Elijah gostava de morenas.

Não era exatamente um padrão, mas ele tinha certa preferência e atração. Ele notou isso depois de Katherine. Quando ainda amava Tátia, Elijah costumava admirar seus olhos castanhos e a cor levemente escurecida de sua pele. No começo, ele procurou essas características na doce Katerina.

Era verdade que eram idênticas, mas não era o mesmo olhar. Katerina era mais viva e alegre, doce e adoravelmente ousada. Ele costumava assistir seu cabelo voar ao vento, a cor suavemente castanha envolvida nos cachos. O olhar inocente e o sorriso gentil que ela lhe dava ao notar que olhava-a.

Anos depois de sua partida, ele notou sua preferência. Que ainda procurava seu sorriso vivo e que quando acordava ao lado de uma mulher, procurava seu cabelo jogado nas costas. Quando se dava conta que não era ela, sentia um vazio.

Conheceu Celeste e o vazio diminuiu, ela não era Katerina mas ele a amou. Quando ela morreu, o vazio retornou mais forte.

Anos e anos passaram e Katherine reapareceu, passaram meses juntos. Toda a chama, a paixão e o amor reacenderam.

Elijah se considerava um homem honrado e evitava mentir o máximo que pudesse. Mas se lhe perguntassem qual foi a época mais feliz que viveu, ele mentiria. Contaria que foi quando era humano e inocente. Mas a verdade é que não foi. A época em que Elijah foi verdadeiramente e plenamente feliz, foi quando a mulher morena estava em sua cama pelas manhãs. Com seu cabelo enrolado espalhado pelo travesseiro. Com sua língua afiada e sua ousadia. Seu sorriso não mais tão doce e puro, agora malicioso e sem escrúpulos.

Até suas mentiras e manipulações pareciam encantadoras.

Elijah mentiria porque ele era orgulhoso. Não queria admitir nem para si mesmo que a época mais feliz de sua vida foi quando uma vadia cruel e manipuladora jogou com ele para ter o que queria. Porque no fundo ele não queria crer que era tão tolo e manipulável.

Um vampiro original, que viveu séculos, deixando-se levar pela desgraça chamada amor. A desgraça e o monstro chamado Katerina.

E dessa vez, foi ele que partiu. Ele que a deixou, mesmo ela pedindo que não.

Ele precisava ficar perto de sua família. Porém mais do que isso, precisava ficar longe dela. Não era saudável o que tinham.

Quando se apaixonou por Hayley, a garota que seu irmão mais novo engravidou, foi algo natural. Mas com o passar do tempo ele pode notar as semelhanças. Morena, viva e intensa.

Depois com Gia, quem ele julgava diferente, mostrou-se semelhante. Morena, ousada e guerreira.

Talvez fosse seu inconsciente atraindo-o de alguma forma. Talvez fosse uma sina ou um castigo pelas atrocidades que cometera. Em quase todas as mulheres por quem se interessava, ela estava lá.

Olhando-o e mostrando-o que cada uma delas tinha um pouco de Katerina.

Quando olhava no fundo de seus olhos ele não as via realmente. Ele via a via. Ou a garota que um dia ela foi. Ou o monstro que o atraiu.

Quando tomou conhecimento da morte dela. Ele chorou. Passou dias morto. Desejou estar morto. Mas no fundo ele tinha o conhecimento de que ela estava morta a muito tempo.

O tempo. As dores, as lutas, a maldade a destruíram e a levaram.

Porém ele ainda amava aqueles restos e cacos. Ele ainda queria. Estilhaçada, envenenada e morta. Elijah ainda via luz em quem um dia iluminou suas trevas.

Ele morreria se isso significasse ter ela viva.

Era egoísmo e ele estava ciente. Talvez ela estivesse em paz depois de tudo. Ela merecia a paz. Mas aquele amor egoísta e doentio de Elijah não a deixaria descansar. Ele a queria, mesmo não sendo mais doce e pura.

No fim das contas, ele amava tanto Katerina como Katherine. No fim das contas, ele amava tanto a luz quanto as trevas.

Elijah gostava de morenas porque todas elas tinham um pouco dela.