Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 4
Capítulo 4 - Desvelo


Notas iniciais do capítulo

Espero que ninguém aí tenha diabetes, porque o nível de açúcar desse capítulo tá ALTO! ♥



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"Alya, você sabe da Marinette?" Adrien estava ao telefone dentro do carro, rumo a casa de Marinette.

"Não sei não, por quê?" Alya colocou uma mão na cintura e sentiu um sorriso malicioso riscar seus lábios. O que aqueles dois andaram fazendo?

"Eu estou tentando ligar pra ela, mas o telefone só toca e ninguém atende." O garoto coçou a nuca "Quando foi a última vez que você falou com ela?"

"Hmm, logo depois que você foi embora a Marinette foi liberada do colégio, nós conversamos um pouco, ela me pediu o número do seu celular e depois nos despedimos" Alya estava em casa pronta para entrar no banho e recapitulava os últimos eventos.

"Quer que eu tente ligar pra ela?" Alya perguntou. Adrien sentiu o carro parar e olhou pela janela. Tinha acabado de chegar na casa da Marinette.

"Não precisa, acabei de chegar aqui. Depois eu te ligo, Alya!" O garoto falou, desligando e guardando o celular. Sentiu a batida da porta do motorista, indicando que ele estava dando a volta no carro para abrir a porta de trás.

"Eu vou ficar por aqui" Adrien falou "Depois ligo pra você me buscar, tá?" E sorriu para o motorista. O Gorila acenou positivamente com a cabeça, entrou no carro e foi embora. Plagg saiu de dentro da bolsa de Adrien, e seu nariz sacudiu efusivamente no ar.

"Sem cheiro de queijo? É, acho que não tem porque a gente entrar, Adrien. Vamos lá pro Nino, muito melhor. A Marinette deve estar..." Plagg viu Adrien passar por ele olhando diretamente para a porta da padaria. Aparentemente, não estava nem ouvindo o que o kwami falava. Colocou a mão sobre a maçaneta e girou-a, ouvindo o sino da porta e esperando alguém aparecer.

"Olá?" A voz do garoto ressoou pelo local. A temperatura do ar era fresca, sinal de que nada estava no forno. Talvez os pais dela não estivessem em casa. Sentiu uma pequena presença passar correndo pelo lado de sua cabeça, e viu que Plagg subia voando as escadas para o quarto de Marinette.

"Plagg! Pss!" Sussurrou e soprou entre os dentes, estendendo a mão na direção do kwami "Não! Volta aqui!" Abriu passos largos na direção da escada, com medo de que alguém pudesse ver o pequeno gato preto voador. Ficou olhando para o topo da escada e a porta de madeira aberta. Segundos que pareceram horas se passaram, e Adrien não sabia se deveria subir ou esperar ali. A resposta veio na presença do próprio kwami que desceu a escada como se fosse um pequeno avião a jato. Adrien só havia visto Plagg voar com tanta velocidade em sua direção quando levava uma caixa com camembert para casa.

"Adrien, rápido!" As pupilas do kwami estava três vezes o tamanho normal. Adrien sentiu um frio no estômago. A próxima coisa que percebeu era que seu corpo estava sendo arremessado escada acima , guiado pelas pernas que não lembrava de estar controlando.

Ao chegar ao topo, o frio do estômago de Adrien desapareceu. Tudo desapareceu. Ele não sentia mais nada, a não ser o mais puro e completo pavor. Viu Marinette deitada no chão, com a mochila revirada logo ao lado, e o celular caído de sua mão, ainda brilhando com inúmeros alertas de ligações e mensagens. No próximo segundo, o quarto de Marinette não era mais rosa. Tudo era branco. Muito branco. E o que ele via no chão não era mais Marinette.

Uma mulher loira de cabelos compridos estava deitada em uma posição parecida com a de sua colega de classe, desacordada. Sua roupa era semelhante a um uniforme de patinação artística, em um degradê de azul e verde. Da cintura, penas de pavão caíam graciosamente. Era como se ela estivese repousando. Dormindo. Todavia, a sensação de paz logo foi quebrada quando um líquido vermelho e viscoso começou a escorrer por baixo do corpo dela.

Adrien sentiu o peito subir e descer em uma respiração acelerada. Ele conhecia aquela mulher. Sabia quem ela era. Por que ele não conseguia lembrar? Sentiu uma violenta pontada na cabeça e suas pernas enfraquecerem. No exato momento em que seus joelhos tocaram o chão com força, as paredes cor-de-rosa do quarto de Marinette retornaram.

"Adrien!" Ele não queria acordar. Não queria voltar para aquele mundo. Não queria sentir aquilo de novo "Adrien!" A voz soava ao longe, como se ele estivesse embaixo d'água "Adrien!" A voz gritou com clareza, e os olhos do garoto se abriram como se fosse a primeira vez, lembrando-o de onde estava. "Ela está queimando de febre! Faz alguma coisa!" Plagg estava assustado, e Adrien lembrou o motivo.

Rastejou rapidamente até Marinette, pegando-a nos braços. Os cabelos da garota estavam colados no rosto, suor molhava sua testa e a respiração era rápida e pesada. Sem pensar duas vezes, ele ergueu-a nos braços e a levou até a cama. Adrien nunca tinha percebido o quanto Marinette era frágil. Seu corpo era pequeno e leve, e por um momento ele sentiu que poderia quebrá-la caso não fosse cuidadoso o suficiente. Andou com a garota nos braços e a colocou na cama gentilmente, sentando-se ao seu lado.

Franziu a testa em preocupação e passou a mão no rosto de Marinette, afastando as mechas de cabelo que haviam se soltado. Como se reagindo ao toque, Adrien viu Marinette expirar e pressionar o próprio rosto contra a mão dele. Ele sorriu timidamente. Ela ficaria bem. Ele daria um jeito, qualquer que fosse, para que ela ficasse bem.

"Eu achei isso." Plagg vinha com uma folha de papel em mãos. Adrien leu o aviso de que os pais de Marinette não regressariam, e sua preocupação se intensificou. Se avisasse o que tinha acontecido com a garota, eles ficariam absurdamente preocupados, e voltariam correndo de viagem, já que era isso que pais de verdade faziam. Adrien baixou a cabeça e fitou Marinette, ainda com esses pensamentos em mente. Alya? Isso, Alya!

Adrien puxou o celular, procurou o contato de Alya e discou. Ninguém atendeu. Tentou de novo. Nada. "Sinceramente, eu não sei porque as pessoas tem celular!" Ele enfureceu, passando a mão pelos cabelos. Do outro lado da cidade, Alya tomava banho enquanto seu celular tocava insistentemente sobre a cama.

"Já sei!" Adrien discou rapidamente no celular os número que sabia de cor "Tá aqui alguém que eu sei que vai me atender" Ouviu dois toques, e um clique do outro lado.

"Adrien?" o garoto sorriu satisfeito ao ouvir a voz desconfiada do outro lado.

"Nathalie, preciso de um favor seu!" e um silêncio infinito até que ela respondesse a seguir "O que você precisa?" Adrien sentiu o coração pulsar mais forte. Ele considerava Nathalie um membro da família, muitas vezes até mais do que o seu próprio pai, e saber que podia contar com ela o deixava muito feliz.

"Preciso que você mande um médico no endereço que estou te enviando por mensagem. É muito importante" Adrien levantou da cama onde estava, e olhou para o rosto de Marinette "É para uma amiga que não está muito bem. Diz pra ele que ela está com muita febre e respirando com dificuldade. E, por favor, que seja rápido." Ouviu um suspiro, e uma pausa.

"E você, está bem?" A voz de Nathalie soou do outro lado, e Adrien sentiu o peito aquecer com a preocupação da secretária de seu pai que não precisaria sequer se importar com ele. "Estou sim, Nathalie, muito obrigada. Eu devo voltar tarde pra casa hoje, tá? Qualquer coisa vou estar nesse endereço da mensagem, não se preocupe." E desligou o telefone.

"A Nathalie é legal" Adrien ouviu a voz de Plagg atrás de sua cabeça.

"É sim" disse Adrien digitando o endereço de Marinette em uma mensagem, logo depois virando-se sério para o kwami "Plagg, você precisa se esconder em algum lugar. Se a Marinette acordar e te ver..." o pequeno gato preto baixou a cabeça, em sinal de derrota "Eu sei, eu sei. Vou lá pra baixo. Quam sabe acho um pedaço de queijo dando sopa!" o garoto cobriu o rosto com a mão. A crise nunca atrapalhava o apetite do kwami.

Adrien olhou no chão e viu a toalha azul que havia emprestado para Marinette mais cedo cuidadosamente dobrada, caindo da mochila. Pegou-a do chão, indo até o pequeno banheiro que ficava anexo ao quarto de Marinette no sótão. O pequeno cômodo cheirava a perfume e xampu de cereja. Doce e suave. Sentiu o rosto quente e sacudiu a cabeça para manter a concentração. Ligou a torneira e molhou o tecido completamente, torcendo-o logo depois para retirar o excesso de água. Levou a toalha até a cama de Marinette e sentou-se novamente ao lado dela.

Adrien via o quanto a garota estava esforçando-se para respirar e o quanto parecia estar sofrendo. O coração dele se partia em vê-la daquele jeito e não poder fazer muita coisa. Pegou a toalha com cuidado, passando-a no rosto de Marinette com cuidado, na esperança de baixar um pouco sua febre. Não entendia muito sobre cuidar de pessoas doentes, mas sabia que compressas frias ajudavam a baixar a temperatura corporal. Marinette reagiu ao toque da toalha, relaxando as expressões faciais. Ver a reação de Marinette encheu o estômago de Adrien de borboletas. Poucas vezes duarante a vida ele teve a oportunidade de cuidar de alguém. Com a mão direita, afastou delicadamente a franja da garota, e com a esquerda posicionou a toalha fresca sobre a testa febril de Marinette.

Adrien apoiou o cotovelo direito no joelho, e inclinou a cabeça para o lado, observando a menina. Marinette sentava atrás dele na escola, e quando eles estavam fora de aula ela sempre parecia com pressa ou agitada, então poucas vezes eles tiveram oportunidade de conversar. Lembrava das vezes em que havia ido à casa dela, e em como se sentia confortável lá, mesmo sendo um lugar estranho. Olhava o quarto de Marinette e se perguntava o que mais sobre aquela garota ele não sabia.

"Adrien?" os olhos verdes caíram rapidamente sobre ela no momento em que ouviu seu nome soar em uma voz baixa e incerta. Ela ainda estava de olhos fechados. "Oi, Marinette, sou eu" ele inclinou o corpo para mais próximo dela, sorrindo descansado por ouví-la.

"Não! Não!" Marinette franziu a testa, e sua respiração acelerou "Adrien, não! Cuidado!" A voz de Marinette era mais alta, em tom urgente, e ela havia começado a se debater. Adrien entrou em pânico "Hey, Marinette! Hey!" Ele segurou os ombros da garota delicadamente, inclinando mais o corpo para que ela o ouvisse "Está tudo bem. Está tudo bem." Ele sentiu o corpo dela relaxar enquanto ele falava "Eu estou aqui. Está tudo bem. Eu não vou sair daqui."

Adrien pegou as mãos de Marinette e uniu-as dentro das suas, fazendo uma concha de proteção. Sentiu então a garota respirar fundo e soluçar, como se estivesse se recuperando de uma crise de choro, mas ele não via lágrimas "Vai dar tudo certo, Marinette. Eu prometo. Eu não vou sair daqui, tá?" E então Marinette voltou a respirar como antes.

O garoto expirou em alívio. Ainda sentia o peito palpitando em preocupação, mas ter conseguido acalmá-la o fez sentir-se muito melhor. No momento em que ia levantar para molhar a toalha mais uma vez, ouviu a campainha no andar de baixo. O médico. Finalmente.

Ele desceu correndo as escadas e abriu a porta para o homem de meia idade. Sorriu esperançoso ao vê-lo. O Dr. Dousseau era médico de Adrien desde que ele lembrava de estar vivo. O garoto havia ficado doente pouquíssimas vezes durante a vida, mas em todas elas Gerard Dousseau estava lá para ajudá-lo. Confiava no homem com a própria vida.

"Olá, Sr. Agreste" O médico fez uma pequena reverência em tom brincalhão e Adrien sorriu abertamente. Gerard o chamava assim desde que o havia conhecido, um deboche que começou quando ouviu um empregado chamá-lo desta forma aos 6 anos de idade. Perceber que Adrien ficava desconfortável com o título apenas fez com que pegasse mais fácil "Muito obrigada por vir, doutor. Quando eu cheguei, ela estava desmaiada. Não devia fazer muito tempo, porque ela havia atendido uma ligação minha cerca de meia hora antes de eu chegar aqui. Ela está com muita febre e respirando pesado" Adrien explicava enquanto levava Gerard escada acima até o quarto de Marinette.

O médico examinou Marinette por alguns minutos, enquanto Adrien sentava na cadeira em frente a escrivaninha. Viu Gerard guardar o estetoscópio de volta na bolsa, retirando algumas cartelas de comprimido "Ainda bem que você pensou em contar para a Nathalie os sintomas de sua amiga, porque isso fez com que eu pudesse vir preparado com algumas medicações" Adrien balançou a cabeça seriamente "Eu achei que seria importante" O médico checava as medicações nas mãos "E foi. Sua amiga está com pneumonia. Não é nada muito grave, mas ela deve fazer o tratamento correto, do contrário deverá ser internada."

Adrien engoliu a seco, prestando atenção "Ela deve tomar esse de oito em oito horas, esse de seis em seis horas e esse de quatro em quatro horas caso continue com febre" o Dr. Dousseau colocava as cartelas nas mãos abertas de Adrien, que memorizava tudo atentamente. O garoto foi até a escrivaninha e separou as cartelas para não confundir as medicações.

"Você fez um ótimo trabalho, ela vai ficar bem" Gerard sorriu para o garoto, colocando a mão direita sobre seu ombro e segurando a pequena maleta com a esquerda, adicionando "Sr. Agreste." Adrien riu e acompanhou o homem até a saída, agradecendo imensamente. Sabia que qualquer consulta seria cobrada diretamente de seu pai, mas Gabriel Agreste nunca se preocupava com dinheiro.

Adrien foi até a cozinha, encheu um copo de água e subiu para o quarto de Marinette. Ele sabia que ela precisava começar a tomar as medicações o quanto antes para melhorar. Foi até a escrivaninha, separou os comprimidos da cartela e sentou-se ao lado da garota na cama "Hey, Marinette" ele chamou em um murmúrio, esperando que ela ouvisse "Vamos, acorde" Ele tirou a toalha da testa dela, e imediatamente a garota franziu a testa. Reação. Aquilo era bom. "Vamos, bem rápido, depois você volta pra descansar" Apesar da insistência, os olhos da garota permaneciam fechados.

Ele teria que ser mais firme, aquilo era importante. "Marinette, aqui, você precisa disso pra melhorar" Adrien então colocou a mão atrás do pescoço dela, puxando-a devagar para sentá-la na cama. "Aqui, toma isso" disse encostando um dos comprimidos nos lábios de Marinette, que os abriu para aceitar o remédio, oferecendo em seguida o copo com água da mesma forma, segurando-o e inclinando-o vagarosamente para que ela conseguisse engolir. Repetiu o processo três vezes, para cada um dos remédios, lentamente e com muito cuidado, já que Marinette não havia acordado completamente. Sorriu satisfeito consigo mesmo por ter conseguido fazê-la tomar os remédios. Colocou novamente a mão atrás do pescoço da garota, para ajudá-la a deitar, e foi aí que a cadeia de eventos irreversível começou.

Adrien sentiu os braços de Marinette envolverem seu pescoço, e congelou. Sentia a respiração da garota próxima a seu ouvido e aquilo estava lhe causando sensações que não sabia explicar. "Marinette, por favor" ele fechava os olhos com força, rezando para que ela o soltasse e, como resposta, algo pior aconteceu. A voz dela em seu ouvido.

"Adrien"

Sussurrada e lenta, a voz de Marinette penetrou Adrien como uma flecha. O coração dele deu um salto, e por um minuto esqueceu até de respirar. Não movia um músculo sequer. O calor do corpo de Marinette confundia-se com o seu. Sentiu os braços dela em torno do seu pescoço relaxarem, e aproveitou a deixa para colocá-la deitada de volta no travesseiro.

Ele demorou-se vários minutos olhando para o rosto adormecido da garota. Por algum motivo sem explicação, ela parecia mais bonita do que ele lembrava. Sentiu o coração palpitar e arregalou os olhos com os pensamentos que começavam a tomar conta de sua sua mente. O que estava acontecendo com ele? Adrien impulsionou o corpo para levantar da cama e sentiu uma resistência em torno de seu pulso direito. Ao olhar para baixo, viu Marinette deitada de lado, segurando-o enquanto dormia, e ele não havia percebido antes.

Adrien sentou-se no chão, ao lado da cama, e ficou obervando Marinette dormir. Ao longo dos minutos, notou que as bochechas dela ficavam menos vermelhas. Adrien colocou a mão direita sobre a testa da garota, percebendo que a temperatura havia diminuído.

O garoto sentiu um leve sorriso chegando aos seus lábios ao ver que até a expressão de Marinette era mais tranquila. Desceu os dedos pela testa da garota, mas algo o impedia de quebrar o contato com a pele dela, e sua mão continuou lentamente, percorrendo o rosto gentilmente com a ponta dos dedos.

Adrien sentia-se inebriado. Não sabia explicar o que sentia, mas não queria parar de sentir. Deitou a cabeça sobre a cama e colocou a mão direita sobre a dela, que segurava seu pulso. Observava o rosto de Marinette e ouvia o som de sua respiração que se tornava mais e mais lenta, junto com a dele. Minutos depois, Adrien pegava no sono.


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Notas finais do capítulo

Deixem corações e comentários comigo que eu entrego pro Adrien quando ele acordar ;3



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