Dracona escrita por potzdam


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Bem, espero que curtam. É uma fic meio diferente aqui no nyah, então me deem uma chance para ver se gostam. Então, aqui está, prólogo bem pequeno. Boa leitura, beijos ♥



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As pálpebras da garotinha apoiada na mesa de madeira velha caiam lentamente, tensas, segurando todo o peso de um sono sobre si. Suas pupilas encontravam-se dilatadas, e em seus olhos escuros só eram distinguíveis graças à chama amarela e reluzente do fogo, que clareavam toda a sua íris para uma cor meio âmbar. Se passasse seu tempo apenas prestando atenção nos olhos da menina, poderia distinguir imagens, e dessas imagens conseguiria formar toda uma cena. A cena pela qual a menina não conseguia tirar os olhos, independente da quentura em seu interior que chamava sua atenção para ir retirar-se e dormir.

Cabelos púrpura presos de modo alternativo, raspados nas laterais. Uma mulher alta e esbelta, que poderia parecer cansada se a força de vontade não ofuscasse todas as outras sensações emitidas. Era uma determinação no olhar que a pequena parecia imitar, e era o que a fazia ficar tanto tempo encarando, observando. Prendendo-se a detalhes que outros não poderiam prender, por que não teriam tal poder de observação. E se tivessem, não poderiam compreender o sentimento que pairava entre as duas todas as noites juntas, por que nem mesmo elas não poderiam dizer o que sentiam. A criança, por ser ingênua, e a mulher, por ser orgulhosa.

As pálpebras da garotinha caíram mais um pouco, levando a cabeça à mesa. Após um chiado agudo, de ferro bem fervente, acordou de supetão, prestando imensa atenção no ato de sua mãe. As luvas grossas e bem presas em seu punho, os dedos calejados escondidos sob o duro pano. Retirou uma forma estreita, porém longa e de fina estatura, um líquido viscoso e ardente. Curiosa, a garota de olhos pesados se juntou à mulher determinada, prestando atenção no líquido brilhante .

Quis tocar, sentiu-se imensamente inerte à vontade de entender, experimentar, sentir o que era aquilo. Mas de imediato a mulher a afastou, mandando-a ir se sentar novamente onde estava. A pequena percebeu a urgência da voz, e obedeceu, mesmo não sendo de sua natureza fazê-lo. Sem demorar muito, a mais velha mergulhou a forma em água, criando mais um chiado estridente, do qual a pequena ruiva do outro lado tremeu ao escutar. Tremeu ainda mais quando uma mão grande e aparentemente bruta, mas de fato carinhosa, pousou em seu ombro. Enrolou suas pernas em seu braço como uma noiva, e a levantou. A menina se contorceu, chorando, mas não tendo muitas forças para resistir, tamanho o seu sono. O homem, bravo, dirigiu-se à mulher, que tentava se explicar:

— Vou levá-la para a cama, Bellemere, e não a deixe ficar acordada por tanto tempo assistindo o que você faz, sabe que não queremos problema com os Governantes. – disse o pai da ruiva em seu colo. A mulher, tristonha, respondeu:

— Você sabe bem como ela tem sono leve. Desperta em um segundo e vem me assistir. Não tenho culpa. – retirou da água a forma, que agora parecia fresca e sem tanta necessidade de cuidados, mas ela ainda os tinha.

— E você sabe bem o que quero dizer, Bellemere, cuide de sua astúcia. E de sua filha, já que não o faz consigo mesma.

O peso da consciência caiu sobre o peito da mãe, que baixou os olhos para ver sua filha, quase inconsciente de sono, relaxando no peito de seu pai. Cabelos sedosos, curtos e da cor mais alaranjada que um ruivo poderia ter. Olhos negros que mudavam do tom ônix para o âmbar, dependendo da luminosidade e claridade que os atingiam. Traços tão delicados, mãos tão delicadas, pele tão delicada, tão menina. Tão cheia de feminilidade que a culpa fazia seus ombros pesarem cada vez mais, a ponto de parecerem encostar no chão. Assistiu a garotinha, os fios laranjas balançavam enquanto seu pai, com um pijama de algodão e com gotas grossas e espessas de suor, a levava para cima, subindo cuidadosamente as escadas que rangiam e reclamavam, tamanha sua velhice e seu desgaste.

A mulher voltou-se ao trabalho, admirando sua obra agora pronta. Retirou o artefato da forma, pousando-o sobre um pano de cor mal distinguível, marrom, bege, preto. Uma espada de dois gumes, de um tom azulada, quase como se fosse feita de um gelo acinzentado, meio translúcido, meio opaco. Bela, porém ameaçadora. Um trabalho de vida que a mulher não podia simplesmente expor. O poder que daquilo emanava era incomum, e por esse motivo, por daquele objeto inanimado emanar tanta vida, que Bellemere a guardou, enrolada no pano, em um lugar pelo qual sua garotinha já não podia mais ver. Pois seus olhos agora se fechavam, e seu corpo já saia do ambiente. Impossibilitada de ver mais sobre o objeto, sonhou sobre a cena, e sobre onde poderia encontrá-lo.

Rezam as más línguas de que até hoje sonha.


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Notas finais do capítulo

Comentem, seus 22kos, quero saber o que acharam



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