Os sentimentos da Princesa Guerreira escrita por Kori Hime


Capítulo 10
Capítulo 10 — O peso do Mundo sobre os ombros


Notas iniciais do capítulo

Entre uma dissertação e outra, um seminário e outro, vim aqui postar capítulo.



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Quando abriu a porta de seu apartamento em Washington, Diana teve uma agradável surpresa ao encontrar Elizabeth Darcy sentada no sofá. A amiga retornou do Oriente Médio naquela manhã, e, caso pudesse se levantar e pular nos braços de Diana, faria com todo o prazer. Mas Beth estava com a perna engessada.

Cheia de cuidados, Diana a abraçou, querendo saber como foi sua missão.

Elas conversaram durante algumas horas. Aproveitando o clima chuvoso do início da noite, a amazona decidiu preparar uma sopa com os ingredientes que encontrou dentro da geladeira. Elizabeth estava resfriada e Diana a levou no colo até a cama.

Assim que a sopa ficou pronta, ela colocou em uma bandeja o pão assado e a sopa numa tigela redonda. Foram mais algumas horas de conversa, até que Elizabeth pegou no sono. Diana a cobriu com uma coberta e fechou a porta do quarto.

Ela tentou relaxar em sua cama, mas não conseguia desligar a mente. Muitos pensamentos e ideias cruzavam sua cabeça. O modo que Bruce parecia tentar dar uma chance para eles dois, afinal de contas, nunca houve antes um convite para visitar a mansão em uma visita social. Também incomodava questionar sua própria força e necessidade para o mundo atual. E em cem anos, nada parecia ter mudado, apenas novas pessoas no poder. Novos inimigos, só que o mesmo desejo de cobiça. A maldade enraizada na história da humanidade parecia corroer e corromper a todos.

“Ainda existe o bem nesse mundo, Diana”, ela ouviu a voz do Caçador de Marte em sua cabeça. “Eu perdi todo o meu mundo, daria tudo para tê-lo novamente e lutar pelos que valem a pena.”

***

— Então, aquele tal Bruce Wayne, foi só um passatempo? — Passado algumas semanas, Elizabeth sentia-se melhor, graças a ajuda de Diana. Ela aproveitou o café da manhã na varanda, com a perna recém removida do gesso. — Você gosta dele?

— Não, não é nada disso. Eu apenas aceitei o convite para entrar no país sem levantar suspeitas. Só que as coisas não saíram como o planejado. — Diana bebeu o café, sentindo o frescor agradável daquela manhã.

— E o Trevor? Ele andou deixando muitas mensagens na secretária eletrônica.

— Somos apenas amigos...

A campainha tocou e Diana deixou a xícara de café em cima da mesa. Ao atender a porta, ficou espantada em encontrar Steve Trevor. Ele parecia agitado e ao mesmo tempo aliviado em vê-la. Passado a surpresa, ela o convidou para entrar. Estava evitando falar com ele pelo telefone, mas não havia ainda um motivo em especial, ou algo para culpar.

— Como vai, Senhorita Darcy? — Steve a cumprimentou, perguntando sobre sua viagem ao Oriente Médio. Elizabeth não roubou muito tempo de Trevor, visto que ele parecia mais interessado em conversar com Diana. Ela se despediu, se trancando em seu quarto para fazer maratona de House of Cards no Netflix.

— Sente-se, Steve. — Diana sugeriu. — Quer beber alguma coisa? Fiz café.

Ele sorriu, agradecendo o convite. Vestia um terno elegante e gravata. Diana imaginou que ele estava em serviço, não sendo uma visita pessoal, ou casual.

— Estou contente em vê-la. Estava preocupado, eu soube das notícias da Colômbia. — Trevor pegou a xícara de café e bebeu um pouco. — Meu escritório recebeu um milhão de ligações desde sua primeira aparição em Bogotá.

— Você não é mais minha fonte de informações. Nos desligamos já tem um tempo. — Diana constatou o óbvio.

Steve balançou a cabeça, dando um sorriso sem graça.

— Acha que o presidente desse país se importa com brigas de namorados?

— Eu acho que ele devia me agradecer por eu ter salvo aquelas pessoas. — Diana falou dura, depois pedindo desculpas. — Olha, eu agradeço a sua preocupação.

Trevor caminhou pela sala, parando diante da fotografia da Liga da Justiça, emoldurada em um quadro.

— Está cada dia mais difícil lidar com essa situação. — Ele se virou, buscando contato visual. — A humanidade agradece os esforços da Liga da Justiça, mas não basta chegar e achar que resolveu o caso. Por trás disso tudo existe uma força tarefa incumbida de rastrear as esmeraldas. A ligação com a LexCorp foi facilmente manipulada, só alguns telefonemas de Lex Luthor e sua empresa já não era mais alvo da Polícia de Gotham. Que para começo de conversa, não deveria estar lá.

— Nós tomamos todos os cuidados. Batman falou que...

— O Batman não sabe tudo, Diana. Você confia demais nele. — As vozes se alteraram e os dois estavam um diante do outro, com expressões duras no rosto. — Você arriscou a vida de um civil para se infiltrar no país. Aquele Bruce Wayne poderia ter se ferido. Quando foi que você ficou tão irresponsável?

— Basta! — Diana apontou para a porta, ordenando que Steve fosse embora.

— Eu estou do seu lado, Diana. Sempre estive. Lembre-se disso. — Steve falou, antes de passar pela porta. — Só diga para seus amigos que as coisas aqui na Terra funcionam de outro jeito. Temos que seguir leis e regras.

Trevor fechou a porta e Diana sentiu o sangue ferver. Enfurecida, socou a parede, criando um buraco. Elizabeth apareceu na sala, pedindo para que ela se acalmasse. Mas a amazona não conseguia encontrar meios de fazer aquilo ficar menos difícil de lidar.

***

Uma reunião na Torre de vigilância da Liga da Justiça foi solicitada pelo Caçador de Marte. John Stewart havia retornado de sua missão com a tropa dos Lanternas Verdes. Flash e Superman também estavam livres. Eles aguardavam a chegada de Diana, que estava sendo interrogada por Kara.

— Meu amigo me disse que as coisas ficaram mais complicadas lá, sabe... — Kara estava encostada na parede de metal, com os braços cruzados. — Aquela ONG que o senhor Wayne fez uma doação, está sendo investigada por corrupção junto com alguns políticos. — A garota suspirou. — Como poderemos ajudar as pessoas, se aqueles que deveriam fazer o bem não merecem nossa confiança?

— Não podemos desistir, não é? — Diana abraçou Kara. — Vamos combinar de fazer um treino juntas, o que acha?

Kara se animou, então Diana seguiu para a sala de reunião. Do outro lado do corredor, ela encontrou Batman. Se passaram quase quatro semanas desde que eles se viram pela última vez. Também não se falaram pelo telefone, ou qualquer mensagem criptografada.

Eles entraram na sala, sem trocar mais do que um aceno de cabeça como cumprimento. Quando se sentou, Diana comentou sobre a notícia que Kara lhe dera. Superman confirmou, assim como Batman, que já havia levantado informações sobre o caso.

— Essa semana eu recebi a visita de Steve Trevor. — Diana falava, enquanto olhava para os membros da Liga, sentados ao redor da mesa. — Ele deixou claro que nossas intenções, apesar de boas, não estão ajudando. E eu estava pensando se ele não está certo. Será que deixamos levar isso muito além do que poderíamos?

O Flash, que estava sentado do outro lado da mesa, apareceu de repente sentado ao lado de Diana.

— Não fica chateada, princesa. — Ele disse. — O que aconteceu em Bogotá não é sua culpa. Aliás, o fato de ter pessoas corruptas no Mundo, não é nossa culpa. Mas eles se fortalecem com as leis de cada país.

— Seu amigo Trevor devia nos agradecer mais. — John Stewart se pronunciou. — Nós pegamos os bandidos, eles dão um jeito de manter na prisão. Não me parece um trabalho tão difícil.

— Eu sei que Steve Trevor é um bom soldado e é amigo seu, Diana... — Superman falou. — Mas ele está trabalhando para o governo, Amanda Waller não deve deixar barato o fato dele ter tido um relacionamento com você. — Percebendo o desconforto na Mulher Maravilha, o Superman se desculpou.

— O que aconteceu no passado não deveria interferir o futuro, mas, mais uma vez, eu acho que fui inocente em acreditar nisso. Steve não acredita nas ações do Batman, e ele parece disposto a enfrentar a Liga da Justiça. — Diana apertou as mãos, pousadas sobre suas pernas. — Nas últimas semanas venho tentando entender como a mesa virou. Quero dizer... salvamos pessoas que viviam em condições sub-humanas. Mas eles estão mais preocupados com o fato de se sentirem observados por nós.

— Eles se sentem ameaçados. É um medo natural do ser humano. — Batman estava com as mãos sobre a mesa, os dedos cruzados enquanto falava. — Já senti isso algumas vezes. — Ele olhou para o outro lado da mesa. — Quando tive o prazer de conhecer o Superman. Ou quando a existência do Caçador de Marte foi revelada. Até mesmo o Flash.

— Que que tem eu? — Flash ergueu os braços, questionando.

— O que ocorre, é que cruzamos uma linha em que a humanidade não tem como alcançar. — Batman continuou a falar. — Não estou questionando se eles estão certos ou errados. Mas o medo nos faz criar mil cenários catastróficos em nossa cabeça.

— Mas o que isso tem a ver com aquelas pessoas? Com as pessoas que realmente precisam de nós? — Diana perguntou, encarando o Batman. — Você estava lá, você viu.

— Diana, eu vi muitas coisas ruins ao longo dos anos. E, sabendo que você é mais velha que eu, deve ter visto coisas piores. — As mãos do Batman se estenderam pela mesa, abriu um arquivo e empurrou para que os papeis deslizassem pelo vidro, até chegar na Mulher Maravilha, mas o Flash pegou primeiro, lendo o conteúdo rapidamente. Logo em seguida, Diana começou a leitura e repassou para os colegas. — Steve Trevor vem trabalhando em um dos projetos da Waller. A Colômbia é só mais um dos muitos países que ela possui influência. Aquelas esmeraldas são apenas a ponta do Iceberg. A Colômbia é umas das principais rotas da América do Sul quanto as exportações ilegais. Drogas, animais silvestres, crianças... Eles tem um bom motivo para temerem nossa visita.

Diana abaixou os olhos sobre os papéis espalhados pela mesa. Era um verdadeiro tesouro arquivado ali. Entre a leitura, havia uma pasta com seu nome. Ela abriu e encontrou fotografias e informações detalhadas sobre a viagem à Bogotá. Alguns detalhes omitidos, como dormir com Bruce Wayne. Uma exclusiva pasta sobre os passos de Bruce Wayne, o que incluía um depoimento da camareira do hotel. Era estranho imaginar o Batman fazendo um relatório em terceira pessoa sobre ele, a não ser que tenha sido Alfred o responsável.

— Por enquanto o caso foi indiciado à suprema corte. Não está mais em nossas mãos intervir. — O Caçador de Marte ainda não havia se pronunciado, mas diante das informações do Batman, ele demonstrou uma leve preocupação. Ainda assim, manteve sua postura pacífica. — Também não podemos interferir nos processos que foram abertos em Bogotá. Estamos de mãos atadas nessa questão, mas acredito que o nosso trabalho esteja apenas no começo. Ainda temos uma taxa muito alta de aprovação na maioria dos conselheiros na ONU. Qualquer tentativa de nos coibir, perderá efeito. Até porque, eles querem passar para a população que estão resolvendo o problema.

— Mas não estão. — Diana murmurou. O Flash pousou a mão sobre seu ombro, lhe dando o melhor sorriso.

— Relaxa, gatinha. Vamos comer um pote de sorvete com Oreo.

— Parece uma boa ideia. — Diana concordou, precisava mesmo de um pouco de distração. E nada melhor do que uma companhia divertida para animá-la. Ela se despediu dos demais, entregando para o Batman a pasta com o seu arquivo.

       

A amazona acreditou que iria conseguir se livrar de seus pensamentos, ouvindo as histórias divertidas do Flash. Mas estava enganada. Diana até conseguia rir com alguns comentários do herói, só que no minuto seguinte ela se afundava nas preocupações.

Quando se despediu de Flash, após comerem três potes de sorvete e sentirem o cérebro congelar, Diana procurou por Kara na área de treinamento. A jovem não estava lá, havia sido levada pelo primo para uma missão de reconhecimento em algum Planeta. A amazona pegou um bastão e começou a girar em sua mão. Ela fez alguns movimentos com o corpo, simulando uma luta.

— Precisa erguer mais o ombro. Apesar de ágil, você joga muito o peso para a direita. — Batman apareceu no centro de treinamento. Ele pegou um bastão e girou, parando em posição de combate. Moveu o corpo para a direita, descendo o bastão até o chão.

— Fui treinada pessoalmente pela deusa Ártemis e pelo mestre na arte da guerra, Ares. Sei usar um bastão. — Diana se posicionou na frente do Batman, batendo o bastão no que ele segurava.

— Eu já disse que sou ateu? — Batman moveu o corpo para a esquerda, enquanto Diana jogou o dela para a direita e girou, para ataca-lo. Mas o mascarado conseguiu prender seu braço em um movimento curto. — Viu?

Diana riu, embora não achasse muita graça. Ela o atacou novamente, dessa vez usando um pouco mais de força, e o Batman desviou facilmente dos golpes. Ele pediu para ela ir com tudo o que tinha. E o sorriso da Mulher Maravilha se desfez, ela apertou os lábios e investiu contra o herói, voando na direção dele. O bastão quebrou, enquanto Batman sentia as costas contra uma pilha de aparelhos para exercícios.

— Esse não foi o meu máximo. — Diana zombou, estendendo a mão para Batman. Ele se levantou e tirou o bastão da mão dela. — Desistiu?

— Nunca. — Ele respondeu, sua voz menos ameaçadora do que o normal.

— Eu vou tomar um banho. — Diana virou-se, andando para longe dele.

— Isso é um convite?

Ela girou a cabeça, seus cabelos negros moldando o rosto. Suas mãos presas na cintura, analisando a expressão nula do homem-morcego.

— Eu tenho um encontro essa noite. — Diana revelou. — Prometeram-me carneiro regado com Mavrodaphne, se bem me lembro, meu parceiro disse que seu mordomo é um grande cozinheiro.

— Se ele prometeu à uma princesa um jantar, com certeza irá cumprir sua promessa. Esse deve ser um homem sortudo.

— Ainda não tenho certeza se é, vamos descobrir mais tarde. — Diana girou o corpo, pelo lado direito e partiu.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, tudo bem? Gostaram? Não? Ok, me conte. Fale sobre sua vida, me fale também sobre os heróis que vocês gostam e mal acham em fanfics.

Minhas férias começam dia 29. Tô cheia de trabalhos para entregar, mas vai dar tempo... espero.
Beijão ♥