdido pontos importantes no decorrer da vida de seu filho mais velho. Mas o passado não poderia ser mais alterado e ele teria que arrumar uma maneira de concertar seus erros no presente.

Ele seria eternamente grato a Frisk por ter conseguido puxar Sans de volta para sua família. Gaster já estava começando apensar que nunca mais se sentiria confortável na presença de seu próprio filho, sem nem ao menos saber exatamente o que havia feito de errado.

Gaster tocou de leve o ombro de seu filho, chamando-lhe a atenção da tela de seu celular.

"Tudo bem?" questionou, mãos gesticulando apressadas as palavras as quais queria dizer, olhos preocupados pousando nos de seu filho. Ele era tão pequeno, o mesmo tamanho do de sua mãe, talvez um pouco mais alto do que ela. Sans suspirou e assentiu, colocando novamente o celular no bolso.

— Apenas uns idiotas que não sabem quando me deixar em paz. - Sans desviou o olhar para um canto qualquer da sala, mãos apertando forte o aparelho ainda dentro de seu bolso. Ele sabia que tinha que ser cuidadoso, a situação em que tinha se metido agora era delicada e se apressasse de mais o passo poderia causar problemas para mais de uma pessoa não envolvida anteriormente. Ele precisava ser esperto, não poderiam existir erros ou fios esquecidos.

Gaster, no entanto, sabia que Sans estava novamente ocultando mais detalhes do que realmente estava disposto a contar. E Gaster sabia que não poderia fazer nada para descobrir.

"Não hesite em pedir minha ajuda em qualquer coisa que precisar. Sei que não estive muito presente no crescimento seu e de Papyrus, mas vocês ainda são meus filhos e eu quero ajudá-los sempre que puder." Sans o encarou, corpo tenso. Gaster esperou alguma reação e por segundos realmente pareceu que seu filho tinha a intenção de dizer alguma coisa quando, instantes seguintes, desistiu, um baixo suspiro escapando de seus lábios enquanto formava um enorme sorriso genuíno. Um agradecimento silencioso. Gaster retribuiu o sorriso. "Tente não se estressar muito. Sabe como sua magia reage quando esquenta de mais a cabeça"

— Com o frio chegando é bom estar quente em algum lugar. - Sans deu de ombros, sorriso divertido no rosto enquanto voltava a se concentrar em seu trabalho, ignorando seu celular a vibrar novamente.

Ele teria outros momentos para atender.

Próximo ao final da tarde Frisk foi encontrar-se com Undyne para mais uma ou uma hora e meia de treino para em seguida ir direto para a casa de Sans. Aquela noite seria uma noite especial, não apenas porque teriam a casa do albino apenas para os dois, mas também porque Frisk tinha algo importante para conversar com ele. Ela não poderia dizer, no entanto, que seria um assunto agradável, Frisk estava terrivelmente amedrontada pelos resultados que poderiam acontecer naquele dia.

Mas ela ainda recordava-se do que Pap a havia dito na semana passada quando, desesperada por alguém para conversar, decidiu correr a ele para chorar suas magoas. Ela sabia que ele seria o único que a escutaria até o final, que conhecia seu irmão bem o sufiente para ajudá-la em seu problema. Qualquer outro teria tomado algum tipo de reação preciptada sem provas. Papyrus poderia não ser a primeira pessoa na qual se pensava em pedir conselhos, mas Frisk não sabia onde mais correr e ela já não poderia mais segurar tudo para si. Pap era seu companheiro, seu confidente, eles tinham tido longos dias de conversas sem fim sobre de tudo um pouco e ela sabia que poderia contar com ele para um segredo, só deveria deixar claro que não queria que mais ninguém soubesse e que era dever dele guardar aquela conversa apenas para ele.

Pap era inocente, mas ele sabia manter uma promessa.

O problema havia começado no final de agosto e arrastava-se até aquele final de setembro. No começo ela não tinha prestado muita atenção, afinal, sempre existiam às vezes em que algum idiota que você conhecia tinha a pouca noção de ligar para você durante a madrugada. Frisk não conhecia todos os amigos de Sans, ela não sabia ainda com quem ele se envolvia quando não estavam em seu grupo de amigos, porque ele realmente tinha uma vida por fora disso, então ela não tinha ideia se realmente alguém que ele conhecia poderia ser louco a esse ponto.

Todavia não foi apenas uma noite.

Frisk tinha ganhado o habito de passar pelo menos o final de semana na casa de Sans. Gaster e Pap não se importavam, gostavam de sua presença e a tratavam como parte da família e Sans realmente parecia gostar de tê-la por perto a maior parte do tempo, ele sempre fazia questão de tal. O problema estava em ser despertada todas as madrugas em que passava a noite ao lado de Sans por seu celular a tocar incansavelmente por prolongados minutos até finalmente o albino levantar-se para atender. Frisk não era do tipo que tinha sono pesado, principalmente com seus pesadelos a atormentá-la boa parte das noites, por mais que a quantidade tivesse realmente diminuido ainda eram um fato em sua vida noturna, e, por tal, mesmo que o aparelho apenas vibrasse sobre a comoda ao lado, a morena facilmente despertava e passava o resto de seus minutos escutando Sans a debater no telefone coisas que ela não conseguia ouvir ou entender.

Ela tentava não tirar conclusões preciptadas, no entanto era difícil quando, no momento em que perguntava sobre o assunto, Sans desviava o tema para outras questões, recusando-se a responder o que ela queria saber. Ela ainda recordava-se perfeitamente do dia em que Sans afirmou com veemencia que não era de trair, que nunca o fez e não começaria agora, entretanto, suas palavras eram complicadas de acreditar em uma situação em que era deixada no escuro com apenas sua imaginação a fornecer fatos distorcidos que, cada vez que pensava, pareciam mais certos.

Frisk tinha tanto medo, estava tão assustada. Isso nunca tinha acontecido antes e ela definitivamente não queria ter essa experiência. Ela tinha um sentimento especial por Sans, ela sabia que não era um simples gostar de adolescente, poderia não ser tão profundo como um amor, mas ainda era especial. Quebrar-se assim... Suspeitar de traição... Era uma palavra pesada que trazia sentimentos pesados. A dor não diminuiria por conta das constâncias do evento nos dias atuais, eles apenas pioravam e amedrontavam ainda mais aquele que mantinha-se na mesma situação que Frisk.

E depois de contar tudo para Pap, todos os seus medos e suspeitas, ela respirou fundo, contendo as lágrimas que queria encher seus olhos e esperando  o que ele poderia lhe dizer.

— FRISK, EU SINTO MUITO, MAS NÃO FAÇO A MÍNIMA IDEIA DO QUE POSSAM SER ESSAS LIGAÇÕES QUE MEU IRMÃO ESTÁ RECEBENDO. EU REALMENTE ME RECORDO DE OUVI-LO ALGUMAS VEZES A CONVERSAR DURANTE A NOITE NO CELULAR, MAS EU NÃO SEI COM QUEM OU DO QUE FALAM. - Frisk tinha soltado um suspiro triste, mãos apertando-se uma contra a outra em decorrência do nervosismo. Pap, por sua vez, colocou suas próprias mãos sobra as delas, sorriso carinhos surgindo em seu rosto pálido. - MAS EU CONFIO QUE MEU IRMÃO NÃO FARIA ISSO COM VOCÊ. EU NUNCA O VI TÃO FELIZ QUANTO QUANDO ELE COMEÇOU A NAMORAR COM VOCÊ!

— Isso não quer dizer que não possa estar acontecendo, Pap. Eu não sei o que fazer nesse tipo de situação, nunca passei por isso e não quero nem pensar se realmente... Se eu realmente estiver...

— FRISK, A MELHOR MANEIRA DE RESOLVER A SITUAÇÃO É CONFRONTAR O PROBLEMA. EU TENHO CERTEZA QUE SANS NÃO VAI RECUSAR EM TE CONTAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO DEPOIS QUE VOCÊ DISSER SEUS MEDOS.

— Tem certeza, Pap?

— EU, O GRANDE PAPYRUS, SEMPRE ESTOU CERTO E CHEIO DE CERTEZAS!

Frisk havia descidido seguir seu conselho. Hoje seria o dia em que enfrentaria Sans, esses telefonemas precisavam de uma explicação e Frisk queria uma. Relações eram baseadas em confiança, Frisk aceitava os segredos que Sans mantinha antes, ela sabia que ele precisava de tempo para conseguir contar fatos mais profundos de sua vida, eles ainda tinham apenas três meses de namoro, a confiança viria de forma lenta. Mas essas ligações eram estranhas e estavam começando a afetar o relacionamento que eles estavam montando. Frisk não queria que eles terminassem ali, ela queria seguir um pouco mais adiante e para isso ela tinha que ter certeza que Sans queria apenas ela para dividir a cama e não outra mais.

Frisk estava determinada!

— Você ficou distraida hoje o treino inteiro, punk, o que aconteceu? - Undyne sentou-se a seu lado, esticando as pernas e deixando-as ligeiramente abertas. Em uma de suas mãos estava uma garrafa de água, a qual tomava devagar, a outra mantinha o corpo apoiado mesmo que estivesse inclinado para trás. Elas haviam terminado o treino há poucas horas e agora Frisk estava tentando preparar-se para o que viria, o céu, agora noturno, acalmando-a consideravelmente apenas com sua simples visão.

— Apenas alguns problemas que não deixam minha cabeça. - respondeu Frisk. Undyne era uma das quais Frisk definitivamente não poderia dizer seu problema. Nesses ultimos dias a morena teve a oportunidade de conhecer a mulher a seu lado bem mais do que realmente chegou a imaginar que poderia conhecer um dia. Ela sabia que Undyne era inteiramente baseada com a honra e a justiça, se soubesse que Frisk suspeitava que Sans a estava traindo com toda certeza ela derrubaria-lhe a porta e tentaria empalá-lo com suas lanças. - E como vão os preparativos para o casamento?

— Sua mãe não deixa nem mesmo eu e Alphys levantar a mão para ajudar. Mettaton fez questão de arrumar as roupas e ajuda Toriel com todos os preparativos, de acordo com ele: "tudo do bom e do melhor!" - a ruiva não parecia chateada, na verdade um pequeno sorriso se formava em seus lábios. Frisk soltou uma risadinha, ela sabia que aquilo iria acontecer, era previsível pelo caráter que sua mãe e Mettaton apresentavam. - Apesar de admitir que estou um pouco nervosa, o que é bom que você não diga pra ninguém, principalmente Sans, não quero ouvir ele tirando sarro da minha cara, ainda assim agradeço aos dois pelo que estão fazendo. Eu não teria muito tempo para pensar em todas essas coisas de casamento, sem falar que não é exatamente minha área. Meu trabalho tem ficado um pouco mais agitado ultimamente. Está sendo uma loucura organizar todos aqueles imprestáveis que agora trabalham para mim.

— Deveria procurar descansar um pouco. Vai acabar se sobrecarregando com o trabalho.

— Eu que deveria estar dizendo isso a você. Sans me contou o quão dedicada você tem sido com seu novo emprego e ainda os estudos para o vestibular e como você não faltou nem um dia até hoje em seus treinos eu apenas posso imaginar quantas horas você dedica para dormir. Você ainda é jovem, punk. Tente se divertir um pouco e tirar a cabeça do trabalho duro.

— Eu me divirto! - protestou a morena recebendo apenas uma gargalhada sarcastica como resposta. - Estou falando sério!

— Sexo é um tipo de diversão, sim, mas acho que poderia, não sei, tentar sair algumas vezes. - o rosto de Frisk queimou em vermelho. Tudo bem, Mettaton já imaginava que ela tinha esse tipo de relação com Sans e, aparentemente, eles estavam deixando bastante óbvio de uns tempos para cá. Não para menos, é claro, pouco a pouco, com suas constantes atividades "físicas", por assim dizer, Frisk tinha começado a sentir-se cada vez mais na necessidade de ter mais do que a experiência de Sans poderia lhe mostrar. Agora já não mais poderiam ficar a dois passos um do outro sem sentir as faíscas de desejo que emanavam.

A intimidade entre os dois crescia exponencialmente, Sans a ensinava alguma coisa nova todas as vezes que dormiam juntos e ela era uma aprendiz voraz e rápida. Ela sabia onde tocar para fazer Sans perder o controle quando ele se continha de mais por conta da visão de seus hematomas decorrentes do treino, ela sabia agora o que dizer para fazer-lhe a mente parar de funcionar, ela sabia o que ele gostava e o que fazer e cada dia aprendia mais. Ela experimentava, ela tentava e às vezes procurava ter ideias novas. Em pouco tempo eles já não conseguiam ficar mais sozinhos sem avançar um contra o outro como feras selvagens sedentas e Frisk sabia disso.

Ela estava perdidamente viciada em Sans, em tudo que ele poderia fazê-la sentir e experimentar. Ela nunca admitiria isso em voz alta, mas Undyne tinha razão em dizer que sua única diversão esses dias tinha sido o sexo. Claro, ela adorava estar com as crianças também, brincar com elas, era relaxante e reconfortante, mas não comparava-se a "diversão" que tinha durante os finais de semana.

— Não precisa ficar com tanta vergonha, Punk. Eu já sabia que uma hora ou outra isso ia acontecer, Sans não aguentar ficar uma semana parado, são raras as vezes que ele consegue chegar a um mês. - zombou Undyne, ainda reparando o rosto extremamente vermelho da garota a seu lado. - Ele não forçou a barra, forçou?

— Não! Ele estava disposto a esperar mais, eu que... bem... quis. - com o final da frase sua voz foi diminuindo sua tonalidade. Seu rosto apenas não piorava seu estado por já se encontrar em tal tom de vermelho que seria impossível ultrapassar.

— Essa é nova! - Undyne tinha seu olho bem aberto, garrafa de água esquecida em um canto. - Ele deve gostar muito de você para descidir esperar. Acredite em mim quando falo que ele é pior que um coelho. Bem... Acho que agora vocês dois são.

— Undyne, por favor, vamos falar de outra coisa! É vergonhoso! - Frisk escondeu seu rosto com as mãos. Por que exatamente o assunto havia tomado aquele caminho? A ruiva riu, bagunçando-lhe os cabelos já oleosos e sujos pelo suor.

— Desculpe, punk. Apenas... - a enorme mulher suspirou, o ar ao seu redor tornando-se sério de repente. Frisk a encarou, rosto para fora de suas mãos, expressão confusa na face. - Olha, eu sei que Sans foi seu primeiro, não é difícil de saber com seu jeito de ser, se não for você realmente vai me surpreender. A questão é, eu sei como uma garota fica quando perde a virgindade, é quase automático o apego, e eu não gosto de falar mal de quem eu considero amigo, mas Sans sabe que tipo de cara ele é. Frisk, eu não quero que, se algum dia tudo terminar entre vocês, você se sinta mal. Sans é um cara que, depois de tantos relacionamentos conturbados, não sei se pode manter-se quieto. Eu vejo que ele tem um carinho especial por você, que ele realmente parece querer estar com você, eu nunca o vi assim, mas ainda quero que esteja preparada para caso aconteça o pior.

— Eu não sei se posso estar preparada para isso, Undyne... - Frisk murmurou, seus olhos perdendo-se em algum canto qualquer da praça em que estavam, o vento frio arrepiando os pelos de seu braço. Novamente o medo esgueirando-se por seu peito, envolvendo-o em um aperto esmagador. Undyne passou um braço por seu ombro, de uma forma bruta, mas ainda assim acolhedora.

— Sempre vai ser difícil, eu sinceramente acredito que Sans quer mudar, mas eu não tenho certeza se realmente vai acontecer. Mas você tem amigos, Frisk. Estamos aqui mesmo que o pior aconteça, aproveite seus dias, sempre pensando que pode ser o ultimo.

Frisk manteve aquela conversa em sua mente durante todo o caminho para a casa de Sans. Gaster, Asgore e Toriel iriam para uma reunião na prefeitura, aparentemente alguns assuntos importantes seriam discutidos e ambos, Asgore e Gaster, precisavam estar presentes, Toriel sempre acompanhava seu marido para garantir que ele não falaria de mais. Asgore tinha o problema ser inconvenientemente tagarela em determinadas circunstâncias, principalmente na presença de álcool.

Nesse caso Frisk, Asriel e Chara ficariam sozinhos em casa. Todos os três já eram maiores de idade, poderiam cuidar-se muito bem sozinhos, no entanto, Chara e Frisk fizeram um acordo. Chara queria um tempo com Asriel sem ter que se preocupar com outras pessoas a ouvir o que faziam, então Frisk sugeriu que iria para a casa de Sans naquela noite, assim seus irmãos teriam todo o tempo que precisavam juntos enquanto ela teria a oportunidade que queria para conversar com o albino. Ela sabia que Pap estaria na casa de Mettaton e com Gaster na reunião ela teria todo tempo e privacidade para tratar do assunto delicado em que estava envolvida. Chara não agradou-se muito da ideia no começo, ela sabia que sua irmã e o comediante de merda estavam a ter uma relação mais intima do que deixavam a transparecer, mesmo assim cedeu.

Ela queria esse momento com Asriel, afinal.

Frisk já tinha ido direto para a escola com a mochila recheada com tudo que precisava para passar a noite fora, com o pequeno desvio para seu treino agora, ainda no começo da noite, ela encontrava-se de frente para a casa a qual começou a considerar como um segundo lar. A morena a encarou atentamente, coração acelerado, procurando manter da melhor maneira possível a calma para tratar do assunto o melhor que conseguisse.

Sans, por sua vez, tinha terminado o trabalho tarde, chegou pouco tempo antes de Frisk dando apenas para tomar um banho apressado e então atender a porta. Seu irmão havia saido logo antes de chegar, Gaster tinha voltado mais cedo para preparar-se e adiantar-se para sua reunião, Sans estava sozinho quando Frisk finalmente tocou a campainha.

No mesmo instante em que seus olhos pousaram-se na pequena figura a sua frente do outro lado da porta ele já sabia que tinha alguma coisa errada. Seu sorriso era forçado, seu corpo estava tenso e ele sabia que não era por conta do treino, seus olhos dourados não expressavam alegria, pareciam até mesmo temerosos e seu rosto moreno não tinha mais do que o brilho do suor ainda pregado em sua pele. Alguma coisa estava acontecendo com Frisk e ele estava preocupado.

Ela tomou um banho, não preocupando-se em vestir-se muito descente naquele momento. Sans poderia sentir seu coração falhar uma batida quando a viu descer usando sua jaqueta e o cachecol vermelho que seu irmão a havia presenteado, logo abaixo uma fina camisola curta branca de alças bem frouxas, ele tinha certeza que ela mantinha-se apenas com a calcinha por baixo, seios livres. Seus cabelos castanhos, agora quase alcansando seus ombros, estavam ligeiramente molhados ainda. Ela era toda uma tentação naquele momento e Sans não saberia se poderia conter-se.

Eles acomodaram-se no sofá, cada um em uma ponta.

Sans tinha certeza agora que alguma coisa estava muito errada. Sem seu irmão ou seu pai em casa ele tinha certeza que Frisk teria sentado-se o mais próximo possível dele, sem vergonha ou medo de que alguém pudesse pegá-los em atividades mais intimidas. Mas ela estava longe agora, rosto voltado para a tela da televisão ligada em um canal qualquer. Ela estava encolhida, pés descalsos sobre o estofamente do sofá e joelhos colados ao peito, queixo apoiado sobre eles com um ar melancolico e tenso, pensativo.

Por mais que lhe doesse ele sabia que o problema era com ele.

— Sweetheart. - ele começou, tom preocupado bastante evidente em sua voz. Ele queria se aproximar, mas não sabia se realmente era a escolha certa. Frisk o encarou pelo canto do olho, ela estava escutando. - Aconteceu alguma coisa? Eu... Eu fiz alguma coisa errada?

Sans não era bom com relacionamentos, suas experiências anteriores não poderiam servir como base para conduzir de maneira correta o que ele queria ter com Frisk. Ele sabia que não deveria ser o melhor namorado do mundo, seus ciúmes com quem gostava somada a seu temperamento explosivo definitivamente não deveriam ser boa coisa, isso para não dizer todas as mancadas que já tinha feito no passado. Ele não queria errar com Frisk, mas sabia que seria impossível sendo como era.

Frisk voltou os olhos em sua direção, ela parecia ainda indecisa em responder, mas então respirou fundo. Sans esperou, coração partindo-se ao vê-la tão mal.

— Você está me traindo?

Era nesse momento que voltávamos para a situação presente. Frisk tinha lágrimas acumulando-se em seus olhos, mas recusava-se a deixá-las sair, Sans atordodado, surpreso e dolorido. Aquela era a pior situação em que ambos poderiam se encontrar e ele se sentia terrível por ver o rosto entristecido de Frisk. Há quanto tempo ela pensava isso? Por quanto tempo ela havia engolido esse medo e suspeita? Por quanto tempo ele a fez se sentir assim? Ele queria sentir-se indignado por ser acusado de tal ato, mas com os olhos dourados de Frisk a encará-lo com tamanha tristeza e desespero por estar errada não o deixavam sentir raiva de mais ninguém a não ser de si mesmo.

Ela desviou os olhos, por fim, depois de minutos de silencio, cenho franzido-se com profundidade. Sans sentiu o medo frio restajar por sua espinha, prontamente aproximando-se de Frisk, mãos procurando fazer com que ela voltasse a encará-lo, mas a morena se recusava a tal.

— Frisk... Sweetheart, por favor, olha pra mim. - ele pediu por fim, voz baixa, tentando manter-se firme. Frisk ergueu o olhar para o seu, ainda hesitante. - Eu nunca faria isso com você, sweetheart. Nunca! Eu sei que não sou o melhor namorado do mundo e que meu histórico de relacionamentos faz parecer que sou capaz disso, mas eu não sou esse tipo de pessoa. - Sans tocou-lhe a mão, bem acima de onde estava o anel o qual Frisk nunca deixava de usar. Ele bricou um pouco  com o objeto com uma das mãos enquanto a outra acariciava os fios castanhos, depositando um delicado beijo sobre a tempora da morena encolhida contra si mesma. - Com você eu quero ser diferente, vou dizer isso quinhentas vezes se for necessário para te fazer acreditar, porque eu sinto algo especial por você. Eu quero levar esse relacionamento a sério, você me fez querer isso.

— Então o que quer que eu pense quando você recebe ligações durante a madrugada e não quer me dizer o que é?! - Frisk exclamou, frustração preenchida em sua voz. Ela queria acreditar em cada palavra que Sans dizia, mas não podia enquanto ele não dissesse o que estava acontecendo. - O que quer que eu pense quando você passa um mês atentando chamadas durante a noite e não me diz nada?! Eu quero acreditar em você, Sans, eu realmente quero. Mas eu não posso confiar em alguém que não confia em mim, sou um humano também, eu sinto medos e inseguranças, não quero ser traída. E se você não está realmente me traindo o que são essas ligações? O que está acontecendo? E não me venha com essa de não é nada! Eu sei que você tem muitos segredos, Sans. Eu sei que tem coisas que não quer dizer e que precisa de tempo para confiar em mim o suficiente para contar, mas uma relação é baseada em confiança. Eu não posso ser a única a acreditar em você.

— Eu acredito em você. Eu confio em você, sweetheart. Realmente confio.

— Então o que são essas ligações, Sans? Por que não me diz? Eu não entendo e você não quer tentar me fazer entender!

— É complicado, sweetheart.

— Tudo é complicado até que seja explicado. Por favor, Sans, eu não aguento mais suspeitar, eu não quero suspeitar de você.

— Então não suspeite. Acredite em mim, sweetheart, eu nunca trairia você.

— Como quer que eu não suspeite se você me deixa no escuro? Por que não me explica? Por que esconde isso de mim? Por que não quer falar comigo? Eu sou sua amiga também, eu me preocupo com você, se não for traição, mas é alguem te incomodando então me conte, desabafe comigo. Eu não quero ser deixada de lado dos seus problemas, você esteve ao meu lado no pior momento de minha vida, então porque não posso estar do seu quando precisa? Por que guarda tudo isso para você?

— Você não sabe o que está pedindo, sweetheart. Isso... Meus segredos... Minha vida... Você nunca mais ia querer nem olhar para mim se soubesse quem realmente sou. Eu não quero que você fuja de mim, eu não sei se poderia ir atrás de você depois.

— Sans... - Frisk abrandou, mãos escapando das de Sans e indo até seu rosto, polegar acariciando sua cicatriz com carinho, encarando-o diretamente nos olhos. Agora era Sans que não queria encará-la. - Eu vou estar a seu lado mesmo que você seja o pior dos monstros. Eu não vou fugir e nem mesmo quero que me conte tudo o que esconde de uma só vez. Posso esperar até que esteja pronto para me contar, mas eu quero entender essas ligações, eu quero saber o que está acontecendo, porque eu não quero mais ter que apenas supor fatos que podem não ser reais.

Sans hesitou. Ele não queria dizer, ele tinha medo de dizer. Ele sabia que Frisk não mentiria ao dizer que não o julgaria, mas... Deuses! Até mesmo seu próprio pai o expulsaria de casa se soubesse tudo o que tinha feito, no que era... Sans era egoísta, ele não queria perder com seus atos, ele sabia que cada um deles traria consequencias, que ele tinha muito em jogo se a verdade escapasse, mas ele ainda não queria aceitar isso. Ele queria manter todos, queria manter Pap, Gaster e Frisk perto dele mesmo com tudo o que tinha feito. Ele não queria pagar por seus erros.

— Sans... Confie em mim...

— Eu confio em você. - ele voltou a afirmar, não sendo uma mentira. Ele confiava em Frisk, ele só não queria que os seus erros a tirassem dele. - Eu só não quero ver você ir.

— Não vou a lugar nenhum, vou estar aqui te escutando até o final e quando terminar vou tentar entender a sua parte da história.

— Promete? - Frisk sorriu, depositando um beijo casto nos lábios do albino.

— Eu prometo.

— Ok... Essas ligações... Elas... - Sans colocou as mãos entorno da cintura de Frisk, apertando-a com certa força, como se tivesse medo de que, se caso soltasse, ela se levantaria e iria embora. - Eu fiz muita merda, sweetheart. Eu cometi erros que... Que me fariam estar preso agora se não fosse por Undyne. Eu prometo te contar tudo um dia, mas por enquanto... Por enquanto eu quero aproveitar o que eu sei que vou perder depois que contar. De qualquer forma, eu estava tentando sair desses problemas, antes eu estava preso a eles, mas agora já não posso continuar assim, eu sei que tenho que sair. Mas não é como se eles deixariam tão fácil. Não é apenas de madrugada que me ligam, é o dia inteiro, durante a madrugada que eu perco a pasciência. Entenda, sweetheart, eu não posso simplesmente jogar tudo para o ar. Se fosse fácil eu teria saido há muito tempo.

— Mas é sua escolha, não é?

— O mundo não é tão simples, existem pessoas que fariam de tudo para manter o poder que tem, mesmo que o poder não seja exatamente delas. Eles vão continuar a insistir até que eu corte a ultima relação que tenho e deixe claro que não vou voltar atrás.

— É disso que se trata? Por que não me disse antes? Poderia ter evitado todo esse problema!

— Eu ia falar, sweetheart, mas queria resolver isso primeiro. Eu não imaginava que poderia te machucar tanto não dizendo nada, eu não queria que suspeitasse de mim, eu só queria concertar toda minha vida pra fazer tudo certo com você.

— Você não tem que esconder seus pecados, Sans. Eu tenho os meus também.

Frisk deixou a frase no ar, alivio na alma deixando-se levar pelo momento que se seguiu. Talvez um dia ela fosse capaz de explicar a Sans toda a questão sobre linhas do tempo, sobre o que ela havia feito em seu universo, sobre todo o peso que tinha em sua alma, assim como um dia ele seria capaz de contar a ela todo o peso que ele carregava em seus ombros. Mas isso apenas o tempo poderia concertar. Por enquanto eles se concentrariam no presente, aproveitariam a presença um do outro como se não existisse um amanhã.

Frisk gostaria de dizer também que eles passaram o resto do tempo que tinham a ver a televisão que havia sido esquecida ligada, mas seria uma grande mentira. O calor subiu rápido logo após o primeiro beijo dado, em segundos Frisk tinha sido jogada sobre o colo de Sans, cintura e quadril sendo atraidos com força exceciva  enquanto o beijo se aprofundava. Depois da tensão anterior eles tinham que liberar o estresse, seja da maneira que for e ambos sabiam perfeitamente qual era a melhor forma.

Sans já se encontrava sem camisa, suas calças de moletom não escondiam o volume que crescia entre suas pernas e Frisk estava demasiadamente esposta para poder dizer qualquer coisa. Mãos ficavam inquietas, procurando tocar a maior quantidade de pele possível que poderia encontrar, bocas vorazes querendo devorar uma a outra sem tempo para respirar. Em questão de segundo as roupas tinham sido esquecidas em algum canto qualquer da sala, o sofá sendo o primeiro palco para o frenesis que se seguiu.

O albino era bruto, Frisk não poderia negar. Se Undyne a deixava recheada com roxos por conta de seus treinamentos, Sans conseguia piorar seu estado deixando marcas de mordidas, chupões e diversas vezes hematomas pela forma como a segurava. Frisk gostava de zombar dele todas as manhãs seguintes em que acordavam e ela mostrava o que ele tinha feito, dizendo que ele facilmente poderia ser comparado a uma besta descontrolada. Não como se ele fosse capaz de negar. Frisk também não reclamava, apesar das dores ela aproveitava a noite. Ela também fazia questão de deixar Sans bem marcado, suas costas pareciam ter sido cortadas por facas e não pelas unhas de Frisk.

Do sofá eles cairam ao chão, Frisk dessa vez ficando por cima. Eles não sabiam quantas vezes eles faziam aquilo por noite, enquanto ainda tinham resistência eles seguiam, a noite era uma criança e não era como se no dia seguinte tivessem trabalho para ir. Ninguém estava em casa, eles não tinham que se conter, Frisk soltava a voz e Sans fazia questão de procurar sempre os pontos que a faziam elevar o tom ao seu máximo. Ele adorava ouvi-la.

Logo Frisk se viu presa contra a parede, pernas erguidas apoiando-se na cinura de Sans, as mãos do albino segurando-lhe o quadril, beijo sufocando ambos. Eles não tinham a menor intenção de se afastar. Em seguida estava no quarto, Frisk sentiu a macies do colchão em suas costas, molas rangendo pelo peso abrupto. Sua mente tendo rápidos lápsos de lucides, prontamente quebrados pelo toque desesperado em sua pele, pela mudança de posição ou uma investida mais feros.

Sans não mentia quando dizia que Frisk o deixava louco. Ele não sabia mais o que era controle quando estava perto dela, sua mente perdia-se em um mar de desejo e sensações, querendo apenas mais. Ele não tinha medo algum de admitir que Frisk era sua cina, seu vício. No começo ele estava hesitante em fazer todas as suas vontades, Frisk era disposta a tudo, mas ele não queria passar tão rápido a linha, ele queria aproveitar cada pedaço, com calma, mas parecia que Frisk não estava de acordo. Ele não sabia se era intencional, ele não sabia se era de proposito, ele só sabia que quanto mais ele procurava manter-se controlado, quanto mais ele retinha os ansieios de seu corpo, Frisk fazia alguma coisa que quebrava por completo qualquer fio de sanidade que ele tinha em sua mente.

Ela tinha descoberto com facilidade cada gosto dele. Ele era o animal e ela tinha a coleira que o controlava e ele não queria lutar contra seus comandos. Deuses, aquela garota o deixaria completamente louco um dia desses, se já não estivesse. Ele não sabia mais se poderia estar com qualquer outra garota, ele sabia que nunca seria a mesma coisa, Frisk, em pouco tempo, tinha aprendido tudo que precisava para tê-lo na palma de sua mão.

No final deveriam ser próximo a cinco da manhã quando finalmente decidiram parar, Frisk desabando em seu sono pouco tempo depois, enroscada em seus braços com um pequeno sorriso em seu rosto. Sans manteve-se acordado por mais um tempo, brincando com os fios castanhos que insistiam em tampar o rosto o qual ele queria ver, apreciando o contato e a quietude, sorriso nunca deixando sua face.

Ele estava feliz que o incidente de mais cedo tinha sido resolvido com facilidade, ele não queria fazer Frisk suspeitar de sua fidelidade, ele estava completamente e somente dedicado a ela. Ele precisava encerrar esse assunto pendente que tinha deixado, ele não queria que por um problema que tentava se livrar outros pudessem surgir.

Quando o telefone tocou, poucos minutos depois, ele já sabia o que deveria fazer. Frisk despertou assim que Sans ergueu-se da cama para pegar o aparelho, ela não abriu os olhos, porém. Sans não tinha saido do quarto daquela vez, ela poderia ouvir o que ele iria dizer.

— Eu já disse para pararem de me ligar. - ele assobiou baixinho, voz raivosa sendo contida para não despertá-la. Sans não sabia que ela estava acordada, havia sentado ao seu lado na cama, uma das mãos a tocar-lhe o rosto com carinho. - Eu já disse que estou fora, tão difícil é pra entender?

Não é assim que a banda toca, Sans. Você sabe muito bem disso. - Frisk tinha conseguido ouvir pelo telefone. A voz era masculina, desconhecida para a morena que permaneceu a escutar atentamente. - Você não pode simplesmente pular fora. Existe muita coisa em jogo e você é nossa melhor carta.

— Olha, eu não vou voltar, não importa no que vocês se metam. Eu deixei todas as instruções para manter as relações com aliados ainda ativa, se vocês se enfiarem em alguma roubada o problema não é mais meu. Agora parem de me ligar, estão chamando a atenção do meu pai e minha namorada já está começando a suspeitar de mim. - a mão de Sans desceu para seu pescoço, brincando com a ponta de seus cabelos.

Desde quando você se importa com o que suas namoradas pensam? É só sexo pra você de qualquer jeito!

— Essa é diferente. - Sans sussurrou, sua voz dessa vez sendo carinhosa e não autoritária como estava a ser durante toda a conversa. Frisk poderia facilmente imaginar o sorriso que havia surgido em seu rosto pálido.

Diferente? Sans, não zombe da gente! Não diga que você está saindo por causa de uma garota! Uma puta qualquer que pode arrumar igual a qualquer momento! Se escute, cara! - a magia trepidou pelo quarto, Sans estava começando a se enfurecer com aquela conversa. Frisk sabia bem que, mais do que ela se incomodava com a forma que as pessoas se referiam a ela, Sans perdia a cabeça em cólera.

— É melhor você calar sua maldita boca agora antes que eu faça por você. Sabe que sou capaz. - era uma ameaça, Frisk tentou conter o arrepio que queria subir por seu corpo.

Sério isso? Você está mesmo levando seu relacionamento a sério dessa vez? - a voz estava tensa do outro lado, Frisk poderia até mesmo ouvir ele tragando saliva. Seja quem for que estivesse do outro lado da linha estava com medo agora. - Sabe o que vão fazer com ela se descobrirem o que está acontecendo, não sabe, Sans? Não vão deixar isso barato e com toda certeza eles não vão atrás apenas dela.

— Vou avisar apenas dessa vez, então escute bem para dar o recado correto com todas as letras que vou usar: Se qualquer um de vocês encostar um dedo se quer na minha namorada, família ou amigos cada um de vocês vai ter o pior momento de toda a vida de vocês. - era complicado conter os arrepios. A magia que Sans emanava era pesada, Frisk podia sentir ela enroscando-se em sua pele e arrepiando os pelos de seu braço e nuca. Inconscientemente ela se encolheu e quase automaticamente a magia a sua volta havia abrandado. - Eu já disse que estou fora, não vou voltar atrás em minha palavra então parem de insistir. Vocês sabem do que sou capaz então me deixem em paz.

O telefone foi desligado no momento seguinte, sem direitos a qualquer reclamação por parte da pessoa do outro lado da linha. Sans soltou um suspiro pesado, celular sendo deixado de lado enquanto voltava a se acomodar na cama. Com cuidado ele envolveu os braços a sua volta novamente, puxando-a para perto, um beijo rapido sendo deixado no topo de sua cabeça antes de finalmente todo o lugar se aquietar.

Frisk dormiu com um sorriso no rosto, coração e alma mais tranquilos. Ela apenas deveria esperar agora que Sans estivesse pronto para lhe contar seus outros segredos.               


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Notas finais do capítulo

Novamente alertando que estamos chegando ao final da introdução, então esperem de tudo. Semana que vem vai ser o ultimo cap de introdução e então vamos começar as tretas.
PRÓXIMO CAPITULO TEM HENTAI, AVISANDO PARA AQUELES QUE NÃO CURTEM A LEITURA.
Obrigada a todos que estão acompanhando, compartilhando, comentando e recomendado a fanfic, é apenas por vocês que ela continua com força total! (sorry a demora em responder alguns comentários, estou no final do meu período da faculdade, então á viu a comoção)
Até semana que vem e continuem determinados!