Orgulho e Preconceito escrita por Mokocchi


Capítulo 10
Mero ciúme


Notas iniciais do capítulo

Hello, pessoas.
Já devem ter notado que estou demorando mais para postar os capítulos, coisa que vou explicar nas notas finais, e peço que leiam ;).
Joke, Layla203, Alegra, pessoas lindas que recomendaram a fanfic, vocês me emocionaram demais com seus textos! Graças a isso, o capítulo é dedicado a vocês.
Boa leitura!!



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Judy e Nick se entreolharam, ela respirou fundo, e finalmente tocou a campainha da pequena casa, totalmente inusitada para se morar um lobo. Lobos geralmente moram em bando, todos na mesma casa ou num mesmo condomínio, mas Nigel Wolfgang, morava num bairro misto como qualquer outro. Nick ainda não sabia os motivos do detetive ter sido expulso de seu clã, mas, considerando que este era um híbrido, a raposa já havia criado diversas teorias.

Ambos os policiais estavam nervosos, afinal, não ficariam surpresos de serem enxotados antes mesmo de entrarem. Nigel Wolfgang não parecia ser do tipo receptivo, principalmente tratando-se de policiais. Ainda não sabiam onde Venus estava com a cabeça quando disse:

“- Já liguei pra ele diversas vezes, ele não quis me ouvir. Mas... tomem, anotei o endereço dele nesse papel, talvez ele reconsidere ajuda-los se vocês forem pessoalmente.”

— Ainda não sei onde Venus está com a cabeça – disse Nick ajustando sua gravata, começando a ficar um pouco nervoso com a demora. – Se ele não deu atenção a ela, quem dirá a nós.

— Venus o conhece bem – Judy começou a bater o pé no chão rapidamente, realmente não era uma demora muito agradável. Estava tão nervosa quanto Nick, sem perceber, rasgando em pedacinhos o papel com as instruções que Venus os deu. – Talvez ela saiba o que está-

A porta foi aberta, dando-lhes um susto. O lobo os fuzilava com os olhos, tinha um olhar cansado e nem um pouco impaciente, a visita pareceu não lhe agradar nem um pouco. Com o silêncio desconfortável, os policiais se entreolharam mais uma vez, como se pedissem socorro um para o outro.

A coelha respirou fundo, estufou o peito e se recompôs.

— Boa tarde, senhor Wolfgang – sorriu com carisma, porém, com aquele olhar frio do detetive, sentiu que estava prestes a abaixar as orelhas. – Sei que isso é meio repentino, mas – ajustou seu distintivo –, ser um profissional está muito além das formalidades.

Wolfgang a olhava com desgosto e desdém, o mesmo olhar que punha no rosto no dia em que se conheceram, sinal de que seu conceito pelos policiais não havia mudado em nada. Suspirou com um cigarro em suas presas e resmungou:

— Por que vocês não desistem logo? – os policiais abaixaram as orelhas, ele tinha um tom tão sério e autoritário, sua voz transmitia calafrios. Deu uma última fungada e puxou a maçaneta, para fechar a porta. – Vão embora. Estão desperdiçando o meu tempo, e o de vocês também.

Antes que ela fechasse por completo, a raposa colocou o pé sobre a abertura num impulso, aquilo surpreendeu até mesmo o próprio Nick. Nigel, nem um pouco contente com a atitude do menor, voltou a abrir a porta com cara de quem estava se segurando para não esganá-los.

Nick engoliu seco e ajustou sua gravata mais uma vez.

— Senhor Wolfgang, sabemos que é um lobo ocupado – o nervosismo o esquentou mais, mesmo nas frias ruas de Tundralândia. – Mas o que acha de deixar nossas diferenças de lado e ouvir nossas considerações?

Wolfgang sentiu um toque de ironia na fala da raposa, coisa que o irritou bastante. Seria impossível negar que lobos e raposas eram espécies que não se davam, mesmo sendo biologicamente “primos”. Um não confiava no outro, e isto não fora diferente entre Nick e Nigel.

O lobo o fuzilava com os olhos, enquanto este se divertia, de certa forma, com a irritação do maior. Sentindo que ambos estavam prestes a se atacar, Judy se posicionou:

— Entenda, senhor Wolfgang, nós realmente precisamos da sua colaboração – Judy parecia suplicar, não aguentava mais tanta espera, e seu instinto de justiça já estava apitando há quase um mês.

Wolfgang não mudou sua expressão quando olhou para a coelha que, enfim, abaixou suas orelhas. O lobo rosnou para ela:

— Será que eu terei mesmo que expulsá-los daqui? – o maior juntou as sobrancelhas e cruzou os braços. – Saiam logo! Ou eu...

— Vai fazer o quê? Chamar a polícia? – Nick zombou, rindo do próprio comentário sem perceber a besteira que havia feito.

A coelha olhou horrorizada para a expressão incrédula do lobo, e em seguida, para o parceiro inconsequente. Fez questão de dar-lhe um soco no ombro, um forte, que o fez parar de rir no mesmo instante. Aquilo fora, acima de tudo, uma falta de respeito.

Judy começou a suar e a ficar mais nervosa. Nick fez o mesmo ao perceber a própria estupidez. E Wolfgang, por sua vez, estava se segurando para não bater a porta na cara dos policiais.

— S-Sinto muito por isso, senhor Wolfgang.

— E ainda se dizem profissionais – o lobo rosnou, cerrando os punhos. Os policias tremeram e engoliram seco.

— S-Sei disso... – pôs uma pata no bolso e tirou um cartão dali. – Eu entendo perfeitamente que nos queira fora daqui, mas... por favor, me ligue se mudar de ideia.

Estendeu o cartão com seu número para o lobo, que o tomou de suas mãos abruptamente, ambos esganavam Nick com os olhos agora. Judy se recompôs e voltou-se para o lobo mais uma vez.

— Realmente queremos ajudar – disse a coelha, transmitindo confiança no olhar. – Confie em nós.

Pela primeira vez Nigel Wolfgang demonstrou uma expressão diferente, Judy decidiu apostar suas esperanças nesta. Não era do tipo brava, parecia mais estar considerando alguma coisa. Provavelmente pela segurança no olhar da policial.

Houve uma troca de olhares entre o lobo e a coelha, uma que não durou meros segundos. De certa forma, e por mais que recusasse com todas as forças, Nigel havia encontrado algo especial nos olhos dela. Realmente, não parecia ser como todos os outros policiais. Ou melhor, era diferente de qualquer outro animal que já havia conhecido.

Quer dizer, exceto uma...

Mas, tudo o que é bom dura pouco.

— Vão embora – foi o que ele resmungou antes de bater a porta com força.

Após alguns segundos apenas encarando a porta fechada, Judy voltou o seu olhar furioso para Nick, que estava com o rabo entre as pernas, e o puxou para longe da casa, o segurando pela gravata.

Nick permaneceu com os orelhas baixas, sabia que lá vinha bronca.

— Qual é o seu problema? – ela começou, levando as patinhas à cintura enquanto batia o pé no chão. – Tem ideia do que fez?

— Sim, tenho – Nick pôs as mãos no bolso, desviando o olhar.

Estava com vergonha de si mesmo, e ainda assim, detestava receber críticas, ainda mais de Judy, que muitas vezes acabava por se achar a dona da verdade. Os dois começaram a caminhar pelas ruas, voltando para casa, mas isso não impediu a menor de continuar a reprimi-lo.

— Ainda não acredito que você disse aquilo – resmungou com a cara emburrada e as sobrancelhas juntas. – Foi desrespeitoso, foi arrogante, foi antiprofissional, foi um tiro no escuro! – levou uma pata à testa e fechou o outro punho, se segurando para não soca-lo mais uma vez. – No que você estava pensando? Se ele já nos odiava, agora ele quer nos ver queimar numa fogueira!

— Já entendi, cenourinha, já entendi. Eu fiz besteira – disse um tanto sem paciência, na verdade, estava com vontade de socar a si mesmo. – Sinceramente, nem sei porque disse aquilo.

— É, e agora ele nunca vai querer nos ajudar!

— Ele não parecia estar disposto a isso antes mesmo de eu fazer aquela piada – Nick finalmente encontrou um meio de se defender. Só de pensar em Wolfgang, sentia todos os nervos aflorando na pele. – Francamente, que cara irritante. Não me é surpresa ser um lobo.

— Pois é, mas não deixa de ser o cara que tem as pistas do nosso caso – aquilo soou como uma facada em seu peito, ele não saberia como protestar aquilo. – Já estamos nesse caso há um mês, Nick. Nunca demoramos tanto. Não podemos mais perder tempo desse jeito, e você não está colaborando com essa sua intriguinha besta com lobos.

Os policiais ficaram em silêncio até chegarem no ponto de ônibus, pretendiam chegar na Savana Central antes do anoitecer. Nick agora se encontrava nos suspiros da decepção, sentindo aquela típica vontade de voltar no tempo e impedir o feito. Judy, por sua vez, já estava se acalmando. Parando pra pensar, até que fora uma piada bem engraçada.

Eis outro ponto na relação dos dois: eles simplesmente não conseguiam sentir raiva um do outro por muito tempo.

— Foi mal – disse ele, cabisbaixo e num tom decepcionado. – Eu caguei tudo.

— Cagou mesmo – demorou para perceber que ela estava brincando. – Mas tudo bem, até os mais espertos tem suas recaídas de vez em quando.

Os dois riram.

— Coelha boba.

— Raposa burra.

—--X---

Por volta das onze e meia da noite, Judy foi para o térreo jogar o lixo reciclável fora, ela e Nick sempre revezavam nessa questão, fazendo o favor de jogar o lixo do outro fora também. Agora era a vez dela. Quando jogou os dois sacos fora e voltou para o saguão, não soube ao certo se encontrar com Venus no elevador foi realmente por acaso.

— E aí, Judy – sorriu a maior, tinha um aparelho de DVD em suas mãos, mas Judy preferiu não perguntar.

— E aí – a coelha retribuiu o sorriso e entrou no elevador.

— Soube que foram na casa do Wolfgang hoje – na intenção de puxar assunto, foi a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

Judy suspirou com as lembranças decepcionante, e Venus não se demorou para perceber.

— Você tem um amigo muito teimoso – brincou Judy, fingindo um sorriso.

— Sinto muito – pediu Venus, enquanto tentava apoiar o aparelho em uma só pata. – Prometo que não vou largar o pé dele até que ele os ajude – sorriu gentilmente com um olhar confiante. Judy, enfim, riu.

— Você não tem ideia do quanto está ajudando, Venus – disse, gentilmente. Elas trocaram sorrisos.

Judy percebeu que o elevador não parou no sexto andar e continuou subindo.

— Ué, você não vai...?

— Preciso devolver esse aparelho pro Nick – interrompeu a menor, num tom mais animado do que deveria. – Ele me emprestou ontem para eu assistir um filme.

— Ah, sim.

Nessas horas, Judy costumava sentir-se desconfortável por Venus mencionar Nick, e vice e versa. Mesmo tendo noção que poderia ser um ciúme bobo, ela sentia-se assim. Mas, depois da conversa que teve com Nick no domingo passado, ela não sentiu mais nada.

Nick não queria uma namorada, mesmo uma tão legal quanto Venus, aquilo a confortava de um jeito estranho, coisa que ela preferiu não explorar. Mas, quando Venus entrou toda sorridente no apartamento de Nick, não pode evitar de sentir um pouco de pena. Sabia que ela estava interessada em Nick, e muito provavelmente seria rejeitada...

“Mas, fazer o quê?” pensou com um sorriso que nem mesmo ela entendeu, dando de ombros, “A vida que segue”.

Judy entrou em seu apartamento, tirou seu uniforme de policial, e foi tomar um banho gelado. Passou o resto da noite assistindo TV, ou pelo menos, fingindo assistir. Estava pensando em Nigel Wolfgang, e se ele chegaria a ligar para ela.

Nem percebeu quando deu meia-noite, certamente acordaria exausta para o trabalho. Deitou em sua cama, e, por alguma razão, foi essa a pergunta que lhe veio a cabeça:

“Será que Nick a rejeitou hoje?”

Quando deu por si, estava sorrindo, isto a incomodou bastante. Estaria... feliz por Venus ser rejeitada?

“Hunf. Que coisa ridícula”, virou-se na cama, adormecendo em seus pensamentos. “Seria muito egoísmo da minha parte, eu não sou assim... Não é?”

—--X---

Quando Judy abriu os olhos, estava mais que na hora de levantar. Correu para o banheiro, colocou seu uniforme e, como de costume, invadiu o apartamento de Nick às pressas. Sem perceber toda a roupa espalhada no chão, fez o maior barulho ao abrir a porta do quarto dele.

— Acorda, Nick! Vamos nos atra-... sar...

Agora fazia sentido porque havia roupas no chão que não pareciam ser dele. Duas raposas entrelaçadas sobre o mesmo colchão, próximas, serenas, e nuas, se espreguiçando com os olhos cerrados por causa da claridade. A coelha com os olhos arregalados e o queixo a ponto de cair, nunca sentiu uma pontada no peito tão grande quanto a desse tremendo susto que foi a visão de Nick e Venus acordando juntos, claramente após uma noite de acasalamento.

Venus foi a primeira a focalizar a visão, e quando viu Judy na porta, sorriu para ela sem nenhum pudor.

— Você é bem barulhenta, oficial Hopps – sequer cobriu suas partes íntimas, apenas levantou-se, nua, procurando suas roupas espalhadas no chão. – Bem que você avisou, Nick.

— Ela sempre faz isso – disse ele, sorrindo com certa timidez enquanto cobria as partes íntimas com o cobertor.

Realmente ser flagrado nesse estado não era lá tão agradável, e no ponto de vista de Judy, flagrar tal cena, muito menos. Venus colocou toda a sua roupa, e isso pareceu incomodar um pouco o policial.

— Já vai? – ele pareceu suplicar que ela ficasse mais. Venus lhe deu um último beijo e sorriu.

— Você precisa trabalhar, oficial Wilde – as raposas riram, a coelha estava longe disso.

Venus passou por Judy, bagunçou seus pelos da cabeça, e saiu do apartamento. Agora os policiais estavam a sós, numa troca de olhares no mínimo estranha, ou desconfortável.

Nick levou a pata à nuca e desviou o olhar, sorrido, um tanto envergonhado, porém alegre. Deve ter sido uma noite e tanto para o oficial Wilde.

Já Hopps... Oh, pobre Hopps. Um sentimento havia acabado de nascer, e parecia esmaga-la com força. Olhava para Nick, e só lembrava de Venus, e do que acabara de presenciar, e de como estava confusa, e assustada.

Estava longe de ser um mero ciúme. Sentir o desconhecido certamente é assustador.


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Notas finais do capítulo

LEIA AS NOTAS FINAIS.
Primeiramente, espero que tenha gostado do capítulo, peço para que deixe seu comentário, e se está curtindo a fic e ainda não favoritou, favorite que ajuda muito ;).
Bom, sobre minhas demoras estendidas, a questão é que a tia Mokocchi agora... digamos... desencalhou. Pois é, milagres acontecem kkk. Não tô acostumada com uma vida amorosa ativa, é tudo muito novo, e já devem imaginar como isso não sai da minha cabeça, né? Sem contar que esse novo relacionamento me trouxe uma porrada de problemas com minha melhor amiga, e toda essa situação tem tirado minha inspiração. Nunca vou parar com a fanfic, apenas peço que tenham mais paciência com as demoras, realmente não é por querer, e eu queria MUITO voltar a ativa de antes. Deixem-me apenas digerir isso tudo, e os capítulos voltaram a sair rápido, com mais detalhes, e serão mais longos ;)
Bem, é só isso que eu queria dizer. Até a próxima o/
Kissus ♥