Caminhos escrita por TAYAH


Capítulo 6
Operação Coruja - Emma


Notas iniciais do capítulo

Demorei menos dessa vez. :D

Queria agradecer aos que comentam sempre, vocês fazem toda a diferença, queria beijar cada um de vocês! Agradeço também aos que estão lendo escondidinhos, aos que favoritaram. Cada um é especialmente especial, vocês não fazem ideia disso!!!!

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/685304/chapter/6

 O tal do vinho magico me fez perder completamente o controle. Foi como perder o filtro do certo e do errado, do que pode ser feito do que deve ser evitado.

Eu não estava apenas com vergonha de tudo que falei e fiz, eu estava com raiva de mim, raiva de ter bebido, de não ter resistido, de ter pensado em tais coisas e de ter falado tudo sem nenhum pudor, de ter me deixado levar por impulsos primitivos, de ter desejado mais, raiva por ainda poder sentir o cheiro de Regina em mim, raiva pelo coração acelerar toda vez que piscava e via seu rosto em minha mente... raiva de ter gostado.

Meu constrangimento era tão grande que eu não conseguia nem ao menos olhar para ela que estava a minha frente.

— Você não precisa ir embora desse jeito. – Sua voz estava leve e simpática, o que me deu coragem para levantar os olhos.

— Sim eu preciso. – Eu ainda estava com a porta do carro aberta.

— Foi tão ruim assim? – Do que exatamente ela estava falando?

— Que tipo de pergunta é essa, Regina!? – A encarei completamente incrédula .

— Você estava feliz, você mesma disse... – Seus olhos e sua voz estavam tão calmas, enquanto eu estava deixando a raiva tomar conta. 

— Estar feliz com o jantar que tivemos é uma coisa, agora estar feliz com o que fizemos é completamente diferente.

— Não foi o que pareceu... – Não era ironia em sua voz, era mais como provocação.

— Nós estávamos enfeitiçadas! Nada daquilo foi real... – Minha voz e minha respiração entregando meu desespero. – Na verdade tudo foi um grande erro.

— Erro? – Ela sorriu de canto ao dar um meio passo em minha direção – O vinho que você tomou só te deu coragem para fazer o que queria.

— Que nos tomamos... – Seu olhar se desprendeu do meu por um segundo e sua boca comprimiu, ela não tinha bebido. - Não! – Quem deu um passo em sua direção fui eu. – Não acredito... eu não acredito que teve a coragem de me deixar tomar o vinho sozinha.

— Eu tive medo... – Confessou rapidamente e com calma, a analisei por poucos segundos.

— Não teve coragem para beber junto comigo, mas precisou dele para vir atrás de mim? – Ela apenas afirmou com a cabeça, fazendo toda minha raiva explodir. – Porque, Regina? Porque me fez tomar o vinho sozinha? Me fez perguntas, me fez pensar em coisas que nunca tinha pensado, me fez falar, me fez fazer... E eu pensando que poderíamos ser amigas... – Seus olhos me mostraram surpresa ao ouvir a palavra amigas. – Mas nem isso você consegue, não é, Regina? Tem sempre que estragar as coisas, tem sempre que sair por cima... Não sei se você sabe o que é amizade, não que eu saiba muito também, mas eu acredito que não seja nem um pouco parecido com isso aqui... – Eu apontei para nós duas. – Eu acredito que em primeiro lugar vem a confiança, e você simplesmente me enganou bebendo outra coisa e fingindo que estava lá comigo sentindo as mesmas coisas... Você... você me usou para se divertir... – Eu estava forçando para ligar tudo que ela tinha feito para o mal – Me fala para que se divertir as minhas custas?... Ah, não, eu já sei! É um plano não é? Para me ter em suas mãos enquanto você ganha tempo para ficar sozinha com Henry... Agora sim tudo faz sentido, sempre foi um plano, talvez até essas garotas sejam um plano seu...

— Não seja ridícula e não coloque suas frustrações em quem não tem nada a ver com isso, não vou permitir que coloque a culpa nas meninas. – Sua voz soou raivosa pela primeira vez naquela conversa.

— É verdade, a culpa é somente sua, você quem me fez beber aquilo sozinha, você que me fez falar aquelas coisas, você que fez tudo acontecer... é incrível sua capacidade de sempre acaba ferido os que tentam se aproximar... então isso acaba aqui e agora, eu vou levar os três comigo. – Eu fui andando de volta a mansão.

— Não, você não pode fazer isso, não tem esse direito. – Ela veio gritando atrás de mim. – Não vai tirar Henry de mim depois desse jantar que ele finalmente me aceitou de volta, e não vai tirar as meninas também.

— Não só posso como eu vou! – Parei de andar a encarando – Todo o mérito que você tinha você jogou fora me usando para ser mais um de seus fantoches.

— Para com isso, eu não te usei, eu apenas estava com medo... Posso não ter bebido a mesma quantidade que você, mas você mesma me deu um pouco da sua própria taça

— Para! Já chega!... Isso é tudo que você sabe fazer, mentir e mentir e mentir... – Eu estava com tanta raiva que eu podia sentir uma energia estranha por todo o meu corpo. – Henry, Sarah, Elise? – Eu os gritei ao me aproximar da varanda.

— Swan, você não vai leva-los de mim. Por favor, acredita eu não estava te usando. – Ela tocou em meu braço que de imediato eu o puxei bruscamente fazendo toda a minha raiva sair por minhas mãos como magia jogando Regina para longe.

— Regina! – Eu, gritei ao ver o que tinha feito, olhei para minhas mãos e elas estavam tremulas, fiquei paralisada, eu não sabia o que fazer.

— Mãe! – Os três gritaram ao abrirem a porta e correr até onde Regina estava, caída ao chão sem se mexer.

— E-eu não quis... eu não queria machuca-la – Minha raiva imediatamente virou remorso e vergonha.

— Olha o que você fez! – Elise disse nitidamente abalada, já com os olhos brilhando por lágrimas.

— Mãe... mãe.. – Henry a sacudia de leve.

— Talvez o erro seja somente meu... – Pensei em voz alta.

— Emma... – Sarah se aproximou. – Vai para casa... – Ela ia me tocar, mas eu me afastei.

— Não toca em mim, eu posso fazer o mesmo com você.

— Está tudo bem... você não vai me machucar. – Seu rosto tão parecido com o de Regina naquele momento me dava angustia. Ela pegou em minhas mãos com calma, me fazendo relaxar na mesma hora.

— O que está fazendo?

— Apenas te passando um pouco de serenidade... – Ela sorriu com calma. – Vai para casa que amanhã de manhã, nós três vamos lá tomar café com você e nossos avó-seus pais. Prometo que uma noite de sono vai te ajudar a pensar em tudo que aconteceu aqui... Desculpa não ter sido perfeito, mas espero que pense apenas nas partes boas. – Sarah me abraçou fazendo meu coração sentir paz. – Tudo vai dar certo, eu prometo. – E eu acreditei em suas palavras.

Minhas mãos ainda estavam tremulas quando cheguei em casa e meus pais não haviam chegado sei lá de onde. Olhei para a bancada e não pensei duas vezes ao ver a garra de whisky, a peguei e fui direto para o banheiro. Enchi a banheira com agua bem quente e me dei o tempo que fosse preciso para pensar em tudo aquilo.

Entre goles de whisky, raivas, sorrisos, vontades, desesperos e mais, eu me peguei chorando. Um choro preso em mim há muito tempo, que misturava de tudo... o abandono dos meus pais, a vida solitária que tive, as coisas que passei, os muros que criei para poder sobreviver no mundo real... chorei por ter abandonado Henry, por ter conhecido Henry... chorei por finalmente ter encontrado meus pais, por eles serem mais especiais do que eu poderia imaginar... chorei por eu ser muito mais do que eu achei que poderia, por não saber lidar com toda aquela coisa de salvadora... chorei por aquelas meninas, Sarah e Elise, que eu mal conhecia e que por mais que elas me apavorassem eu já tinha muitos sentimentos por elas... e chorei por Regina, por tudo que já passamos, por tudo de ruim que ela me causou desde meu nascimento, mas também chorei por uma outra Regina, uma que apenas eu conseguia enxergar, aquela que foi a mãe que Henry merecia, aquela que era a única que conseguia me tirar do controle e me por nele, a única que conseguir ler meus olhos, que conseguia me descrever, me desvendar... aquela que era como eu, solitária, apenas desejando que a notassem e a aceitassem... chorei por enxergar que talvez todo aquele ódio por ela nunca tenha sido ódio de verdade.

Não tinha muito o que fazer em relação a tudo, Regina poderia sim ter me usado, mas aquilo não mudava os fatos de que eu queria tê-la beijado, de que eu queria ter ido além de beijos com ela... com ou sem sentimentos a química entre nós era real e muito forte.

Vesti uma roupa bem quente e desci para beber minha ultima dose quando David e Mary Margaret chegaram.

— Emma! – Mary Margaret se espantou. – Achei que fosse ficar mais tempo na casa da Regina. E Henry, não voltou com você?

— Sou só eu e a garrafa e whisky, aceitam?. – Falei sem nenhuma empolgação ao encher meu copo.

— O que foi, Emma, o que Regina fez dessa vez? – David perguntou ao colocar o casaco sobre a cadeira.

— Não quero falar sobre isso.

— Ok... mas isso não tem a ver com Henry ter ficado, ou tem? – Mary Margaret perguntou.

— Ele ficou porque quis.

— Está chateada por ele não ter vindo com você? – David insistiu.

— Não. – Virei meu copo e voltei a enchê-lo. – Vou beber esse ultimo lá em cima. – Eu levantei. – Amanhã Henry e as meninas vão vir tomar café. – Eu avisei já subindo as escadas.

— Boa noite, Emma! – Mary Margaret disse me julgando com a voz.

— Boa noite. – respondi mais para mim do que para eles.

Passei a noite entre cochilos e pensamentos insanos. Eu simplesmente não conseguia deixar de pensar naquele beijo, não conseguia esquecer seu gosto, seu cheiro, sua pele, sua voz, seu rebolado. Revirei de um lado para o outro o tempo todo, tentando espantar do meu corpo toda a vontade que eu estava de voltar lá e me satisfazer. Cheguei a me tocar, mas não chegou nem perto de ser suficiente, somente Regina faria aquela “febre” passar.

Foi quando amanheceu que as coisas começaram a ficar mais calmas em mim.

Alguns fatos eram simplesmente fatos, não tinha motivo real para eu me desesperar com o que aconteceu. Eu havia sim beijado Regina e teria feito mais se ninguém tivesse nos atrapalhado... e teria gostado, porque independente de tudo de ruim que aquela mulher já tenha feito em nossas vidas... ela era simplesmente deliciosa.

Outro fato era, eu poderia odiá-la, eu poderia nunca mais querer vê-la... mas depois do momento intimo que tivemos eu nunca mais ia conseguir encará-la sem lembrar do que tinha acontecido, eu teria que aprender a conviver com aquilo.

Assim que desci as escadas bateram na porta e eu mesma a abri.

— Bom dia! – Henry e Sarah falaram animados ao entrarem, Elise estava de cara fechada atrás deles.

— Bom dia. – Eu respondi sorrindo meio envergonhada para eles, por ter jogado Regina longe sem querer com minha magia de iniciante.

— Bom dia! – David e Mary Margaret os cumprimentaram animados.

— Podem se sentar, já está tudo pronto. – Mary falou ao colocar um prato de panquecas sobre a mesa.

— Diz que tem geleia de amora, por favor! – Sarah falou feliz ao sentar, todos começaram a se acomodar.

— É... tem... – Mary colocou a geleia sobre a mesa a analisando. – Parece com Henry, parece com Emma, parece com Regina, parece com você, parece comigo... Como pode? – Ela comentou abismada diretamente com David, que apensas sorriu e deu de ombros. – E você, porque está chateada? – Ela perguntou a Elise.

— Não queria ter vindo. – Elise foi direta ao me encarar e sorrir debochadamente. Ela estava com raiva de mim e fez questão de deixar claro para todos.

— Para! Não faz assim. – Sarah brigou com a irmã. – Já conversamos sobre isso e a culpa não foi dela.

— Regina está bem? – Perguntei preocupada.

— Depende do que você considera bem. – Elise respondeu grosseiramente como Regina.

— Ela esta bem sim. – Sarah colocou a mão sobre a perna da irmã para acalma-la. – Ela machucou o braço, mas a curamos na mesma hora.

— As feridas do corpo a gente curou sim, mas e as da alma? – Era o meu rosto falando como a Regina, aquilo era de fazer meu coração sorrir e se desesperar. – Aquelas feridas não podem ser curadas e você apenas as cavou mais, você foi muito cruel com ela, Emma, muito! – Elise colocou para fora o que a estava incomodando.

— O que você fez, Emma? – Mary Margaret se espantou com o que Elise tinha dito.

— Nada... – Eu não queria voltar naquele assunto, não depois das coisas começarem a ficar calmas em minha cabeça.

— Nada? Você chama aquilo de nada? – Elise falava com raiva em sua voz.

— Para Elise. – Sarah pediu, mas ela ignorou.

— Você lembra das coisas que disse, do que fez com ela depois? Você até teve a capacidade de dizer que eu e Sarah somos um plano dela. Que tipo de plano você acha que nós somos, em? Acha que a gente tá aqui se divertindo com tudo isso? Acha que eu queria tá aqui com você nesse lugar maldito? Acha que gostamos do fato de você ser uma idiota com tudo isso?

— Mas o que foi que aconteceu? – Davi perguntou aflito.

— O que aconteceu, Charming... – Ela sorriu debochada para ele. – É que sua queria filha bebeu nosso vinho da coragem e...

— Já chega! – Eu ordenei ao ficar de pé e bater as mãos na mesa. – Nem mais uma palavra sobre o que aconteceu. – Por mais que ela estivesse revoltada e que eu não fosse de fato mãe dela, Elise me olhou como um filho olha para mãe quando está com medo, eu tinha poder sobre aquela menina, só ali eu reparei aquilo. – Eu vou me desculpar com Regina depois, mas você e nenhum dos outros dois tem nada a ver com o que aconteceu, e nenhum de vocês tem o direito de falar sobre isso. – Respirei fundo e me sentei novamente, todos permaneceram em silencio. – Elise e Sarah, me desculpem ter colocado vocês no meio do assunto e ter falado que eram um plano dela... Eu estava assustada, de verdade... me desculpem...

— Tudo bem, Emma, a gente entende... – Foi Sarah quem respondeu pelas duas.

— Elise? – Eu a chamei para que me olhasse nos olhos. – Desculpa, está bem? Eu adorei o jantar ontem, foi tudo maravilhoso, a magia na comida foi maravilhosa, eu nunca tinha me divertido tanto... Obrigada por aquele jantar... Obrigada as duas... – Olhei para Sarah também. – Aos três. – para Henry no final. – Você vai me dar uma segunda chance? – Eu perguntei para Elise, que prendeu o sorriso e fez sua melhor cara de snobe.

— Vamos ver se você vai fazer por merecer. – Ela pegou uma torrada e eu entendi aquilo como um sim.

— É isso, não vão mesmo nos contar? – Mary Margaret perguntou.

— Já passou, não vamos mais falar sobre isso. – Eu pedi pegando uma panqueca.

Tudo ocorreu bem depois. Elise implicou comigo vez ou outra, mas eu via que era sem aquela raiva, era apenas a maneira dela começar a me desculpar de verdade.

Henry estava completamente intimo delas, apenas uma noite foi suficiente para eles se tornarem melhores amigos de anos.

O papo estava bom, descontraído e divertido. As meninas sabiam fazer tudo fluir e ser agradável, era como se elas sempre estivessem ali, como se sempre tivéssemos sido uma família.

Mary foi fazer as compras e David para delegacia, já eu, estava me divertindo tanto que deixei de ir trabalhar para ficar no loft com eles.

Depois do almoço começamos a jogar alguns jogos, estava tudo indo muito bem até que Elise se afastou.

— O que foi? – Sarah perguntou a Elise que se apoiou a bancada com a cara triste.

— Cansou desse jogo? Podemos escolher outro... – Eu queria agrada-la.

— Não acho justo a gente aqui se divertindo, com Regina sozinha em casa. – Ela reclamou para irmã.

— Eu também não gosto de pensar que ela está sozinha, mas não temos muito o que fazer... – Sarah passou a mãos nos cabelos da irmã.

— Podemos voltar para casa e fazer companhia para ela... – Elise começou a falar apressada e com lágrimas em sua voz. – Aposto que Emma não vai se sentir sozinha se a gente não ficar aqui, ela tem nossos... os pais dela e Henry... mas... Regina não tem ninguém, eu me sinto péssima em estar aqui me divertindo com ela lá... eu posso sentir que está ela chorando, você não sente o mesmo?...  Vamos voltar para lá... não podemos abandoná-la... não podemos...

— Shiih... – Sarah abraçou a irmã. – Eu prometo que tudo isso vai passar e logo vamos voltar para casa e nossa Regina vai esta lá nos esperando.

— Eu sei que vai e eu sei que vamos... – Disse ao empurrar a irmã de leve para separar do abraço. – Mas e essa aqui? E essa Regina? E essa Emma? Já é tarde para não pensar, para não se envolver... Eu quero que elas sejam felizes, sabe? Eu quero muito. É difícil olhar para elas e saber o quanto estão sofrendo... é horrível saber que essa Regina aqui ainda é odiada e completamente sozinha... nós apenas ouvimos histórias e pegamos algumas lembranças, mas ver o quanto elas são solitárias dói demais... – Uma lagrima escorreu por seu rosto. – Tá doendo muito, Sarah... – Ela puxou a irmã para se abraçarem novamente.

— Hey... – Henry se aproximou enquanto eu apenas olhava encostada a pilastra de braços cruzados. – Eu sei que sou novo nessa de ter irmãs, mas acho que juntos, nós três podemos fazer essa operação dar certo.

— Operação? – Elise perguntou sorrindo entre uma lagrima ao soltar da irmã. – Nunca tivemos em uma de verdade. – Henry sorriu.

— Qual nome sugere? – Sarah perguntou animada.

— Operação... – Henry disse ao pensar.

— Eu ainda estou aqui e não gosto dessa ideia. – Falei para eles que me olharam sorrindo.

— Você não tem o direito de opinar em nossa Operação Coruja. – Elise falou em tom de brincadeira.

— Operação Coruja? – Sarah e Henry perguntaram para Elise.

— Quem são as mães mais corujas do mundo? – Ela sorriu para eles.

— As nossas. – Henry e Sarah responderam sorrindo, foi inevitável não sorrir também.

Não pude aproveitar muito aquele momento dos três. Meu telefone começou a tocar era o Neal, fui atender um pouco distante deles.

— Oi... alô...

— Oi Emma. Tudo bem?

— Tudo, aconteceu alguma coisa? – Não tinha muito motivo para ele me ligar, ainda mais que eu havia acabado de desmascarar a namorada dele.

— Não, liguei para saber como Henry está, quando vou pode vê-lo de novo... E para me desculpar por não ter confiado em você...

— Tudo bem, isso já passou. – Eu queria voltar para as crianças.

— Não para mim... Me deixa eu te pagar uma bebida, para gente conversar melhor e eu me desculpar com você.

— Como eu disse, já passou, mas eu aceito a bebida. – Aceitei mais para conseguir ocupar minha cabeça com outras coisas do que por ele em si.

— Ótimo, te pego as sete hoje a noite pode ser? – Olhei no relógio de pulso no mesmo instante, eram três da tarde.

— Pode, até mais tarde. – Desliguei o telefone.

Foi entranho como eu me senti ao aceitar beber com Neal, foi como se eu estivesse traindo... traindo Sarah, Elise, Henry e Regina... e me traindo também. Balancei a cabeça para espantar aquele sentimento e tentei focar apenas em Neal, em como poderia ser divertido conversar com ele e relembrar dos velhos tempos.

— Quem era? – Henry perguntou me analisando junto as duas atrás dele.

— Era seu pai, quer te ver e me chamou para um drink hoje à noite.

— E você aceitou? – Diferente das outras vezes, Henry não pareceu feliz com aquilo.

— É aceitei, achei que você fosse gostar... Outro dia você estava...

— Outro dia já passou. – Ele me cortou – Agora os planos são outros e você deveria desmarcar.

— Não, Henry, deixa ela ir. – Sarah falou me desafiando com os olhos, eu consegui ver Regina nela. – A Operação Coruja só está começando.

— É claro que eu vou e Operação nenhuma vai mudar meu rumo.

— É por isso que você vai tomar seus drinks hoje, Emma... – Elise sorria de canto. – E nós, vamos agora para casa e Henry vai com a gente...

— Pode? – Henry me pediu.

— Se você quer, é claro que pode. – Confesso que fiquei chateada por eles terem decidido partir, achei que iam ficar comigo mais um pouco. – Já que vão agora eu vou encontrar David na delegacia.

E foi o que eu fiz, encontrei David na delegacia, mas fiquei o tempo todo pensando nas crianças, pensando em Regina, no jantar, nas magias, no café da manhã, nas brincadeiras, no beijo, na situação, no cheiro de Regina, em como as meninas eram parecidas com a gente, em como Henry estava feliz com tudo, na operação coruja... eu estava pensando em tudo relacionado a eles, menos no meu encontro com Neal.

Meu momento com Neal estava acontecendo, estávamos sentados em um bar que eu nunca tinha ido, ele falava sem parar, me pedia desculpas por tudo, desde ter me deixado ser presa a não confiar em mim. Aquilo estava bem chato para falar a verdade, mas toda vez que eu via que ia manda-lo calar a boca, eu pensava em como era bom beijar Regina, e em seguida bebia ainda mais para poder esquecer o beijo e ele tagarelando.

Minha ideia de relembrar o passado era completamente diferente daquilo. Ele ficou se desculpando e flertando comigo. Não sei se era porque minha cabeça estava em outro lugar ou se ele estava mesmo bem chato naquele momento... ou talvez fosse a junção dos dois.

— É serio, Emma, porque está tão calada? Você não é assim... eu já pedi desculpas por tudo, não quero que guarde as besteiras que fiz no seu coração. – Ele pegou em minha mão, mas eu a retirei rapidamente pegando o copo e virando, aquele deveria ser o quinto ou sexto, eu já estava ficando tonta.

— Neal, deixa eu te falar a verdade. – Eu sorri para ele como uma amiga. – Duas meninas de outra realidade apareceram aqui, as mesmas meninas que me falaram sobre a Tamara e tudo mais... E essas meninas de outra realidade... – Pensei melhor do que ia dizer. – Elas precisam da minha ajuda para voltar para casa, e infelizmente isso está me consumindo, não consigo pensar em outra coisa, então... desculpa não está totalmente presente nesse momento... na verdade, eu acho até melhor eu ir. – Me levantei. – Outro dia a gente conversa melhor. – E fui embora sem deixar ele dizer mais nada.

Andei pelas ruas de Storybrook naquele frio até o Granny’s. Entrei e pedi uma dose a Ruby. Tomei de uma só vez já pedindo outra.

— Dia difícil? – Ela perguntou ao encher novamente meu copo.

— Pior que não. – Respondi com sinceridade, o que a fez me analisar.

— Sua carinha não está das melhores hoje... Dormiu mal? – Tentou adivinhar.

— É... eu não dormi direito...

— Mary Margaret me contou sobre as meninas da outra realidade... – Comentou me analisando e me fazendo ficar nervosa.

— E o que foi que ela contou? – Perguntei aflita.

— Nada demais... – Ela sorriu ao ver como eu tinha reagido. – Ela só contou que você estava ajudando duas meninas de outra realidade a voltar para casa... Mas eu as vi com Henry hoje à tarde... Vi de verdade e de bem de perto, eles lancharam ai onde você está sentada, eu os servi... conversei com eles...

— Ta!? – Eu dei de ombro esperando que ela começasse a revelar todos os meus segredos.

— Eles não falaram nada, e foram bem cauteloso em relação as pessoas ao redor, fique tranquila. – Eu respirei aliviada o que a fez sorrir. – Mas eu as vi Emma. A menina de olhos castanhos, Sarah, tirando o cabelo claro ela é muito parecido com Regina, a maneira com que se porta, o jeito de olhar, a pinta perto da boca... mas ela fala como você como uma mistura das duas... Já a outra, Elise eu acho, com os olhos claros, ela é a Regina em personalidade, mas é você todinha fisicamente... – Eu permaneci calada, eu não sabia o que dizer. – Apesar de todos os meus problemas com Regina, eu fiquei encantada em como a junção de vocês duas pode ser tão perfeita... E Henry? Ele estava tão feliz, eu nunca o tinha visto daquele jeito... – Ela sorriu ao ver eu virar o copo mais uma vez. – Elas são do futuro, não são? Por isso está com essa carinha ai bebendo sozinha.

— Elas são de uma realidade alternativa onde aquela Regina e aquela Emma se casaram e as tiveram... ou as tiveram e se casaram, não sei a ordem... – Confessei olhando para garrafa para que ela me servisse mais.

— Tem certeza que não são do futuro?

— Sim... Mas a realidade que elas vivem é mais avançada que essa aqui, mas é outra... – Eu bebi um gole do whisky que Ruby tinha acabado de servir.

— Está triste por elas não serem suas de verdade... – Comentou em tom baixo o que nem mesma eu tinha conseguido admitir.

— É não são... Mas Regina disso que se elas nasceram lá elas nascerão aqui. – Confessei sem pensar fazendo meu coração acelerou ao lembrar do gosto de sua boca.

— Isso quer dizer que você e Regina teriam que ficar juntas? – Sua cara foi uma mistura de espanto e alegria e por último sorriu maliciosa. – Sempre achei que o odeio de vocês ia muito além... incrível como a linha entre o amor e o ódio é tênue...

— Não Roby, não existe nada entre nós.

— Como não? Existem três filhos no meio das duas.

— Então Ruby, eu vou indo... – Me levantei, não queria ter aquela conversa.

— Não, me desculpe, eu não queria te constranger... – Ela encheu meu copo. - Fica por conta da casa. – Ela foi se afastando. – Depois a gente se fala... – E deu as costas me deixando sozinha.

Aquele último copo foi crucial para minha grande decisão... se eu ia para casa ou se batia na porta de Regina, para me desculpar pelas coisas que disse e por tê-la machucado...

Caminhei pelo frio daquelas ruas até chegar a mansão. Fechei os olhos e desejei em voz alta um gole daquele vinho de coragem... De tudo que eu deveria falar para Regina, a única coisa que martelava em minha cabeça era o gosto do seu beijo, o cheiro da sua pele, o som da sua voz, o encaixe do seu corpo... a cada passo lento que eu dava em direção a sua porta, minhas desculpas ficavam cada vez mais longe, e as vontades do meu corpo cada vez mais intensas... e cada vez mais eu desejava provar de seus lábios e do seu corpo. Eu não era um adolescente na puberdade, mas eu estava me sentindo como um.

Toquei a campainha e esperei até Regina abrir.

— Swan? – Ela estava com roupa de dormir, o que me deu ainda mais vontade de beija-la... eu estava ficando louca e deixando a loucura me dominar.

— As crianças, onde estão? – Perguntei de uma só vez, fazendo-a estranhar a pergunta.

— Estão na sala de TV assistindo um filme. Por quê? – Sua voz não soou nada amigável, mas seus olhos pareciam querer me desvendar.

Eu apenas neguei com a cabeça, passei a mão em meus cabelos, molhei meus lábios e parti para cima dela a beijando com toda a minha vontade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam das meninas? Da nova operação? E da Emma ter beijado Regina do nada??? No que isso vai dar em?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caminhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.