FusionTale escrita por Neko D Lully


Capítulo 11
Noite de Filmes - 250 dias para Reset


Notas iniciais do capítulo

Bem, queria começar esse capitulo com um: Eu amo vocês!
Sério, não sabem com quanta determinação vocês me enchem e me fazem extrapolar meus limites. Fico feliz que estejam apreciando essa fanfic tanto quanto eu estou amando escrevê-la.
Agradeço as mais novas recomendações, aos comentários que lotaram a fanfic, mesmo sendo capitulo duplo vocês fizeram questão em comentar nos dois. Vocês são os incríveis nessa história toda!
Então, sem mais delongas, vamos ao capitulo que é bem fofinho ;)



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FusionTale - Noite de Filmes - 250 dias para Reset

— Tudo bem, sweetheart, como convenceu sua mãe a te deixar dormir em nossa casa? Com três homens? - Frisk ergueu sua atenção do telefone em que tinha passado quase todo o dia a trocar mensagens. Seus olhos encontraram-se com duas orbes azuis, encarando-lhe com atenção enquanto esperava sua resposta. Frisk então colocou o celular no bolso por alguns instantes, ignorando a melodia que segundos depois ressoou do aparelho indicando uma nova mensagem.

"Disse que ficaria na casa de Gaster, e como é melhor amigo do papai, nunca deixaria nada acontecer comigo enquanto estou lá. Papai me ajudou no ponto. Sem falar que mãe te conhece e Asriel conhece Pap, então foi realmente bastante simples." respondeu antes de voltar sua atenção para seu celular. Sans definitivamente estava mordendo-se de vontade de quebrá-lo agora.

Sans não poderia garantir, porém, que manteria suas mãos longe da garota ou que isso poderia ser classificado como algo ruim. Porra, ele estava contendo com bastante dificuldade suas vontades para com Frisk e ele não estava nada feliz em descobrir que elas apenas aumentavam a cada dia mais. Tudo depois de ver seus olhos, ele tinha certeza que a culpa eram daqueles maravilhosos, tentadores e hipnóticos olhos dourados. Apesar que seu jeito meigo e inocente não estava ajudando muito também.

E o rapaz nem mais poderia culpar sua tensão sexual. Durante os últimos dias ele havia arrumado alguém para aliviar as necessidades de seu corpo e mesmo assim ele ainda sentia-se no limite de seu controle sempre que estava ao lado da pequena morena. Definitivamente não estava bem, ele sabia disso, mas seu desejo ardente não queria sumir e parecia que a maldita garota sabia muito bem disso! Pelos deuses, desgraçado foi o dia em que ele deu-lhe espaço para se aproximar, maldito foi o dia em que ele, por diversos motivos, prometeu a si mesmo que cuidaria dela, que a protegeria, mesmo que fosse de si mesmo.

Puta merda ele definitivamente ia ficar louco. Frisk estava alegre em tê-lo por perto, ele podia ver como ela sorria em sua presença e como ela havia notado que ele não estava mais retendo sua aproximação. Mas ela não parecia notar suas mãos suando e tremendo pelo desejo de tocar-lhe o corpo, mesmo que fosse a cintura; de deslizar suavemente os dedos pela pele macia de seu pescoço comumente exposto; a vontade ardente de beijar-lhe os lábios pequenos e tentadores. Ela parecia não notar o quão louco seu coração poderia ir com apenas um leve roce de seus braços enquanto caminhavam ou como o sangue parecia fluir para seu rosto e partes mais abaixo cada vez que ela adiantava-se a sua frente, quadris a acompanhar, em um compasso que ele já havia marcado tantas vezes, o movimento de seu andar.

Ele precisava urgente parar de pensar sobre isso. Ele já poderia sentir determinadas áreas acordando e ele definitivamente não precisava disso nesse momento. Já bastavam em seus sonhos, que pouco a pouco tornavam-se mais constantes, a cada dia que conhecia um pouco mais a garota, a cada dia que prestava mais atenção sobre ela. Sans odiava ser observador, estava odiando ser tão atento, principalmente para com mulheres.

E não era como se tais reações não fossem normais para ele. Ele era um homem que já deveria ter dormido com, no mínimo, vinte garotas diferentes apenas no último ano e não um adolescente em pleno descobrimento hormonal! Sans sabia, mais do que perfeitamente, cada reação de seu corpo para determinados tipos de mulheres. Todavia, ele começava a perceber, nenhuma delas poderia ser realmente comparadas com Frisk. Aquela maldita garota com toda certeza estava ultrapassando o que estava acostumado e isso o irritava profundamente.

E ele não conseguia ficar com raiva dela!

E como poderia? Com aquele rosto de anjo e suas atitudes tão altruístas? Como ele poderia sentir raiva de alguém que sempre fazia Papyrus rir? Que gostava de suas piadas? Que o acompanhava até o Grillbys quando podia? Que tinha olhos tão bonitos? Como alguém poderia realmente ficar com raiva de Frisk?

Ele a encarou novamente pelo canto do olho, observando como focada ela estava com o que quer que seja que estivesse a fazer com seu celular. Os cabelos caindo ligeiramente sobre seu rosto, mesmo que ela inutilmente tentasse mandá-lo para trás de sua orelha. Sans sempre se via forçado a segurar o impulso irritante e tocar-lhe as madeixas rebeldes, de fazer sua própria tentativa frustrada de retirá-las do belo rosto infantil que tinha a frente como uma desculpa para lhe tocar a face com as pontas dos dedos recobertos por luvas. Ele só queria um pouco de contato com ela...

Com um baixo grunhido ele voltou-se para frente, desesperado por alguma coisa que pudesse distraí-lo de seus próprios pensamentos impuros e da garota a seu lado. Porra, ele precisava aliviar logo essa tensão antes que fizesse uma loucura. Como se já não bastasse tocar-se ao pensar nela... Ele nunca admitiria que teria feito isso, nem que fosse para si mesmo, mas havia acontecido. Uma noite qualquer, quando não conseguiu dormir e sentiu os anseios de seu corpo mais insuportáveis do que poderia imaginar. Foi por um acaso que ela havia caído em seus pensamentos no momento, sua imaginação apenas fez o resto. E foi apenas uma vez! Nunca mais havia acontecido!

Novamente a melodia do celular, novamente o som do teclar rápido da formulação da resposta. Sans não poderia suportar mais.

— Sweetheart, para quem está mandando mensagem tão avidamente? - ele inclinou seu pescoço para espiar a tela do celular, mas Frisk o escondeu antes que pudesse ver do que se tratasse. Cenho franzido apenas era quebrado pelo sorriso divertido em seus lábios. - Vamos, sweetheart, não pode me culpar por estar curioso. Você não desgrudou desse maldito aparelho em momento algum!

Ele estava certo, mas Frisk não poderia mostrar de qualquer jeito. Faltava pouco para chegar na casa da família Skelton, ela pensava em deixar seu telefone de lado assim que entrasse, mas parecia que Sans tinha outros planos. E não era como se pudesse culpá-lo por isso, era definitivamente rude de sua parte manter-se no celular na companhia de outra pessoa, entretanto o assunto era importante e ela precisava resolvê-lo.

"Não é nada." assinalou apressada, retirando novamente seu celular de perto do alcance de Sans. Ele apenas sorriu ainda mais.

— Se não é nada, não vai se incomodar se eu der uma olhar no que é, não é? - o comentário veio com mais uma tentativa de pegar o telefone, novamente sendo esquivado pela garota, que apressou-se para frente, sem nunca desgrudar os olhos de sua pessoa. - Sweetheart, o que você está fazendo que eu não posso ver?

"Nada" insistiu a garota, mantendo-se a andar de costas a frente do rapaz a sua frente. Ela tentou não prestar atenção no fato dele aparentemente seguir sua sugestão sobre deixar o cabelo em seu tom natural, sentindo-se extremamente feliz interiormente, mas não era o devido momento para pensar nisso.

— Então deixe-me ver.

"Curiosidade matou o gato"

— E eu já te falei que é por isso que é bom termos mais de uma vida. Agora passe-me o telefone. - Frisk não chegou a comentar o detalhe de que ele realmente recordava-se de seu primeiro encontro, meses atrás, ainda no inicio de setembro no ano anterior. Sua preocupação foi logo desviada para as tentativas persistentes do rapaz em tentar agarrar seu celular.

Frisk também não tinha ideia de quando aquilo havia se tornado uma brincadeira de pega-pega, ou quando haviam começado a rir descontroladamente enquanto procuravam pegar um ao outro em uma corrida disparada para a casa do mais velho. Mas não seria ela a reclamar, estava divertido. Apesar de não fazer a mínima ideia de como Sans, sendo preguiçoso como era, poderia arrumar energias para realmente correr atrás dela e não começar a teletransportar-se para sua frente.

Isso a fez recordar brevemente de um dos universos em que sonhou. Um bastante engraçado em sua opinião, um que as personalidade de seus amigos era trocada e Sans tinha as atitudes de Papyrus, e Papyrus tinha as atitudes de Sans, até mesmo roupas trocadas. Undyne parecia-se com Alphys, e Alphys com Undyne. Asgore era aquele que cuidava das Ruínas e Toriel era aquela que caçava crianças humanas. Flowey tinha sido trocado com Temmie, o que foi demasiadamente esquisito na primeira vez que viu. Era um universo divertido, um que teria sido legal deparar-se alguma vez, apesar que Frisk tinha a leve impressão que sua personalidade era trocada com a de Chara, fato não muito confortável para a garota.

Pensando em Flowey agora, Frisk começava a questionar-se se ele realmente era Asriel que, ao voltar a estar vivo, havia desaparecido com a existência da pequena flor, ou se Chara tinha razão e Flowey era uma entidade separada que por consequência havia absorvido os restos de Asriel para surgir, talvez pegando um pouco de sua alma e memória, mas não sendo exatamente ele. Frisk não chegou a ver ninguém que realmente lhe recordasse a pequena flor assustadora... Mas ela deveria pensar também que nem em todos os universos ela era realmente má.

Agora que Frisk pensava, algumas características marcantes que ficavam sobre as pessoas desse universo eram as que mais constantemente se repetiam em todos os outros. Por exemplo, Sans poderia ter uma boa forma física e não se importar em correr, assim como o Sans em personalidade de Papyrus em um dos universos, mas ele ainda permanecia como um preguiçoso desanimado, como na maioria das outras dimensões. Undyne era bruta, exageradamente forte e extrovertida, como na maior parte dos outros universos, mas ela ainda possuía uma fração nerd em suas atitudes.

Então Frisk poderia dizer que o que predominava em seus amigos, apesar da grande mistura de almas diferentes em uma única, eram as atitudes e características que mais repetiam-se em cada universo? Oh, isso era uma teoria interessante!

Voltando a situação atual, não demorou muito para que ambos atravessassem a porta de entrada da casa de Sans em um estrondo apressado, ainda rindo e correndo atrás do outro em frases desconexas e já cansadas. Como Frisk havia pensado, não estavam muito longe do lugar, mas com a correria haviam se adiantado bem mais.

A casa dos irmãos não diferenciava-se muito da que Frisk havia se acostumado no Underground, sendo que o primeiro cômodo visto ao entrar era a sala onde a televisão e o sofá estavam postas, escadas basicamente de frente para a porta e a mesa de jantar do outro lado da sala, perto da entrada para a cozinha. Um lugar grande, se Frisk fosse realmente pensar em suas dimensões. Existia apenas duas mudanças significativas na casa, que era o acréscimo de mais dois quartos no andar superior, um de Gaster e um para visitas.

Perdida em seus pensamentos avaliativos Frisk esqueceu de olhar envolta em sua correria, tropeçando no braço do sofá bem a suas costas, o corpo inclinando-se para trás em uma perda momentânea de equilíbrio. Sans aproveitou o momento para tentar pegar o celular das mãos apertadas da garota, mas tudo o que conseguiu foi que ela o puxasse para frente, consequentemente caindo junto com ela no sofá. Pernas emboladas em um nó estranho, um rosto voltado para o outro ainda gargalhando sem parar, Sans sobre Frisk em uma posição não muito confortável.

Os olhos azuis de Sans avaliaram a situação, ainda com a mente um pouco nebulosa pela falta de fôlego e as gargalhadas que pouco a pouco diminuíam de intensidade. Ele sabia, apesar de tudo, que deveria sair de onde estava, que era arriscado, em suas atuais condições de sanidade, manter-se naquela posição com a garota que constantemente infestava seus pensamentos mais lascivos. Todavia, uma parte sua, uma grande parte sua para dizer a verdade, não queria sair, queria manter seu corpo a prender o da garota debaixo de si, pernas enroscadas e sem uma posição exata para ficar, rostos próximos e ligeiramente corados tanto pela aproximação quanto pelo frio do lado de fora que permanecia a afetar seus corpos.

Afinal, qual seria o problema em se deixa levar um pouco?

Ele sabia que a garota não poderia afastá-lo, ele era pesado de mais para que ela tivesse forças para jogá-lo para fora. Seu corpo desejava avidamente a garota, de forma a queimar suas entranhas dolorosamente sempre que ele estava perto dela, então por que não deixar o instinto falar mais alto? Deixar-se levar pela situação? Qual seria o problema que poderia surgir de um pequeno gesto? Ele só precisava de um beijo... Apenas um pequeno beijo para saber o sabor daqueles lábios...

— SANS? FRISK? QUE CONFUSÃO É ESSA? - Frisk engasgou com a voz alta de Papyrus, rosto desviando de sua direção para inclinar-se para cima e poder observar a porta da cozinha. Sans tomou aquilo como um sinal para se levantar, desembaraçando-se das pernas curtas da garota para poder colocar-se em pé novamente. Frisk não se moveu do lugar, o rubor mantendo-se em seu rosto.

— Nada, Pap. Apenas estávamos nos divertindo um pouco enquanto vínhamos pra cá. - respondeu Sans, voz tão tranquila como poderia aparentar, apesar do leve bufar de sua respiração ainda um pouco ofegante. Seu rosto estava rosado e sua mente confusa, ele não sabia como exatamente tinha conseguido arrumar a voz ou as palavras certas para responder seu irmão.

E o pior: ele não sabia se ele ficava com raiva de Papyrus ou se ficava feliz com sua interferência.

Feliz pois ele não sabia exatamente o que poderia levar se ele chegasse realmente a beijar Frisk. Do jeito que ele si conhecia tinha quase completa certeza que não ficaria apenas em um beijo inocente, ou se quer em apenas um beijo. Em contrapartida ele estaria com raiva por não ter conseguido beijar Frisk! Ela parecia tão disposta, em um momento tão perfeito, os dois embalados pela situação sem realmente ter ideia do que poderia acontecer com aquilo...

Já Frisk... Bom, ela mantinha-se jogada de qualquer jeito sobre o sofá, rosto queimando em um vermelho vivo enquanto sua mente repassava uma e outra vez a proximidade que ela e Sans haviam ficado poucos minutos atrás. Ela poderia jurar ter visto uma fagulha de desejo nos olhos de Sans, ela podia jurar que ele estava prestes a beijá-la. E ela... Ela queria beijá-lo? Talvez. Ela poderia tê-lo beijado? Sim. Teria sido certo beijá-lo?

Frisk não poderia ser enganada, Papyrus já a havia contado sobre como Sans era com garotas. Namoros curtos baseados em sexo que não levavam a nada. Sans era um completo descaso para romance e desde a adolescência nunca teve uma garota que realmente lhe prendesse a atenção. O máximo que já havia ficado com alguém era na faculdade, quando namorou por três meses, nada mais. Foi o mais longe que conseguiu ir em um relacionamento.

Papyrus sempre afirmava que Sans tinha um péssimo gosto para garotas, sempre escolhendo aquelas que realmente não davam valor a lealdade ou fidelidade. Mas quem era Frisk para julgar?

Frisk era uma namoradeira também. Flertar era uma de suas atitudes favoritas em momentos de aperto ou simplesmente para passar o tempo. Amigos estava acostumados, todavia ela conseguia deixar uma ou outra pessoa totalmente desconfortável com seu jeito sem vergonha de agir as vezes. Ei, ela podia se passar por um garoto! Então não tinha muitos problemas. Ela não tinha chegado ao sexo, beijos ocasionais e um segurar de mãos era tudo. E não por sua falta de vontade, Frisk sabia que ela poderia ter transpassado a barreira corporal há tempos, desde os quinze ou dezesseis, mas ela verdadeiramente não queria.

Qual seria o sentido disso? Se ela queria uma relação com alguém que fosse baseada no amor e não no sexo. Clichê? Talvez, mas ela realmente não se importava, era o que ela queria. Qual garota não queria isso?

Bem, talvez as que ficassem com Sans.

Sans não parecia ser o tipo de cara com quem Frisk gostaria de se envolver emocionalmente e... Por que ela estava pensando nesse tipo de coisa? Ela queria ser amiga de Sans, não namorada. Certo?

O coração palpitou desenfreado, reformulando seu ponto. Talvez ela precisasse pensar mais sobre o assunto.

— FRISK, VOCÊ TROUXE TUDO QUE PRECISAVA PARA DORMIR AQUI? - Papyrus apareceu desde a porta da cozinha, um avental enfeitava seu corpo com os dizeres: beije o cozinheiro. Frisk ergueu sua bolsa, mostrando que sim.

— Dever de casa? - começou a citar Sans, como se não acreditasse que ela realmente não havia esquecido nada. Frisk levantou seus cadernos. - Roupas? - ela mostrou as mudas. - Escova de dente? - os objetos novamente estava nas mãos de Frisk. - O celular você estava na mão então realmente acho que você não esqueceu nada. Quer tomar um banho antes de começarmos a ver os filmes? Tenho certeza que não vamos dormir cedo hoje.

Frisk assentiu, ainda um pouco constrangida pelo novo ambiente em que teria que dormir. Não era a primeira vez que ia para a casa dos irmãos, mas era a primeira que dormia ali, e com seus sentimentos ainda em uma confusão em seu interior ela realmente não sabia como agir exatamente. Talvez um bom banho fosse realmente o ideal para colocar as ideias no lugar, Frisk não pretendia lavar o cabelo, por isso não demoraria, mas poderia ter tempo suficiente para pensar estando sozinha.

— WOWIE! UMA FESTA DO PIJAMA! SANS NÃO COMA AS GULOSEIMAS ANTES DA HORA! - ela conseguiu ouvir do andar de baixo, enquanto dirigia-se para o banheiro no final do corredor no segundo andar.

— Ok, bro.

— NÃO CONCORDE E CONTINUE COMENDO!

— Ok, bro.

— NYEH!! - a morena riu com a conversa. Quem poderia não gostar daqueles dois irmãos? Eles eram tão divertidos!

Seus pensamentos pousaram então em Gaster. Ela ainda não conseguia tirar de sua mente o pensamento de que ela o conhecia de alguma forma, mesmo com suas memórias de outras dimensões ela não conseguia se recordar de nenhum Gaster, ela nunca o viu, nunca ouviu falar dele, mas ele inda parecia tão próximo aos dois irmãos... Como se em todas as dimensões tivesse sido assim. Como se Gaster não era um personagem criado apenas nessa dimensão, mas que em todos os outros universos ele também existiu.

Era tão estranho e suas atitudes não ajudavam em nada. Ao mesmo tempo em que ele parecia ser tão ligado aos filhos ele parecia ser ausente. Chegando quase sempre tarde em casa, provavelmente o ultimo a sair do laboratório. Ele parecia não saber como lidar com Sans, principalmente, talvez porque ambos eram demasiadamente parecidos para seu próprio bem. Frisk conseguia ver, não apenas algumas vezes, o pesar nos olhos de Gaster cada vez que era repelido por seu filho mais velho, cada vez que não conseguia uma conversação simples e sem discussões, cada vez... Que ele percebia que pouco sabia sobre seu próprio filho.

Ela se sentia mal por ele, mas ela não tinha como ajudar. Sans era uma nuvem de mistérios e segredos e ele parecia querer permanecer assim.

Depois do banho Frisk jogou-se no sofá novamente, os pés recobertos por grossas meias subindo para as almofadas do móvel, encolhendo-se quase em uma bola no centro do estofado marrom. Toby, o pequeno cão branco da família, correu a seu encontro, saltando para cima do sofá e enfiando-se entre os braços de Frisk, procurando o carinho que ele sabia que ela iria dar. Papyrus tinha um sério problema com o cão sempre pegando suas coisas, Sans parecia ignorar o pobre animal e Gaster parecia apenas preocupado com sua saúde, sendo ele e Pap que o alimentavam.

O pobre animal parecia ser tão carente! E Frisk estava mais do que disposta a dar-lhe todo o carinho que ele queria.

Pap apareceu poucos minutos depois, carregando três enormes tigelas recheadas dos mais variados tipos de guloseimas que Frisk poderia imaginar. Em uma ela viu uma enorme quantidade de pipoca que enchia a sala com seu cheiro forte e salgado de queijo, em outra Frisk podia ver pilhas de chocolates de vários tipos enquanto na ultima tinha balas dos mais variados sabores, formas e tamanhos. Grandes copos de refrigerante também estavam posicionados, repletos de gelo e vaporizando pelo frio intenso. Tudo que era necessário para uma incrível noite de diversão!

— NYEHEHE! TUDO PRONTO, SÓ TEMOS QUE ESPERAR MEU IRMÃO PREGUIÇOSO DAR O AR DE SUA PRESENÇA DEPOIS DE SEU COSTUMEIRO PROLONGADO BANHO! - riu Papyrus, seu sorriso tão grande quanto Frisk conseguia lembrar-se que ele possuía. Apesar de ter lábios, carne e tudo mais para tampar-lhe boa parte de seus dentes e maxilar, Frisk ainda reconhecia aquele sorriso tão feliz que Pap costumava dar quando fazia alguma coisa que remetia a amizade. Ela nem ao menos poderia imaginar como ele estaria ao ter tantos amigos agora. - ENQUANTO ISSO, ESCOLHEMOS O FILME! O QUE VAI QUERER VER, FRISK? VOCÊ É NOSSA CONVIDADA, TEM O DIREITO!

"Por mim qualquer filme é bom, Pap. Eu realmente não me importo com qual seja." Frisk respondeu, um enorme sorriso em seu rosto enquanto observava com carinho o rapaz albino a sua frente. Frisk amava filmes, sejam eles qual for. Mesmo os terríveis filmes de terror que Chara insistia em ver com ela, Frisk tinha certeza que por pura diversão de ver seu rosto enjoado e assustado, eram apreciados por sua pessoa. A conversa de seu celular então veio a sua mente, como Sans não estando por perto, ela teria liberdade para falar. Então, reunindo sua determinação, Frisk cutucou Papyrus que prontamente voltou seus olhos alaranjados para sua direção. "Mudando de assunto, Pap. O que acha de Mettaton?"

— M-ME-METTATON?! W-WOWIE, ISSO SIM VEIO DE SURPRESA! - pobre Pap. Seu rosto tinha adquirido um tom tão escuro de vermelho que era quase impossível acreditar que sua pele anterior mente tinha sido de um pálido acentuado. Frisk sorriu com carinho ao ver o modo sem jeito que ele havia ficado, tão adorável! - B-BEM... E-EU DIRIA QUE, A-ATÉ MESMO PARA ALGUÉM COMO EU, O GRANDE PAPYRUS, METTATON É INCRÍVEL! U-UMA ESTRELA... S-SIM! UMA INCRÍVEL ESTRELA Q-QUE... Q-QUERO DIZER... E-ELE... E-EU... ARG...

Pap se deixou cair no sofá a seu lado, rosto desolado por sua inacreditável falta de palavras para uma simples pergunta. Frisk, por usa vez se aproximou dele, colocando uma mão em seu ombro em uma leve caricia. Apenas pretendia acalmá-lo, seria uma situação fácil de resolver.

"Você gosta dele, não é Pap?"

— COMO NÃO GOSTAR? QUERO DIZER, ELE É UMA ESTRELA, UM ATOR, UMA PESSOA INCRÍVEL! COMPARADO COM ELE EU...

"Pap, você é incrível também, e Mettaton pensa assim também."

VOCÊ ACHA? - Frisk assentiu animada, sorrindo ao ver a esperanças nos enormes olhos de Papyrus. Imaginar seus dois amigos juntos, levá-los a ficar juntos, isso enchia o coração de Frisk de determinação!

"Eu tenho certeza. Tanta certeza que, queria saber, se você se importaria em sair em um encontro com ele." Pap engasgou, surpresa estampada em seu rosto que novamente alcançou tons inimagináveis de vermelho. Como alguém tão branco poderia ficar tão vermelho? "Você vê, eu estava conversando com Alphys, e parece que Ton-ton está demonstrando um certo interesse em você, mas não tínhamos certeza sobre você. Sabíamos que você era fã dele, mas... Não sabíamos se realmente o via além de sua fachada de ator. Estaria disposto a conhecê-lo melhor? Quero dizer, sem ser a grande estrela que ele é?"  

— CLARO! - Papyrus respondeu apressado, talvez apressado de mais, prontamente constrangendo-se com toda a excitação que havia demonstrado, pigarreando ligeiramente para ajeitar seu foco. - EU, O GRANDE PAPYRUS, ESTOU MAIS DO QUE HONRADO EM CONHECER MELHOR A GRANDE ESTRELA METTATON!

"Que ótimo, Pap!"

Frisk observou o radiante albino voltar para a cozinha, uma fraca desculpa sobre ter esquecido algo, enquanto ela tinha certeza que ele apenas comemoraria aquela oportunidade que ela havia dado a ele. Tão meigo, Frisk realmente esperava que os dois conseguissem se ajeitar.

— Então... Você está tentando empurrar meu irmão para aquele cara. - Frisk saltou em seu lugar no sofá, Toby, por culpa do sobressalto, correu para longe, assustado também. Sans estava a seu lado agora, sentado no sofá com uma folgada calça azul esportiva, sua costumeira jaqueta azul ainda em seu corpo, todavia sem nada por baixo, cabelos ainda molhados cintilando com a pouca luz ainda fornecida na sala. Seu sorriso ainda estava lá, mas Frisk não conseguiu evitar a terrível sensação de estar em terríveis problemas. Sans era protetor ao irmão, se ele fosse contra a ideia... - Ei, fique calma, sweetheart. Não me olhe como se eu fosse um monstro. - novamente a ironia. - Eu não me importo enquanto meu irmão estiver feliz. Pap feliz, é Sans feliz. Entretanto, seria bom você avisar a seu amigo estrelinha que se ele quebrar o coração do meu irmão, ele vai ter um momento muito, mas muito ruim mesmo.

Frisk assentiu apressada com a cabeça, conhecendo perfeitamente a veracidade daquelas palavras. Não importava o universo, ela tinha certeza que Sans poderia muito bem varrer o chão com qualquer um que o enfrentasse, Frisk ainda tinha isso marcado em sua pele, em sua memória, em seus instintos e por mais que realmente não o culpasse, que soubesse que foi merecido, ela não podia evitar o medo atroz que sempre esgueirava-se por suas veias quando ele a olhava daquela maneira tão... Assustadora.

Sans, por sua parte, abrandou, bagunçando os cabelos de Frisk enquanto acomodava-se a seu lado no sofá. A morena mantinha seu sorriso para ele durante todo o momento, mas Sans podia ver o medo que brilhava em seus olhos e a maneira como ela se encolheu ligeiramente quando sua mão passou por seus frios curtos castanhos. Isso lhe deixou uma sensação ruim no estomago, anotando mentalmente para não voltar a fazer isso nunca mais. Por algum motivo Frisk sentia medo dele, não que ele fosse surpreendido, muitas pessoas o temiam, mas ela... Ele não queria que ela tivesse medo dele... Aquele doce coração dela... Ele queria que fosse alegre com ele e nada mais.

— SANS! FINALMENTE APARECEU PARA COMEÇARMOS NOSSA SESSÃO DE FILMES!

O primeiro filme foi uma escolha de Sans, aliás. Aparentemente ele compartilhava o mesmo gosto por filmes de terror com Chara, mas Frisk não seria aquela a informá-lo sobre isso. Do jeito que os dois se odiavam, era bem capaz de Sans jogar todos seus filmes fora apenas por saber que muitos deles Chara também gostava.

Entretanto, não parecia ser uma ideia tão ruim agora. Afinal, depois de debruçar-se com um filme chamado A Bruxa que quase a fez saltar para fora de seu corpo em cada simples momento, ele bem merecia ter todos os seus filmes no lixo. Ela nunca se agarrou tanto a alguém ou sentiu tanto medo em sua vida.

Era impressão sua ou eles não estavam sozinhos na sala?

Frisk, que havia se mantido entre os dois irmãos no meio do sofá, agarrou-se a primeira coisa que apareceu em sua frente logo nos primeiros momentos do filme. E como Papyrus estava agarrando-se a suas costas agora ela tinha certeza que ela estava quase saltando sobre o colo de Sans. Toby havia voltado para o sofá e agora tremia em seu colo, Pap agarrava-se a sua blusa tão forte que Frisk pensou estar sentindo seus dedos arranhando a epel por debaixo do tecido. Ela ainda questionava-se como ele conseguia encolher-se tanto no sofá sendo tão alto. E Sans... O desgraçado nem mesmo parecia estar um pouco assustado. Sorriso imutável no rosto, braço no encosto da cadeira e refrigerante nas mãos. Era como se ele estivesse a assistir um filme qualquer e não um de terror!

Bem, talvez por que Sans não necessariamente prestava atenção no filme. Depois que Frisk começou a aproximar-se dele durante o filme e em seu estado de puro pavor, ele não mais conseguia se quer pensar em outra coisa que não fosse manter seu auto controle para não avançar sobre a garota. E sua situação nunca parecia abrandar, em cada cena assustadora ou Frisk pularia pelo susto, quase caindo sobre seu colo, ou se agarraria mais a ele, às vezes escondendo o rosto no braço de sua jaqueta, e assim ele tinha impressões mais detalhadas de seu corpo. Mesmo que fosse sem querer.

Quando o filme terminou Sans conseguiu respirar melhor, Frisk esgueirando-se para longe dele, concordando com Papyrus sobre uma mudança de tema do próximo filme.

O próximo então foi uma animação, ligeiramente inclinado para uma comédia e Sans nunca se cansaria da risada daquela garota que tinha a seu lado. Ele se sentia um pouco ciumento por não ser ele a causar aquela melodia, mas ainda assim estava feliz de escutá-la. Ele apenas questionava-se como deveria ser sua voz. Sim, ele a havia escutado uma vez, mas foi em um momento tão inoportuno e ele não estava prestando atenção, apenas o havia surpreendido, mas ele não foi capaz de realmente avaliar o que tinha escutado.

Filme após filme, o tempo ia transcorrendo com tranquilidade e alegria. A pipoca havia acabado desde o segundo filme, chocolates devorados por complete desde o terceiro e as balas diminuíam gradativamente durante todo o momento. Refrigerante teve seu fim tão rápido quanto a pipoca, e a sala, anteriormente recheada pelos risos e comentários alegres, pouco a pouco foi silenciando-se para deixar apenas o som da televisão, do filme que foi deixado a rodar para ninguém em especifico.

Quando Gaster chegou em casa, cansado por ter exagerado em seu tempo no laboratório, deparou-se com seus dois meninos deitados no sofá. Com aquela visão era complicado acreditar que ambos haviam passado a idade de vinte anos, com emprego e já na faculdade. Eles sempre pareceriam as duas crianças que corriam pela casa a fazer bagunça, Gaster sentiria falta dessa época. Entre eles, no entanto, estava a pequena figura de uma garota, a filha mais nova dos Dreemurs, de seu melhor amigo. Tão enrolada entre os dois que era um pouco complicado vê-la.

Frisk estava praticamente no colo de Sans, as costas escoradas em Papyrus, apoiando-se comodamente entre os dois. Sans tinha uma braço a sua volta, rosto apoiado sobre os cabelos castanhos da garota enquanto Pap tinha seu próprio rosto apoiado sobre a cabeça de seu irmão, um braço enrolado pelo ombro do mesmo, todos os três com as pernas emboladas sobre o sofá, pouco importando-se com a temperatura que mantinha-se a cair.

Gaster, por sua parte, sorriu, subindo as escadas apenas para retirar do quarto de Papyrus um enorme cobertor o qual cobriu os três da melhor maneira que podia. Em seguida, aproveitando a luz da televisão, retirou o celular do bolso, gravando aquele momento eternamente dentro de seu pequeno aparelho eletrônico.

Ele teria que mostrar a Asgore depois, ele tinha certeza que ele exigiria uma cópia.  


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Notas finais do capítulo

Primeiro: Gaster me dá uma cópia dessa foto! Segundo: espero que tenham gostado do capitulo. Terceiro: pra quem não sabe qual foi o universo sitado é underswap.
Tive um pouco de dificuldade para terminá-lo, mas consegui! Acredito que foi por ter gastado toda minha determinação nos dois últimos, mas vocês conseguiram me encher novamente!
Até semana que vem! E mantenham-se determinados!