Eu, Meu Noivo & Seu Crush — Thalico escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 15
Bromances


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, minha rotina tá mega corrida e não deu pra escrever a tempo. Em compensação, mais de 4 mil palavras.
Boa leitura!



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Narração: Nico di Ângelo

 

Por incrível que pareça, eu acordei bem humorado em uma manhã ensolarada. Tudo bem que já era bem tarde — pelo menos, tarde o suficiente para Hazel já ter saído do chalé me deixando dormindo —, mas havia uma sensação de que aquele seria um dia feliz, sensação essa que até me fez cantar durante o banho, vestir uma camiseta que não fosse preta que Will me deu de presente, colocar os óculos de sol de Jason e depois sorrir para cada pessoa que eu encontrava enquanto ia tomar café. Quando cheguei ao pavilhão de jantar, havia só meia duzia de gatos pingados, as mesas dos três grandes estavam todas vazias, o que significava que eu ia ter que tomar café sozinho.

Estava jogando pedaços de pão como oferenda quando Will surgiu ao meu lado, sorrindo.

— Bom dia, flor do dia! — Cumprimentou todo feliz, passando os dedos pra tirar o cabelo loiro e molhado que insistia em cair na testa. Soltei um resmungo, revirando os olhos dramaticamente.

— Por favor, sem mais piadinhas sobre plantas. Não tenho culpa da minha madrasta me amar. — Pedi, me dirigindo a mesa de Hades. Franzi a testa quando Will se juntou a mim, sorrindo ao sentar na mesa do deus dos mortos.  — Quebrando regras, Solace? — Questionei, afinal, Jason só se sentava na mesma mesa que eu porque era o queridinho do Olimpo. Digo, porque éramos filhos únicos.

Como resposta, Will roubou uma uva do meu prato.

—  Eu não conto se você não contar. — Ele murmurou olhando fixamente pra uva antes de comê-la.

— Sabia que se você desejar a comida aparece magicamente na sua frente? — Resmunguei. Eu não gosto de dividir comida, algo que aprendi com meu compatriota, Joey Tribbiani.

— Sim, mas que graça teria? — Ele sorriu, pescando uma segunda uva do meu prato. —  Prefiro roubar a sua. Ou você não pode dividir um cacho de uva com seu melhor amigo? — Perguntou. Às vezes Will conseguia soar dramático como o pai.

— Não. — Felizmente eu também consigo soar tão seco e malvado como o meu, apesar de não conseguir impedir o sorriso de aparecer no meu rosto assim que eu terminasse de falar.

— Aposto que com Jason você divide. —  Ele fez um bico, roubando outra frutinha do meu prato.

— Vou colocar vocês pra duelarem até a morte, quem vencer ganha uma uva. — Revirei os olhos em um tom entediado, apesar de me divertir com a disputa dos meus amigos. Mesmo com a implicação, sabia que Will não tinha nada contra o filho de Júpiter.

— Eu, Will Solace, contra um cara que venceu Gaia? — Will questionou como se estivesse escandalizado, para depois assumir um tom entediado. — Isso seria muito injusto com ele.

— Pelo visto não foi só o dom pra cura que você herdou do pai, Solace. O ego também.

— Onde arranjou esses óculos? — Ele ignorou minhas palavras, mudando de assunto e fazendo o que? Isto mesmo, roubando minha comida. —  Tá todo bad boy.

— É de Jason. — Expliquei, enquanto Will tirava os óculos de sol do meu rosto e colocava no próprio, fazendo caretas. Era o mesmo óculos que tinha pegado emprestado com o Grace no dia anterior. — Não tenho culpa do seu pai ter acordado com um humor bem brilhante e aquecedor. — Me desculpei, apesar de ter colocado o acessório porque eu realmente gostei dele.

— É porque eu estava perto do seu chalé e sou quente, Garoto das Sombras. — Will retrucou e decidi que não era uma boa perguntar o que ele estava fazendo rondando meu chalé. — Eu te disse isso um milhão de vezes.

— Não me chama de Garoto das Sombras. — Revirei os olhos. Will Solace era a pior pessoa para inventar apelidos. Ele sorriu e colocou os óculos escuros na mesa, as mãos esguias avançando na direção do meu prato. — E pare de roubar minha comida!

— Não, —  Ele ignorou meu protesto, enfiando três uvas de uma vez na boca. — Você tá gordo. — Falou de boca cheia.

— Gordo? Sério, Will? Onde? — Ergui a sobrancelha. Tudo bem que eu já não era um magro subnutrido como há poucos anos, mas meu IMC ainda era baixo.

— Tem muita banha debaixo dessas camisas largas aí, que eu sei. — Pensei em dizer que a camisa que ele me dera não ficava completamente folgada, mas decidi retrucar de outra forma:

— Quer que eu tire a camisa pra você ver? —  Ergui novamente a sobrancelha, desafiando-o.

— Sim. — Ele me fitou no mesmo modo, os olhos azuis faiscando e um sorriso malicioso.

— Me desculpe, mas só faço streap-tease às sexta treze. Te mando convite para o próximo. — Revidei tentando fazer uma expressão sedutora e Will gargalhou.

— Tudo bem, gogo boy. Termine seu café, temos uma reunião daqui a pouco.

— Que reunião? — Franzi a testa.

— Precisamos reagendar as tarefas do acampamento, e você sabe o que isso significa...

Sorri antes que ele terminasse de falar. Há alguns meses, Quíron havia aceitado nossa sugestão de que as tarefas do acampamento seriam escolhidas por um jogo: o chalé vencedor poderia escolher quais serviços faria e os chalés perdedores acabavam por ficar encarregados das piores tarefas, como lavar as roupas de camas e limpar os estábulos.

Claro que havia uma série de regras para tornar mais justo o jogo — que aliás, resume-se a lutar com qualquer arma e todos os poderes contra todos os chalés —, como a de cada tarefa seria designada por uma faixa etária. Por exemplo, na faixa de maiores de catorze anos incluía eu, Will e Jason. Se meu chalé ficasse acima do de Apolo, e este do de Zeus, eu escolheria a atividade que faria, depois Will escolheria e Jason ficaria com a pior. Foi a forma mais justa de divisão que encontramos.

— Eu não acredito nisso! — Exclamei. Eu amava aquele jogo, as batalhas duravam quase a noite toda e nunca sabíamos quem iria vencer, confesso que até já havia perdido feio algumas vezes. —  Preciso criar novas estratégias até hoje a noite. Acho que vou começar traçando um plano pra ficar o mais longe possível de Jason, quero lutar com ele no final. Talvez fosse melhor acabar primeiro com as gêmeas, Ayla deve estar querendo minha cabeça e agora que estão sem a aliança com Hécate vamos estar no mesmo nível. Talvez eu devesse fazer aliança com algumas feiticeiras, será que Lou Ellen já está bem o suficiente? Estou com medo do que Cecil vai armar… — Parei vendo Will tentando não rir, com a mão sobre a boca.

— Do que você está rindo?

— Nada. — Ele tentou falar, segurando a risada. — É só que esse seu lado nerd é tão...

— Inexistente? — Ergui a sobrancelha. — Eu não tenho um lado nerd.

— Eu ia dizer fofo.

— Mais um louco não. — Resmunguei. Me chamar de fofo era o mesmo que dizer que eu me casaria com Thalia. Loucura, não? — O que está acontecendo com meus amigos? — Olhei dramaticamente para os céus.

— Quem mais está louco?

— Ninguém. — Finalizei o assunto, não queria contar pra Will da minha conversa com Thalia. O loiro deu de ombros e voltou a pegar mais uma uva. Sério que ainda falam dos filho de Hermes?!  — Eu agradeceria se você parasse de roubar minha comida. Eu quase morri na noite passada, preciso de energia.

— Quase morreu nada. — Ele rebateu.

— Nossa, antes meu médico se preocupava mais com minha saúde.

— Você está vivo, respirando e reclamando: não poderia estar mais normal pros seus padrões.

— Achei que você fosse querer me matar por não ter esperado os outros pra lutar. — Ergui a sobrancelha.

Era muito invulgar Will agir como se eu tivesse simplesmente enfrentado um calouro no acampamento do que uma hidra. Ele só havia resmungado ontem sobre o fato de que eu devia carregar poção de unicórnio comigo, não havia reclamado sobre eu e Thalia termos enfrentando monstros sozinhos, mesmo ao ver nossos estados de exaustão enquanto Thalia contava como havíamos feito.

Na verdade, ela havia sintetizado, contando que eu cortava as cabeças com os esqueletos e ela queimava, deixando de lado a parte que tivemos que usar a energia entre nós pra matar a cabeça imortal. Aquela parte era estranha e intima demais para contarmos assim.

— Você não estava sozinho. — O Solace sorriu, levando os dedos até meu prato novamente. Desisti de comer, apoiando os cotovelos sobre a mesa e o fitando, tentando interpretar sua expressão que nunca havia visto, ele parecia divertido e algo mais.

— Você está feliz com isso? — Questionei.

— De jeito nenhum, — Mesmo com estas palavras, seu tom denunciava que estava sendo sarcástico. — assim como não estou orgulhoso.

— Orgulhoso? Por quê? — Will revirou os olhos dramaticamente diante das minhas palavras.

— Pessoas que não entendem mensagens subliminares não estão preparadas para a vida. — Murmurou antes de assumir uma expressão séria, apesar de manter um sorriso nos lábios. — Da forma como você lutou com Thalia, como conseguiu manter as diferenças e rixas de lado.

— Eu já tinha lutado com Thalia antes, lembra? Antes de ontem? Quando eu quase matei todo mundo? — Ergui a sobrancelha.

— É diferente, Nico. E ontem vocês não tentaram se matar depois. Me deixa ficar um pouco feliz, ok? Aliás você e Thalia formam uma ótima dupla.

— Você nem nos viu lutando. — Retruquei, um pouco incomodado com o assunto.

— De qualquer forma, fico feliz que você e Thalia estejam se dando bem.

— Não temos uma reunião pra ir agora? Vamos, Solace. — Falei me levantando.

— Não vai terminar seu café?

— Pra você continuar roubando minhas uvas? — Balancei a cabeça. Na verdade já estava cheio. — Além do mais você disse que eu estou gordo.

Will riu, levantando-se e me seguindo para fora do refeitório, fazendo graça.

— Podemos passar no chalé de Zeus primeiro? — Perguntei, caminhando na direção da construção.

— Já vai ver Jason de novo? — Will implicou em um tom dramático, me fazendo rir.

— Na verdade, não. — Não precisei olhar no rosto do meu amigo para saber que ele estava em uma expressão confusa.

— Vai ver Thalia? — Ele perguntou em um tom entretido e eu não respondi. Não queria admitir, mas era justamente isso: eu realmente estava preocupado com o que Thalia havia dito na noite anterior, me certificar de que ela havia voltado ao normal. — Vai ver a futura senhora Di Ângelo? — Acabei rindo, me lembrando das brincadeiras na noite anterior. Talvez isso, a luta, o cansaço e a queda batendo a cabeça tivesse bagunçado os pensamentos da Grace.

— Preciso acertar com Jason os detalhes do dote. Estou em dúvida se peço um carneiro ou um dragão.

— Acho mais provável Thalia te dar um soco.

— Ela já fez isso. — Retruquei quando cheguei em frente ao chalé um. Antes que batesse, vi Jason também se aproximando.

— Ei! — Ele acenou nos alcançando.

— Oi. — Respondi e Will se manteve calado, pirraçando. Lhe dei uma cotovelada discreta no abdômen e ele soltou um “ai.”;

— Olá, senhor Jason Grace. Como vai nessa manhã tão brilhante? — O filho de Apolo falou em um tom sarcástico, fazendo o filho de Júpiter franzir a testa e responder hesitante.

— Estou bem… E vocês?

— Ignore Will. — Adverti, antes que o Solace respondeu. — Thalia está?

— Acho que ainda tá dormindo. Pode entrar. — Ele abriu a porta do chalé o segui para dentro, um pouco apreensivo. A enorme estátua de Zeus que se impunha no meio do ambiente era tão intimidante quanto assustadora.

Fiquei parado observando Jason desviar dela antes de o segui para trás da estátua, encontrando Thalia encolhida em um dos nichos.

— Acho que ainda está dormindo. — Jason sussurrou, indo para o próprio nicho, a procura de alguma coisa. Balancei a cabeça e me aproximei de Thalia. Seus olhos estavam fechados e ela respirava lentamente, deitada de barriga para baixo, mas com o rosto virado em minha direção, alguns fios negros lhe cobrindo o rosto. Passei os dedos pelas face dela, retirando o cabelo da testa e aferindo a temperatura.

Estranhamente, quando a toquei não senti as descargas elétricas comuns entre nós. A respiração de Thalia se tornou um pouco mais rápida, como se estivesse prestes a acordar e ela murmurou algo ininteligível. Parecia tão calma e jovem adormecida, sem a presença do ar intimidante herdado do pai. Parecia até vulnerável e me surpreendi ao me lembrar que Thalia era mais jovem do que eu quando se tornou imortal, somente vendo-a dormir eu diria que ela teria quinze anos.

— Está tudo bem? — Ouvi a voz de Jason e me assustei, até havia me esquecido da sua presença. Me virei, encontrando meu amigos há pouco metros retirando a camisa, com a expressão desconfiada. Senti minhas bochechas queimarem, apesar de não saber o porquê.

— Ela parece com febre. — Respondi, o que era verdade. Meu amigo vestiu outra camisa e abri espaço pra ele se aproximar da irmã, tocando a testa da garota que remexeu quando ele a tocou.

— Deve ser só o calor. — O Grace respondeu, puxando as cobertas da irmã. Thalia remexeu novamente abrindo os olhos azuis.

— Hum? — Resmungou, erguendo-se. — Jason? Aconteceu algo?

— Não… Pode voltar a dormir. — Ele falou suavemente, passando os dedos pelos cabelos da garota Havia uma gota de suor escorrendo pelo pescoço dela, o que mostrava que a temperatura elevada era por causa do calor provocado pelo cobertor. Thalia olhou em volta, os olhos quase se fechando. Parecia não ter percebido minha presença.

— Tem certeza? — Ela perguntou, mas já soava sonolenta.

— Pode dormir, eu estou aqui. — Jason falou no mesmo tom suave e Thalia fechou os olhos, se aconchegando.

Me afastei sem dizer nada, deixando-os à sós e encontrando Will do lado do chalé. Ver os Graces me fez lembrar de Bianca, da maneira como ela sempre me acalmava depois de um pesadelo, cantando uma canção de ninar que compôs...

— Nico, — O Solace interrompeu meus pensamentos. — tudo bem? — Balancei a cabeça que sim.

— Vou esperar Jason, se quiser ir indo pra reunião… — Em resposta, Will balançou a cabeça em negativa e se aproximou, encarando-me nos olhos.

— Nico, o que foi? — Ele perguntou suavemente e desviei os olhos.

Felizmente, Jason saiu do chalé, me polpando de responder a Will.

— Vamos? — O Filho de Júpiter perguntou e assenti, me afastando do chalé. — Nico, — Falou baixinho. —preciso falar com você depois.

Franzi a testa, ao mesmo tempo que assentia. Observei Jason pelo canto do olho, a maneira como sua postura estava mais rígida que o normal e havia olheiras escuras debaixo dos olhos azuis, denunciando uma noite mal dormida. Todo o corpo dele mostrava tensão, havia um bom tempo que eu  não o via tão preocupado.

— Ei, Jason. — Will chamou, tentando quebrar a tensão. — Ficou sabendo que Nico vai fazer strip-tease na próxima sexta?

Jason o olhou surpreso antes de um sorriso surgir nos seus lábios.

— Poxa, já vai ser a despedida de solteiro? — Entrou na brincadeira. — Mas achei que eram garotas que tiravam a roupa e não o noivo.

— Vivemos em uma nova era, meu caro cunhado. — Fiz uma careta ao dizer a última parte. Jason como meu cunhado: quão estranho isso seria?

— É por isso que eu sou romano: sou a favor de tradições. — Jason retrucou.

— Acho que Piper vai adorar saber disso...

— Cuidado, Solace. — Jason advertiu brincando. — Hoje a noite seremos inimigos.

— Quem sobreviver é o padrinho? — Will implicou. Não sei dizer quando a rixa entre os dois havia começado, mas era divertido.

— Pode vir com tudo, Solzinho.

— Lembrem-se de que quem vencer vai fazer o strip comigo. — Interferi. — Só um incentivo, sabe?

— Pode ter certeza que quando eu vencer, — Will retrucou. — vão descobrir quantas garotas e garotos eu vou enlouquecer quando descobrirem o que mais puxei do meu pai.

— Sinto muito, Nico. — Jason falou sério. — Mas nessa realidade alternativa eu definitivamente não vou a sua despedida de solteiro.

Balancei a cabeça rindo. Felizmente esse casamentos nunca ia acontecer, ou eu estaria com sérios problemas para escolher o padrinho menos estranho.

(...)

Quíron pigarreou e percebi que a repreensão foi para nós três. Já estávamos há algum tempo ouvindo o centauro falar sobre os jogos quando tive a brilhante ideia de jogar minhas pernas sobre as de Will, do meu lado esquerdo, pra apoiar. Ele não só empurrou as minhas, como fez o mesmo, apoiando as pernas sobre as minhas. Assim que empurrei o Solace, Jason, a minha direita, o imitou, em um complô e começamos a rir. E nesse momento que Quíron chamou nossa atenção.

— Desculpe. — Jason endireitou a postura com as bochechas vermelhas, olhando envergonhado para o chão. Will soltou uma risadinha do meu lado e se aproximou mais da mesa, apoiando os cotovelos, como se estivesse profundamente interessado na reunião.

— Onde está Thalia? — Quíron perguntou, olhando diretamente para nós. Apesar da garota estar no chalé de Zeus, ainda era a líder do chalé oito e todos os conselheiros deveriam comparecer a reunião.

— Thalia não está se sentindo muito bem. — Jason explicou, o tom demonstrando tensão.     Provavelmente não havia pensado em acordar a irmã.

— Eu aviso pra ela, Quíron. —  Me ofereci e o centauro assentiu, retornando ao monologo.

Coloquei a mão no ombro do Jason por alguns segundos, oferecendo apoio e ele sorriu de lado.

— Por favor, certifiquem-se que todas as armas sejam encantadas, não queremos que aconteça o mesmo que aconteceu com Liv.

— E eu realmente odeio quando amputam braços. — Will resmungou, cortando a fala de Quíron. No último jogo, um pequeno erro de um filho de Atena havia machucado Olivia, uma filha de Hermes com apenas onze anos. Felizmente não houve amputações, mas a menina ficou seriamente machucada.

— E aposto como ninguém gosta de perder os membros, Will. O chalé de Atena continua penalizado até o próximo jogo, — Quíron continuou, mesmo quando Martha, a nova conselheira do chalé seis, resmungou em protesto. — assumindo a última colocação. Eu espero que usem isso como incentivo para que erros assim não se repitam. — A sala ficou em silêncio, enquanto olhávamos uns para os outros.

Não era necessário penalidades, tínhamos consciência do que significava deixar sequer uma flecha sem encantamento.

— E os visitantes? — A voz de Ayla se fez ouvir e encarei a filha de Melinoe que sequer havia notado. Sua irmã estava silenciosa ao seu lado, a face sem expressão nenhum. Tal como os Stolls um dia foram do de Hermes, ambas eram as conselheiras do chalé de Melinoe.

— Annabeth faz parte do chalé de Atena, então também está impedida de jogar. Quanto a Percy, ele preferiu não participar também. —  Quíron explicou, a expressão aliviada como se pensasse que era uma péssima ideia juntar tantos filhos dos três grandes em um jogo mortal. Ele estava certo. — Hazel pode competir pelo chalé treze, se assim desejar. — Sorri para Quíron, pensando nas maneiras de convencer a minha irmã. — Mais alguma pergunta?

— E os demais? — Ayla retomou e Quíron franziu a testa. — Jason, Piper, a caçadora…? Eles não fazem parte do Acampamento Meio Sangue. — Encarei a garota apertando os olhos. Ela havia falado em um tom como se fosse superior a eles, e aquilo realmente me incomodava. Prestes a rebater, virei-me para Jason, que assumiu uma expressão séria e retrucou, antes que eu falasse qualquer coisa.

— Eu faço parte do Acampamento Meio Sangue, Ayla. Assim como Piper e minha irmã. Sou romano, mas há anos adotei aqui como meu lar.

—  Não foi isso que eu quis dizer… — A garota começou, mas Jason a calou com um olhar. O que era um grande feitio, porque até à mim Ayla assustava.

— Sei que não foi. — O Grace continuou, apesar de seu tom ter um toque de ironia. — Vou ficar por tempo indeterminado, assim como minha irmã, então falo em nome dela que vamos competir juntos em nome do chalé de Zeus. Mais alguma pergunta, Ayla?

Dei um sorriso de lado quado a filha de Melinoe apertou os lábios, visivelmente com raiva.

— Não.

— Mais alguma pergunta? — Quíron repetiu a interrogação, desta vez dirigida a todos. Diante do silêncio, nos dispensou e começamos a sair da casa grande.

— E esse, meus caros, é Jason Grace! —  Exclamei, quando saímos. — Filho de Júpiter, Pontifex Maximus, derrotador de Gaia e meu amigo!

Jason e Will soltaram uma risada, enquanto as gêmeas de Melinoe nos encaravam raivosas antes de sumirem nas sombras.

— Você merece um Oscar como melhor exorcista! — Meus amigos franziram a testa e revirei os olhos. — Aquelas garotas parecem assombrações, até eu tenho medo delas! E você foi lá e “eu faço parte do Acampamento Meio Sangue” — engrossei a voz, fazendo uma péssima imitação e causando risadas. — e… cara, Ayla vai te triturar hoje a noite!

— Isso realmente me motiva, Nico. — Jason falou sarcástico, antes de acrescentar em um tom baixo: — Eu também tenho medo delas.

— Quem não tem? — Will concordou, olhando fixamente para um ponto atrás de mim. Me virei no exato momento em que Piper nos alcançou, sorrindo e acenando.

— Pips. — Jason sorriu pra namorada, a abraçando.

— Como foi a reunião? — Questionou. Como só ficava no acampamento durante o verão, seu lugar de conselheira foi ocupado por Valentina Diaz.

— Normal… — O Grace começou a responder, mas o interrompi.

— Tirando a parte que Jason acabou com Ayla?

— É mesmo? — Ela ergueu a sobrancelha e Jason ficou vermelho. — Por que você não me conta isso, Jay? Se importam que eu roube ele de vocês rapidinho, meninos?

— Sim. — Para minha surpresa, eu e Will falamos ao mesmo tempo. Encarei o filho de Apolo que deu de ombros.

— Prometo que devolvo sã e salvo. — A filha de Afrodite falou sorrindo e me perguntei se ela estava usando o charme.

— E inteiro? —  Will perguntou e Piper riu, acenando um tchau enquanto puxava o namorado completamente vermelho para longe.

Coloquei o dedo indicador perto da boca, como se fosse vomitar e Will riu.

— Por favor, se um dia eu ficar tão doce quanto esses dois, me faça beber água do rio Estige. — Pedi, revirando os olhos.

— Vou contar isso pra sua noiva antes do casamento. — Will riu.

— Isso me lembra que preciso falar com você sobre ela. Tem algumas coisas estranhas acontecendo entre nós. — Falei, pensando naquela energia toda.

— O que? Anda sentindo borboletas no estômago toda vez que vê ela? O coração acelera? Frio na barriga? — Provocou.

— Will! — Briguei e ele gargalhou. — É sério!

Ele se forçou a parar de rir e ficar sério. Quase acreditei que ele ia conseguir, mas logo abriu um sorriso malicioso.

— Uma pressão abaixo da cintura?

— Will! —  Repeti em um tom nervoso, sentindo minhas bochechas queimarem enquanto ele gargalhava. Pelos deuses, o que eu fiz pra merecer um amigo desse?!

— Qual a piada? — Ouvi uma voz feminina e soltei alguns xingamentos. Will sufocou a risada, me fitando prestes a fazer uma besteira.

— Thalia! — Ele saudou a garota que havia parado ao meu lado. O encarei em desespero como se dissesse “por favor, não!” e ele abriu um sorriso malicioso. — Olha que coincidência: estávamos falando de você agora!

— De mim? —  Ela perguntou virando na minha direção. Desviei o rosto, me sentindo mais vermelho ainda. — O que estavam falando sobre mim?

— Muitas coisas… —  O filho de Apolo se virou para mim e começou a rir novamente.

—  O que está acontecendo?

— Nada! — Me intrometi. — Você está procurando Jason? Ele foi por ali! — Apontei, tentando me livrar de Thalia. — Pode ir lá, tenho certeza que ele tá super à toa, vai lá…

— Eu estava procurando você. — Ela me cortou. — Preciso falar com você.

Parei, tentando pensar rápido. Will continuava a rir, a mão na boca tentando abafar as gargalhadas.

— Ótimo! — Disse. — Então vamos conversar! Mas bem longe daqui. Tchau, Will! —  Exclamei e peguei o pulso de Thalia enquanto ela protestava, dando um passo pra frente e nos puxando para as sombras.

Pelos deuses, eu ia matar o Will!





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Notas finais do capítulo


Hey pessoinhas, obrigada por lerem! Espero que tenham gostado e eu adoraria ouvir a opinião de vocês! Beijinhos e até o próximo!


*Curtam: https://www.facebook.com/eumeunoivoeseucrush/

*E o vencedor do prêmio poder é... O lado bom do Yaoi!
Parabéns, sweet, em manda MP pra gente conversar sobre o prêmio.

*A pergunta do game poser é: Onde você levaria Nico di Angelo?

*E as referências?