Orgulho e Preconceito escrita por Mokocchi


Capítulo 20
Pedido e confissão


Notas iniciais do capítulo

TO PRONTA PRA TIRO PORRADA E BOMBA1
Sei tudo o que vocês tem a dizer, e vocês tem razão, eu não deveria ter passado TAAAANTO tempo deixando vocês sem capítulos. Mas bem, tenho como me defender: umas coisas meio ruins aconteceram entre minhas amizades, já estou superando. Estava com problemas com nota, então tive que estudar muito pra passar (passei!). ENEM chegando então né. Estou de mudança, por isso estou usando um pc TERRÍVEL pra escrever esse capítulo, ele vive comendo letras e não corrige erros gramaticais, então please me perdoem se houver algo absurdo aí, quando meu pc chegar eu concerto. E o principal de tudo: desmotivada. Eu já disse isso aqui e repito, prefiro não postar nada a postar um capítulo mal feito. Eu postei 20 capítulos em quatro meses no gás, isso é um recorde pra mim, sério. E o que aconteceu foi: cansei de orgulho e preconceito por um tempo. Falo do fundo do meu coração, amo essa fanfic, mas escrever um capítulo atrás do outro enjoa.
Pois bem, toda a espera valeu a pena! Me desculpem por não responder nenhum comentário, e acho que vai demorar pra eu criar o hábito de responder todos novamente (e o número de leitores cresceu tantoooooo). Enfim, como sempre, quero agradecer a todo o carinho que vocês tem por essa história, e não se preocupem, eu JAMAIS a deixarei incompleta.
Sem mais delongas, vão ler esse capítulo amorzinho!



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Quem nunca começou a ter devaneios no meio do supermercado? A coelha estava na ala dos vegetais, e quando avistou as cenouras, lembrou-se de Nick pelo simples fator da cor laranja. Seria cômico se não fosse trágico. Mas se bem que tudo a fazia lembrar dele devido às circunstâncias atuais.

Bastava sentir o cheiro de café, as barraquinhas de patolé, as piadas mais estúpidas possíveis, a risada aleatória no ambiente mais inapropriado, o tom do deboche, a persuasão, e até mesmo aquela publicação brega de um por do sol gravado por uma frase bonita sobre amor a fazia lembrar daqueles olhos verdes onde repousou sua alma por alguns segundos. E Deus, como ela estava desesperada por sentir-se dessa forma.

É difícil enganar a si mesmo quando o próprio corpo não condiz com a mentira.

— Relaxa, Judy – sussurrou para si mesma, enquanto colocava uma dúzia daquelas malditas cenouras no carrinho. - não vamos surtar num local público.

Continuou arrastando o carrinho pelos corredores agora a procura das frutas, tinha em mente levar uma bandeja de salada de frutas para a ceia de natal, que aliás, aconteceria neste sábado. O supermercado estava tão enfeitado quanto o resto da cidade, e Judy mal podia esperar para ver a decoração de sua aldeia. Sentia saudade de sua família. E como. Mas esse assunto era um tanto delicado por agora. Se seus pais pudessem entrar em sua mente, estaria frita.

Se a mamãe soubesse as coisas que ando pensando...”, pensou ela, novamente presa em devaneios. “Acho que ela-”

CRASH!

Foi completamente interrompida pelo estrondo de dois carrinhos se colidindo, voltando para a realidade com a barriga prensada na base de seu próprio carrinho. Quem manda sonhar acordada?-- - M-Me desculpe – pediu, envergonhada. - Eu não estava prestando atenção.

Percebeu que estava na sombra de um carrinho muito maior que o seu, próprio pra um mamífero de, no mínimo, 1,80m. Mas aquele cheiro familiar de cigarro e perfume francês não a fez ter medo de olhar nos olhos do dito cujo.

— Oficial Hopps – Nigel Wolfgang sorriu para a coelha de um jeito até elegante. - A última vez que a vi foi na televisão

— Olá senhor... digo, Nigel – ela lhe devolveu o sorriso, e ele voltou sua atenção para a estante de queijos. - O que está fazendo aqui?

Judy perguntou a primeira coisa que lhe veio à cabeça, e só depois de dois segundos aquilo lhe soou completamente idiota.

— Me desculpa, que pergunta imbecil – ela sentiu o rosto queimar quando o lobo começou a rir. - Ai Deus, que vergonha.

— Imagina, me diverte – Nigel voltou-se para os queijos novamente. - Vamos, tente outra pergunta.

— Ãh? Bem... - dessa vez ela pensou com mais cautela, contudo, ainda tinha a mente conturbada demais para raciocinar uma pergunta inteligente. - Qual... queijo você gosta mais?

Foi impossível para o detetive não cair na risada novamente, mas dessa vez Judy entrou na onda. Realmente estava agindo como uma palhaça.

— Me desculpa – disse ela, entre risos. - Hoje minha cabeça não está das mais engenhosas.

— Pare de se desculpar. E a resposta é gorgonzola – respondeu o lobo, que finalmente encontrou a porção do dito queijo. - Imagino que a mídia deva estar te dando dor de cabeça.

A coelha coçou a nuca.

— Sim – não era exatamente nisso que estava pensando, mas deve servir como uma boa desculpa para agir como uma tonta. - Justamente.

—Por isso prefiro me abster de créditos – disse o lobo enquanto colocava mais tipos de queijo no carrinho. - Sem contar que, quando o assunto é a sociedade híbrida, as perguntas são bem...

— Desagradáveis? - Judy logo se lembrou da entrevista terrível de dois dias atrás.

— Não sei se essa é a palavra. Mas deve servir.

— Foi terrível.

— Sim – concordou o lobo. - Eu vi.

Nigel empurrou seu carrinho e Judy o seguiu, aproveitando que as frutas estavam logo adiante.

— A mídia pouco se importa com a morte de pessoas inocentes quando inter-racialidade está em jogo – o tom do detetive foi começando a ficar mais sério. - É mais... escandaloso para a sociedade dois animais de espécies diferentes estarem num relacionamento do que um policial assassino à solta.

A forma como Nigel falava do preconceito da sociedade deixaria qualquer um com o rabo entre as pernas, Judy nunca viu alguém se enfurecer tanto ao tocar num assunto. “Ele realmente deve ter sofrido muito com isso”, pensou a coelha, sabendo que, por trás dessa fúria, havia tristeza.

— Sim, mas... - Judy sabia que era um tiro no escuro, mas não custava tentar – as coisas estão mudando.

O lobo levantou uma sobrancelha e olhou desconfiado para a coelha.

— O que quer dizer com isso?

— Bem... muitos animais já estão mudando de opinião sobre o relacionamento híbrido. Eu mesma conheço alguns que apoiam. A Venus, por exemp-

— Ela não conta – Nigel a interrompe abruptamente enquanto enche um saco de uvas –, foi adotada por um casal híbrido quando ainda era um filhote e criada nesse meio – Judy arregala os olhos, surpresa com a descoberta. - Por isso, nunca se incomodou.

— Oh... - foi tudo o que pode sair da boca da policial. Começou a colher uvas junto com Wolfgang.

Então... esse tempo todos, Venus tinha pais híbridos?”, Judy realmente não esperava por essa, “Por que será que ela nunca nos contou?”. Quando se deu conta que isso não tinha tanta importância assim, voltou para o seu objetivo.

— Mas ainda assim, há muitos animais que são a favor, por mais que não convivam com eles. Sabe a Gazella, cantora?

— Por que não mudamos de assunto, sim? - mais uma vez ele a cortou de forma um tanto rude. - Chega de falar de trabalho. Faça outra pergunta engraçada.

Aquilo deixou a coelha desapontada, Nigel era um lobo realmente teimoso. Soltou um suspiro, guardando os argumentos pra outra hora. Mas não desistiria de convencê-lo a largar toda essa desconfiança com o mundo, afinal, Juddy Hopps não era de desistir.

Enquanto caminhavam pelo corredor de frutas, Judy pensava em alguma pergunta ridícula para fazer ao lobo, mas nada lhe vinha à cabeça por enquanto.

— Desculpa, acho que estou sem perguntas estúpidas – disse ela, rindo de si mesma.

— Tudo bem – ele sorriu de volta.

Fizeram uma pausa para escolher maçãs, Judy não sabia o porquê, mas sentiu que o lobo tinha algo para dizer. Preferiu ficar quieta enquanto escolhia as maçãs mais vermelhas.

Nigel soltou um grande suspiro, e disse:

— Oficial Hopps.

— Sim? - “Eu sabia”, pensou, orgulhosa de si mesma. “Talvez ele tenha pensado a respeito sobre o que eu disse. Quem diria que ele engoliria o orgulho tão rápido”.

— Você... - a coelha estava realmente ansiosa para ouvir o sonoro “Você tinha razão”, as três palavras favoritas da oficial Hopps. Mas as três palavras que ela estava prestes a ouvir, certamente eram as últimas que ela imaginaria. - quer sair comigo?

Houve um silêncio cortado pelo som de três maçãs caindo no chão, se segurar nas frutas realmente não foi uma boa ideia. Se a cabeça de Judy já estava uma confusão, agora ela havia acabado de se explodir.

E qualquer hipótese de Nigel estar sendo apenas amigável se quebrava pela expressão um tanto envergonhada em seu rosto.

— Sair? - disse a menor, com o rosto queimando e um sorriso extremamente tímido tomando conta de seu rosto. - Sair... em que sentido?

Taí, uma pergunta estúpida. Mas em vez de fazê-lo rir, o fez corar entre seus majestosos pelos albinos.

— Um... encontro – respondeu, confiante, mas ainda assim nervoso.

— Você falando assim, parece tão romântico – ela riu timidamente.

Por um segundo desejou que ele estivesse brincando, por outro, não.

Nigel acompanhou sua risada tímida. Fazia um bom tempo que não convidava damas pra sair, e diante de uma coelha tão delicada como Judy, era como se qualquer piso em falso fosse quebrá-la.

— Bem... você pode encarar dessa forma.

Tímidos, os dois adultos coravam cabisbaixos como dois adolescentes. “Isso realmente está acontecendo?” pensava Judy, tremendo de nervosismo, “Nigel Wolfgang, um lobo, me chamou pra sair? Isso é uma coisa boa ou ruim? Se eu disser que não ele vai ficar chateado? Mas... eu quero dizer não?”

A coelha estava cheia de dúvidas, digo, se já estava, agora tudo havia se triplicado. Judy encarou o detetive do focinho às patas, e o analisando bem, não soube como nunca percebeu o quão charmoso e atraente ele era. “Espera aí, atraente? Eu acho um LOBO atraente? Ai Deus...”

O lobo percebeu que a policial estava, sem dúvida, muito mais nervosa que ele. Suspirou, um tanto desapontado com as grandes chances de levar um fora.

— Você... nunca saiu com alguém de outra espécie, não é? - perguntou o maior, e ela ainda fez que sim com a cabeça sem olhá-lo nos olhos. - Eu entendo.

— V-Você realmente me pegou de surpresa.

— Desculpa se eu lhe ofendi – pediu o lobo, agora envergonhado. - Por alguma razão, eu pensei que você...

— N-Não ofendeu, só...

Judy não sabia mais o que dizer. Não sabia mais nada. Tantas noites sem dormir pensando na possibilidade de querer sair com alguém de espécie diferente, relutante com as próprias dúvidas por mais que soubesse que não havia nada de errado em sentir-se assim. E agora, por mais que gostasse da companhia de Nigel e o achasse, de fato, atraente, só conseguia pensar no seguinte fato: ele era um lobo.

A coelha respirou fundo, tomou toda a coragem, e batendo sua pata rapidamente no chão, seguiu seus instintos.

— Nigel... - “Talvez...”— eu... - “se eu contar pra ele...”. E contou. - não é que eu não queira - “EU NÃO ACREDITO QUE EU DISSE ISSO EM VOZ ALTA!”. Corou como nunca. - Você é um cara muito legal, e... seria m-muito legal sair com você.

Estava feito. Já não era mais a única a saber do seu segredo. Das suas dúvidas. Suas “tendências”. E Deus, como aquela sensação era libertadora a ponto de lhe dar vontade de chorar. Mas não, não choraria no meio de um supermercado.

— Ah... - um sorriso involuntário se abriu no rosto de detetive, que agora vibrava por dentro. - Então você realmente é-

— E-Esse é o problema – Judy o interrompeu, sem momento algum olhá-lo nos olhos, sempre olhando para os lados conferindo se não havia ninguém escutando. - E-Eu... não tenho certeza, sou nova nisso – ela fez uma pausa, tremendo de tanta vergonha. - E-Eu nunca nem tentei... sabe...

— Judy – o lobo pôs as patas sobre os ombros dela roubando seu olhar, tentando confortá-la com um sorriso compreensivo –, não se sinta pressionada, sei que isso é complicado – ele nunca falou de maneira tão suave antes. E o sorriso dele era tão bonito... “Oh Deus, esses pensamentos não param!”. - Só... se permita.

Aquelas duas palavras ecoaram em sua mente, e com certeza ficariam gravadas por um bom tempo. Judy enfim o olhou sem nenhuma timidez, se segurando para não cair no choro.

Mas ao menos... agora não se sentia tão sozinha. Que momento tocante para se ter dentro de um supermercado, não?

— A não ser... - começou Nigel, sorrindo menos - que você já goste de outro.

Seria muito clichê dizer que Nick foi a primeira coisa que Judy pensou naquele momento? Sim, seria. Mas a vida está rodeada de clichês inevitáveis. Duas problemáticas se fundindo era demais para a pobre Judy.

Já assumiu uma dúvida hoje, duas de uma vez seria demais.

— Não – ela respondeu o mais firme que pôde. - Não gosto.

— Bem, então – Nigel tirou as patas dos ombros minúsculos da coelha (tinha patas tão grandes que elas acabaram deslizando para os braços dela), pegou seu carrinho e voltou a sorrir –, caso você se interessar... me ligue. Tem meu número ainda, não tem?

— Tenho sim – respondeu envergonhada.

— Bom... - o detetive foi empurrando seu carrinho para longe, indo embora sem desviar os olhos da policial. - Até mais, Judy.

— Até...

E não tirou os olhos dele até que o mesmo saísse de seu campo de visão. Era tanta informação para processar que nem um computador faria mais rápido, a coelha quase perdeu o equilíbrio das pernas ao lembrar que admitiu, não só para Nigel, como para si mesma que tem dúvidas. E que quer colocá-las à prova.

— Ai, ai, ai... - suspirou para o nada, se apoiando em seu carrinho de compras. - O que meus pais pensariam de mim agora? - aquela pergunta saiu cômica e terminou como trágica ao ver todas as frutas que estava levando para a ceia. Agora, soltara um suspiro triste e tornou cabisbaixa. - O que eu devo fazer?

 

“♪ Try Everything ♪”

 

Judy ergueu a cabeça e arregalou os olhos. Quem diria que, num momento como esse, estaria tocando uma música tão conveniente como essa. Por mais nervosa que estivesse, a coelha não pode evitar de cair na gargalhada.

—Ah, Gazella – sussurrava em meio de risos, como se risse da própria desgraça. - Talvez você esteja certa.

 

“♪ Oh, oh, oh, oh

Try Everything ♪”

 

— Eu sou tão híbrida.

 

“♪ Oh, oh, oh, oh ♪”


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Notas finais do capítulo

Tô perdoada? Meu Deus, espero que sim.
Bom gente, me perdoem qualquer erro de grafia, é que é como eu disse, o pc que eu tô usando tem uma ferramenta de texto terrível, mas bem, é melhor do que nada, né non?
Ao menos essa é a prova que eu NÃO ABANDONEI ESSA FANFIC CARAMBA, CALMAAAA!!!
Certamente o próximo capítulo vai sair mais rápido que esse kkkkk. Mas bem, pretendo escrever essa semana ainda. Tava com saudadesss :3
Kissus de luz ♥