Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 2
Capítulo 2 - Percepções


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Não sei se eu vou conseguir sempre postar tão seguido, mas vou fazer o máximo que eu puder pra que isso aconteça ;)
Mudei um pouco a grafia da narração, achei que ia ficar melhor de entender!
Sugestões são sempre bem vindas! Se divirtam!



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"Chuva. Perfeito." Marinette olhou pela porta da padaria que dava acesso para a rua "Claro que vai estar chovendo! O que mais pode acontecer?" Ela falou fechando a porta atrás de si, preparando-se para abrir o guarda-chuva. Um segundo antes de Mari pressionar o botão para abrí-lo, um carro passou próximo a calçada e atirou uma onda de água sobre ela. Tikki riu baixinho de dentro da bolsa a tiracolo. "Isso deve ser culpa do Chat Noir. Aposto que azar é contagioso." A garota praguejou entre dentes.

Marinette abriu a porta da padaria e gritou para os pais que estavam na cozinha terminando de assar novos croissants. O cheiro de queijo e massa folhada invadia a padaria.

"Mãe, pode me trazer uma..." Antes mesmo de terminar a frase, Sabine Dupain-Cheng vinha com uma sacola nas mãos "...muda de roupas secas? Eu imaginei que isso ia acontecer. E eu coloquei junto na sacola um potinho com alguns croissants para o lanche. Estão quentinhos." Sabine sorriu satisfeita, com as mãos apoiadas na cintura.

Mari amava sua mãe mais do que tudo no mundo. Era como se ela sempre conseguisse prever coisas das quais a garota precisava e entender o que sentia, sem nem mesmo Marinette precisar contar-lhe. Algumas vezes, é claro, aquilo causava problemas, principalmente nos momentos em que as preocupações de sua mãe eram tão intensas que as duas acabavam discutindo. Apesar de tudo, isso não diminuía o amor que Marinette sentia por ela.

"Você é demais, mãe!" Mari deu um beijo no rosto da Sra. Dupain-Cheng, enfiou a sacola na mochila e saiu correndo, deixando o guarda-chuva para trás. Antes mesmo de sua mãe poder dizer qualquer coisa, a garota já estava a mais de uma quadra de distância.

"Ela vai sentir falta disso" Sabine levou o guarda-chuva para dentro da padaria, fechando a porta.

Ensopada e sem fôlego. Foi assim que Marinette chegou na escola. Sentia as roupas molhadas e presas ao corpo, dificultando seus movimentos. Entrou devagar, atravessando o pátio para chegar até o banheiro.

"Mas pai, hoje é aniversário do Nino." Marinette ouviu uma voz familiar ao passar perto da sala dos armários, e um silêncio logo em seguida.

Adrien. Ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Não ouviu a voz responder do outro lado, então o garoto devia estar ao telefone. Será que ele e o Sr. Agreste estavam brigando? Encostou-se na parede perto da porta e ficou ouvindo.

"Marinette, que coisa feia ficar ouvindo a conversa dos outros" Tikki havia colocado a cabeça para fora da bolsa e murmurava olhando para cima. "E você já está mais do que atrasada!"

"Tudo bem, Tikki, só quero saber se ele está bem. Afinal, eu nem estou ouvindo o outro lado da conversa" Ela justificou mais para si mesma do que para a kwami, tentando convencer-se de que não estava bisbilhotando. Tikki suspirou e voltou para o conforto da bolsa de colo. Era mais fácil mover uma montanha do que tirar uma ideia da cabeça de Marinette.

"Será que eu não consigo ir na festa depois de fazer as fotos? Prometo que não vai atrapalhar." A voz de Adrien tinha ansiedade e tristeza. Marinette sentia o coração apertado. Nunca tinha ouvido Adrien demonstrar vontade de algo com tanta convicção. Aproximou-se mais da porta, pois quase não conseguia ouvir a voz do garoto. Naquele momento, mesmo com toda a admiração que tinha por Gabriel Agreste, Mari sentiu um pouco de raiva do pai de Adrien.

"Tá bem, pai. Até depois." Ela ouviu o garoto responder desanimado. Pelo tom da conversa, provavelmente ele não poderia ir na festa do Nino. Mari colocou a mão no queixo e ficou pensando no que poderia fazer para que Adrien não ficasse tão triste.

Todavia, ela esqueceu que aquela não era a hora nem o lugar para pensar em soluções, e esqueceu mais ainda que estava ouvindo uma conversa que não deveria. Tudo isso veio a tona no momento em que ela ouviu a porta da sala dos armários abrir repentinamente. A garota tentou correr para o banheiro, mas as roupas molhadas atrasaram seus movimentos.

"Marinette?" Ela congelou. Ainda faltava metade do caminho para que ela chegasse até o banheiro.

"O-oi A-Adrien! Você é lindo, quer dizer, que dia lindo! Isso! Dia lindo!" Ela forçou um amplo sorriso, rindo envergonhada no exato segundo em que um trovão ressoou na escola.

"Dia lindo? Com esse temporal lá fora? Idiota, idiota!" - Marinette se xingava mentalmente, vendo Adrien levantar uma sobrancelha.

"Você está encharcada!" Adrien falou alto, olhando a garota da cabeça aos pés. Água ainda escorria da ponta dos seus cabelos "Eu tenho uma toalha no meu armário, espera um pouco!" O garoto correu até o armário e Marinette o seguiu.

"Não precisa, Adrien! Eu trouxe uma muda de roupas secas!" Mari sentia que seu coração ia explodir.

"Tem certeza? Eu juro que está limpa." Adrien franziu a testa segurando a toalha. Será que Marinette achava que a toalha estava suja? Será que era intrometimento dele oferecer? Será que ele estava rompendo alguma barreira de intimidade?

A garota baixou os olhos até as mãos de Adrien. Ele segurava uma toalha azul e mesmo a três passos de distância dele ela podia sentir o cheiro de sabão em pó que emanava do tecido. Seria muito abuso aceitar? Marinette sentiu um calafrio. Adrien percebeu, e estendeu a toalha.

"Você está congelando" Ele murmurou e sentiu o coração disparar ao ouvir a própria voz. Não queria que Marinette pensasse que ele a estava obrigando a pegar a toalha, mas também não queria que a garota adoecesse se ele pudesse evitar.

Mari estendeu as mãos devagar, pegando a toalha. Sentiu os dedos afundarem no tecido macio e o cheiro de sabão em pó tomou conta de suas narinas. Por um breve momento, ela ficou na dúvida se seus dedos haviam tocado os dele ou não, e sentiu o rosto ficar quente.

"A-ah! Eu não tenho muito pra a-agradecer, mas..." Marinette tirou a alça esquerda da mochila de cima dos ombros e girou o corpo para pegar o pote de croissants que sua mãe havia colocado ali.

No momento em que Marinette virou o corpo, os olhos de Adrien caíram sobre o torso da garota. A blusa branca estava molhada e colada ao corpo, e ele corou brevemente com a visão, mas seu olhar logo passou de tímido para sério no momento em que o casaco dela levantou e ele observou a mancha escura sobre as costelas. Adrien podia não entender muito sobre as pessoas ou como se relacionar com elas, mas todos os anos de treinamento em lutas marciais e esgrima tinha tornado seus olhos mais do que treinados para detectar hematomas. E aquele definitivamente era um. E bem grande.

"A-aqui!" As bochechas de Marinette estavam vermelhas, e ela tinha os braços estendidos na direção dele, com um pote nas mãos "São croissants da nossa padaria! N-Não sei se você come essas coisas, mas meus pais fazem com muito carinho, e eu tenho muito carinho por você, quer dizer, pelos croissants, quer dizer, pelos meus pais! Minha mãe gosta muito desse pote!" Marinette sentia o rosto queimar de vergonha e teve vontade de pular da primeira janela que aparecesse em sua frente.

Adrien estendeu as mãos e pegou o pote, abrindo a tampa. Os croissants estavam dourados e quentinhos. Ele salivou na mesma hora. Quase nunca tinha chance de comer coisas gostosas. Seu pai era muito exigente quanto a quantidade de calorias que ele ingeria por dia.

"Você é um modelo." Gabriel Agreste falava em um tom sério "Não perca tempo comendo o que só vai lhe fazer mal. Comida é apenas para nutrir, você não precisa gostar dela. Leve seu trabalho a sério."

O garoto sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos e fechou o pote, oferecendo um sincero sorriso para Marinette. De alguma forma, ela era uma das poucas pessoas que conseguia fazer com que ele se sentisse parte do mundo que ele amava de verdade. Não do mundo de desfiles, glamour, roupas de grife e conversas superficiais. Mas dali. Daquele mundo que cheirava a chuva e croissants.

"Muito obrigada, Marinette. Eu vou adorar." Ele colocou a mão sobre o ombro dela e saiu, deixando uma garota com as perna bambas e sem fôlego para trás.

"Ele vai adorar, Tikki" Marinette sussurrou para a kwami.

"Eu ouvi, eu ouvi" Uma voz baixinha saiu da bolsa que ela carregava "Sabe o que mais eu ouvi?"

"O quê..?" Perguntou Marinette segurando a toalha contra o peito, encostada em um dos armarios, ainda com o olhar sonhador em direção a porta por onde Adrien havia saído

"O sinal do segundo período." Disse Tikki.

"O sinal do segundo período!!" Mari gritou e saiu correndo em direção ao banheiro.

Do lado de fora da porta da sala de aula, no segundo andar, Adrien virou para trás e viu Marinette entrar no banheiro das meninas no andar de baixo. Baixou os olhos em direção a maçaneta da porta e ficou observando a própria mão, pensativo, por alguns segundos, antes de girá-la para entrar na sala.


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Na hora em que Adrien abriu a porta, deu de cara com Nino olhando-o fixamente. Deu a volta na classe e sentou-se em seu lugar, sem coragem de olhar para o amigo que ainda o encarava. O rapaz colocou então a mão no ombro de Adrien e lhe ofereceu um sorriso encorajador quando seus olhares se encontraram, percebendo o que havia acontecido.

"A gente comemora de novo outra hora" Nino falou baixo, insistindo no sorriso, enquanto a professora estava virada para o quadro, escrevendo os problemas de matemática.

"É. Outra hora." Adrien baixou a cabeça para o caderno, continuando a copiar de onde havia parado. Já estava acostumado em não estar presente nas atividades que seus colegas participavam. Achava que quando começasse a ir às aulas na escola e a ter contato com outras pessoas de sua idade, poderia finalmente sentir o que era ser adolescente, mas talvez fosse tudo ilusão. Engoliu a seco como se para fazer sumir as palavras de angústia que começavam a tomar forma na ponta de sua língua.

"Ei, vocês sabem da Marinette?" Adrien ouviu uma voz sussurrar atrás de si. Sabia que era Alya. Inclinou-se para trás sem tirar os olhos do quadro, caso a professora virasse na direção deles. "Ela está lá embaixo, trocando de roupa. Tomou um banho de chuva e tanto." O riso baixinho de Alya e Nino em uníssono aliviou um pouco a angústia que ele sentia no peito.

"É bem o tipo de coisa que acontece com ela." Nino escondeu a boca para não rir mais alto.

Como se invocada pela conversa, Marinette abre a porta da sala de aula e caminha pé por pé até o seu lugar ao lado de Alya. Adrien vê Mari deslocar-se em silêncio, porém quando ela percebe o olhar do garoto, acena envergonhada, um pouco antes de tropeçar no degrau ao lado de sua classe e cair no chão com um baque surdo.

A sala de aula inteira caiu em gargalhadas altas, enquanto Marinette se levantava com a ajuda de Alya e a professora xingava todos seus colegas pelas risadas e a ela pelo atraso.

Adrien não ria. Seus olhos estavam sérios e fixos na mão direita da garota que pressionava suas costelas do lado esquerdo, sobre onde deveria estar o hematoma. O rosto de Marinette não demonstrava dor, apenas sorria envergonhada. Tombos daquele tipo não faziam hematomas tão feios. Não em uma menina da idade dela. Mais do que isso, tombos assim não explicariam ela conseguir lidar tão facilmente com a dor como se ela já estivesse acostumada. O que estaria acontecendo com Marinette?


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Notas finais do capítulo

Suspense, suspense!
Será que o segredo de Marinette está em risco?
Veremos! ;)



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