FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 16
Termino ou começo? - 102 dias para Reset


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o capitulo que todos estavam esperando. Eu dei uma corrigida nele esses dias, mas ainda pode ter um errinho ou outro, tendo me avisem.
Oh, com relação aos comentários, minhas semanas estão uma loucura, eu estou tentando arrumar tempo e vontade para pegar todos e responder, mas estou muito cansada. Eu tive sorte de ter adiantado esses capítulos há muito tempo se não nem sei se vocês estariam lendo ele hoje.
JÁ AVISANDO AQUI E NAS NOTAS FINAIS! PRÓXIMO CAPITULO (lançado hoje ainda) TERÁ HENTAI! QUEM NÃO QUISER LER, POR FAVOR SALTE A PARTE QUANDO COMEÇAR AS INSINUAÇÕES, OBRIGADA.
aproveitem o cap



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FusionTale - Termino ou começo? - 102 dias para Reset

— Sans. - a primeira advertência. Ele não deu ouvidos, cantarolando ao ouvir sua voz tão próxima e ronronando pelo contato de seus corpos. Oh, sim! Ele era um gato, um gato que gostava de carinho. Era um gato preguiçoso que marcaria seu território sem pedir permissão para qualquer um. - Sans. - a segunda advertência não demorou a seguir a primeira, novamente sendo ignorada enquanto concentrava-se em jogar o pobre cão para fora do sofá enquanto ele ocupava o que antes era seu lugar. - Sério, Sans.

— Eu sei que você adora pronunciar meu nome, sweetheart, mas não precisa de tanto. - ele zombou, os olhos erguendo-se de sua nova posição para encarar os dourados dela, seu coração saltando uma batida assim que o dourado ocupou a maior parte de sua mente. Frisk ainda se acostumava pouco a pouco a manter seus olhos abertos, ele agora poderia ver aquela bela cor mais constantemente e mesmo assim não conseguia acostumar-se com ela. Ela franziu o cenho profundamente e ele se encontrou a rir de sua expressão. Ele tinha ganhado o hábito de observar cada uma de suas diferentes caretas, talvez ele já as soubesse de cor.

— Sério, Sans, você não está nem um pouco na necessidade de receber todo esse mimo. - ele não se importava, ele queria a atenção dela em todos os momentos, mesmo que precisasse usar a pior desculpas de todas para conseguir. Ele já tinha usado várias antes, algumas boas e outras bem ruins, apenas para não dizer um "quero te ver". Ele não poderia dar-se esse luxo, ele não poderia deixar-se cair. Por que? Porque ela não ia querer alguém como ele. Ele estava feliz por tê-la tão próximo agora, mas era apenas pelo motivo dele esconder-se atrás dessa mascara a qual ele usava todos os dias. Ele não podia quebrar-se na frente dela, ela ia fugir. E ele não teria coragem de ir atrás dela.

— E desde quando estar deprimido é um pré-requisito para receber carinho? - ele tentou manter sua voz firme, pensamentos inoportunos empurrados para longe enquanto procurava perder-se no aconchego do momento.  

— Sans!

— Você nunca se incomodou antes, sweetheart, porque reclama tanto agora?

E era verdade, a amizade que eles tinham agora havia extrapolado um pouco algumas intimidades. Sans não poderia negar que sentia-se lisonjeada e extremamente feliz que Frisk tivesse escolhido usar sua voz apenas com ele, pelo menos nesse rápido período de mudanças. Ele estava feliz que ela corria para ele para contar seus problemas, que corria para ele a procura de carinho e que sua relação estava tão estreita que facilmente poderiam ser confundidos com um casal formado agora. Por sua vez, Frisk não sabia exatamente o que deveria pensar, ela estava confusa, perdida e dolorida. Porque, apesar dela adorar cada momento que passava com Sans, estar tão perto dele ainda a fazia sentir-se reprimida.

Reprimida a esquecer seus anseios mais profundos e ignorar a paixão lacerante que borbulhava em seus intestinos e a fazia sentir-se estranha. Ela passou a amar cada parte de Sans que ela poderia ver, aquele Sans o qual ela nunca conseguiu, nunca teve a oportunidade de conhecer tão profundamente como estava a conhecer agora. E era tão doloroso estar tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Tocar, mas ter uma linha que impedia de ir adiante. Era tão visível o limite para ela, tão palpável.

Em um suspiro derrotado ela sabia que não poderia fazer nada para mudar a mentalidade dele de onde queria ficar. Era como tentar tirar um gato de cima da cama. Ele sempre ia voltar, insistentemente querendo enroscar-se ali para dormir. Então era como dizia o ditado: "se não pode vencê-los, junte-se a eles."

Ajeitando-se de forma mais confortável no sofá, enquanto o peso das costas de Sans ainda mantinha-se a pressionar seu peito, acomodado entre suas pernas, ela finalmente deixou-se relaxar na posição em que estavam, acariciando os fios brancos do rapaz com a cabeça deitada em seus seios em um afago tranquilo. Ela quase poderia ouvi-lo ronronar com o toque, fechando os olhos e deixando-se levar enquanto uma de suas mãos procurava a que ela havia deixado em seu peito.

Qualquer um que os pegasse naquela situação poderia muito bem pensar que eles estavam a namorar.

— Então, o quão escandaloso foi o final do seu namoro? - Frisk começou, olhos perdidos em um canto qualquer enquanto tentava não pensar na mão de Sans a brincar com a sua. A enorme mão pálida e calosa do rapaz remexendo distraidamente com a sua, tão pequena e morena.

 Ele gemeu em desgosto.

— Imagine alguém que até mesmo soltou ameaças. - Frisk riu, imaginando a ex-namorada de Sans gritando para todos ouvirem todos os tipos de ameaças e fatos que ela poderia pensar. Ela não sabia como eles haviam durado tanto tempo, Sans era do tipo de pessoa que odiava dramas e aquela garota era do tipo que fazia uma cena por tudo. - Eu estou feliz que acabou.

— Eu ainda não entendo como vocês foram ficar juntos. - Sans deu de ombros para o comentário. Novamente, foi apenas por conveniência, mas não valia a pena todo o sacrifício e raiva que ele teve que passar. Sua paciência tinha um limite. - Bem, isso prova que Pap tem razão quando fala que você tem um péssimo gosto para namoradas.

— É o que acontece quando você não está a fim de levar a sério esse assunto de relacionamento, sweetheart. Você encontra pessoas que também não querem nada mais do que diversão e não são compatíveis com você. - Sans abriu uma brecha de seu olho, encarando atentamente a pequena mão que agora encontrava-se entrelaçada a sua. Um sorriso triste desenhou-se em seu rosto, ele estava agradecido que ela não poderia ver sua expressão agora. - Até você encontrar alguém que te faça querer mais do que diversão, ou simplesmente cansar de si dar mal.

— Não tem ninguém que você queira ser sério, Sans? Alguém que queira a seu lado? - Frisk sabia que não deveria fazer tal pergunta, sabia que machucaria muito dependendo da resposta, mas ela não conseguia evitar. Ainda acariciando seus cabelos brancos, ela enterrou o rosto sobre sua cabeça, escondendo o rosto. Ela não sabia se poderia conter a expressão de tristeza que poderia surgir.

— Na verdade, tem sim. Ela é... Especial. Mas nós dois não daríamos certo, se ela soubesse quem sou... Quem eu realmente sou, ela nunca ia querer estar perto de mim. - sua voz era amarga, sua mão apertando a da morena , fechando os olhos novamente. Frisk retribuiu o aperto, sem saber se sentia-se triste ou esperançosa. Ele não havia dito quem era, mas seria presunção de sua parte achar que poderia ser ela.

— Não seja bobo, Sans. Se ela não conseguir ver o quão legal você é, tenho certeza que não merece você. - um beijo casto sobre a cabeça do albino, encorajando-o apesar de seu próprio coração começar a doer. Não poderia ser ela, afinal.

— Eu não penso assim sweetheart. Mas e você? Eu acho que nunca ti vi namorando e tenho certeza que não é por falta de escolha. - Sans era um idiota. Por que ele perguntava o que ele não queria ouvir? Por que não apenas manter-se calado? Aproveitar o carinho que ela o estava brindando? Por que querer mais? Por que ele queria tanto dela?

— Sendo sincera não estou muito afim de relacionamentos agora. Além do julgamento tem o vestibular para estudar, e ainda... Eu estou esperando alguém. - era complicado descrever a sensação de dor que envolveu o peito do pobre albino. Ele sabia que aquela resposta era esperada, mas mesmo assim... - Ele é especial pra mim também. Eu sei que é idiota da minha parte esperar uma pessoa que talvez nunca vá prestar atenção em mim desse jeito, mas eu... Eu sinto que quero esperar, não importa o tempo. Eu quero ele.

Talvez a melhor maneira de descrever o sentimento que tomava conta de Sans naquele momento era a quebra de sua alma. Ele podia suportar que Frisk estivesse a gostar de alguém. Ele poderia aguentar isso, mas definitivamente ele não poderia suportar a ideia que ela estivesse apaixonada por algum outro homem. Era egoísta de sua parte, porque ele sabia que ele nunca teria se quer uma chance e ela precisava seguir sua vida, ela não poderia estar sozinha sempre. Mas era tão difícil aceitar!

Sem aviso ele ergueu-se, virando o corpo sobre o apoio de seu cotovelo para poder encará-la diretamente nos olhos. Ele não queria imaginar o quão irritado ou desesperado ele estivesse parecendo, ele apenas queria uma resposta:

— Quem é? - Frisk o encarou sem entender, surpresa com sua reação. Ela não estava com medo, Sans não faria nada com ela apesar de seu semblante irritado, ela sabia disso. Ela apenas... Não entendia muito bem o que estava acontecendo. - Quem é ele, Frisk?

Frisk não gostava de maldizer seja uma situação ou uma pessoa, porém aquele era o devido momento para isso. Ela não poderia mentir para Sans, ela não conseguiria, ao mesmo tempo que não poderia dizer a verdade. Ela não poderia dizer que era ele.

— Por favor, sweetheart. Pelo menos me diz quem é. - sua voz tinha saído quebrado. Ela não esperava que ele estivesse tão mal, que parecesse tão desesperado e quebrado. E ela sabia que a partir dali seria uma via só de ida e talvez ela fosse fazer a maior idiotice de toda sua vida. E mesmo consciente disso ela não se importava.

— Toc toc. - ela sussurrou, seus dedos tocando de leve a cicatriz que ele ostentava do lado esquerdo de seu rosto.

— Sério isso, sweetheart? Eu sou um apreciado de piadas, mas agora? - ele tentou rir, mas saiu amargo. Ela não poderia estar brincando com ele agora, não agora.

— Toc toc. - ela insistiu, o rosto queimando tanto quanto em qualquer momento, mãos tremulas ainda a segurar-lhe o rosto. Eles estavam perto, frente a frente, Sans ajoelhado no sofá entre suas pernas enquanto ela mantinha-se sentada, ligeiramente inclinada para trás apoiada no braço do sofá. Ele suspirou, ela sentiu o hálito em seu rosto.

— Quem é?

— Amo.

— Amo quem?

— Amo você.

O silêncio foi toda a resposta. Sans encarava sem acreditar a morena a sua frente enquanto ela revolvia-se inquieta em seu assento, sem realmente ter a capacidade de fugir, ele não a deixaria fugir agora. A alma que antes parecia estar se partindo agora inflava-se em diversos sentimentos que não poderia descrever naquele momento, a mente tornando-se um nó confuso enquanto o coração batia louco dentro de seu peito. Ele não poderia ter escutado isso direito.

— I-isso... i-isso é s-sério, sweetheart? V-você não... não está apenas brincando comigo, está? - Sans não poderia dizer qual foi a ultima vez que ele sentiu-se tão embolado em suas próprias palavras, o insistente sorriso tentando forçar seus lábios para cima, a inoportuna alegria tomando conta do momento como uma heroína injetada em suas veias. Ele ainda sentia as mãos dela em seu rosto, mas seus olhos apenas focavam-se em suas feições, recusando-se a encará-lo. - Eu não... Interpretei errado o que você acabou de me dizer, não é, sweetheart?

— S-se... - Frisk engasgou, a voz ficando difícil de sair. Ele queria que ela repetisse, ele queria que ela falasse de novo. E foda-se! Era complicado. Ela não tinha se quer coragem de encará-lo, imagina dizer tudo de novo. Mas ela estava determinada! O caminho não tinha mais volta atrás, ela não poderia fugir e ela estava determinada a seguir em frente. Então, engolindo o nó em sua garganta, ela continuou: - Se você entendeu que a pessoa que estou esperando, que eu amo, é você, então... Então você interpretou certo.

Sans não precisava de mais, ele não precisava de mais nada para mandar tudo pela janela, preocupações, medos, inseguranças, qualquer coisa que estivesse de errado na porra de sua vida ele não se importava mais. Aquele momento estava certo. Ele sentia que estava e ele queria que permanecesse assim. Era até um pouco assustador imaginar que, de tão irreal aquela situação estava a aparecer, que tudo não passava da merda de um sonho, um dos várias que ele estava a ter com o transcorrer desses meses.

Suas enormes mãos tomaram o rosto da garota a sua frente, o calor passando para seus dedos comprovando que não era um sonho, e mesmo assim ele queria mais. Desesperado ele deixou-se guiar pelo desejo, tomando os lábios da garota sem pedir permissão, afogando-se no sabor que agora ele finalmente poderia experimentar, deliciando-se com o som engasgado e surpreso que Frisk havia soltado com sua súbita ação. Ele sentiu as mãos dela deixar seu rosto, ele sabia que ela estava completamente pasma pelo que estava fazendo, mas ele não se importava mais, ele não se importava com mais nada.

Sua boca dançou sobre a dela em um ritmo vorás, profundo logo no inicio, procurando sentir mais e mais do que antes havia retido-se tanto. Ele se deu permissão, ela o amava, ela queria ele. Como deixar uma oportunidade dessa passar? Como não simplesmente demonstrar o que já estava certo?

Não demorou muito, porém, para Frisk retornar o beijo. As mãos agora agarradas a sua jaqueta puxando-o para perto, deixando-se levar por cada movimento em que o albino guiava, coração completamente sem compasso dentro de seu peito e mente em branco. Ele não poupava cantos de sua boca e ela não seria deixada para trás, ela sabia o que deveria fazer, ele não era o único que poderia jogar esse jogo.

Eles se separaram por alguns segundos em busca de ar, respirações agitadas e descompassadas, forçando-os a sentir o calor do halito um do outro enquanto mantinham-se estreitamente próximos. Dessa vez, no entanto, Frisk foi a que começou, puxando a jaqueta a qual segurava e forçando Sans a descer a sua altura, tomando-lhe os lábios para mais um beijo.

Sans sentia-se perdendo o resto de sanidade que ainda lhe restava, uma das mãos deslizando pelos cabelos castanhos e puxando-a para mais perto enquanto a outra escorregava para o ombro, descia pelo braço e então agarrava a cintura fina escondida por trás do tecido largo que ela costumava usar. Ele tocou-lhe a pele por cima do tecido, apertou-lhe a carne e tentou trazê-la para mais perto, e ainda assim hesitou. Seu corpo esquentava, mas ele não queria ir muito mais longe, pelo menos não tão rápido. Ele queria que Frisk ditasse o momento.

Eles se separaram novamente.

— Deuses... Se isso for um sonho, eu não quero acordar. - ele sussurrou, a voz ofegante e abafada, prontamente procurando a boca de Frisk novamente. Ela, por sua parte, sorriu contra o beijo, as mãos agora acariciando-lhe a nuca, enroscando-se nos curtos fios brancos que conseguia encontrar.

— V-você ainda... - ela respirou, olhos ainda fechados em meio aos escassos segundos que se permitiam respirar. - Você ainda não disse... O que v-você sente por... mim...

— Definitivamente... com toda certeza... apostando minha alma... eu te amo... te amo tanto, sweetheart. Você me deixa louco! - a cada pausa, a cada palavra ele lhe fornecia um beijo, recusando-se a deixar aqueles lábios fora de seu alcance um segundo se quer. Ele queria tanto manter-se assim por toda sua vida, queria tanto simplesmente ficar ao lado dela. Era tão diferente dos outros relacionamentos que ele havia procurado... Ela era bem mais... Doce. - Você não tem ideia de por quanto tempo, da quantidade de força de vontade que tive que reunir para manter minhas mãos longe de você. Você não tem ideia de como eu tive que me segurar para não simplesmente te atacar.

— Por quanto tempo? - Frisk sorria contra cada beijo. O albino tinha a impressão que ela sabia o efeito que causava nele, ela sabia o quão louco ela poderia transformá-lo apenas com o simples contato de suas mãos com seu rosto, puxando-o para baixo sempre que podia, prendendo seus lábios em um beijo em que nenhuma das duas partes sedia o poder. Ela sabia brincar e ele não estava nem um pouco decepcionado de não ter roubado-lhe o primeiro beijo. Os idiotas que antecederam ele apenas foram uma preparação para deixar Frisk perfeita para ele, e apenas para ele.

— Desde a primeira vez que fomos no Grillbys eu quero você, sweetheart. Mas eu não faço a porra de nenhuma ideia de quando você começou a ser tão importante pra mim. - Sans começava a ter uma enorme dificuldade de manter-se no controle, o calor descendo para regiões mais baixas de seu corpo. Mas Frisk não parava de beijá-lo daquela maneira... Ele soltou um grunhido gutural, forçando-se a se afastar.  - Sweetheart... É melhor pararmos ou eu não garanto que vou me manter quieto por mais tempo.

— Pap disse que você nunca teve problema em continuar.

— Antes que eu comece a perguntar o quanto você e meu irmão fofocaram sobre mim e me façam limitar o contato entre vocês dois... - Frisk riu com o comentário. Ele não tinha nem ideia de o quanto ela e Papyrus haviam conversado, e não apenas sobre Sans. - Você não é como as outras garotas que namorei, sweetheart. Eu não quero apressar nada, não vou negar que morro de vontades de simplesmente te levar para o meu quarto, mas eu posso esperar para o momento em que você me diga que podemos.

Frisk sentiu-se corar, o rosto queimando em uma leve combustão enquanto Sans acariciava as maçãs de seu rosto com cuidado, quase como se ela fosse capaz de quebrar ao simples toque. Ela nunca imaginou que o rapaz que tinha agora a sua frente poderia ser do tipo atencioso, ela esteve presente na maior parte de seu relacionamento anterior, ela viu como ele tratava a namorada com descaso, ela observou como ele poderia ser o pior em um relacionamento. Mas agora, encarando-o daquela maneira, ela não via o mesmo Sans que poderia ignorar completamente sua namorada. Ela via alguém carinhoso, atencioso, alguém que se preocuparia e estaria a seu lado para qualquer coisa.

Ela continua a ver o amigo por quem ela havia se apaixonado.

— Espera... Fomos ao Grillbys em janeiro e você começou a namorar pouco depois disso. Por que?

— Sweetheart, você tem alguma ideia do estado em que você me deixava? Se eu não procurasse alguma coisa para me aliviar eu não tenho certeza do que seria capaz de fazer. - Sans escondeu o rosto na curva do pescoço de Frisk, sentindo-se completamente encabulado. Era complicado admitir aquilo em voz alta. - Eu estava com ela para tentar esquecer o desejo que tinha por você. Mas fomos ficando cada vez mais perto e não dava mais para negar que o que sentia não era apenas... físico. Droga, sweetheart, não me faça falar esse tipo de coisa.

— E pensar que eu sentia ciúmes dela com você e... Todo esse tempo... Você estava com ela querendo estar comigo. Isso é apenas tão... Wow. - Frisk riu, os braços enrolados no ombro de Sans, abraçando-o para mais próximo de seu corpo, ambos ainda embolados sobre o sofá. Aquele era um fato tão estranho de se pensar e mais estranho ainda era sentir-se feliz por ele, por mais que Sans tivesse apenas "usado" a garota, Frisk não conseguia evitar a alegria de tal fato. Ela era humana ainda, afinal. Por mais bondade que tivesse, em algumas situações, ainda era complicado evitar o sentimento de vitória perante a derrota de outro.

— Falando nisso, desde quando sente isso por mim? Quanto tempo me fiz de idiota cego?

— Não é como se eu também não fui cega. - murmurou a morena, escondendo seu rosto próximo ao pescoço de Sans e depositando um casto beijo na região. Sans estremeceu com o contato, uma reação que ela deveria lembrar-se mais tarde. - Acho que desde que fui te buscar na delegacia, mas pode ter sido antes. Eu só me dei conta naquele momento.

— Somos dois idiotas. - não poderiam negar, mas também não se importavam muito com isso agora. - Então, já que finalmente estamos pulando para uma nova fase de nossa amizade. - Frisk gemeu em desgosto pelo comentário, mas Sans apenas ignorou. - O que acha de ir comigo ao cinema amanhã? Você está de férias e meu único trabalho é monitorar a evolução da sua magia, então estamos livres. Tem um filme que eu sinceramente estou louco para ver e é sempre bom com uma boa companhia.

— Isso é um encontro? Você está me chamando em um encontro com você? Tipo, depois dos vários beijos, você me chama para um encontro agora?

— Eu estou tentando fazer tudo certo e você ainda fica zombando de mim? Fiquei chateado agora, sweetheart. Não comprarei doces de Muffet para você quando voltarmos. - Frisk riu, nem ao menos reparando que ele havia dito como se ela já tivesse aceitado sua proposta. De qualquer jeito ela iria dizer que sim. Sans amuou, tentando conter sua vontade de rir. Às vezes fingir-se de criança não era tão ruim.

— Você é velho de mais para esse tipo de expressão, Sans. Mas você poderia pelo menos me falar qual é o filme que vamos ver?

— Deixemos como um segredo para amanhã.

O que se seguiu durante o resto do dia até a chegada de Toriel próximo ao anoitecer foi desde brincadeiras infantis, alguns episódios praticamente ignorados de animes e bastante beijos e afetos. Sans não queria largá-la, mesmo que soubesse que teriam que levantar-se para comer ou qualquer outra necessidade biológica no decorrer do dia ele apreciava apenas o fato de estar abraçado a Frisk o tempo inteiro.

Houve um ponto em que haviam trocado de posição no sofá, Frisk agora acomodada sobre seu peito enquanto Sans deitava-se no móvel. Frisk adormeceu pouco tempo depois, alguns minutos antes de Papyrus chegar em casa com algumas compras para o jantar. Ele chegou a dar uma ligeira olhada para o casal no sofá, Sans acenando-lhe feliz enquanto ele finalmente ia até a cozinha.

— Hey, Pap! - Sans chamou, não muito alto para não despertar Frisk, ainda deitada sobre seu peito, dormindo profundamente. Ele chegou a brincar um pouco com seus fios castanhos enquanto esperava seu irmão aproximar-se para poder finalmente falar. - Eu e Frisk estamos saindo em um encontro amanhã. Eu acho que... Acho que vamos começar a namorar.

— Sans... - Papyrus suspirou, uma de suas mãos indo parar em seu rosto agora ligeiramente entristecido. Sua voz muito mais baixa do que ele costumava usar, provavelmente para não despertar Frisk. - Eu não sei se isso é uma boa ideia, irmão. Não me leve a mal, eu adoraria ver você e Frisk juntos, tanto que Frisk seria ainda mais próxima de nossa família, mas pense nisso. Se alguma coisa der errado entre vocês, se por acaso não der certo... Eu não quero ter que escolher entre vocês dois, Sans. Você é meu irmão e eu te amo, mas eu também amo Frisk. Ela é uma amiga muito querida para mim. Eu não quero que vocês dois percam esse carinho que tem um com o outro.

— Não vai acontecer, Pap. Eu prometo. - Sans voltou seus olhos para a garota que ainda mantinha bem próximo a seu corpo, um sorriso carinhoso e determinado desenhando-se em sua face tranquila. Papyrus nunca viu seu irmão tão calmo, ou pelo menos não recordava-se de vê-lo assim. - Eu vou fazer certo dessa vez. Dessa vez eu quero ter alguma coisa séria e não vou perder essa oportunidade.

Sans havia feito uma promessa, e Papyrus sabia que ele odiava fazer promessas. Sans odiava responsabilidades, odiava sentir-se obrigado a cumprir alguma coisa e mesmo assim ele havia feito por livre espontânea vontade. Ninguém o havia pedido por aquela promessa, ninguém o havia ameaçado ou coagido a fazê-la, então Papyrus iria acreditar, torcendo nos bastidores pela felicidade dos dois. Afinal Frisk havia sido aquela que o apresentou a Mettaton, ele devia deixá-la ser feliz também sem se preocupar com o que ele pudesse estar a pensar.

E quem sabe começando um relacionamento mais afetivo Sans parava de segui-lo em seus encontros.

No dia seguinte Sans foi uma hora antes da cessão começar para buscar Frisk em sua casa. Apesar do calor do verão Sans insistentemente mantinha sua jaqueta, ele não sentia tanto as mudanças climáticas como outras pessoas, seja por sua magia ou simplesmente por ser uma característica de seu próprio corpo, seja como for ele nunca em sua vida abriria mão de qualquer um de seus casacos, seja o motivo que for. Frisk, por sua vez, mostrou-se bem adequada para essa tarde trajando uma saia rodada de cor clara e uma blusa folgada que deixavam descobertos seus ombros, completando com simples botas que aproximavam-se muito de seus joelhos. Seus cabelos castanhos haviam sido deixados secos naturalmente, o ondulado empurrando fios para diferentes direções  e ainda assim aparentando estar organizado.

Sans tinha tanta sorte e ele sabia muito bem disso.

Em si o dia foi definitivamente divertido. Antes do filme eles compraram algumas guloseimas para acompanhar, com direito a uma pequena discussão de quem deveria pagar. Frisk insistia em dividir os gastos enquanto Sans insistia que ele poderia pagar tudo. Acabou que Frisk foi forçada a ceder, a cessão estava quase começando e eles precisavam arrumar bons lugares.

Durante todo o filme Sans manteve Frisk perto, braço envolta de seu ombro, a cabeça dela bem acomodada em seu ombro. Ao saírem procuraram algum lugar onde poderiam comer alguma coisa e aproveitar o resto de seu encontro. Frisk achou muito divertido ver que Sans ainda tinha uma certa atração por ketchup, exagerando bem na quantidade sobre suas batatas fritas.

Os dois se divertiam, Sans não conseguia pensar no ultimo encontro em que poderia dizer que saiu tão bem enquanto Frisk não conseguia se lembrar de seu ultimo encontro em si. Frisk era uma namoradeira, ninguém poderia negar, mas suas paqueras duravam no mais tardar dos tempos uma ou duas semanas, apenas com leves esbarrões no decorrer dos dias. Aparentemente os garotos dessa geração não estavam muito interessados nos típicos clichês de cinema em que não se caia direto no sexo e Frisk não estava disposta a rebaixar-se tanto por uma relação.

Ela havia começado sua história com o sexo oposto com os quatorze anos, não contando a pequena queda que teve por Asriel antes de descobriu que Chara já estava interessada nele. No começo Frisk apenas se encontrou um pouco interessada, prontamente esquecendo como uma paixonite de criança, quando chegou aos quinze ela deu seu primeiro beijo com um garoto mais velho que aparentemente tinha criado um certo interesse por ela. Não durou muito, porém. Frisk recusava-se a falar e muitas vezes seus namorados não entendiam a linguagem gestual, atrapalhando a comunicação. Frisk não se importava completamente. Quando ela havia atingido o ensino médio seu numero de relacionamentos aumentou consideravelmente, não sendo exatamente como as meninas populares de sua escola, mas ainda um numero a se levar em consideração.

Por sua parte Sans tinha muito mais experiência, não por ser mais velho, mas por ter começado mais cedo. Aos doze anos ele já era considerado atraente o suficiente para algumas meninas mais velhas ou da sua idade. Ele não via mal nenhum em experimentar. Com quatorze ele já sabia sobre sexo e aos quinze colocou em prática. Ele passava a procurar apenas aquelas que estavam apenas interessadas no que ele poderia fazer na cama e não em sua personalidade ou existência em si, era mais fácil de lidar, não tendo que abrir-se ou revelar nada que queria manter escondido.

Ninguém precisava saber.

Com dezessete ele tinha começado a fumar, sendo que as bebidas passou a estar presente em sua vida desde os dezoito. Gaster e Papyrus não sabiam o quão fundo ele havia descido e Sans gostava assim. Eles não precisavam saber, eles não tinham que se preocupar, o único porém era a quantidade de garotas diferentes que Sans acabava por levar a sua casa, cada uma pior que a outra. Os dois membros da família já começavam a achar que ele era um caso perdido para relacionamentos.

Bem, Sans ainda sabia como ser um companheiro descente.

Eles não sabiam se poderiam definir o resto como um problema, foi mais como um inconveniente inesperado. O dia começava a escurecer quando decidiram ir para casa, Sans passando o casaco negro que usava para Frisk, a qual já começava a sentir o frio dos ventos noturnos. Eles estavam por passar em frente a uma lanchonete, distraídos a conversar, Sans com um dos braços envolta de Frisk, quando alguém estourou para fora da porta do lugar, interpondo-se na frente de ambos.

— Eu sabia! - a voz era conhecida, mas Frisk precisou ainda de alguns minutos para reconhecer a garota a sua frente. Mais alta do que Frisk, quase do mesmo tamanho que Sans, longos cabelos castanhos escuros e olhos de um castanho folha, ela tinha o cenho profundamente franzido e encarava os dois a frente com imensurável revolta. Frisk finalmente conseguiu recordar-se de seu rosto.

Era a ex-namorada de Sans.

— Eu sabia! Eu sabia! Eu sabia que todo esse mimo que você tinha com ela não podia ser qualquer coisa! Amizade minha bunda! - ela esbravejava, olhos faiscando com indignação e repulsa na direção de Frisk. A morena sinceramente não estava muito se importando. Sans tinha terminado com ela, por mais que fizesse escândalo só ia dar mais motivos para ele a se afastar dela. Seu celular vibrou em seu bolso e Frisk achou que seria bem mais interessante ver o que tinha recebido do que continuar aquela conversa. - Desde quando?! Falem desde quando eu estou sendo feita de idiota?!

— Ei, ei, nós já terminamos, eu não tenho que te dar satisfação se estou saindo com outra pessoa agora. - Sans inquiriu despreocupado, uma de suas mãos no bolso da calça jeans que usava e outra sobre o ombro de Frisk, casualmente puxando-a para mais perto.

— Tem que me dar satisfação se você estava me traindo esse tempo todo! Acha que sou idiota a ponto de não ver que você e essa... Cadela, não tinham mais do que apenas amizade?! Por favor! - Frisk ergueu o olhar de seu celular, cenho franzido em desgosto tanto pela acusação quanto pelo nome com que aquela garota havia se dirigido a ela. Tudo bem que Frisk não se importava com o que os outros diziam se sua consciência estava limpa, ela nunca havia ficado com Sans no período de tempo em que ele estava namorando, mas ela pelo menos iria exigir um pouco de respeito para com sua pessoa.

— Antes que eu perca a paciência com você vamos deixar duas coisas bem claras. - a voz de Sans permanecia calma, entretanto ela havia abaixado de tom o suficiente para mostrar-se ameaçadora, seu olho esquerdo começando a emitir um brilho azul característico. - Primeira: por pior que eu possa ser, e eu admito isso, nunca em minha vida cometi uma traição e não será agora que vou começar. Você não tem provas de sua acusação, apenas especulação então pare de fazer escândalos desnecessários. Em segundo lugar: você não tem nenhum direito de chamar Frisk da maneira como você fez. Você não a conhece, nunca quis conhecer, você não sabe nada sobre ela e posso dizer com toda certeza que você é mais merecedora desse nome do que ela.

— Como é rude... - apesar do murmurar indignado o rosto da garota havia subido alguns tons de vermelho enquanto Sans falava, poderia ser tanto de raiva como de vergonha, Frisk não queria saber. Seus olhos se abriram ao ler a mensagem que estava escrita na tela de seu celular, enorme sorriso em seu rosto. Antes que a garota pudesse continuar Frisk deu um salto:

— Sans! Sans! Olha isso! - ela ergueu o celular para Sans, ignorando completamente o fato de que a irritante garota havia escutado-a falar ou que parecesse completamente indignada de ser interrompida. Sans abriu os olhos ao ler a mensagem, um enorme sorriso apareceu em seu rosto, assunto anterior esquecido.

— Isso é sério? Quem te mandou a mensagem e quando? - ele parecia divertido, o brilho de seus olhos havia sumido deixando apenas a tonalidade azul normal.

— Mettaton, recebi ela agora. Parece que Alphys acabou de contar.

Na mensagem era possível ver as seguinte frase: Undyne e Alphys estão namorando.

Rápidas e diretas palavras que poderiam causar tamanho tumulto. Todos já conheciam os sentimentos de ambas mulheres uma pela outra, mas a situação nunca aparentou ter passado de uma amizade intima. Ambas tinham se conhecido na faculdade e criaram um vinculo improvável de dois polos completamente opostos. Undyne era uma mulher ativa, social e violenta enquanto Alphys era uma mulher quieta, tímida ao ponto de ser antissocial e totalmente doce, incapaz de ferir qualquer um, seja quem for. Qualquer um do pequeno grupo de amigos que tinham estavam apenas esperando, impacientes, o momento que a relação ia avançar.

Uma mensagem daquelas era motivos para fogos de artifício!

— Desde quando?

— Vou enviar a pergunta agora. Assim que terminei de ler tive que te mostrar.

— Não posso acreditar que estão me ignorando! - esbravejou a garota, apenas para receber o silêncio como resposta. Seu rosto tinha tomado mais uma tonalidade de vermelho, dessa vez de fúria e cólera. Aquilo não poderia estar acontecendo, era humilhante de mais!

— Oh! Estão juntas há um ano!

— Impossível! Como esconderam tão bem?! Ninguém suspeitava de nada até alguns dias atrás!

— Lembra do chefe de Undyne?

— Como esquecer aquele porco? O cara era mais chato que o outro primo daquele seu amigo artista! E é difícil ser mais chato do que ele. -Sans tinha razão. O outro primo de Alphys, Mettaton e Blooky era um homem que parecia viver irritado. Ter qualquer tipo de conversa civilizada com ele era impossível, já tinham perdido as contas de quantas vezes foi preso por agressão ou violência, agora ele estava internado em uma clinica psiquiátrica para tentar controlar sua raiva.

— Bem, parece que ele é contra o relacionamento gay, por isso que quando começaram Undyne e Alphys tiveram que manter em segredo para que Undyne não perdesse o emprego. Agora que ele vai aposentar e Undyne vai tomar o lugar a única pessoa a cima dela vai ser as próprias leis, ou seja...

— Ela pode assumir o relacionamento sem ter medo de perder o emprego! - Sans completou, um enorme sorriso desenhado em seu rosto. Os dois haviam se esquecido completamente da confusão anterior, voltando a andar para casa como se nunca tivessem se topado com a ex de Sans, agora plantada em seu lugar com os nervos a flor da pele. - E quem poderia imaginar que tudo isso estivesse acontecendo! Aquelas duas vão ter que falar bastante conosco depois.

— Você quer mesmo saber detalhe do relacionamento delas?

— Não quer saber como é sexo lésbico?

— Sans!

Foi um dia divertido, o começo do verdadeiro relacionamento entre os dois. Frisk guardaria para sempre em suas memórias.


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Notas finais do capítulo

Novamente quero agradecer a todos aqueles que estão acompanhando a história, comentando, compartilhando para amigos, eu vejo alguns comentários no face que me deixam super feliz e isso dá gosto ao meu trabalho. Eu amo escrever e vocês tornam meu prazer em passar as loucuras da minha cabeça para vocês ainda bem maior. Não se esqueçam nunca que são vocês que movem a fanfic, não eu. Sem vocês ela não teria chegado até aqui.
Aliás, teve leitor especulando treta com a namorada (ex namorada agora) do Sans, espero não ter descepcionado. Fãs de Alphys x Undyne, tem surpresa para vocês mais para frente, fiquem atentos.
Até o próximo cap! Mantenham-se determinados E NOVAMENTE AVISANDO QUE ELE VAI TER HENTAI. NÃO GOSTA, SE SENTE INCOMODADO, TEM INSINUAÇÃO ANTES, PULE A PARTE.
Obrigada novamente!