Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 3
Capítulo 3 - Limites


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam prontos! ~~
GO!



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A aula passou se arrastando, e Marinette teve que ser acordada duas vezes. E as duas vezes na aula de ciências. Obviamente, depois do ocorrido, ela foi obrigada a ficar mais uma hora depois da aula respondendoa a um teste extra antes de ser liberada. Quando saiu, viu que Alya e Nino ainda lhe esperavam e sorriu ao vê-los lá.

"O que vocês ainda estão fazendo aqui?" Marinette perguntou, acelerando o passo para se juntar aos dois.

"Nossa, você já saiu, Marinette?" Alya olhou a hora no celular "A gente ficou conversando e acabou perdendo a noção do tempo!" e virou-se para Nino, continuando "Nós estávamos comentando sobre como o Adrien estava triste hoje durante a aula e agora há pouco quando nos despedimos. Parece que ele não vai poder mesmo ir na festa do Nino".

Mari viu Nino cabisbaixo, olhando para o chão. "Eu não sei como o Adrien aguenta" O garoto começou, e sua voz tinha um toque de ferocidade "Aquele pai dele fica arrastando ele de um lado para o outro! Se acha grande coisa só porque faz roupas caras! Custava ele poder ir no meu aniversário? Eu também tenho sentimentos." E chutou uma pequena pedra que estava próxima a seus pés.

Alya e Marinette se entreolharam. Nino e Adrien eram melhores amigos há muito tempo, e as duas sabiam o quanto eles se importavam um com o outro. O silêncio logo se tornou pesado, e Marinette sentiu que deveria dizer algo pra quebrar o clima.

"Mas Nino, como você acha que o Adrien está se sentindo?" Alya levantou a cabeça rapidamente para olhar a amiga falando, e Nino relaxou o franzido da testa. "A essa hora ele deve estar em um lugar onde ele não queria estar. E tenho certeza absoluta que ele trocaria qualquer coisa para estar aqui com você, e que também deve estar sofrendo por isso." Marinette colocou a mão sobre o ombro de Nino, e Alya sorriu com ternura. Mari olhou para a amiga e viu orgulho em seus olhos.

"Você tem razão, Marinette. Eu só pensei em mim mesmo. Não estou sendo um bom amigo." Nino falou em um murmúrio.

"Você é um ótimo amigo, Nino. Só está chateado e é normal. E tudo bem." Alya sorriu para o garoto e abraçou seu pescoço com o braço, aproximando-o de si. "Agora vamos esquecer de toda essa história e comemorar a velhice de alguém?" A ruiva disse rindo "Que horas na sua casa, Nino?"

"Às 20:00!" Nino sorriu abertamente "Fiz uma seleção de músicas que vai arrebentar!"

"Aposto que vai!" Alya parecia empolgada "A gente se vê lá então!" E Nino se separou das duas meninas.

"Ele ficou bem chateado, né?" Marinette perguntou, vendo Nino se afastar.

"O Adrien é o melhor amigo dele. É de se entender." Respondeu Alya.

"É sim, mas..." Os olhos de Marinette se iluminaram no mesmo instante, e a garota agarrou os braços de Alya com força, gritando "Alya! Você tem o telefone do Adrien!?"

"Meu Deus, garota, você vai me esmagar desse jeito!" Alya riu, pegando o telefone dentro da bolsa "E de onde veio toda essa coragem? Resolveu finalmente se declarar?" A amiga lhe lançou um olhar brincalhão.

"Para com isso, Alya! É sério! Eu tive uma ideia pra fazer o Nino e o Adrien ficarem felizes e de bem de novo! Me passa o telefone dele, por favor!" Marinette implorava, pegando o próprio aparelho para pegar o número.

"Eu tinha certeza que você tinha o número dele na sua agenda" Alya riu "Inclusive com aquele emoji de coraçãozinho do lado".

"Você sabe muito bem que eu tive que deletar com medo de mandar outra daquelas mensagens de voz sem querer!" Mari estava com a testa franzida, fingindo indignação, mas depois de tanto tempo do que acontecera, lembrar era um pouco engraçado. Ou muito para a Alya, que ainda não tinha parado de rir.

"Tá bem, tá bem, aqui" A ruiva alcançou o aparelho para Marinette, que copiou o número no próprio celular. "Só vê se não inventa nenhuma loucura. Mas se inventar, me liga e me conta antes, porque você sabe como eu adoro essas coisas!" As duas riram tanto que Marinette teve uma crise de tosse "Só não morre, Mari!" E as duas continuaram rindo, mas Marinette sentiu uma forte dor no peito enquanto tossia e disfarçou. "Então tá, a gente se fala! Eu te ligo mais tarde para te passar os outros detalhes, senão a gente se vê lá no Nino!" Marinette sorriu para a amiga "Até lá então!" Alya abanou se despedindo, e cada uma seguiu para um lado.

Marinette segurou o celular junto ao peito. A dor havia aliviado. Talvez tivesse sido só pelas risadas, então ela decidiu ignorar.

Agora o que ela precisava mesmo fazer era juntar coragem para apertar o botão de discar e ouvir a voz de Adrien. Mais ainda, ela precisava juntar coragem para falar pelo menos uma frase que fizesse sentido sem se atrapalhar completamente.

"Uma mensagem de texto! Isso!" a garota sorriu abertamente para si mesma, desbloqueando o celular "Você é um gênio, Mari!"

"O que você vai fazer, Marinette?" ela ouviu a kwami perguntar de dentro da bolsa.

"Eu vou dar um jeito de fazer o Adrien aparecer na festa do Nino, nem que seja um pouco" Mari abriu uma nova mensagem de texto, rindo sozinha. E agradeceu a todos os deuses da tecnologia por inventarem um lugar onde ela pudesse se comunicar com o Adrien sem gaguejar miseravelmente. Colocou os dedos sobre o teclado e começou a digitar.

[ Oi, Adrien, aqui é a Marinette. Espero que não se importe de eu estar te mandando essa mensagem de texto, mas queria saber até que horas é o seu ensaio fotográfico hoje à noite! Eu tenho um plano pra te ajudar a ir na festa do Nino! ]

Marinette leu e releu a mensagem. Ficou esperando a resposta por alguns segundos, mas como não a obteve, resolveu seguir caminhando para casa, mantendo o celular em mãos, caso ele respondesse. No momento em que estava atravessando a rua, ela sentiu o celular vibrar, e puxou o aparelho para a altura dos olhos, sorrindo antecipadamente. Antecipadamente até demais. Seu sorriso sumiu na mesma hora em que seus olhos arregalaram e seu coração acelerou.

Adrien. Ligando. Pra ela.

O telefone deu três pulos no ar até Marinette conseguir equilibrá-lo nas mãos novamente. Ela posicionou o dedo sobre o botão de atender e o manteve ali por vários segundos, tremendo incontrolavelmente. Se atendesse, seria um fiasco. Se não atendesse, seria falta de educação. Levantou o celular no alto como se fosse uma granada prestes a explodir e atendeu de olhos fechados.

"Marinette?" - ela ouviu a voz soar do outro lado, e quando foi responder se engasgou com a própria saliva e teve uma crise de tosse. Uma bem feia. Daquelas que dá vergonha até de contar. Seria até bem engraçado se ela pudesse respirar. O que não estava acontecendo.

A tosse continuou e continuou, até o ponto em que ela teve que se abaixar para conter os espasmos e conseguir puxar um pouco de ar. Sem perceber, nesse meio tempo, desligou o celular sem nem conseguir responder ao Adrien. Ela não sabia o que sentia mais forte: vergonha, raiva ou falta de ar. Sentou no meio fio da calçada tentando puxar oxigênio para dentro dos pulmões, com dificuldade.

"Marinette, o que você tem?" Ouviu a vozinha de dentro da bolsa perguntar.

"Eu não sei, Tikki." Marinette secava as lágrimas do canto dos olhos, provocadas pelo esforço da tosse. Sentiu então um calafrio percorrer seu corpo, e jogou os braços em torno de si mesma, na tentativa de se aquecer. Viu a kwami alçar voo de dentro da bolsa e tocar sua testa.

"Marinette, você tá queimando de febre!" Tikki olhou fundo nos olhos da garota que respirava com dificuldade. Mari sentia que tinha toneladas de areia dentro dos pulmões.

"Adrien" Mari lembrou, ofegante, pegando o celular. Viu mais duas chamadas não atendidas, ambas do garoto, e a caixa de mensagens com 4 novas mensagens.

[ Marinette, você tá bem? ]

[ Marinette, você tá aí? ]

[ Hey, tá tudo bem? ]

[ Por favor, responde ]

A garota levantou com dificuldade e começou a andar em direção a sua casa. Nesse meio tempo, a noite já havia tomado conta do céu de Paris. Precisava responder as mensagens de Adrien, mas antes tinha que sentar em algum lugar onde não alarmasse tanto as pessoas que passavam.

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Adrien viu um alerta pular na tela do celular e ergueu uma sobrancelha ao ver que era Marinette. Já estava arrumado para o ensaio, no camarim do estúdio, esperando os fotógrafos terminarem os ajustes. Abriu a mensagem e enquanto lia seu olhar foi de dúvida para alegria. Ele não sabia o que Marinette tinha em mente, mas fosse qual fosse o plano, ele estava dentro! Tudo para não perder a festa do melhor amigo.

"Agora são 19:00" pensou, fazendo contas de cabeça "Uma meia hora para cada look mais 15 minutos entre um e outro para troca e descansar..." Ele batia o indicador direito nos dedos da mão esquerda, calculando "Devem me levar pra casa às 22:00!" Ele pensou se ajeitando no banco do camarim e pegando o celular pra digitar a resposta, mas parou no mesmo instante.

O garoto estava curioso sobre o plano de Marinette. Queria saber o que ela tinha em mente. Mais do que isso, não queria que ela se metesse em encrencas por causa dele. Baixou os olhos para o celular e pressionou o número de telefone com o contato dela. Ouviu um clique do outro lado.

"Marinette?" Adrien perguntou sorrindo, mas ao invés de uma resposta do outro lado ouviu Marinette tossindo, como se estivesse se engasgando. Colocou a mão sobre a boca para rir, mas a seriedade tomou conta quando percebeu que ela não estava se recuperando.

"Marinette, o que aconteceu?" Mas a tosse não parava "Marinette!?" Sem nem perceber ele já estava em pé, gritando ao telefone. No segundo seguinte, a ligação caiu. Ele apertou no botão de rediscagem imediatamente. Sentia o coração pulando na garganta. A garota não atendeu. Talvez ainda estivesse se recuperando e não conseguisse falar, então mandou a primeira mensagem:

[ Marinette, você tá bem? ]

Dez segundos. Nada. Ligou de novo. Nada. Gemeu, sentando no sofá do camarim. Continuou enviando mensagens, e a cada minuto que não recebia resposta, demonstrava mais angústia.

"O que aconteceu?" Plagg apareceu em frente ao rosto cheio de preocupação de Adrien "Você tá fazendo a mesma cara que eu faço quando acaba o queijo lá em casa!"

"É a Marinette. Ela teve uma crise de tosse muito feia e desligou o telefone. Agora não tá atendendo nem respondendo as minhas mensagens." Adrien passou a mão nos cabelos e se recostou no sofá "Tem alguma coisa estranha acontecendo com a Marinette, Plagg." Ele olhava para o celular, suspirando preocupado.

"Que tipo de coisa?" O kwami perguntou com curiosidade, afinal não era sempre que via Adrien tão preocupado. Três batidas foram ouvidas na porta e uma garota de cerca de 20 e poucos anos entrou no camarim.

"Sr. Adrien, o ensaio fotográfico terá que ser cancelado hoje. O seu pai foi chamado para uma reunião de urgência em Milão. O carro está lá fora lhe esperando para ir para casa." A garota de roupa formal e prancheta em mãos saiu, fechando a porta atrás de si.

"Não sei se fico triste ou feliz com isso" Adrien inclinou a cabeça para o lado pensando.

"Agora quem sabe você consiga ir na festa do Nino! E aposto que vai ter salgadinho de queijo!" Plagg falava feliz, com as pontas das orelhas sacudindo "Ah, voltando ao que você estava falando, o que você acha que tem de errado com a Marinette?" Plagg perguntou, lembrando da conversa antes da garota entrar para dar o aviso.

"Não sei, mas hoje cedo..." Adrien parou de falar, pensativo. Tinha o horário livre agora, poderia fazer o que quisesse "Plagg, acho que vou ir ver se a Marinette está bem. E depois posso passar lá no Nino" O garoto sorria consigo mesmo. Gostava muito desses pequenos momentos de liberdade que lhe eram dados, mesmo que sem querer.

"Vamos! Eu adoro os salgadinhos de queijo que a mãe dela faz!" Plagg rodopiou no ar, comemorando as posibilidades, e Adrien riu do kwami esfomeado.

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Marinette abriu a porta de casa e entrou cambaleante. Sentia o frio penetrando em seus ossos e sua visão estava embaralhada. Respirar era muito, muito difícil.

"Mãe?" a garota chamou baixo, puxando o pouco de fôlego que ainda tinha. Não ouviu respostas "Pai?" Nada.

Tikki saiu voando de dentro da bolsa rosa, percebendo que as duas estavam mesmo sozinhas em casa. Viu um bilhete da Sra. Dupain-Cheng em cima do balcão da padaria, avisando que o casal iria fazer uma entrega de salgados de última hora na cidade vizinha e voltariam muito tarde.

"Você precisa ligar pra alguém, Marinette. Você não tá bem." A kwami olhava os passos incertos da garota subindo a escada em direção ao quarto.

"Eu sei, eu vou ligar pra Alya." Mari abriu a mochila com dificuldade, ajoelhando-se no chão, ofegante. Pegou o celular em mãos e sentiu o mundo girar. No próximo segundo, tudo era escuridão.


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Notas finais do capítulo

Vai ficar tudo bem (ou não) D:
Socorro, perdi o controle!



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