Chola Mais escrita por Shelley


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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Super Cebola cruzava a galáxia em uma velocidade impressionante, seu ritmo poderia ser comparado ao de um jegue manco. A visão de raio-x focada no horizonte, à espera de um planeta arroxeado, seu destino. Nosso herói havia sido chamado para o planeta Tonga, na galáxia Damironga, para enfrentar o vilão que aterrorizava a população dali há algum tempo, Dudu Mascarado, o pirralho maligno. Junto com seus dragões espectrais de estimação, Sigabra, Saurodonte e Bernadete, o pivete vinha tocando o terror naquelas terras desde que chegara ali.

Ele voava entre as estrelas, quando avistou um pontinho pairando no infinito. Era tão pequeno quanto um grão de areia, mas, à medida que Super Cebola se aproximava, ele ia se revelando maior e mais pigmentado. O planeta de coloração roxa que ele procurava estava logo à sua frente. Com um movimento rápido, o herói posicionou os braços em frente ao corpo como se estivesse se preparando para mergulhar e aumentou a velocidade, executando uma aterrissagem perfeita. Não se sabe até agora como ele estava respirando no espaço ou como não se machucou ao colidir com a atmosfera do planeta, mas sentido nunca foi o forte de quem é responsável por isso aqui.

Talvez você não saiba, mas Super Cebola era o herói mais famoso em Tonga. Em apenas sete anos de sua existência, já havia acabado com inúmeros malfeitores que atordoaram a vida dos habitantes do planeta roxo. É claro que ele não contava apenas com seus poderes, devia algumas de suas vitórias em batalhas aos seus melhores amigos e companheiros, Moni-K, Maga Lina e Capitão Casca. Os quatro jovens tinham um grande reconhecimento dos Tonganianos, sendo assim, ao pousar nas Colinas Verdejantes, que na verdade eram cobertas por uma vegetação rasteira rosada. Nem me pergunte o porquê, não sou eu quem decide os nomes desses trecos aqui, eu só penso neles e escrevo em um papel.

Continuando, por ser muito famoso, nosso herói mal teve tempo de pousar e já foi recebido pelo carinho da multidão que, por algum motivo, estava naquelas colinas também.

— Onde é que você estava, moleque? – perguntou uma Tonganiana – a gente já fez de tudo para te chamar, sinal de fumaça, torpedo, até aquele negócio de escrever no chão nós tentamos! Por que não respondeu?

Um sorriso amarelo foi tracejado no rosto de Cebola, que se lembrou que não pôde atender ao chamado dos pequenos seres porque havia se distraído vendo a novela com os amigos. Poxa vida, era o episódio em que a mocinha descobrira que estava grávida, dêem um desconto para os coitados, eles estavam curiosos demais para perder aquele momento épico da trama. Acontece que, logo depois disso, eles decidiram jogar alguns jogos de cartas também, o que acabou atrasando o nosso herói por conta de um pequenho acidente envolvendo Capitão Casca e uma carta mais quatro.

— Eu estava ocupado cuidando de questões pessoais com os meus fiéis companheilos— explicou com a expressão facial mais séria que conseguiu improvisar – mas não tema, com Super Cebola não há ploblema!

— Então faça o favor de derrotar logo o pirralho que está infernizando o povo por aqui.

— É só a senhola me dizer onde ele está – o garoto sorriu simpático.

— Ele mora em uma caverna que fica lá no alto do Morro da Cabra Retorcida – ela apontou o lugar enquanto falava.

Cebola olhou para o alto do morro contornado por nuvens que proporcionavam ao lugar um ar sombrio e, decidido, voou na direção do castelo. Após enfrentar um avestruz albino, três javalis, dois vendedores de sacolés de manga e cinco torcedores de algum time aleatório de futebol, nosso herói finalmente chegou ao seu destino – até porque, já estava na hora – e encarou o castelo de cima a baixo. O telhado coberto por peças douradas de lego, a porta decorada com alguns desenhos bem coloridos e abstratos e as paredes feitas de algo bem brilhante que não conseguimos identificar. Era realmente majestoso, Cebola concluiu.

Sentou-se em uma pedra, apoiou o queixo com a mão direita, fez uma expressão pensativa e analisou a construção por aproximadamente meia hora, assim deduzindo que – pasmem – era um castelo. E, como o bom super-herói que era, decidiu entrar ali furtivamente e derrotar o vilão antes que fosse tarde.

— Ó DE CASA! – berrou.

Infelizmente, Dudu Mascarado estava muito ocupado no momento gravando uma gameplay de Minecraft, então Super Cebola não pôde ser atendido. Vendo-se em tal situação, girou a maçaneta por si só e entrou ali. E o local parecia ainda maior por dentro, um corredor enorme com diversas fotos do malfeitor enfeitando a parede se estendia até onde sua vista não conseguia alcançar, o chão coberto por um tapete vermelho fofinho parecia ser mais confortável do que sua cama e, para dar um clima mais macabro, um candelabro feito de ossos e dentes de várias espécies pendia do teto. Havia sido comprado em uma loja de um e noventa e nove e não proporcionava iluminação alguma, mas estava bonito ali. Além disso, era para isso que serviam as centenas de tochas negras com chamas arroxeadas localizadas perto das paredes.

O garoto legume poderia apreciar aquela decoração exótica por horas, mas foi impedido por uma marretada em sua cabeça que o deixou apagado por algum tempo.

——— (⌐■_■)  ———

Minutos depois, o herói acordou em um ambiente diferente. O olhar percorreu a sala escura de forma rápida, passando pelas paredes mal-pintadas, pelas chamas fracas que dançavam em uma lareira, proporcionando um pouco de iluminação ao local, por alguns quadros presos às paredes, chegando ao pivete que repousava ao lado da cadeira em que ele estava amarrado. Ao notar que Cebola já havia despertado, o vilão soltou uma alta gargalhada que reverberou nas paredes do cômodo. O menino olhou duvidoso para Dudu, não sabia onde ele via tanta graça.

— Então é você o lendário Super Cebola? – o pirralho debochou – foi tão fácil de nocautear que, se eu soubesse que seria assim, não teria me preparado tanto.

— Cala a boca, guli! – Cebola mandou – me desamala logo que tenho que ver se o aloz já está plonto!

— Vamos com calma, fera – Dudu exigiu – eu poderia acabar com você agora – o herói engoliu em seco com a ameaça – mas, antes disso, acho que vou contar toda a história da minha vida. Não é como se você tivesse um isqueiro aí para queimar as cordas e escapar, não é mesmo? – ele pigarreou antes de dar início à história – tudo começou quando eu nasci, lá em Tangamandápio...

Enquanto o pimpolho tagarelava, nosso querido defensor dos fracos e oprimidos vasculhava seus bolsos à procura de algo que pudesse tirá-lo de tal situação. Felizmente, não muito tempo depois, ele conseguiu achar um isqueiro no meio de todas as tralhas que guardava e conseguiu queimar as cordas que o prendiam à cadeira. O jovem ergueu-se em uma pose ridícula, ficando cara a cara com seu inimigo e, com um baita berro desgraçado, anunciou:

— Me livlei, cambada! É agola que o bicho vai pegar!

— Mas o quê? – Dudu esbravejou – como é que você escapou?

— Não intelessa pala você, pilalho!

— Tanto faz – o garoto deu de ombros – será que você consegue combater meu poderoso raio de pestice?

Com essas palavras, Dudu reuniu toda a sua força e poder, concentrando-os nas palmas das mãos , onde uma orbe luminosa com um intensa energia maléfica se formou. Dela se projetou uma rajada reluzente que avançou com velocidade na direção de Super Cebola, que não perdeu tempo em soltar um raio de energia esverdeada na direção do golpe do outro com a intenção de interceptá-lo. Os borbotões de luz se chocaram, algumas centelhas saíram dali com o impacto, apagando-se ao bater no chão ou paredes.

— Desista, Cebola! Você não conseguirá me vencer, eu sou o mestre dos paranauês! – o vilão rosnou. Ao dizer isso, ele aumentou a intensidade do seu ataque, fazendo com que o jato de luz quase tocasse Super Cebola, que mal conseguia manter a própria defesa com o ataque do inimigo tão próximo de si.

— Você pode até manjar dos palanauês, Dudu – Cebola disse, o esforço visível em sua face – mas eu sou o plotagonista! – uma faísca de determinação brilhou em seus olhos, o super-herói franziu o cenho e concentrou todo o seu poder no ataque, aquela seria sua única chance. No momento em que o raio esverdeado adquiriu a força necessária para atingir Dudu, Cebola soltou seu famoso bordão: – Chola mais!

Depois disso, houve uma explosão. Mais ou menos como sempre acontecia quando os Power Rangers derrotavam os vilões. Mas o importante é o que importa e o que importa é que, mais uma vez, o dia foi salvo por Super Cebola.


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