Narração: Thalia Grace

Alguns dois cortes bem feios, vários hematomas, muita dor e bastante suor foram o resultado de uma manhã na arena com Jason. Quem ganhou? Não estávamos contando, mas eu apostaria em mim.

— Uau! Você luta bem. — Jason resmungou quando o derrubei mais uma vez no chão.

— Para uma menina? — Perguntei brincando, dando-lhe a mão para levantar.

— Para minha irmanzinha. — ele implicou, rindo e abrindo os braços para esticar o corpo no chão. — Cansei, deixe-me aqui para morrer.

— Quer que eu diga a todos que você foi morto pela sua irmanzinha? — Ri, me deitando ao seu lado. Meu corpo estava tão dolorido que o chão parecia nuvens de algodão.

— Minha irmanzinha mais velha que pode fazer qualquer monstro chorar.

— Tecnicamente, você agora é mais velho.

— Tecnicamente, isso é estranho. — ele riu, pegando a minha mão. Entrelacei nossos dedos, rindo também.

— Ai… rir dói. — Reclamei.

— Como aprendeu a lutar tão bem?

— Quando fugi de casa tive que me virar…

— Você se arrependeu de sair? — Suspirei, pensando em como minha vida havia mudado com aquilo.

— Na verdade não. Se eu não tivesse fugido jamais conheceria Luke e Annabeth. E talvez nunca te encontraria de novo.

— Você sente falta dele? Luke?

— Eu sinto falta do meu melhor amigo que cantava pra mim quando tinha pesadelos.

— Ele cantava pra você?

— Cantava. — Sorri, me lembrando. — E ele não entendia nada de afinação. Mas… Eu me sentia segura.

— Qual música você mais gostava? — Jason perguntou, olhando pro céu claro. Fiz o mesmo, repleta de nostalgia.

— Ele cantava várias… Mas quando ele cantava Patience… era como se tudo ficasse bem. — Jason apertou minha mão, fazendo-me virar para ele. Nos seus lábios havia um sorriso compreensivo. — Esse momento tá tão fofo que eu até te abraçaria agora… mas você está todo suado.

— É mesmo? — Ele sorriu brincalhão, me fazendo arregalar os olhos ao perceber o que ele faria.

— Jason, não ouse! — Briguei, mas ele estendeu o braço e me puxou pra si, gargalhando. — Jason! Eu sou uma caçadora! Não quero abraçar você!

— Eu sou seu irmão, Thalia. — Continuou a rir, prendendo meus braços enquanto eu tentava me soltar.

— Jason! Você tá nojento, me solta! — Gritei. Felizmente, éramos os únicos ali. — Vai abraçar sua namorada! Me solta!

— Não! — ele falou e começou a fazer cócegas na minha barriga, me fazendo gargalhar e rolar pelo chão.

— Jay… — Tentei falar, me contorcendo involuntariamente. — Para… eu tô sem ar…

— Isso é porque não quis me abraçar. — Ele parou com as cócegas e me deu um beijo melado na bochecha.

— Babão. — Reclamei, limpando a baba da bochecha.

Ele se sentou no chão, olhando a arena vazia. Me juntei a ele quando consegui respirar.

— Desde pequeno você era babão. Uma vez você dormiu em cima de mim e acordei com a blusa molhada. — Jason gargalhou, jogando a cabeça pra trás.

— Viu, Annabeth? — Ouvi a voz de Percy se aproximando. — Todos os grandes heróis babam enquanto dormem. — a casal entrou na arena de mãos dadas, enquanto Annabeth revirava os olhos com a fala do namorado.

— isso é pré-requisito pra ser demais. Vocês não sabiam? — Jason completou, me fazendo imitar Annabeth e revirar os olhos.

— Que tal treinarmos um pouco? Eu e Jason contra vocês duas, pra mostrar como é importante babar. — Percy sugeriu rindo

— Em primeiro lugar, Cabeça de Algas. — Annabeth respondeu, enquanto me ajudava a levantar e Jason se colocava de pé sozinho. — Sua frase não tem sentido nenhum. Em segundo, colocar três filhos dos grandes supercompetitivos pra lutar nunca é uma boa ideia, seja contra ou não.

— Deixa pra próxima, Percy. — Sorri para meu primo. — Agora tenho algo muito importante pra fazer.

— O que? — Ele perguntou com a expressão de confuso.

— Tentar matar meu irmão. — Me virei pra Jason que começou a correr gargalhando. Fui atrás dele gritando que ele ia me pagar.

(…)

Eu não matei meu irmão, mas consegui derrubá-lo na areia da praia ao pular em suas costas. Sai de cima dele, rolando pro lado, a barriga doendo de tanto rir.

— Você me paga. — Ele ameaçou rindo também, se pondo de pé e me puxando depois. Jason me pegou como um saco de batatas e me jogou sobre os ombros, andando em direção ao mar enquanto eu gritava e dava murros em suas costas. — Você não disse que eu tô nojento? — Argumentou. — Você também tá fedendo, nós dois precisamos de um banho!

Olhei em volta a procura de ajuda, percebendo como a praia estava lotada no final da manhã, vários campistas nos encarando. Procurei alguém que conhecesse pra me salvar e reconheci o Di Ângelo a alguns metros conversando com Will, Piper e outra garota.

— Nico! — Comecei a gritar. — Nico socorro! — O garoto me encarou por alguns segundos, dando de ombro. Ótimo noivo foi me arranjar Zeus! — Jason, me solta!

Ele me obedeceu, me deixando cair sentada sobre a areia molhada, a água cobrindo parte das minhas pernas até os seios. O fuzilei com os olhos, enquanto Jason corria pra dentro do mar.

— Jason! Volta aqui agora, seu comedor de grampos! Eu vou te matar!

Ficamos naquele pega-pega no raso por alguns segundos, até Jason correr pra areia e se esconder atrás da namorada. Corri até ele arfando e com as pernas doendo por correr dentro d'água. Me apoiei nos joelhos recuperando o fôlego.

— Pode se apoiar em mim. — Uma voz ao meu lado disse. Olhei para Nico um pouco indecisa, mas acabei me firmando sobre seu ombro, um pouco zonza. Ele passou o braço pelas minhas costas pra me ajudar.

— Você me paga. — Falei pro meu irmão quando consegui recuperar minha voz. Ele parecia estar cansada também, apoiado em Piper ao mesmo tempo que escondido.

— Por que você não me deixa apoiar assim? — Olhei para o lado de Nico e havia uma garota com um bico.

Além da beleza incomum do porte atlético e bronzeado, os cabelos loiros e olhos azuis semelhantes ao pai denunciavam o parentesco com Apolo.

— Por que você faz isso com segundas intenções, Alexia. — Nico retrucou, fazendo a garota aumentar o bico.

— Will, vai deixar ele acabar com meu pobre coraçãozinho assim?

Will, que estava ao lado da irmã, somente deu de ombros com um sorriso.

— Óh, vida cruel, porque Afrodite me manda um crush desse?! — A garota exclamou, fazendo todos gargalharem. — Pode ir desencostando, queridinha, se não é meu não é de mais ninguém.

Ergui a sobrancelha para a garota, decidindo que não gostava nem um pouco dela, e, como resposta, passei os braços sobre os ombros do Di Ângelo, acomodando meu corpo ao seu, ignorando o fato dele estar sem camisa. Ergui a sobrancelha pra garota com uma expressão de “o que disse?”.

— Tá, bom, miga. Não precisa brigar. — Ela ergue as mãos, se rendendo. — Pode ficar com esse, minha lista é cheia. Tem cada modelo que meu pai conhece…

— Que seu namorado não te ouça. — Will falou, me fazendo franzir a testa.

— Meu caro irmãozinho, o Enzo entende que romance é romance, amor é amor e um lance é um lance, além disso, namorar é uma arte, crushar faz parte. Falando nisso, acho que vou procurar ele, antes que essa caçadora me roube outro crush! — Ela deu língua pro irmão e, surpreendentemente, veio até mim e me abraçou. — Adorei te conhecer pessoalmente, a propósito, sou Alexandra Laiscu. — Ela me soltou sem esperar resposta. — Ah, cuide bem do Di Ângelo, ele é meu crush favorito. — Ela piscou e saiu saltitando.

— Ignore minha irmã, ela é louca.

Balancei a cabeça pra Will, desvencilhando-me do Di Ângelo, arrependida do jeito que agi.

— O que é crush? — Perguntei.

— É como uma paquera, — Will me explicou. — É alguém que você tem uma quedinha, acha bonito, se sente atraído.

— Uma paixonite. — Nico completou, dando de ombros.

— E você é o crush dela? — Impliquei com o Di Ângelo.

— Você escutou a parte da louca? — Ele ergueu a sobrancelha.

— Ela não é a única. — Will riu, atraindo nossos olhares.

— Calado, Solance. — Nico ordenou.

— Que história é essa? — Jason expressou meus pensamentos. Os outros dois garotos trocaram olhares significativos.

— Só Will ficando muito perto da irmã. — Nico explicou. — Falando nisso, vou procurar a minha.

— Eu tô com fome. — Will resmungou, se vitando pra seguir Nico.

— Que tal um piquenique? — Piper sugeriu, fazendo do os garotos pararem e a fitarem.

— Pode ser. — Nico deu de ombros.

— Vou pegar as coisas e nos encontramos em vinte minutos no bosque. — Ela terminou de ordenar e os garotos saíram. Jason continuava a se esconder atrás da namorada, mas agora ele havia enlaçada a cintura dela com braços, abraçando-a por trás. Meu irmão deu um beijo na bochecha dela e percebi que era minha deixa pra sair.

— Vou avisar ao Percy e Annabeth e depois tomar um banho.

Eles pareciam tão tristes com minha saída, que nem sequer me deram adeus.

(…)

O almoço foi bem agradável, até mesmo a parte em que o Di Ângelo tentou me matar.

Fizemos o piquenique no bosque, as árvores altas nos deixando na sombra, enquanto um vento suave nos deixava fresco, além de uma nascente há poucos metros. Piper havia organizado frutas, sucos e sanduíches em cima de uma toalha quadriculada, sentando-se ao lado direito de Jason, uma vez que eu estava do lado esquerdo. Na minha frente estava o Di Ângelo entre Will e Hazel, Percy e Annabeth haviam sentado na ponta, perto de Piper e Will. Todos os garotos haviam aproveitado da privacidade pra ficar sem camisa, o que me deixou um pouco constrangida no começo, me esquecendo quando o clima ficou mais acolhedor.

Em meio a risos e brincadeiras, tive toda a narração sobre a Guerra com Gaia, onde Percy, Annabeth, Piper, Jason e Hazel falavam ao mesmo tempo, me deixando zonza. Eles estavam tão animados e nostálgicos que até os acontecimentos no Tártaro não pareceram tão ruins, apesar de que Percy e Annabeth mal falaram desta parte.

— Thalia, você encontrou com Nico durante a guerra, não foi? — Percy perguntou e olhei pro Di Ângelo que havia estava na minha frente e havia desviado o rosto. Forcei um sorriso e assenti.

— Sim, em Porto Rico. Aliás, Di Ângelo, nunca te parabenizei por aquela bela camisa! — Sorri sapeca, enquanto o garoto se virava lentamente pra mim, a boca aberta e os olhos escuros arregalados. — Senhor D. aprova!

— Que camisa? — Hazel inqueriu, sua pergunta sendo repetida por Will e os outros.

— Não ouse contar isso… — Nico ameaçou, me fazendo desafiá-lo.

— Uma bem legal… Não acredito que não mostrou ela pra todo mundo! — Falei, apesar de não me lembrar muito bem. Era alguma estampa tropical, mas não lembrava se era palmeiras ou animais, acho que alguma ave. Só lembro de achar bem estranha para Nico.

— Thalia… — Advertiu, se levantando.

— Como ela era mesmo? Eram tucanos? Você realmente deveria vestir ela um dia desses.

Como resposta, Nico jogou a primeira coisa que estava do seu lado em mim, uma garrafa com um resto de suco. Reclamei um “ai”, mais por reflexo do que dor, e joguei um resto de sanduíche nele. Ele ia jogar outro sanduíche quando Will segurou o braço dele com uma cara de reprovação.

— Quer voltar a fazer ioga, Nico? — o filho de Apolo falou calmamente, me fazendo rir ao imaginar Nico tentando fazer uma posição de ioga.

— Ela começou. — Nico murmurou como uma criança birrenta, fazendo um bico e olhando pra baixo.

Comecei a gargalhar da situação, tentando parar, mas meu corpo não obedecia. Nico me encarou com os olhos fuzilando, ainda fazendo uma espécie de bico. Até que ele estava fofo.

— Ela está rindo de mim. — Reclamou.

— Thalia. — Meu irmão me repreendeu.

— Desculpa, é que… — Tentei dizer, arfando. — ….Eu realmente… Nico… Ioga… Desculpa! — gargalhei novamente, chegando a apoiar meu corpo que tremia em uma árvore. Ao compreender minhas palavras Percy começou a rir também, junto com Annabeth.

— Sua risada é muito estranha, Thalia! — A loira explicou, fazendo com que os demais reparassem. Não sei quem começou a rir por último, mas em segundos todos nós, incluindo Nico, riamos sem, aparentemente, motivo nenhum.

Minha barriga já estava doendo quando consegui parar um pouco, com a respiração pesada. Coloquei meu corpo reto e olhei pros meus amigos rindo, fisgando o olhar do Di Ângelo em mim, enquanto ele gargalhava mostrando duas covinhas nas bochechas. Ele tentou parar de rir também e me encarou em uma tentativa inútil de ficar sério, me fazendo rir ainda mais de sua expressão. Tentei me apoiar no tronco atrás de mim, mas acabei caindo em cima de Jason, que estava ao meu lado, me fazendo rir mais.

— Eu não sei o que tinha nessa comida. — ouvi a voz de Nico enquanto deitava a cabeça no colo do meu irmão. —mas acho que a Thalia não tá bem. Tá até caindo.

Me virei para ele, dando língua e jogando uma uva na testa dele, que ele pegou com a boca.

— Ra! — Riu, quando terminou de comer a fruta.

— Não deixar você e Nico perto de comida. Anotado. — Jason murmurou, fazendo os outros rirem.

Aos poucos os risos foram diminuindo e Jason começou a fazer a fazer cafuné no meu cabelo.

— Vocês nunca mais saíram em missão? — Perguntei depois de um tempo.

— Estamos tentando evitar. — Meu irmão me respondeu.

— Quíron acha que mesmo a missão mais simples envolvendo a gente vira guerra. — Percy completou. Olhei pra ele que estava deitado com a cabeça no colo de Annabeth, mesmo um pouco distante consegui vê-la revirar os olhos cinzas.

— E ele não está certo? — Piper brincou.

— Mas nunca me deram uma missão simples. — Percy fez bico, fazendo Annabeth revirar os olhos novamente.

— Clarisse está querendo ir em um parque de diversão hoje a noite, levar Chuck. — A loira mudou de assunto. — O que acham de ir?

— Nós temos permissão pra isso? — Questionei.

— E nós precisamos? — Nico sorriu.

(…)

Aos poucos os casais foram saindo depois do almoço, primeiro Percy e Annabeth, depois Piper e Jason, me deixando sozinha com Nico, Will e Hazel.

— Preciso dar uma checada na enfermaria. — Ouvi a voz do Filho de Apolo Já tinha uns dez minutos que ele e Hazel tinham uma nada interessante conversa sobre cavalos, e eu fiquei deitada olhando pras árvores. — Vem comigo, Nico?

— Dessa vez vai ter que se virar sem mim. — Ouvi a voz do Di Ângelo. — Quero passar um tempo com Hazel. Tem algo que…. Precisamos conversar. — Olhei de relance para o garoto e percebi que ele também estava deitado de costas e óculos escuro, mas podia jurar que ele estava olhando pra mim. Seria sobre o casamento?

— Está tudo bem?— O filho de Apolo questionou. Nico balançou a cabeça que sim. — Thalia, vem comigo então?

Olhei para Will confusa.

— Solace tem medo de andar sozinho por aí. — Nico riu com escárnio.

— Medo do quê? A única assombração por aqui é você, Rei da Noite. — Will rebateu.

— Ouch! — ouvi Hazel exclamar fazendo graça.

— Vem, Thalia. Eu gosto de companhia, até a da pessoas mais irritante da face da Terra. — ele aponto para Nico. — E tenho certeza que a sua deve ser ótima. Vamos deixar esses dois tendo papos de adulto.

Acabei rindo e aceitando a mão que Will estendeu pra me levantar. O garoto vestiu a camisa e fomos caminhando lentamente pra enfermaria.

— Me desculpe por ontem a noite. — ele falou quando estávamos longe o suficiente do Di Ângelo. — Por ter te colocado nisso e pelo jeito que Nico reagiu.

Olhei para ele, observando como ele estava com a expressão cansada e olheiras profundas, bem diferente de ontem. Parece que não foi só comigo que Nico não foi muito educado.

— Não se preocupe. Você estava certo no final, eles realmente estavam com planos suicidas. E se está pedindo desculpas por ele, eu tenho que pedir por Jason. Meu irmão não ajudou nada pressionando.

Will balançou a cabeça que sim.

— Já imaginava. — Suspirou. — Será que existe uma forma de passarmos juízo por osmose?

— Podíamos tentar bater a cabeça deles até entenderem que suicídio por um jogo não é legal.

— Eu bato na de Nico ou você faz isso?

— Que tal revezar? Porque eu adoraria ter essa honra. — Will balançou a cabeça rindo. Continuamos a conversar sobre como colocar juízo na cabeça daqueles dois até chegar na porta da enfermaria.

— O que vai fazer por agora?

— Procurar Annabeth. — Respondi a pergunta de Will. — Deve estar no chalé de Atena.

Ele deu um sorriso sarcástico.

— Se eu fosse você procurava primeiro no de Poseidon.

— Por que? — Perguntei confusa.

— Impressão… Enfim, obrigada por me acompanhar. Você até que é legal, Thalia. Gostei da sua companhia.

— Pra um filho de Apolo, você até que é bem legal. — sorri e Will se inclinou pra me abraçar, parando no caminho. — Caçadora. Desculpe, me esqueci.

— Tudo bem. — Sorri. — Até mais.

Me virei e fui pro chalé três. Bati algumas vezes, não tendo respostas. Como a porta só estava encostada, abri um pouco, colocando a cabeça pra dentro.

— Percy? — Chamei e entrei, encontrando uma Annabeth parada no meio do chalé, terminando de vestir uma blusa.

— Thalia? — Ela perguntou, ficando vermelha.

— Eu estava… Hã… Te procurando. Mas, deixa pra lá. — Falei, começando a fechar a porta. Ouvi a risada de Percy e ele se levantou da cama de baixo de um dos beliches, só de bermuda.

— Espera. — A voz de Annabeth me fez reabrir a porta. — Já estava indo te procurar.

Ela se virou pra Percy e lhe deixou um beijo na bochecha, antes de sair do chalé. Caminhamos em um silêncio constrangedor até em cima da colina, nos sentando debaixo do chamado “Pinheiro de Thalia”. Não estou reclamando, mas eles bem que poderiam mudar o nome antes que as piadinhas comecem.

— Então… — Falei, olhando pro céu claro. — Você e Percy…

— Nós não estávamos… — Annabeth hesitou, a voz trêmula. — Só estávamos conversando.

Me virei pra ela, erguendo a sobrancelha.

— É sério, Thalia. — Ela riu nervosa.

— Vocês nunca… — Deixei as palavras no ar, vendo minha amiga ficar mais vermelha ainda.

— Já… — Sua voz saiu bem baixa. — Mas é estranho falar sobre isso com você!

— Comigo? — Franzi a testa.

— É… sabe… Não é como se isso fosse acontecer com você, não é? Como se você pensasse nisso… — Olhei pra baixo, apertando os lábios. — Desculpa, Thalia! Eu queria te contar, mas nunca temos tempo pra conversar.

Voltei meu olhar pra Annabeth, que encarava o céu, a expressão triste. Peguei sua mão e a apartei, fazendo com que ela me olhasse.

— Melhores amigas, não é? — Perguntei, encarando-a nos olhos.

— Sempre. — Annabeth sorriu. O momento estava tão Disney que eu quase tive diabetes, felizmente Annabeth trocou de assunto. — Então, essa missão. Pode me contar qual é?

Mordi os lábios, me perguntando se deveria ou não contar. Por fim, suspirei e assenti, afinal, Annabeth sempre foi minha melhor amiga.

— É até que bem simples e impossível…

— Qual é? — A filha de Atena perguntou, franzindo a testa. Suspirei antes de responder:

— Me casar com Nico Di Ângelo.