Os Descendentes e a Floresta Sombria escrita por Capitain Fabbris


Capítulo 1
A lua foi traída.


Notas iniciais do capítulo

Neste capitulo vocês irão conhecer um pouco dos três meninos, e está sendo narrado inicialmente por Emma. No próximo capitulo ela será descrita por um dos meninos, provavelmente Breno, mas isso ficará guardado até lá :D Espero que gostem do primeiro capítulo, um pouco mais explicativo do que aventura em si.



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O cheiro do café é como um veneno vicioso para mim, aroma forte, que faz o estomago pedir para consumir a bebida quente mesmo que já esteja de estomago cheio. Um veneno que gasta todo meu dinheiro. Principalmente quando meus amigos decidem que não há hora de chegar.

— Você não vai entrar na fila novamente Emma! – Breno me puxou pela manga, tirando-me da fila do café – esse é o quarto cappuccino que você vai comprar só hoje.

— Não é minha culpa se eles estão atrasados à pelo menos três anos, dois meses e dezessete dias. – revirei os olhos, o encarando.

— Na verdade, eles estão atrasados somente há meia hora, não.. quarenta minutos.

— Tanto faz.

Bufei e me encostei em uma parede do Starbucks. Era incrível como o lugar estava cheio, independente do dia, da hora, de nada. O lugar era igual sempre, independente da localização:  aconchegante e amadeirado, quadro negros desenhados com imagens dos copos e suas promoções, mesas com cadeiras e algumas com poltronas confortáveis e as mesmas pessoas que sempre frequentavam o local. Homens e mulheres que ficavam em seu notebook – em sua maioria um mac – tomando algum café quente; Grupo de meninas que se amontoavam na fila sempre pedindo um frapuccino; garotos de aparência de 15 anos, mas com mentalidade de 10, pedindo qualquer coisa e dando seus nomes como Jacinto Pinto, Batman ou Seu Zé da Padaria; Casais românticos tirando fotos para o instagram.

Breno e eu nos encaixávamos.. Não, eu não, mas talvez ele pudesse entrar no grupo dos meninos otários. Tirando, logicamente o fato de que ele tem 18 anos de idade e mentalidade de 5. Claro. Mas se pudéssemos não olhar sua cabeça de merda e sua personalidade irritante, ele provavelmente era um dos caras mais bonitos que eu já havia visto na minha vida. Portava seus 1,65 metros, pele clara e totalmente ausente de marcas – é como se nunca existissem espinhas! – olhos azuis-esverdeados e marcantes. Nunca havia visto olhar como aquele. Às vezes sentia que poderia morrer somente quando Breno decidia dar uma de idiota e ficar me tratando como namorada. Seus cílios curvados que davam inveja a qualquer mulher viciada em maquiagem.  Seus cabelos eram castanhos, às vezes escuros, às vezes pareciam clarear no sol, sempre com um topete intacto – ou pelo menos até a hora de me ver . Seus sorriso e boca encantadores, contrastando perfeitamente com a barba mal feita. Ele poderia ser um Deus se quisesse. Seu corpo nunca fora exagerado. Nada gordo, não muito magro, nem musculoso como se tivesse engolido o armário da casa de minha vó. Ele era, como posso dizer? Normal.

Não havia percebido que o estava encarando até ele me tirar dos pensamentos rápidos.

— Você está me olhando como se eu fosse um Pônei, de novo. – Sorriu, me olhando como se pudesse se divertir com meus pensamentos.

— Eu.. não. Não estava. – tentar esconder o rubor da face não era comigo, ao menos eram poucas as vezes que eu ficava envergonhada.

— Não precisa se sentir mal. Sou como um Deus Grego, qualquer um poderia me amar em segundo. Devo ser a personificação de Afrodite.

— Cala a boca Breno – bufei – você está mais para o Caos, Guerra e Destruição do que o Amor.

— Vocês dois já estão discutindo novamente? – Leo.

Era incrível a capacidade de Leonel surgir do nada.

— Leo! Isaque! – Sorri para eles, começando meu teatro. Não me Chamo Emmilia Bartone se não fizer um drama – Ainda bem que vocês chegaram. Mais um minuto com esse monstro eu cometeria suicídio.

Leonel e Isaque não eram irmãos, não tinham aparências iguais, não namoravam, mas pareciam ser a mesma pessoa. Ou quase. Sempre os dois chegavam, era como se começasse um show de stand up sem fim. Leonel era o menor dos dois (ainda assim, maior que eu e o Breno). Pequeno, magro, pele clara quase como se estivesse prestes a morrer. Algumas pintinhas eram espalhadas pelo seu rosto suavemente, o dando uma aparência de bagunceiro. Seus cabelos eram custos e comuns, de tons castanhos, um sorriso bobo que sempre aparecia em qualquer situação, mas o que ninguém podia negar eram seus olhos azuis, tão claros como o céu da manha, sempre fixados alegremente no grupo, olhando divertidamente. Eu tinha certeza que para ele, o mundo era um grande parque de diversões.

Isaque era um pouco maior, um pouco mais cheio. O que quero dizer é que seus ossos não apareciam da forma que Leonel aparentava. Um pouco mais alto, com provavelmente 1,80m, andava de forma largada pelos cantos. Sempre portava uma mala cheia de papeis para desenhar – o que fazia com frequência, e posso dizer que era meio trouxa de sua parte, já que sempre que começava um desenho, Breno tinha uma mania interminável de desenhar órgãos penianos em tudo – e sempre estava com a mesma aparência. Barba mal feita, cabelos bagunçados, os dois castanhos, assim como seus olhos ainda nos tons marrons, só que em vez de ser escuros, eram de cor mel. Isaque tinha duas caras: uma que se coloca em sua face quando está conversando normalmente e uma bem comum, que era quando começava uma piada ruim.

— ... então achamos um túnel, um retorno para não entrar na estrada e conseguimos chegar aqui. – havia perdido provavelmente a explicação inteira, mas o teor de toda conversa eu já sabia.

— Leo, é a vigésima vez que viemos pra cá, e é a vigésima vez que você se perdeu.. – comentei, me sentando em uma mesa enquanto eles esperam o pedido.

A verdade é que eu tenho – talvez – um problema de atenção. Quase nunca presto atenção em conversas mais longas do que 30 segundos. Me atento a detalhes que nunca seriam vistos por pessoas normais, como por exemplo, o ponteiro do relógio de um homem que estava na nossa frente estava quebrado. Mas em compensação, eu nunca lembro onde estou, o que comi, e o que estavam falando. Isso também serve para o fato de que eu não havia percebido que eles já tinham entrado na fila e comprado um café para mim. Lindinhos não?

Juro que tentei prestar atenção. Eu normalmente tento me focar nas conversas que estavam rolando, até porque se tratava do que nós três gostávamos: Jogos. Eu, Isaque e Leonel estudávamos agora Designer de Games juntos, e Breno fazia Ti e amava mexer com programação. Sem contar as horas de jogos juntos. Aquele bendito corujão da Madrugada, sabe? Mas alguma coisa estava me chamando à atenção.

Era uma pessoa, talvez um homem, uma mulher. Não sei. O fato de estar encapuzado pleno calor era assustador. Vestia uma manta enorme de onça, e eu esperava de coração que fosse sintética, somente de pensar em um animal morto, meu corpo entrava em um poço de enjoo e calafrio. Além da roupa de onça, o capuz parecia ser feito com penas enormes, algumas pretas, outras cinzas, cobrindo totalmente seu rosto. O mesmo estava de costas para nós, parado no meio do caminho e estranhamente ninguém reparou nele. Como? Não tenho ideia. As suas roupas pareciam assustadoramente reais, e a não ser que um evento de cosplay estivesse acontecendo dentro do shopping, eu podia ter certeza que não era a vestimenta comum de nossa época.

— Emma.. MILI! – balancei a cabeça enquanto olhava para os meninos – Ou! Responde menina!

— Ai merda, desculpa. – voltei meu olhar para a porta – Eu só.. – e adivinhem? Não tinha mais ninguém ali – nada.

— Caralho, hoje você pegou o dia pra brizar.. – Breno começou a rir, abrindo minha bolsa – Qual erva que você está usando?
— Eu não estou usando nada.

— Então é doença – Isaque que estava terminando um desenho incrível parou e olhou para mim – Tenho bons médicos na minha família e..

Um barulho ecoou fortemente dentro do Starbucks e se o café não estivesse tampado, tenho a certeza de que teria visto as ondas sendo formadas na superfície do liquido. Se você pensa que haveria correria, pessoas sendo pisoteadas, gritos, tiros, bombas e qualquer confusão, vocês estão imensamente enganados.

Vou confessar que a primeira coisa que eu pensei foi exatamente isso. Breno segurou minha mão com segurança enquanto os meninos levantavam em um susto. Estava preparada pra correr. Mas ao invés disso, meu pulmão parou de funcionar.

Não havia mais ninguém dentro do shopping. Não havia homem com o relógio quebrado, a criancinha vestida de Miney, os pais dela que não prestavam atenção e deixaram a pequena correndo por entre as mesas e derrubando tudo quando é coisa. Mesmo o nerd que já não parecia existir, sentado em uma poltrona, sumiu.

Na verdade. O sumiço não era o problema.

O homem de cosplay estava na nossa mesa tomando um café.

Ou não. Ele não tinha cara.

— MEU DEUS! – Isaque foi o primeiro a perceber – DE ONDE VOCÊ SURGIU CARA.

— Esse silêncio é tão gostoso – Breno balbuciou, talvez tentando disfarçar o medo do fato dele não ter cabeça.

— Sua cabeça – falei, ou tentei, provavelmente a pronuncia certa do que disse é “nnnmmnmmmns” – Você perdeu sua cabeça.

— O que aconteceu? – E esse é Leonel, o perdido.

A coisa, que agora provavelmente era um homem já que não parecia ter seios, entregou um papel para nós, amassado e digitais com sangue.

— Foi você que escreveu isso fiel? – Breno perguntou e ele fez um movimento como se fosse um sim. Talvez se tivesse cabeça. Ela teria balançado verticalmente.

Meu nome vocês não precisam saber, mas já devem ter me visto por ai. Eu sou a lua.

— Você podia ter falado que era o cavaleiro sem cabeça, a mula sem cabeça, o homem sem cabeça.. mas a LUA?

A muito tempo atrás, um índio traiu minha amizade e cortou minha cabeça com um facão. Meu corpo lutou contra a morte e mesmo me enterrando, sobrevivi.

 

— E depois dizem que Jesus é o milagre da vida né?

— BRENO!

Minha cabeça virou a lua. Enfim, vim buscar vocês para a dimensão dos descendentes. Vou leva-los para lá. Não reclamem, odeio o blablabla de descendentes. E se fugir esquartejo vocês, assim como fizeram com minha cabeça.

 

— Você é louco – Então ele entregou um novo papel

Corre, grita. Vocês não sabem como voltar para a próxima Dimensão, Isabela e Jhonatas.

 

Isabela e Jhonatas, ao que parece, o trabalho de sequestrar pessoas era bem antigo. Por algum motivo, ele se levantou e nós o seguimos. Não me pergunte porque fui, talvez pelo fato de não ter muita escolha. Mas de uma coisa eu sabia: Talvez a monotonia da vida estivesse acabada.

— Ei ei – Iago falou, chamando atenção de nós três – Esse cara ta com a cabeça nas nuvens ein?


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Notas finais do capítulo

Logo logo irei postar um Dicionário de Histórias, onde coloco para explicar o homem Lua.
De qualquer forma, obrigada por ler até aqui, todo feedback é util e ajuda muito a mim na hora de escrever, quero que o conto seja divertido, com características marcantes de cada pessoa, mas também quero colocar detalhes fortes em cada personagem.
Se curtiu, comenta, e ajuda ai



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