Orgulho e Preconceito escrita por Mokocchi


Capítulo 13
O deslize de Nick


Notas iniciais do capítulo

OEEEEE (ok, já podem me bater).
Cá estou eu, na maior cara de pau possível de quem prometeu postar no fim de semana e tá postando na terça-feira. MASS, antes que me batam, fiquem sabendo que compensei vocês com DOIS capítulos novos. Exatamente! Demorei porque o capítulo ficou GIGANTE, e tive que dividi-lo. E acho que fiz bem, pois esses capítulos darão um belo up no desenvolvimento emocional dos personagens. Bem, sem mais delongas, este capítulo vai para a minha querida amiga The Little Fujoshi que sempre acompanha minhas fanfics, e cá está ela marcando presença mais uma vez. Sua linda, que saudades ♥
Boa leitura!!



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Judy estava mais sorridente que no começo da semana, pelo menos. Era sábado à tarde, logo teria uma folga. Atrasou-se um pouco nas suas papeladas e fora pegar suas coisas no escaninho quando o sol já estava se pondo. Quando chegou à recepção, encontrou Nick conversando com Garramansa a sua espera, ele sempre foi mais rápido com as papeladas.

A medida que a coelha se aproximava, ouvia a conversa entre o guepardo e a raposa.

— ...oh, e também tem aquela música que-

— Desista, Garramansa – disse Nick para o guepardo que parecia um tanto desapontado. – Eu conheço todas as músicas que você mencionou até agora, e acho TODAS elas um saco.

— Mas... mas... – choramingava Garramansa, acariciando o seu protetor de tela de celular, nele havia uma foto de fundo da Gazella. – Como pode alguém não gostar da Gazella? Ela é minha rainha... minha deusa...

— Pff – a raposa ironizou um pouco. – Não exagera.

— Não estou exagerando! – o recepcionista elevou o tom, assustando Nick. Quando Garramansa falava da Gazella, parecia uma fã de 12 anos defendendo seu ídolo como se defendesse sua vida. – A Gazella... as músicas dela são tudo o que há de bom nessa vida! São minha maior inspiração! São minha harmonia! São meu refúgio! São...! São...!

— Tá bom, tá bom – disse o menor, tentando acalmar o recepcionista. – Eu respeito seus gostos Garramansa, mas... sinceramente, prefiro o bom e velho rock.

— Hunf! Gostinho estranho – emburrou o guepardo, fazendo biquinho de braços cruzados.

Judy não pode deixar de rir com tal cena, se aproximou mais e parou ao lado do parceiro.

— Vejo que estão tendo uma conversa muito produtiva – disse ela, segurando o braço de Nick logo em seguida. – Mas temos que nos apressar, Nick. Ou vamos perder a sessão.

— Ué, quem foi que demorou com a papelada? – ironizou a raposa, zombando de Judy.

— Tá, tá, vamos logo – o puxou para fora da delegacia. – Tchau, Garramansa – os dois acenaram para o recepcionista e deixaram o local.

Haviam combinado de irem ao cinema para... bem, nem eles sabiam ao certo o motivo. Mas sabiam que havia um. Talvez garantir que estava tudo bem. Não tiveram a melhor de suas semanas, vivendo o clima mais hostil possível. Mas Judy disse que estava tudo bem, talvez da boca pra fora, e por essa razão Nick precisava da certeza disso.

Agora, caminhavam com certa pressa para seus devidos apartamentos.

— Você... viu o primeiro Invocação do mal, né? – perguntou Nick, a primeira pergunta que lhe veio à cabeça.

— Han? Ah... Nós vimos juntos, esqueceu?

— Ah, é.

— Anta – brincou, ele riu.

— Cala a boca – riram mais.

O silêncio retornou enquanto eles dobravam a esquina.

— E... – agora fora a vez dela de caçar perguntas sem motivo algum – você viu quem é o diretor do filme?

— Sim – respondeu rapidamente. – O mesmo que dirigiu Jogos Mortais.

— E Velozes e Furiosos 7.

— Imagino o Garramansa nesse filme com os outros guepardos – brincou.

— No caso, ele estaria correndo atrás da Gazella.

— Ou de uma rosquinha.

— É.

Riram. O silêncio voltou ao dobrarem outra esquina.

Por mais que não estivessem lá no clima para baterem papo, a sensação de ter a companhia um do outro novamente lhes era muito confortante. Eram melhores amigos, e quem vive sem seu melhor amigo? Não importa o quão orgulhosos fossem, sem notar, quebravam as próprias barreiras pela companhia do outro.

Complicados? Sim. Mas que tipo de amor não é?

Nick queria fazer de tudo para que aquele passeio fosse ótimo, por isso comprou os ingressos antecipadamente já que a sessão tinha risco de lotar. Escolheram um filme de terror, um pesadelo para alguns, a maior diversão possível para eles. Costumavam ser os únicos da sala a fazer comentários engraçados sobre o filme a ficarem com medo, e suas gargalhadas escandalosas até chegavam a ser um incômodo.

— Lembra quando fomos expulsos da sessão do Poltergeist? – comentou a coelha, rindo de uma lembrança hilária.

— Lógico – disse Nick, que começou a rir no momento que lembrou. – Acho que foi o dia mais engraçado da minha vida.

— Cara – enfatizou a menor -, derrubamos refrigerante nos animais da frente de tanto rir.

— E aquele tamanduá tentou nos bater.

— Tinha me esquecido dessa parte – lembrar desse detalhe os fez rir ainda mais, de modo que chamasse a atenção dos animais ao redor. – O que você disse pra ele mesmo?

— Ah, mandei ele catar formigas – Judy gargalhou mais alto. – Qual é, eu tava brincando. E que tipo de animal come formigas?

— Ai, Deus – murmurou ela, enquanto tentava conter as risadas e normalizar a respiração. – E fomos expulsos da sala.

— Devíamos fazer isso mais vezes.

— Hoje não, por que realmente quero ver esse filme.

— Então na próxima – ele deu uma piscadela.

— Fechado.

Agora, apenas trocavam sorrisos. Oh, como sentiram falta disso, mesmo que por dias.

Avistaram seu prédio se aproximar, entraram, esperaram o elevador lento, e tiveram mais um diálogo dentro dele.

— Vê se não demora pra se arrumar – disse a coelha, num tom um tanto irônico. – Você demora mais que uma noiva.

— Sou uma noiva linda – brincou, foi impossível não rir imaginando-o vestido de noiva. – Mas, como vamos pra Tundralandia, vou ter q pular a maquiagem.

— E pensar que só vamos no cinema de Tundralandia porque a pipoca é de graça.

— Ser pobre é fantástico, não?

— Quem mandou sermos policiais? – nesse momento, a porta do décimo andar se abriu, e cada um correu para o seu apartamento. – Nick.

— O quê?

— Não demore! – alertou, apontando o dedo para ele. Ele sorriu com deboche.

— Vou ficar pronto antes de você só pra esfregar na sua cara.

— Fechado.

E, sendo orgulhoso, e muito competitivo, não a deixaria “ganhar”. Correu para o quarto, escolheu roupas bem confortáveis de frio, e correu para o banheiro. Antes que pudesse entrar no banho, recebeu a mensagem que estava esperando.

“Já estou pronta. Que horas devo subir?”

Sorriu para o próprio telefone, e ainda com espírito competitivo, digitou o mais rápido que pode.

“Daqui a uns cinco minutos.”

—-X---

Judy estava mais leve que um balão de gás hélio, as coisas com Nick estavam voltando ao normal, e estavam prestes a ver um filme de terror como nos velhos tempos. Era uma sensação de dar paz no espírito.

Escolheu roupas de frio, claro, e tomou um banho rápido. Também não queria dar a ele o gostinho de ser o primeiro a se arrumar. Mas depois de pôr a roupa, pentear os pelos e pôr um perfume precisou de um ritual na frente do espelho, encarando a si mesma sem motivo algum.

“Talvez um pouco de maquiagem...”, pensou, já colocando as patas entre os míseros cosméticos que tinha. Coelhos eram muito peludos, por isso precisavam de marcas específica, mas Judy nunca ligou muito para essas coisas e tudo o que tinha era um rímel, um lápis, um blush, e um brilho labial. E foi tudo o que ela usou.

Feita a leve maquiagem, encarou-se mais uma vez no espelho, dessa vez da cabeça aos pés e não soube porque sorriu.

“Será que ele vai notar?...”, também não soube porque se perguntou uma coisa dessas.

“Será que ele vai gostar?... Ora essa!”, sacudiu a própria cabeça com força, como se tentasse eliminar esses pensamentos estranhos a força. “Ando pensando muitas besteiras...”.

Naquele momento, a campainha tocou. Droga, ele realmente ficou pronto primeiro. Mas ela pouco ligava, pois estava prestes a sair com seu melhor amigo. Com Nick.

“Enfim, um momento só nosso.”.

Girou a maçaneta para abrir a porta e sussurrou baixinho para si mesma:

— Só nós dois...

A porta foi aberta, e a visão que teve lhe deu vontade de fincar as unhas nos próprios olhos.

— É a primeira vez que a vejo sem o uniforme, Judy – disse Venus amigavelmente, usando um lindo vestido de mangas e saltos que a deixavam maior que Nick.

As raposas estavam de patas dadas, sorridentes para a coelha que jurou sentir uma leve tontura. Mas afinal, o que aquilo significava?

— Achei uma boa ideia chamar Venus para ir com a gente – disse Nick, a frase que ecoou na cabeça de Judy umas cem vezes. – Sei lá, nunca saímos os três juntos. Pelo menos com intenções não profissionais.

Houve o silêncio que a dupla de policiais tanto temia, e todo aquele clima hostil parecia ter voltado no momento em que a coelha pôs os olhos naquelas patas dadas, em Venus, naquilo que deveria ser um passeio para dois. Nick engoliu seco enquanto ajustava a gola da camisa. Será que sua ideia fora tão boa quanto pensava?

— Que caras são essas? – perguntou Venus, sorridente enquanto puxava Nick pelo braço até o elevador. – Vamos logo, oficiais. O filme começa daqui a quarenta minutos.

Judy finalmente teve forças para se mexer e trancou a porta. Suspirou no momento em que entrou com o casal no elevador. E, quando teve oportunidade, encarou Nick com fúria, ele apenas se expressava com arrepios.

Oh céus, seria uma looonga noite.

—-X---

Se Judy disse três frases foi muito. Durante o trajeto para o shopping, a fila para entrar no filme, assim como a fila da lanchonete após o filme, ela nada disse, nem fez uma expressão diferente daquela que fez antes de saírem de casa. Pobre e bem intencionado Nick, se ao menos soubesse que as coisas acabariam assim.

Venus, por outro lado, era a que mais conversava, seja com Nick, ou sozinha.

— Nossa, eu quase me caguei de medo – disse Venus, eufórica e sorridente com a boca cheia de batatas fritas. Agora o trio estava na praça de alimentação do shopping comendo sanduíches, sabor galinha para as raposas, e vegetariano para a coelha. – Mas sinceramente, preferi o primeiro filme.

— Eu também – concordou Nick, que hora olhava para o seu lanche, hora olhava para a coelha muda. Mesmo suando frio antes de se direcionar a ela, decidiu arriscar. – E você, cenourinha?

Ela demorou menos pra responder do que ele imaginava.

— Eu o quê? – perguntou com certa indiferença, sem ao menos olhar para ele.

— Você... gostou do filme?

Nick perdeu a oportunidade de ficar quieto. A coelha o encarou no fundo dos olhos, e a expressão que ela tinha... nem ele pode descrever o medo horripilante que percorreu em suas veias. Judy era muito, MUITO mais assustadora que Invocação do mal 2.

“Se eu gostei do filme? Ah, claro, Nicholas Wilde. Eu adorei segurar uma maldita vela enquanto você e a Venus se agarravam no meio do filme, quando o combinado era irmos apenas nós dois num programa de AMIGOS. Mas aparentemente você prefere sua namoradinha a quem sempre esteve lá por você. Raposa idiota! Vai tomar no...”. Ela poderia ter dito essas palavras, que gritavam em sua cabeça e se empurravam em sua garganta pra sair.

Mas soou infantil demais, e ela se contentou em responde-lo com:

— Gostei.

Ela fazia questão de mostrar sua indiferença, por mais que fosse uma birra, há coisas que nem o mais maduro dos seres consegue conter. Devido a hostilidade de Judy, houve um silêncio desconfortante na mesa, e depois dessa, Nick estava decidido a não falar mais nada pelo resto da noite.

Venus, que não era boba, percebeu o clima estranho logo no começo da noite. Mas sendo brincalhona, e sem muita noção do perigo, resolveu brincar:

— O que foi, Judy? – perguntou, sorrindo. – Tá na TPC?

Por um instante, a coelha pensou em socar Venus no rosto, ou apenas responde-la da forma mais rude possível. Mas, por sorte, conseguiu se segurar. “Calma, Judy.”, pensou, “Ela não tem culpa do Nick ser um idiota.”.

Respirou fundo, cerrou os punhos, e ergueu o rosto para Venus com o sorriso mais fingido possível, do tipo perceptível. Pensou em falar algo engraçado pra quebrar o gelo e manter as aparências, mas com a raiva que sentia, seria impossível. Tudo o que ela conseguiu fazer fora levantar-se e dizer:

— Vou no banheiro, já volto.

E realmente foi, deixando as raposas a sós. Enquanto observavam a coelha se afastar, Venus levantou a sobrancelha para Nick e perguntou:

— Ela está bem estranha – disse, roubando um pouco da batata frita de Nick sem ele perceber. – Aconteceu alguma coisa?

— Mas que droga, o que eu fiz agora? – perguntou Nick para si mesmo, como se tivesse esquecido a presença de Venus, ou de todos ao redor, considerando que aumentou o tom da sua voz com desespero e descontentamento no olhar. – Ela nunca está satisfeita com nada, sempre sou eu quem erra, mas ela também não me fala o que há de errado! Depois para de falar comigo sem motivo nenhum, me deixa na expectativa de que está tudo bem, e agora isso?! Mas que droga! Coelha tosca!

Ele precisou de alguns segundos para se recompor, nem percebeu que havia praticamente berrado no meio do shopping, e quando o fez, notou que todos o estavam encarando, ou rindo da sua cara, coisa que o envergonhou um pouco. Olhou para Venus, que ainda estava com os olhos arregalados pela surpresa de vê-lo explodir daquela forma. No fim, ela caiu na gargalhada.

— Nick, você parece uma fêmea na TPC – disse ela em meio de risos, o rosto dele esquentou ainda mais.

— Cala a boca – resmungou, levando seu sanduíche à boca mais uma vez, tentando disfarçar o nervosismo. – É que... a Judy me tira do sério às vezes.

— É a primeira vez que o vejo chama-la pelo nome – Venus já estava se recompondo, bebeu um gole de seu refrigerante, e não riu mais. Segurou a pata de Nick, tentando acalmá-lo. – Então a relação de vocês entrou numa maré de altos e baixos?

— O que devo fazer, Venus? – ele suplicou, pela primeira vez, expondo para alguém além de Judy seus dramas. – Ela não me fala o que há de errado, e... pra ser bem sincero, não parece ser coisa boa.

— Bem... converse com ela – Venus o acariciava com a ponta dos dedos, enquanto bebia mais um pouco de seu refrigerante.  – Vocês são melhores amigos, não são? Pra quê medo?

Ele encontrou abrigo nos olhos dela, e a ideia não lhe parecia tão absurda. Sorriu de canto e disse:

— Tem razão.

— Quer saber? – ela mudou seu tom para um mais ironizado com uma expressão maliciosa, ele levantou a sobrancelha no mesmo instante. Lá vinha coisa. – Vocês agem como casados. É bonitinho.

Nick não soube porque aquilo o envergonhou tanto a ponto que ativasse sua autodefesa.

— Não diga uma coisa dessas – respondeu rápida e rispidamente.

— Por que não? – perguntou, se divertindo com o nervosismo do parceiro enquanto ainda acariciava sua pata. – Estou começando a shippar vocês mais do que shippo a nós dois.

— Cala a boca – respondeu rápido mais uma vez, provavelmente pela vergonha. Revirou o rosto evitando dar a ela o gostinho de vê-lo nervoso, mas não podia evitar, Venus era, sem dúvida, uma boa amiga. – Você só fala besteira.


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Notas finais do capítulo

Acho que programarei o próximo capítulo para postar amanhã, o que acham? Sei lá, tenho medo dos avoados simplesmente clicarem no último link e não sacarem que postei dois capítulos DX.
Enfim, espero que tenham gostado, falem o que acharam, e até mais tarde (quando eu decidi se irei postar ou não)
Kissus ♥