Eu, Meu Noivo & Seu Crush — Thalico escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 28
Nós temos um plano


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos de EMN&SC em menos de vinte e quatro horas?!
Sim, isto está certo!
Hoje, dia dois de abril, “Eu, Meu Noivo & Seu Crush” está completando um aninho!
O tempo passou rápido, né?!
E, claro, eu não poderia deixar o dia de hoje em branco!
Por isto, na falta de um bolinho de aniversário, passei as últimas horas escrevendo tanto que estou vendo bolinhas na tela, mas espero que apreciem o capítulo.
Boa leitura!



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Narração: Thalia Grace

— Thalia — Nico exclamou aparecendo na frente do meu alvo ao sair das sombras. Por um momento me senti tentada a soltar a flecha e me salvar da raiva do filho de Hades e do meu casamento com ele. Mas, se nem Apolo conseguiu prendê-lo nos domínios do pai, quem sou eu para tentar?! — Eu preciso falar com você agora! O que, por Hades, você disse pro Will?

— Grita mais alto, querido. — Resmunguei, virando o arco trinta graus e mirando nos círculos que Jason deveria acertar. Em cinco minutos teríamos um mata-mata de arco e flecha e eu me recusava a perder para o chalé de Apolo. — Acho que seu amigo ali não ouviu direito!

O Di Angelo se virou de uma vez, encontrando os olhos de Will sobre nós enquanto ele ajudava Alexia com o arco.

— Se Will me matar, eu mato você! — Nico resmungou se mexendo inquieto. — Temos que resolver isso agora!

— Desculpa, querido. — Retruquei, soltando a flecha e acertando em um dos círculos internos do meu alvo, mas não no centro. — Mas não vou a lugar nenhum enquanto você quiser me matar!

— Thalia, eu não estou brincando! Temos só três dias, lembra?! E Will vai me matar assim que chegar perto de mim, então quero, pelo menos, a chance de te contar meu plano!

— Você ainda está com raiva de mim? — Perguntei, armando outra flecha no arco, sem encará-lo diretamente. Nico não respondeu, provavelmente olhando para Will, aquilo me parecia um “sim” bem claro. — Então você não vai me tirar daqui!

— Thalia, é sério! — Pediu, me fazendo sorrir e soltar a flecha, desta vez acertando o centro. — Você sabe que posso te obrigar, não é?!

— Jason, seu amigo está querendo me sequestrar! — Gritei para meu irmão que caminhava lentamente na nossa direção com um arco em mãos. Ele revirou os olhos azuis e suspirou.

— Querendo imitar seu pai, Nico? — Jason brincou, empurrando Nico com o ombro, que o olhou irritado. — Não tenho certeza se Thalia daria uma boa Perséfone, mas acho que Ártemis seria mais vingativa que Deméter se a roubar.

— Você é tão engraçado, Grace. — O garoto retrucou, olhando ainda mais nervoso para Will que começava a se aproximar de nós. — Thalia, agora!

— Eu não vou me afastar do meu irmãozinho, Nico. — Ponderei, usando Jason como desculpa.

— Ótimo! — O Di Angelo ralhou, dando um passo na minha direção. — Então venham os dois comigo!

Algum dia eu me acostumaria com viagens nas sombras? Provavelmente não! Aqueles gemidos e resmungos me davam calafrios e, mal saí das sombras, meu estomago queria colocar todo o meu jantar para fora. Olhei irritada para o filho de Hades, reconhecendo as árvores do bosque do acampamento e querendo lhe dar um choque, mas Nico parecia tão irritado quanto eu, um tanto pálido sobre a luz da lua. Ele cruzou os braços e se recostou numa árvore, parecendo zonzo, mas não me deu muito tempo de refletir sobre o que estava acontecendo, começando a resmungar várias palavras em italiano.

— O que, por Zeus, está acontecendo? — Jason questionou, apertando os lábios ao olhar para o amigo. O que ele estava fazendo ali mesmo?!

— Você tem noção do que Will vai fazer comigo, Thalia? — Nico resmungou finalmente em inglês. — Ele vai me colocar num potinho e me deixar na janela tomando sol longe das suas garras!

— Ah, querido, quem quer colocar as garras em você é outra pessoa! — Retruquei, lembrando das unhas maiores que o humanamente normal da filha de Melinoe. — Uma bem possessiva, devo dizer!

— O que, por Hades, você falou pra ele?

— Eu não disse nada demais! — Retruquei, olhando nervosa para meu irmão com medo que o filho de Hades falar demais.

— Ele acha que estamos juntos, Thalia! — Nico gritou consternado. — Isso é o seu “nada demais”?

— Ué, não posso nem realizar o sonho do garoto? —  Retruquei elevando meu tom de voz, já perdendo a paciência com o filho de Hades. —  Não é minha culpa se ele shippa a gente!

— Se por acaso você não lembra, nós não estamos juntos!

— Você me pediu em casamento hoje a tarde, querido! Queria que ele não ficasse sabendo? Vai ter vida dupla agora? Porque você não parece nada com um agente da CIA!

— Primeiro que sua resposta foi não! —  Nico revidou aos gritos, fechando a mãe em punho enquanto falava. —  Segundo... Eu ainda não tinha planejado isso!

— Não sei porque tanto drama! —  Reclamei revirando os olhos. — Não é como se eu tivesse dito que nos casamos em Vegas e eu to grávida de gêmeos! Ele só interpretou uma frase errada!

—  É o Will, Thalia! Você pode dizer que a gente se abraçou e ele já vai perguntar onde é a lua de mel! Você não tinha que dizer nada! Esse papel é o meu!

— Pois é: eu achei que você tinha contado! Ele é seu melhor amigo! — Revidei ainda falando mais alto que o normal. — Ele começou a falar sobre casamento, sobre nós dois e você disse que ia contar!

—  Eu não disse nada! — Retorquiu, elevando ainda mais o tom já alto.

— Disse sim, disse que ia contar pro seu amigo!

— Pro Jason, não Will!

— Jason?! — Gritei, não acreditando naquilo. —  Você ia contar pro meu irmãozinho Jason? O que você tem na cabeça?!

— Não, Thalia! Eu ia contar pro meu amigo Jason! Não tenho culpa de vocês terem o mesmo pai!

—  Você está louco, Nico?! Se Jason souber... — Me interrompi, me dando conta de que não havia esse “se”. Por um momento havia me esquecido da presença do meu irmão e eu já havia falado demais. — Ai, deuses! Eu vou matar você, Di Angelo!

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? — Jason enfim se pronunciou, seus olhos estreitos e a coluna ereta.

— Jason, é melhor você não saber. — Pedi, olhando irritada para Nico. — Por favor...

Meu irmão fixou o olhar no Di Angelo que abriu um sorriso que só poderia ser descrito como perverso. Ele definitivamente não pouparia o amigo desta confusão. Grande amigo você tem, irmãozinho!

— O que está acontecendo? — Jason perguntou novamente, o tom alto e claro, como se estivesse liderando um exército.

— Eu e sua irmanzinha vamos nos casar.

— Eu não lembro de ter dito sim! — Reclamei, com muita vontade de voar no pescoço de Nico e tirar o sorrisinho sacana do seu rosto.

— Ah, é mesmo?! — Meu irmão perguntou em um tom surpreso. —  Não lembro de ter recebido o convite. Achei que estivéssemos tentando reafirmar os laços, irmazinha!

— Sério que você vai fazer piada com isso? — Interroguei pasma. De todas as reações que imaginei que ele poderia ter, fazer brincadeiras não estava na lista!

— Não se engane: eu tô mais confuso do que tudo! —  Jason exclamou, parecendo realmente nervoso. —  É só que isso é surreal demais, não dá pra acreditar!

— Tá vendo? Foi por isso que eu tentei te levar pro sanatório quando você me disse! — Nico revidou. — Não dá pra me culpar!

— Quer mesmo me chamar de louca?! —  Reclamei, encarando o Di Angelo com raiva. — Pelo menos eu nunca concordei com isso! E nem achei que era o Batman ou que ia ser explodido em uma panela de pressão!

— Ei, eu estava fora de mim!

— Que tal pararmos de discutir quem precisa de um analista o mais rápido possível e vocês me contarem o que está acontecendo? — Jason nos interrompeu, os braços cruzados e a expressão dura. Suspirei e me recostei numa árvore, dando espaço para Nico contar. Se ele queria envolver meu irmão nisso, que ele contasse sobre a confusão.

— Você está certo. — O Di Angelo concordou olhando fixo para meu irmão. — Eu não sei bem como falar isso, mas... Acho que podemos dizer que seu pai enlouqueceu.

— De novo? — Jason fez um careta olhando para o céu, temeroso. — Hera roubou a memória de alguém importante?

— Ei! — Reclamei. — Meu pai não é o único nessa! Não fale como se seu pai fosse melhor!

— Bom, o seu pai mandou me matar! — Nico revidou dando um passo na minha direção. — Como isso não é ser pior?!

— O seu tentou me matar primeiro! Quem você acha que mandou os monstros me perseguirem?! Por culpa dele eu me tornei uma árvore!

— O seu pai que tentou me matar primeiro! — Nico revidou repetindo minha frase, mas frisando as palavras. — Bem antes de você nascer! E ainda matou minha mãe no caminho!

Nico exclamou irritado, me fazendo ficar estática. Um arrepio passou pelo meu corpo e um bolo se formou na minha garganta, enquanto eu tentava formar algo para dizer. Eu não sabia dessa última parte.

— O que você quer dizer com isso? — Jason perguntou em um tom baixo, parecendo tão surpreso quanto eu.

Nico apertou os lábios visivelmente nervoso, dando um passo atrás e se recostando a árvore, quase misturando-se as sombras.

— Não importa, não agora. — O semblante do filho de Hades era quase ilegível, mas havia um leve repuxar nos lábios, junto aos olhos semifechados que indicava angústia. — Nós não podemos culpar uns aos outros pelos erros dos nossos pais, ou isso nunca vai dar certo.

— Você está certo sobre não nos culparmos. — Jason concordou. — Mas ainda não entendi o que está acontecendo.

Olhei para o estado abatido de Nico e me vi suspirar, sabendo que ele não estava em condições de concluir. Me apiedei do garoto e decidi continuar a história, contando a Jason sobre o plano da aliança por casamento e todas as razões que haviam nos dito para aceitar. Contei sobre a morte de Nico e ele completou falando das ameaças veladas, do porque havia me pedido em casamento e que havia descoberto sobre o divórcio de um casamento entre os deuses.

— Uma anulação. — Jason murmurou pensativo. — Então se o casamento não for consumado em mil dias ele pode ser desfeito. É esse o seu plano?

— Não tive muito tempo de elaborar um, mas é um começo. — Nico concordou, me olhando como se esperasse uma resposta. — Falei com meu pai querendo descobrir mais. Ele disse que não vamos nos casar da noite pro dia, temos que fazer acreditarem que é de verdade. Esse é o objetivo do casamento: uma farsa. Se os deuses menores ou os semideuses descobrirem que não é real...

— Não terá sentido nenhum. — Jason completou. — O que acha disso, Thalia?

— Eu? — Franzi a testa, sem entender onde ele queria chegar.

— Você quem vai perder mais: se isso der certo, jamais voltará pra caçada.

Suspirei e balancei a cabeça, tentada a dar uma resposta sarcástica quanto a isto, mas me contentei em contar a verdade:

— Não tenho certeza se tenho algo a perder. — Murmurei, levando minhas mão a cabeça e tirando a tiara de tenente. — Eu não sou mais imortal, Ártemis me tirou da caçada.

— Achei que ela faria isso só se você concordasse com o casamento. — Nico comentou.

Eu também”, pensei, mas apenas balancei a cabeça negando.

— Não tenho nada a perder. Não fará diferença nenhuma. — Sussurrei, tentando não demonstrar o quanto aquilo me doía. Era como se Ártemis tivesse me traído, me abandonado à própria sorte.

— Sinto muito. — Nico murmurou, parecendo sincero.

— Vocês estão certos disso? — Jason interrogou, olhando-nos com o semblante sério. — Sabem o que isso significa? Terão que fingir que são um casal o tempo todo por um longo tempo. Vão viver juntos mil dias e mil noite casados, sem falar no tempo antes disso. Não vai durar menos que quatro anos.

Fiz uma careta ao imaginar tudo isso... Não seria fácil. E pela expressão de Nico, ele pensava a mesma coisa.

— Vocês serão um casal. —  Meu irmão continuou. — Sabem o que isso significa?

— Que vamos ter que chamar um ao outro de “benzinho” e dizer “te amo” a cada cinco minutos? — Nico fez chacota, fazendo meu irmão revirar os olhos.

— Ah, se fosse tão fácil!

— Não é só isso, Nico. — Interferi sorrindo de lado. Ser era pra sofrer, que pelo menos pudéssemos ironizar isso! — Também tem a parte de combinar as roupas e falar um com o outro em tatibitati¹!

— Ah, desculpe! — Nico exclamou levando a mão ao coração. —  Thalia, benzinho, vai querer sua caixinha de bombonzinhos rosinha ou vermelhinha?

Rosé, queridinho.—  Retruquei rindo. — A cor dos seus lábios!

— Ah, deuses. — Jason resmungou. — Estou quase concordando com Will sobre vocês formarem um belo casal! São o espelho um do outro! Cuidado para não se apaixonarem!

— Então, Thalia, vai conseguir resistir ao meu charme? — Nico questionou com um sorriso torto. Era para parecer sedutor?

— Não sei que charme, querido! —  Revidei, pensando em como aquilo soava idiota.

— Essa é uma questão séria, Thalia. — Jason interviu. — Se você se apaixonar por Nico pode ser desastroso. Vai acabar com uma grande confusão e o coração quebrado.

— Eu não vou me apaixonar pelo projeto de defunto, Jason. — Retruquei revirando os olhos. — Não estamos em uma releitura de A Noiva Cadáver. Mas e você, Di Angelo? Consegue se comportar?

— Ah, você realmente não precisa se preocupar com isso, Thalia. — Retorquiu com um sorriso de deboche. — As chances são nulas, certo, Jay?

— Não precisa se preocupar com Nico se apaixonando por você, Thalia. —  Meu irmão assentiu com um sorriso cúmplice para o amigo.

— Posso perguntar o porquê? — Ergui a sobrancelha, desconfiada.  

— Não, não pode. — Revirei os olhos diante a resposta do Di Angelo, tentada a lhe jogar um raio. — Mas, posso dizer que a única coisa sua que é compatível com meu “tipo” são os olhos azuis. De resto... Até Jason teria mais chance comigo.

Ele piscou para meu irmão, que balançou a cabeça rindo.

— Sinto muito, Di Angelo. Mas Piper chegou primeiro. E querem te casar com minha irmã, não comigo.

— Não querendo atrapalhar o momento romance, — Interferi, revirando os olhos. —, mas podemos voltar ao que realmente importa? Não temos a noite toda, sabe?

Jason assentiu, voltando a ficar com uma expressão pensativa:

— Vocês tem até sábado à noite pra dar a resposta?

— Sim. Solstício de verão. — Nico reclamou. — Por que sempre no solstício?

— As vezes é no equinócio. — Jason deu de ombros, rindo. — E as duas guerras não foram em solstícios.

— Porque não foram importantes. — Comentei rindo. — Coisas importantes acontecem no solstício: Meu nascimento, por exemplo.

— E agora você está desviando do assunto. — Nico revirou os olhos, cruzando os braços.

— Vocês deviam usar esse tempo até lá pra testar, ver se vão dar conta disso. Se vão conseguir conviver sem acabar com o mundo.

— Eu consigo conviver com você há anos, Jason. — Nico fez chacota. — Zeus e Hades podem ser adversários, mas não temos que ser inimigos.

— Eu concordo, claro. —  Meu irmão assentiu para o amigo, mas seus olhos desviaram para mim. —  Mas não se esqueçam que Thalia está aqui há uma semana e vocês tentaram se matar... o que? Três? Quatro vezes?

—  Eu consigo me comportar. — Dei de ombros. Todas as vezes em que Nico e eu quase nos matamos… Bom, foram só um ou outro acidente que causou. Com o tempo poderíamos aprender a viver sem causar uma guerra, cero?

—  Ah, consegue?! — Nico revido, sorrindo sarcástico.

— O que está insinuando? —  Ergui a sobrancelha, dando um passo a frente sem entender onde ele queria chegar.

— Nada. —  O Di Angelo sorriu sarcástico. — É só que não sou eu saio tentando matar o primeiro que me chama de Cara de Pinheiro.

—  O que você disse?! —  Gritei, dando um passo à frente pronta para fritá-lo com um raio.

— E é sobre isso que eu estou falando! — Jason interferiu, acabando com a briga. — Vamos todos concordar que vocês dois são cabeça dura e pavio curto, ok? Brigar não vai adiantar nada, vai piorar! Se vocês não conseguem ficar cinco minutos sem tentar se matar, isso não vai dar certo. Vocês vão ter que parecer apaixonados e ninguém vai acreditar se brigarem o tempo todo!

— Percy e Annabeth brigam o tempo todo. — Resmunguei, me defendendo. —  E todo mundo sabe como são loucos um pelo outro!

— E fazem as pazes o tempo todo, também! Eles são um caso à parte, viveram anos juntos. Se querem se casar nos próximos meses, vão ter que parecer bem çucarados e apaixonados.

— Ah, isso vai ser fácil: É só imitar você e Piper! — Nico implicou, rindo e fazendo meu irmão ficar vermelho.

— Temo não ser tão fácil, Nico. — Interrompi, ajudando na chacota. — É difícil ficar perto desses dois sem vomitar, imagina imitando!

— Ah, deuses! —  Nico suspirou dramaticamente, levando a mão ao coração. — Acho que Will nem vai precisar voltar a se preocupar comigo sumindo nas sombras: vou morrer antes de diabetes!

— Vocês dois são tão engraçados. —  Meu irmão resmungou, mais vermelho do que tudo. — Se o casamento não der certo podem virar uma dupla de comediantes.

—  Não seja resmungão como o papai, irmãozinho. —  Impliquei, fazendo-o cruzar os braços emburrado.

— Vocês falam como se relacionamentos fossem a coisa mais boba e superficial do mundo. — Jason reclamou, parecendo realmente incomodado. — Parecem não perceber como isso vai ser difícil pros dois. Namorar alguém já é difícil quando se está apaixonado, quando se está mentindo então, vai ser quase impossível!

— E é isso que acontece quando você namora uma filha de Afrodite. — Nico sorriu sarcástico, fazendo Jason estreitar os olhos irritado. — Você acha que eu e Thalia não somos capazes de soar como um casal?

Jason negou, fazendo o Di Angelo aumentar o sorriso. Nico revirou os olhos e desencostou da árvore, caminhando lentamente na minha direção. Seu lábios estavam repuxados, mostrando a covinha do lado direito e nos olhos haviam um brilho de desafio e ambicioso. Jason não devia tê-lo desafiado.

— Então veremos, Grace.

Eu não sabia se ele falava comigo ou com meu irmão, mas não pude desviar os olhos até que ele parasse há poucos centímetros de mim, na minha frente, colocando o braço do lado da minha cabeça, os olhos negros fixos nos meus.

— Thalia, amorzinho, — Começou, a voz soando rouca. — Já disse como seus olhos parecem raios iluminando a escuridão do meu coração?

Segurei a risada, não acreditando naquilo.

— O objetivo é parecer um casal apaixonado, Nico. — Jason reclamou. — Não flertar com minha irmã com cantadas piores que as do Leo.

O semblante do filho de Hades se fechou diante a menção do Valdez: Pelo visto a competição por meu irmão era acirrada.

— Tente novamente, querido. — Sorri, encarando os olhos negros tão próximos aos meus. Era desconcertante a intensidade do olhar de Nico, mas, ao mesmo tempo, interessante observar os pontinhos dourados quase invisíveis junto ao negro de suas íris.

— Oh, Thalia! — Nico suspirou dramaticamente. — Meu coração se alegra tanto ao te ver! Sinto como se fosse o homem mais feliz do mundo quando você está em meus braços!

Coloquei a mão na boca para abafar a risada, mas até os garotos estavam rindo. Aquelas frases eram tão não Nico! Ele ergueu a sobrancelha, como se estivesse requerendo a minha parte e respirei fundo, pensando nas frase mais clichês e melosas possíveis.

— Oh, meu amado, forte e corajoso Nico! Você faz derreter todas as barreiras de gelo que ergui no meu coração com medo de amar!

Nico riu, mas era bom em conter emoções. Apertou os lábios e respirou fundo, antes de continuar as declarações açucaradas.

— Óh, minha doce e amada, Thalia! Por amor a ti renego meu pai, despojo meu nome! Não serei mais nada, senão teu amor!

Dessa vez não precisei abafar o riso com a mão, mas era igualmente estranho ouvir aquilo de Nico. Aliás, me parecia vagamente familiar, como se eu já tivesse ouvido isso.

— Óh, Nico, eu sou tão frágil e fraca sem você! Você é tão incrível e lindo e maravilhoso... Prometo viver eternamente com você!

SIm, eu era muito pior do que Nico nesse jogo. Mas meu estômago embrulhou assim que pensei naquelas palavras, dizê-las era um enorme sacrifício.

— Óh, minha doce Thalia... — Nico declarou docemente, aproximando seu rosto do meu. — Duvida que do céu, a abobada azulada tenha esferas de luz de um mágico esplendor...

Abri meus lábios um pouco, surpresa com a complexidade dos versos. Nico estava com o rosto perto o suficiente para que eu conseguisse sentir o cheiro de sabonete de limão, seu olhos fixos nos meus conforme ele descia a mão pela árvore e passava pelos fios do meu cabelo.

Duvida que seja o sol o facho da alvorada, duvida da verdade em tua alma gravada...

Fez uma pequena pausa, seu rosto tão perto do meu que eu podia sentir sua respiração descompassada. Seus dedos tocaram minha face, passando levemente pela têmpora, contornando minha bochecha até a clavícula, afagos leves que geravam correntes elétricas por todo o meu corpo, fazendo meu coração acelerar. Ele estava simulando os momentos antes de um beijo e eu tinha de admitir que ele era um ótimo ator, principalmente com os olhos negros tão perto dos meus.

— Mas não duvides nunca... — Sussurrou, afagando minha bochecha ao mesmo tempo que segurava meu rosto tão perto do seu. — Oh! Nunca... — Se aproximou mais, inclinando o rosto levemente... — d'este amor!

Ele deveria ter dado um sorriso sarcástico e ter se afastado. Ele deveria ter soltado minha face e ter se afastado. Ele deveria ter dado um passo para trás e ter se afastado.

Ele se aproximou mais. E os lábios de Nico Di Angelo selaram os meus.

 


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Notas finais do capítulo

¹Tatibitati: Linguagem infantilizada, caracterizada pela articulação defeituosa de certas consoantes;
O trecho que o Nico citou é de Hamlet: Drama em cinco actos. Escrito por WIlliam Shakespeare e peguei da 2 edição traduzida pro português de Portugal.

Olá! Não leia essa nota antes de ler o capítulo!
Até que enfim rolou beijo, né?!
Mas, foi um ano pra gente, só que pra eles se passou menos de uma semana!
Enfim, espero que tenham gostado e me perdoem qualquer erro, tô num estado semiacordada aqui.
Eu adoraria receber comentários – amados leitores, onde vocês foram parar?! Tia Helly está com saudades de boa parte de vocês! -, ou mensagens de vocês discutindo a história. Pode ser MP, Whatsapp, Facebook, Twitter ou qualquer outro meio de me encontrar!
E só tenho a agradecer pela companhia e cada palavra escrita ou dita (saudades dos áudios por Whatsapp!) nestes 365, foi o que me deu forças pra continuar e me apaixonar novamente por fanfictions! Vocês são o meu alivio no momento de sufoco, meu motivo de continuar digitando, lendo, refletindo por horas, querendo dar meu melhor para vocês. Vocês me ensinaram e me ajudaram a crescer tanto neste ano! Muito obrigada por esse companheirismo!
Espero continuar sendo digna da atenção de vocês!
Mais uma vez obrigada e beijinhoskisskiss ♥