Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 19
Capítulo 19 — No Oriente Médio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :D



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O pátio de um colégio não havia nenhuma criança brincando, ele estava repleto de macas e camas improvisadas, enquanto médicos e voluntários trabalhavam para dar os primeiros socorros aos feridos de um atentado ocorrido em uma via pública bem movimentada de Assad.

Estelar e Ravena traziam mais feridos, enquanto Vixen os acolhia com a ajuda de algumas pessoas.

— Olha só quem veio dar uma mãozinha para a gente. — Estelar falou para Vixen, enquanto se aproximava. Atrás dela, Diana caminhava a passos lentos, cuidadosa para que não pisasse em nenhum leito feito no chão.

— Quando o Aquaman me falou que você viria, fiquei surpresa. — Vixen se levantou. — Você não estava impedida de sair dos Estados Unidos?

Diana balançou a cabeça, mais preocupada com a situação naquele local do que seus próprios problemas pessoais.

— Pelo o que entendi, foi apenas uma sugestão da promotoria. Não é como se eu fosse fugir, não tenho motivos para isso. — Diana perguntou o que poderia fazer para ajudar.

— Vejamos... — Vixen virou-se e chamou uma pessoa. Assim que o homem se aproximou delas, a heroína os apresentou. — Esse é Fadir, ele está mais atualizado com o mapa das equipes de buscas, estamos resgatando os feridos de um prédio que desabou, mas na região ainda tem mais pessoas que precisa de ajuda.

Fadir cumprimentou a Mulher Maravilha com um movimento simples de cabeça. Suas roupas estavam sujas da poeira dos destroços e os cabelos pretos molhados de suor.

— Perdoe o meu inglês. — Fadir disse, com um sotaque bastante acentuado, enquanto direcionava Diana até seu jipe. — Já faz um tempinho que estou aprendendo, mas ainda não falo tão bem.

— Não há o que se preocupar, eu compreendo seu idioma. — Diana falou em árabe, sentando-se no banco do passageiro ao lado do motorista. Estelar e Ravena voavam sobre os dois.

— Você deve saber muitas línguas. — Ele concluiu, entrando no jipe. — Fala muito bem o meu idioma. Diana concordou.

— É muito longe daqui? — Diana mudou de assunto, a gravidade do momento não lhe dava brechas para outros tipos de conversas.

— Não muito, talvez uns quarenta minutos. — Fadir colocou os óculos escuros e um chapéu. — Se ficar mais a vontade sobrevoando a área, eu vou entender.

— Você já conhece o local, tem mais intimidade, prefiro que me leve direto para lá, Estelar e Ravena podem fazer uma vistoria aérea completa. — Ela olhou para cima, certificando que as duas haviam ouvido o que acabara de falar.

— Comunicaremos nossa localização depois. — Ravena informou e partiu, acelerando seu voo, assim como Estelar fez em seguida.

 

A luz do dia já estava acabando, dificultando o trabalho de resgate. Diana havia limpado o local quase que completo, retirando os destroços. Os bombeiros faziam seu trabalho, retirando com cuidado os sobreviventes. O trabalho continuou durante toda a madrugada.

Quando ergueu o último pedaço de concreto, Diana achou que estaria mais aliviada, já que o número de sobreviventes era alto para tamanha tragédia. Mas, ao contrário disso, sentia-se exausta e a mente conturbada. Fadir a levou de jipe para sua casa, onde abrigava algumas pessoas sem moradia, além de Vixen, Estelar e Ravena.

Sua propriedade ficava em Beit Jinn, 54 quilômetros da capital de Damasco, levou apenas uma hora de jipe, enquanto voando, Estelar bateu seu recorde de três minutos. Ela os aguardava em frente a mansão e abriu a porta do jipe para a Mulher Maravilha.

— Vou levá-la até nosso quarto para que possa tomar um banho e descansar. — A tamaraneana revelou que dividia o quarto com Vixen e Ravena, mas havia espaço para mais uma cama.

— Eu aceito o banho e talvez comer alguma coisa, mas prefiro descansar depois que repassarmos o mapa. — Diana caminhou com passos firmes na direção da porta.

Ao entrar na propriedade, um jardim se estendia por alguns metros quadrados, onde crianças brincavam e idosos estavam sentados em bancos de madeira. Ela olhou ao redor e viu que a mansão era protegida por seguranças armados em cabines superiores. Fadir conversava com um dos homens que vestia um uniforme, segurando uma arma de fogo automática.

Estelar falava sobre como aquele lugar funcionava, para onde aquelas pessoas eram enviadas depois que acolhidas por Fadir e como ele conseguia manter tudo ainda de pé, mesmo com as autoridades do local sendo contra seus métodos, dando suporte aos super-heróis.

— Eles têm medo, estão apenas se protegendo daquilo que temem. — Diana comentou. — Enquanto seu maior inimigo, são eles mesmo.

Estelar apresentou os demais cômodos, como a sala de recreação, sala de jantar, a cozinha e a direção dos quartos.

— A ala leste da mansão ficam a maioria das pessoas resgatadas nas ruas, e que ainda não tiveram condições de sair do país.

— Esse Fadir, ele recebe a ajuda financeira de alguém?

— Não tenho conhecimento sobre como ele mantém o lugar, Vixen pode te dar mais respostas, meu grupo chegou aqui há pouco tempo. Vamos ficar somente mais alguns dias. — Estelar abriu a porta do quarto. — Acho que no guarda roupa tem algo que vá servir em você, até que seu uniforme fique limpo. Aliás, eu adorei as novas calças do uniforme.

Estelar deixou Diana mais a vontade, saindo do quarto. Após o banho, Diana abriu a porta do guarda roupa e havia alguns caftans pendurados em cabides. Ela não fez muitas escolhas, pegou o de cor alaranjado e vestiu. Era um modelo simples de caftan marroquino, mas refrescante, já que fazia muito calor naquela hora do dia. A vestimenta era como um longo vestido que cobria todo seu corpo, inclusive os braços em uma manga de tecido fino, mas com um caimento perfeito no seu corpo. Ela era uma mulher com pernas grossas, e ombros largos e firmes, assim, a roupa ficou bem em sua silhueta.

Diana deitou em uma das camas, mas não sentia sono, embora estivesse cansada.

Ela se levantou e abriu a porta dupla que dava para uma varanda, do segundo andar podia ver o pátio da mansão e o jardim. Alguns rostos jovens eram bem familiares, do grupo ao qual Estelar se referia. Só que o rosto que mais surpreendeu Diana, estava encoberto por um keffiyehs, um lenço tradicional no Oriente Médio, que cobre a cabeça dos homens. Além de um par de óculos escuros e vestes tradicionais do local. Mas Diana o reconheceria sobre qualquer tipo de armadura.

Quando o homem olhou para o alto, não restou dúvidas.

— Mulher Maravilha, está acordada? — Vixen abriu a porta do quarto.

— Estou aqui. — Diana cruzou a porta da varanda. — Quem são aquelas pessoas que chegaram a pouco? — Perguntou, ocultando já saber a identidade de pelo menos um deles.

— Vieram dos Estados Unidos essa manhã. São sócios de Fadir. Não sei quanto tempo vão ficar, mas é uma péssima hora para visitas, não acha? Já que não está dormindo, podemos comer alguma coisa.

— Estou sem fome, mas gostaria de conversar mais sobre o trabalho de vocês aqui. A Liga enviou mais alguém?

— Estamos espalhados por diversos territórios. — Vixen caminhava tranquila pelos corredores. — É uma pena que John não veio com você, seria de grande ajuda o poder daquele anel aqui.

— Ele também sente, mas existem outras coisas a serem resolvidas.

Elas desceram as escadarias.

— Sempre temos outras coisas importante para fazer... — Vixen parou. — Não é incrível como sempre estamos correndo por outros, e não por nós?

Diana olhou para o chão de cimento pintado de vermelho, depois moveu a cabeça e estendeu o braço para segurar o de Vixen.

— Todos os dias penso nisso. — Ela respondeu. — E todos os dias eu me levanto para continuar correndo por todos.

— Não me leve a mal, mas às vezes eu penso na minha vida antes de tudo isso. Meus problemas se resumiam aos desfiles nas passarelas, fotografias e coisas triviais. Às vezes eu só queria comer um chocolate assistindo um filme bobo.

Diana sorriu.

— Acho que você precisa descansar um pouco. — Elas continuaram a descer os degraus e então encontraram o grupo de Estelar sentados em algumas almofadas na sala de entretenimento. Algumas pessoas estavam sentadas em frente a televisão, assistindo ao canal de notícias.

Fadir encontrava-se na sala ao lado, reunido com outras pessoas, até que ele se levantou e foi em direção ao jardim. Diana acabou afastando-se de Vixen e os demais, indo ao encontro dele.

— É uma grande casa que você tem aqui. — A amazona falou, assim que parou ao lado de Fadir. Algumas crianças riam e brincavam de colocar barcos de papeis na água da fonte central. — Como tudo isso começou?

Fadir sorria para as crianças que passou por ele correndo, e então olhou para Diana.

— Meu pai me dizia que um homem de verdade cuidava dos seus pares. Então, ele sempre abria as portas de nossa casa para quem precisava de abrigo.

— Seu pai deve ser um homem admirável.

— Sim, ele foi. — Fadir deu alguns passos até a fonte, pegando um dos barcos de papel. — Nossa casa era muito simples, havia apenas um quarto para todos dormirem. E quando eu cresci, decidi que faria uma casa grande para que pudesse receber mais pessoas.

Diana contemplou o olhar perdido de Fadir.

— Fico feliz em saber que aqui há pessoas como você. Obrigada por nos receber.

— O prazer é todo meu, senhorita. — Ele moveu os lábios para continuar a falar, mas foi interrompido por um dos seguranças. — Por favor, fique a vontade em minha casa.

— É algo que precisa de ajuda? — Diana se ofereceu.

— Não a nada do que se preocupar. — Fadir falou tranquilamente e saiu.

Diana continuou seu caminho pelo jardim, que, na verdade, era mais uma busca para encontrá-lo. E o lugar não era assim tão grande, já que ele se estava sozinho, sentado em uma cadeira na sombra.

— Todo esse mistério é para que não seja visto junto comigo novamente, senhor Wayne? — Diana sentou na outra cadeira.

— É sempre bom um cuidado especial, ainda mais quando se é alvo de um processo internacional movido por um país. — Bruce serviu um chá em duas xícaras, oferecendo uma à Diana.

— Achei que o senhor estava livre desse pequeno problema que te causei.

— Sim, sim. Mas, diferente do que dizem, eu não penso somente em mim. E eu não preciso que essas pessoas saibam quem sou eu. — Ele bebeu o chá. — E, se me permite, senhorita Prince, esse vestido caiu como uma luva em você.

— Encantador. — Ela falou, sentindo o coração acelerar, não haviam conversado desde o encontro no tribunal em Washington, e agora, estavam na Síria, tomando chá. — O que o traz aqui?

Bruce a encarou, impossível de ler seus olhos por baixo das lentes dos óculos. Diana queria uma chance de conversar sem ter que manter um distanciamento seguro. Mas não seria muito esperto da parte dos dois, desaparecer das vistas de todos que os encaravam naquele momento.

— Trabalho. — Ele respondeu. — Minha empresa é fornecedora de armas.

— Sei. — Diana comentou rispidamente. — Não há nenhum outro lugar para se faturar mais do que em uma guerra.

Bruce balançou a cabeça, concordando com as palavras da Mulher Maravilha.

— Também fornecemos comida, água, combustível, remédios, roupas e navio... — Ele bebeu mais um gole do chá. — Um bem equipado para que a viagem no Mediterrâneo seja feito em segurança.

— É muito corajoso atravessar metade do mundo para ajudar essas pessoas, senhor Wayne. — Diana terminou seu chá, havia muitas coisas que desejava falar naquele momento, infelizmente não seria possível.

— Vocês têm os seus poderes, e eu tenho os meus. — Bruce se levantou. — Vou partir em breve, mas, como sempre, foi um prazer.

— Até um dia, Bruce.


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Notas finais do capítulo

Onde eu puder insiro Vixen e Estelar :D mas quem sabe um dia não escrevo uma história só delas.
Beijos, até mais.



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