Orgulho e Preconceito escrita por Mokocchi
Notas iniciais do capítulo
Hello, minha gente.
Hoje trago um capítulo que, na minha humilde opinião, ficou muito lindinho! E o próximo capítulo já está vindo, então se preparem pra essa fanfic pegar fogo porque ele vai estar lacrador!
E muito obrigada a todos que me seguiram no instagram, vocês são demais ♥
Boa leitura!!
O atendimento de pandas era o melhor vindo de um restaurante chinês, e para duas raposas debochadas, fora difícil conter as milhares piadas sobre a fofura de um panda estando rodeados deles. Nick e Venus eram o tipo de casal que zombavam de tudo e todos sempre que tinham a oportunidade, a companhia do outro era a melhor possível quando buscavam um pouco de diversão. Quer dizer, quando Judy não estava disponível, é claro.
As duas raposas haviam terminado de jantar, e muito brincaram com a inabilidade de Nick para usar os hashis. Agora, como todo restaurante chinês, receberam seus biscoitinhos da sorte, e Venus foi a primeira a abrir o seu.
— “Admitir que há maldade em teu coração é o melhor caminho para se tornar uma pessoa melhor.”— Venus leu a frase em sua sorte, e não conseguiu conter alguns risinhos. – Meu biscoito acha que eu sou uma vilã da Disney.
— E quem disse que não é?
— Engraçadinho – ambos riram mais. Venus leu a frase mais cinco vezes e encarou o pequeno papel como se fosse uma pedra preciosa. – Mas não tem como negar que é uma frase muito bonita.
— Ah, é só um biscoito sorteado.
— Você não acredita na sorte?
— Não. O mesmo pro destino – respondeu Nick com uma expressão orgulhosa no rosto enquanto ajustava a sua gravata. – Pra mim, tudo o que acontece na vida são as consequências de nossos atos.
— E que ato nos levou a ganhar biscoitos chineses que tem frases convenientes dentro? – ela brincou em tom de deboche.
— Bem... pagamos o restaurante e, como cortesia da casa, eles nos dão a sobremesa de graça – respondeu ele, fazendo-a rir um pouco. – Por quê? Você acredita no tal do destino?
— Não. Concordo com tudo que você disse – disse ela, brincando com o gelo de seu copo. – Nem sempre a sobremesa tem razão, mesmo que seja gostosa e de graça.
— É incrível como concordamos com tudo.
— É...
E ficaram em silêncio, como toda vez que descobriam mais uma das milhares de coisas que tinham em comum. Nick e Venus eram quase a mesma pessoa.
Aquilo, na visão de muitos, poderia soar como um belo ponto a mais na relação. Mas para Nick... Nem ele sabia porquê aquilo o deixava desconfortável. Por isso, preferia ignorar esses pensamentos. Gostava de Venus, e da companhia dela, e era isso que importava.
— Mas em uma coisa esse biscoito acertou – disse ele, cortando o silêncio. – Hoje em dia é tão raro achar alguém de bom coração.
— É... – Venus concordou, um tanto pensativa. – Por isso você se tornou policial? Pra punir aqueles de coração ruim?
Aquela fora uma pergunta mais complexa que aparentava, tanto que Nick precisou pensar um pouco para respondê-la. E aqueles olhos curiosos que a raposa menor tinha pareciam exigir uma resposta exata, afinal, parecia uma pergunta simples.
— Bom... – ele começou – não é exatamente esse o motivo. Quer dizer... claro que também tem cabimento, mas... acho que, se sou policial hoje, devo à Judy.
— Ah, é mesmo? – ele nada respondeu, apenas abriu um sorriso no rosto com um olhar distante. Venus continuou a brincar com o gelo enquanto comia seu biscoito. – E como foi que isso aconteceu?
— Há tanto pra explicar – disse ele, levando a pata ao queixo com um olhar nostálgico. – Acredite ou não, antes de eu descobrir que este uniforme policial me deixa muito atraente, eu vendia patolés falsificados.
Venus, nada discreta, não conseguiu conter uma gargalhada alta e estrondosa, uma que chamou a atenção de todos no restaurante. Aquilo, de certa forma, o deixou bem constrangido.
— Ei, ei, menos – ele chamou a atenção dela, um tanto irritado.
— Desculpa... – disse ela, tentando conter as risadas aos poucos – mas... patolés? Sério?
— É, é – respondeu ele, ainda com raiva. – Mas, enfim... quer parar de rir?
— Calma aí, estressadinho – respondeu ela, enfim, contendo os risos. – Pode continuar sua história.
— Então... quando a conheci, ela era uma pobre guarda de trânsito sonhadora que ainda acreditava naquele ditado “Em Zootopia, você pode ser o que quiser”.
— Papo furado.
— Pois é – e mais uma vez concordaram em alguma coisa –, tanto é que a coitada foi resignada para ser guarda de trânsito só por ser uma coelha. Também vale lembrar que, apesar de muito boa pinta, eu era muito babaca e zombei dos sonhos dela no mesmo dia que nos conhecemos.
— E que moral você tinha pra isso, ex-vendedor de patolés?
— Nenhuma, de fato. Como eu disse, eu era um babaca – garantiu, num tom irônico que a fez rir. – Depois, quebrando a minha cara, ela conseguiu a chance de trabalhar em um caso. O das uivantes, lembra? – Venus fez que sim com a cabeça. – E aí, sabe-se lá como, ou porquê, ela veio atrás de mim me subornar para ajudá-la com o caso mesmo não tendo pista alguma sobre ele. E no meio disso tudo... – a expressão de Nick mudou para a mais serena possível, não olhava mais pra Venus, ou mais ninguém. O que realmente lhe veio em mente fora a imagem de Judy, bela e reluzente bem a sua frente. – Ela me ensinou que eu posso ser muito mais que o que pensam de mim, e... não posso rotular a mim mesmo ou me impedir de ser muito mais que uma raposa que ganha a vida enganando os outros, assim... assim como a mim mesmo.
— Nossa... – sussurrou Venus, seguido de um suspiro. – Isso... é bem bonito.
— De certa forma.
— Quem diria que você tem um lado sentimental, Nick? – ela brincou, fazendo-o rir baixinho. Venus, que já não podia mais brincar com o gelo agora derretido em seu copo, apoiou os dois cotovelos na mesa assim como o queixo nas patas. – Então você se tornou policial só por causa da Judy?
— Não sei se eu posso dizer que foi só por causa dela, mas... ela foi quem me fez perceber o que havia de errado em mim, e me ajudou a concertar isso. Entrar na polícia foi um bônus – Nick soltou um suspiro com um sorriso estampado no rosto, pensando naquele violeta dos olhos dela, assim como aquele sorriso que o encorajou a se tornar o que ele é hoje. E Venus, que não era boba, percebeu isso num instante. – Por mais que só nos conheçamos há um ano, Judy é a única pessoa que confio no mundo. Pra ser sincero, confio a ela minha vida, por isso... Não sei se eu conseguiria ficar longe dela.
— Você a ama muito, não é?
Houve um silêncio a partir daí. Raposas eram seres orgulhosos que muitas vezes acabavam por evitar sentimentos profundos, ainda mais mostrá-los. Porém, são diretas e sinceras tratando-se das pessoas mais importantes para elas, e as protegem com garras e dentes. E Nick não soube porquê aquela pergunta o incomodou tanto.
Sabia que a amava, mas seu orgulho o impedia de pensar na intensidade e nas maneiras. Afinal, a que ponto seu amor por Judy chegou? Ao pensar naquilo, seu estômago embrulhou e ele sentiu uma tontura estranha, assim como seu peito pareceu ter espaço de menos para o seu coração bater tão forte.
“Que merda é essa?”, ele pensou, levando a pata ao peito e segurando o tecido de sua camisa com força. Com medo do que Venus poderia pensar, ele respirou fundo, e disse sem olhar pra ela:
— Claro que sim.
E nada mais disse, implorando aos céus para que ela mudasse de assunto. Ela o fez, porém, ainda falava de Judy:
— Ela não pareceu muito... “de boa” mais cedo.
— Como assim?
— Bem... – Venus coçou sua nuca, um tanto sem jeito – antes de eu chegar, vocês estavam discutindo o caso de Thomas e Jeanette, já que, pelo que você me contou, vocês haviam acabado de descobrir as pistas.
— E o que é que tem? – perguntou ele, intrigado.
— Você não viu a cara que ela fez? Ficou furiosa.
— Sim, mas... – Nick começou a caçar qualquer argumento que não se voltasse contra ele, contudo não obteve sucesso. – Eu tinha marcado de sair com você muito antes.
— Bem, eu disse que poderíamos deixar pra outro dia – respondeu ela, ainda meio sem jeito. – Eu sei o como esse caso é importante pra vocês, pra ela principalmente que dá a vida para ser uma boa policial, mas você insistiu em sair comigo.
— Mas... ah, Venus – a voz dele começou a apelar um pouco –, sequer temos pistas relevantes, de que adiantaria ficarmos parados criando hipóteses?
— Nick, eu realmente não quero me meter nos assuntos que interferem vocês dois, mas... você não disse que seu primeiro caso na polícia não tinha uma pista sequer, e mesmo assim vocês o resolveram?
Nick se calou, sem respostas, sem argumento, sem razão para continuar se defendendo. Olhou para o teto com as sobrancelhas juntas e soltou um suspiro cansado.
— Por que eu não paro de fazer besteira? – perguntou a si mesmo, levando a pata à testa. – Ela com certeza vai me ignorar pro resto da semana.
— Imagina – disse ela, em meio de risadinhas. – Tenta se desculpar. Se não der certo eu te ajudo a acalmar a fera.
Nick sorriu de canto, e perguntou curioso:
— Por que você está sempre disposta a nos ajudar?
— Porque... – Venus sorriu de forma que mostrasse todas as presas que tinha, no rosto, ela tinha uma expressão sincera, porém um tanto... peculiar – não sei... vocês despertam minha... solidariedade.
— Sei... – disse ele, ainda desconfortável com aquele sorriso estranho. – Oh, esqueci de ler minha sorte!
— Talvez dê alguma pista sobre o seu caso – disse ela, animada.
— Você não disse que não acreditava na sobremesa?
— Cala a boca, é legal se iludir.
Nick pegou o biscoito fechado no canto da mesa, o partiu ao meio, e arrancou o pequeno papel dobrado ao meio. O desdobrou, o encarou estranho e leu em voz alta:
— “A pessoa que você procura está bem próxima. Comece desconfiando de quem está bem a sua frente”— e sem perceber, olhou para Venus.
— Uau – disse ela. – Bem romântico.
— Talvez... – Nick ainda encarava o papel, lendo-o repetidas vezes. – Interpretando dessa forma.
— E de que outro jeito você interpreta?
— Ah... – olhou para Venus, ainda com aquela expressão desconfiada. “Que besteira a minha”, pensou, suspirando logo em seguida, “Essa coisa de sorte não existe”. – Nada não.
—-X---
Nick estava parado sobre a porta do apartamento de Judy, encarando-a como se fosse o maior obstáculo de sua vida. Era quase meia noite, havia acabado de deixar Venus no sexto andar, e sobre tudo o que conversaram, não pode tirar da cabeça a ideia de se desculpar.
Respirou fundo, estendeu a pata até a campainha, e quase a tocou. Juntou as sobrancelhas, suspirou e disse para si mesmo enquanto caminhava até a sua porta:
— Eu me desculpo amanhã.
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Kissus ♥