Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 20
Capítulo 20 - Recordações


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao capítulo 20 e falta pouco pra terminar ;___;



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Ladybug correu até Chat Noir, que estava de joelhos sobre o primeiro andar da Torre Eiffel, com a cabeça entre as mãos.

"Não. Não. Nãonãonãonãonão." ele sacudia a cabeça de um lado para outro enquanto murmurava repetidamente "Não pode ser verdade, não pode ser verdade, isso não pode estar acontecendo, não, não, não" Ladybug ajoelhou-se ao lado dele.

"Chat, calma." ela ergueu as mãos na direção dele, mas tinha medo de tocá-lo e piorar a situação "Chat, calma, por favor." Ladybug aproximou o rosto do dele, tentando fazer contato visual, mas ele não parava de sacudir a cabeça mirando o chão com os olhos arregalados.

Ela sentiu o coração sangrar ao vê-lo daquela forma. De todas as coisas que poderiam acontecer, aquela era a pior de todas. Ladybug se arrastou de cócoras até a frente do garoto em pânico e segurou a cabeça dele entre as duas mãos, forçando-o a fitá-la nos olhos.

"Adrien, sou eu." ela murmurou, sentindo os dedos trêmulos mergulhados nos cabelos dele, pressionados contra o couro cabeludo, e viu os olhos verdes briharem em reconhecimento na direção do rosto dela.

Quando ouviu o próprio nome, Chat engoliu a seco e piscou duas vezes, como se acordando de um sonho ruim. Deixou-se cair para trás, sentando na marquise de metal e erguendo os olhos para a grande janela redonda escondida entre as sombras. Sentia-se anestesiado, sem reação. Todo aquele treinamento para ficar mais forte, para ficar mais resistente, e ali estava ele, quebrando até o último pedaço.

"Vem, vamos." Ladybug se levantou e estendeu a mão para Chat "Não vamos ficar aqui. Vamos."

Chat não sabia o que estava acontecendo, não conseguia raciocinar, não queria pensar, mas confiava nela. Segurou a mão, erguendo-se do chão e sentindo cada membro pesar uma tonelada. Achava que não seria capaz de caminhar, mas quando ela o puxou, ele colocou um pé a frente do outro, deixando-se levar.

"Me segue." ela disse, e os dois começaram a voltar para a casa de Adrien.

No meio do caminho, ele travou. Parou em pé sentindo tremores o atingirem como raios, e o suor frio escorrer pelo seu rosto. O Miraculous de Ladybug apitou pela primeira vez e ela levou a mão até um dos brincos. Olhou para os lados, para Adrien, e depois para a janela estendida diante deles. Parecia apenas uma janela, mas era o símbolo final de uma jornada, e o local onde ela estava não tornava nada daquilo mais fácil.

"Droga." ela não podia deixar ele ali, mas também não podia ficar e arriscar que os dois fossem descobertos pelas pessoas que eventualmente passassem, então tomou uma decisão.

Ladybug seguiu para onde ia e deixou Chat para trás. Quando alcançou a janela do quarto de Adrien, entrou, pegou o bastão e o iôiô que haviam deixado lá e voltou correndo. Quando se aproximou, ele estava exatamente na mesma posição na qual ela o tinha deixado. Ele não parecia ter percebido que ela se afastara ou se aproximara.

"Aqui, pega. Vamos." ela falou com ternura, segurando a mão dele e abrindo-a, colocando o bastão ali para que o sentisse. Viu os dedos dele se fecharem em torno do bastão e sorriu de leve. Um passo de cada vez. "Agora me segue."

Ela atirou o iôiô na direção do prédio mais alto, se impulsionando até lá, e olhou para trás, esperando Chat fazer o mesmo com o bastão. Ele se moveu até o lado dela, mas seus olhos não demonstravam qualquer emoção. Ladybug sentiu um medo que nunca sentira antes. Ele havia erguido um muro para se proteger de todos aqueles sentimentos que o estavam consumindo por dentro. Precisava ser rápida.

Ladybug repetiu os movimentos de prédio em prédio, sempre esperando que ele a seguisse, até a hora em que avistou a própria casa. Os dois pousaram na cobertura da casa de Marinette, e ela abriu a porta da clarabóia, fazendo sinal para que ele a seguisse. Os movimentos dele eram robóticos e obedientes. Ela sentiu as sobrancelhas descerem sobre os olhos, estampando a preocupação em toda sua face. Segurou a mão dele com força e puxou-o para dentro, fechando a clarabóia acima de si.

Chat Noir entrou no quarto e ficou parado em pé, olhando para o nada. Ladybug segurou-o pela mão e os dois desceram a escada do mezanino.

"Espera aqui" ela sussurrou, colocando-o sentado na beirada da cama.

Ela pousou a mão levemente sobre o rosto dele tentando conseguir uma reação e viu o olhar dele subir na direção dela e descer novamente para os próprios pés. Ela considerou aquilo como um sinal positivo. Sorriu de leve e andou até a porta no chão do quarto que dava saída para o andar de baixo da casa.

Ela olhou para Chat e mal conseguia ver os ombros dele se movendo com a respiração. Ele estava em choque. Ela fechou os olhos e apertou os punhos com força. Ele não merecia nada daquilo. Ela precisava liberar a transformação, e sentia-se muito estranha em fazer aquilo ali na frente dele, mas tinham problemas mais sérios a serem resolvidos, então ela ignorou toda a vergonha que sentia e respirou fundo vendo o brilho vermelho envolvê-la, voltando a ser Marinette. Tikki caiu nas suas mãos, sentada. Não parecia muito cansada, mas ainda assim Marinette colocou-a com cuidado sobre a escrivaninha.

"Tikki, fica de olho nele. Eu preciso ir lá embaixo pegar algo pra gente comer e despistar meus pais." ela falou para a kwami.

"Pode deixar, Marinette, mas não demora" Tikki falou em um tom sério e preocupado, e acenou para Marinette.

A garota abriu a porta no chão, olhando novamente para Chat antes de sair do quarto suspirando. Que situação infernal. Fechou a porta atrás de si e desceu as escadas rapidamente, chegando até a cozinha. Andou até a padaria e viu que seus pais estavam trabalhando.

"Oi, mãe, pai!" ela sorriu, mostrando os dentes e acenando.

"Meu Deus, Marinette! Eu nem te vi entrar!" Tom falou, terminando de empacotar um bolo para uma cliente que aguardava no balcão. Sabine virou-se para ela e sorriu, mas não disse nada.

"É, pois é, eu passei meio correndo." ela coçou a nuca e forçou um riso, sentindo-se gelar. Havia esquecido de entrar pela porta da frente. Ia se aproveitar do fato de que seus pais estavam a maioria do tempo distraídos com a quantidade de pessoas que entrava e saía da padaria "Eu só vim avisar que eu vou ir dormir mais cedo hoje porque estou muito cansada, tá?" ela precisava de um motivo para mantê-los longe do quarto dela, e sabia que seus pais respeitavam o seu sono.

"Não tem problema, Mari." Sabine começou, andando até ela e colocando a mão sobre a cabeça da garota "Só se cuida, tá bem?" Marinette ergueu uma sobrancelha, sem entender.

"Ahn, tá?" inclinou a cabeça e virou as costas, deixando Sabine com uma ruga de preocupação curvada sobre a testa.

Marinette correu até a cozinha e abriu a geladeira, servindo dois copos de leite e colocando alguns biscoitos em um prato. Equilibrou tudo em uma bandeja e subiu as escadas devagar. Não podia derrubar aquilo de jeito nenhum.

Quando chegou no topo da escada, percebeu que não conseguiria levantar a porta e subir com a bandeja ao mesmo tempo. Largou a bandeja sobre o último degrau e empurrou a porta para cima, abrindo-a. Colocou a bandeja sobre o chão do quarto e subiu, fechando a porta a seguir. Entregou alguns biscoitos para Tikki e virou-se para Chat que estava sentado sobre a cama na mesma posição e com o mesmo semblante desde que haviam chegado.

"Como ele está?" Marinette perguntou para Tikki.

"Não se mexeu desde que a gente chegou. Murmurou uma ou duas coisas que eu não entendi, mas foi só." a kwami falava comendo um biscoito devagar.

"Será que ele vai ficar bem, Tikki?" Marinette sentiu o coração apertar em aflição.

"Vai." Tikki respondeu com convicção e Marinette a olhou surpresa "Claro que vai, você está do lado dele." e sorriu para a garota, que franziu a testa e engoliu a seco, acenando positivamente com a cabeça.

Ela não o deixaria enfrentar aquilo sozinho. Não o deixaria enfrentar nada sozinho.

Marinette andou com a bandeja em mãos e a colocou ao lado dele, sobre a cama. Pegou um dos copos de leite e ofereceu para Chat. Ele sequer se moveu. Continuava a olhar para os próprios pés com as mãos sobre o colo e os ombros curvados para frente.

"Chat..." Marinette começou "Não, Adrien." se corrigiu e viu os olhos dele brilharem de leve no momento em que ela pronunciou o nome. Era aquilo. Ela podia tentar mantê-lo longe, afastá-lo, fazer de conta que não se importava, mas a verdade é que os dois estavam ligados por uma força inseparável, e era tarde demais para voltar atrás.

Marinette largou o copo sobre a bandeja e sentou-se no chão à frente dele, tentando alcançar o mesmo ponto para onde ele olhava. No momento em que a imagem dela emparelhou com o olhar dele, Marinette o viu piscar e relaxar as sobrancelhas sob a máscara negra. Ela podia fazer aquilo, sabia que podia. Se tinha alguém no mundo que podia trazê-lo de volta, era ela. Apertou os punhos sobre o colo e ajoelhou-se, colocando os braços cruzados sobre as pernas dele, exatamente do mesmo jeito que ele tinha feito quando ela estava em pânico.

"Parece que agora é a minha vez." ela sorriu tristemente, e viu um leve espasmo no canto dos lábios dele "Não sei se sou tão boa quanto você, mas você é muito importante pra eu não tentar." falou sentindo a determinação crescer dentro de si e sentou-se no chão ao lado dele, com as costas apoiadas na cama. Ouvia os ruídos abafados dos pais trabalhando na padaria e o cheiro de croissants que invadia a casa. Não conseguia imaginar o que ele estava sentindo.

"Você lembra aquela vez que o Nathanael foi akumatizado?" Marinette começou a Chat olhou para a garota sentada aos seus pés "Eu liguei pra você como Ladybug e pedi pra você vir até a minha casa para proteger a Marinette porque o Ilustrador do Mal estava atrás dela, e você veio sem cogitar. Você simplesmente saiu da casa da Chloe e veio pra cá, só porque eu pedi." Marinette ergueu os olhos e viu Chat a olhando sem entender "Eu nem precisei explicar muito, mas ainda assim você veio." ela fez uma pausa e sorriu, olhando para as próprias mãos sobre os joelhos. Era tão estranho falar daquilo. Falar sobre o outro lado de sua vida, falar sobre Ladybug enquanto era Marinette

"Ou da vez com a Alix em que você desapareceu porque me protegeu. E aquela vez com o Cupido Negro onde você levou a flechada por minha causa e acabou sendo possuído. Eu sabia que você era mais forte, sabia que nós conseguiríamos superar aquilo, mesmo que parecesse que você não estava mais ali." fechou os olhos com a lembrança do dia e o beijo para libertá-lo. Sentiu-se corar. Todo aquele tempo, era Adrien embaixo da máscara. Todo aquele tempo eles estavam lado a lado, construindo juntos uma história que nunca mais seria esquecida "Não importa o que aconteça, Chat, você é capaz de passar por qualquer coisa, é capaz de resolver qualquer coisa. E se um dia você cair ou se perder, eu vou estar lá pra te ajudar a levantar."

Chat olhava para Marinette sentada no chão e pouco a pouco a voz dela e as histórias começaram a trazê-lo de volta, como se estivesse emergindo de um mergulho que havia sido longo demais. Que havia lhe tirado o ar por tempo demais. Sabia que só ela era capaz de fazer aquilo. Fosse Ladybug ou fosse Marinette, não importava, porque ele não havia se apaixonado só pela garota, mas por cada parte, cada peça, cada palavra. Ele havia se apaixonado por tudo que ela era.

"Marinette..." ela ouviu Chat sussurrar e girou rapidamente a cabeça na direção dele, vendo uma tristeza profunda nos olhos verdes "Por que essas coisas acontecem comigo?" ele falava olhando para as próprias mãos trêmulas, como se carregasse uma maldição "Como eu vou enfrentar isso?" fechou os olhos com força, mas abriu-os novamente quando sentiu algo tocar suas mãos. Ao abrir os olhos, Marinette estava novamente ajoelhada à sua frente, com as mãos sobre as dele, sorrindo.

"Eu não tenho uma resposta para as suas perguntas, mas..." ela fechou os dedos ao redor dos dele "Mas seja qual for, nós vamos descobrir juntos. E, no final, tudo vai ficar bem." Marinette olhou-o com confiança, e aproximou-se, tocando sua testa na dele e fechando os olhos.

Chat Noir viu Ladybug sem a máscara. Finalmente, notou que as duas sempre haviam sido uma só, e ele só não havia sido capaz de enxergar. Chat abraçou-a e afundou o rosto no pescoço de Marinette, sentindo mais uma vez o cheiro de cerejas do qual demorara tanto para se livrar na vez que estiveram juntos no beco. No momento em que ela o abraçou de volta, sentiu o coração aquecer e entendeu, finalmente, que queria aquele perfume grudado nele para o resto da vida.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por sempre lerem e curtirem e comentarem!
É super importante pra mim saber se vocês gostam!
Como eu comentei no início, chegamos ao capítulo 20, e posso adiantar que a história vai terminar no capítulo 25, então estamos mesmo em uma contagem regressiva >—_

1. Vocês teriam interesse em ler as histórias sobre as pessoas que foram akumatizadas durante a minha fanfic? Porque todas elas tem uma vida que não foi contada!

2. Vocês teriam interesse em ler uma história sobre os Miraculous anteriores? Porque tem bastante coisa pra desenvolver aí!

3. Vocês gostam mais de fanfics onde o universo é mais parecido com o original ou também gostam de universos bem alternativos?

Me avisem porque eu tenho várias ideias, e quero saber qual a outra que vou colocar em prática ^----^