Cronômetro escrita por KarenAC


Capítulo 16
Capítulo 16 - Buscas


Notas iniciais do capítulo

Não consegui postar ontem, então pra compensar, lá vai dois capítulos!
E SÃO DOIS CAPÍTULOS TENSOS, ENTÃO APERTEM OS CINTOS! ♥



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Um mês e meio foi o tempo que a escola levou pra ser reformada do incêndio e o tempo que Marinette demorou pra se recuperar da quantidade imensa de fumaça que infiltrara seus pulmões.

Depois de ter ficado em observação no hospital por três dias, ela foi liberada para casa e dormiu por quase 48 horas. Estranhara a cama do hospital e a quantidade de vezes que tivera que levantar durante a noite para fechar a janela que misteriosamente se abria sozinha. Ela sorria para si mesma, pois todas as noites quando levantava pra fechar as persianas, via uma sombra pulando por cima dos prédios.

"Gato idiota." ela sussurrava sorrindo, sentindo as bochechas corarem, e voltava para dormir.

Os pais de Marinette ficaram extremamente preocupados com o acontecido no colégio, e fizeram questão que ela permancesse em casa a maior quantidade de tempo possível para se certificarem de que ela estava bem. Felizmente, não houve novos ataques de akuma naquele meio tempo e nenhuma ronda precisou ser feita. Ou, pelo menos, era o que ela achava.

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Chat Noir entrou pela janela do próprio quarto, voltando a ser Adrien. Mais uma noite incessável de ronda. Sem a Ladybug, ele estava precisando trabalhar o dobro para cobrir todas as áreas da cidade, mas àquele ponto já estava acostumado.

A primeira semana depois do incêndio havia sido a pior semana da sua vida. Tinha aulas extra de artes marciais e fazia rondas nos finais das tardes e no meio da noite, pois não tinha resistência para correr todos os pontos importantes da cidade antes de perder a transformação e ficar completamente esgotado. Com o passar dos dias, aquilo começou a mudar. Ele notava que seus movimentos haviam ficado mais rápidos. Conseguia saltar mais longe e correr por uma área maior antes que seu Miraculous apitasse. Logo aquilo se tornou uma competição contra ele mesmo, e a cada noite ele tentava chegar um pouco mais longe antes do primeiro apito do anel.

Juntava uma muda de roupas limpas para tomar um banho, feliz por ser a terceira noite consecutiva em que conseguira cobrir a ronda por toda a cidade antes de ouvir o primeiro sinal do anel. Fechou o punho com força, sorrindo. Todo o treinamento estava dando resultado. Ele mal podia esperar para que Ladybug voltasse a ação e ele pudesse lhe mostrar o que havia aprendido.

"Plagg, tô indo pro banho!" Adrien avisou, segurando a maçaneta da porta do banheiro, e viu o pequeno kwami sinalizar com a mão enquanto comia um pedaço enorme de queijo.

Assim que Adrien entrou para o banho, Plagg soltou o queijo, limpou as mãos e alçou voo para fora do quarto, cuidando para qualquer som ou movimento que parecesse suspeito nas imediações. Voou até o andar superior, e entrou na sala de Gabriel Agreste. Sabia que o pai de Adrien estava fora em um desfile de moda aparentemente muito importante em Nova Iorque, e não voltaria até o final da semana.

A sala não tinha iluminação, mas Plagg enxergava perfeitamente no escuro. Atrás da escrivaninha de Gabriel, o grande quadro com a pintura da mãe de Adrien estendia-se imponente. O kwami se aproximou devagar, respirando fundo. Lembrava a primeira vez que estivera naquela sala, e nada daquilo pareceu fazer sentido no momento. Estava mais preocupado com o fato de que ficara muitos anos aprisionado dentro do Miraculous e sequer havia percebido o ambiente ao seu redor. Sorriu para si mesmo. Não é como se saísse com tanta frequência naquela época também.

Levantou a pequena patinha devagar, acariciando o rosto da pintura.

"Amelie..." sentiu um nó subir a sua garganta e no mesmo momento desviou o olhar quando sentiu as lágrimas começando a brotar nos olhos "Ele é igualzinho a você, sabia?" Plagg sorriu tristemente, olhando para o chão "Você ficaria muito orgulhosa dele."

O kwami fechou os olhos para se concentrar e modificar o formato do corpo, atravessando o quadro e a porta do cofre que havia atrás do mesmo. Sentou sobre a prateleira de cima, onde já estivera duas ou três vezes, e o cheiro era o mesmo. O cheiro das lutas, das brigas, da confusão. O cheiro de sangue. O cheiro do passado.

 

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******** 3 ANOS ANTES ********
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"Qual o problema com você?" Plagg gritava no exato momento em que a transformação foi liberada.

"Qual o problema comigo? Eu fui escolhido para ser o Chat Noir, Plagg, e agora estou aqui praticamente implorando pra poder fazer o meu trabalho. E você pergunta o que há de errado comigo?" o homem respondeu, andando impacientemente pela sala, sacudindo os braços violentamente.

"Eu sei que você quer fazer o seu trabalho, mas não existe mais um trabalho! Sem a Ladybug você está criando um risco desnecessário para as pessoas e para si mesmo! Eu já te expliquei isso mais de mil vezes!"

"Você me toma por tolo e por incompetente, Plagg. Acha que eu não sei o que estou fazendo? Faz quase 10 anos que eu levo essa vida, e agora você está aqui querendo me dizer o que eu posso ou não posso fazer, como se eu ainda tivesse 15 anos! O mundo lá fora está repleto de pessoas cheias de ódio, só esperando para fazerem mal para as outras! E você quer que eu fique aqui sentado, esperando as coisas acontecerem?"

Plagg sentou em frente a janela redonda, olhando para a Torre Eiffel que estava acesa, iluminando a cidade e a grande sala.

"Olhe à sua volta. Não há mais necessidade de você ser o Chat Noir. O mal já foi destruído, a Ladybug já renunciou. Não há porquê insistir. Todos já se foram. Acabou." Plagg murmurava sem fazer contato visual "Você está fazendo a Amelie sofrer" e virou-se, encarando o homem.

Plagg sentiu-se ser agarrado e o ar lhe faltou. Quase conseguia sentir o calor da respiração dele, de tão próximo que estava.

"Escuta aqui, Plagg." o tom de voz era grave e baixo "Você não me diz o que fazer com a minha vida. Eu tenho pleno controle de todas as coisas que eu faço, e a Amelie me apóia em todas as minhas decisões." Plagg caiu no chão no momento em que foi liberado, tossindo para recuperar o ar "Se você me desse o Miraculous da Ladybug, eu poderia dá-lo para a Amelie, e as coisas voltariam ao normal." um sorriso torto alcançou seus lábios "Seriam ainda melhores do que o normal. Nós seríamos imbatíveis juntos!"

"Não é assim que funciona. Cada portador é escolhido para um tipo de poder! Você sabe o que acontece com quem usa um Miraculous que não é seu!" Plagg gritava, sentindo a fúria tomar conta de cada canto de seu corpo.

"É o que vamos ver." o homem deu as costas, fechando a porta e deixando Plagg sentado no chão, no meio da sala escura.


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******** PRESENTE ********
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Plagg olhou para o lado e viu a fivela de cinto em formato de pavão. Caminhou até ela e tocou-a, sentindo o frio do metal embaixo da pata e o grande poder adormecido. Uma dádiva e uma maldição.

Começou a sentir o nó na garganta se formar novamente e atravessou o cofre de volta para a sala. Não conseguia mais ficar ali, as lembranças eram claras demais para ele suportar por muito tempo. Fechou os olhos com força. Se era difícil para ele, não queria imaginar como seria para o Adrien. Precisava prepará-lo. Precisava deixá-lo pronto para o que estava por vir.

Desceu as escadas em um voo cabisbaixo, planando devagar até alcançar o ponto de encontro dos degraus, onde um grande quadro com Gabriel Agreste e Adrien estava pendurado na parede, os dois com roupas escuras. Adrien com uma expressão triste, e Gabriel com o semblante sério e determinado. Lembrava do dia daquela foto. O dia em que tudo terminara. Sacudiu a cabeça. Não. O dia em que tudo começara.

"Ah, Gabriel. Onde foi que eu errei com você?" Plagg seguiu o vôo, voltando para o quarto do Adrien, que ainda não havia saído do banho. Deitou-se em um canto do sofá, sobre uma almofada, e fechou os olhos. Queria que aquele dia terminasse logo.

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Adrien saiu do banho e viu Plagg adormecido sobre o sofá. Não era comum o kwami ir dormir antes dele, mas aquela noite havia sido realmente cansativa, então não quis acordá-lo. Foi até a cama e pegou um pequeno caderno de anotações que guardava em um bolso interno da mochila, abrindo-o.

Ele sabia que ser apenas mais forte não ajudaria, então começou a anotar tudo o que lembrava. Todos os locais de ataque dos akumas, os tipos de poderes, onde haviam aparecido, onde haviam sido capturados, datas dos ataques, tudo que sua memória e sua pesquisa com o canal de reportagem local e jornais puderam juntar. Era hora de trabalhar.

Olhou para o banner de esgrima que estava pendurado acima de sua cama e o segurou nas duas extremidades inferiores, puxando-o para baixo e largando-o no ar. O banner subiu devagar, enrolando-se, e revelando um mapa de Paris embaixo com post-its colados e anotações riscadas. Fotos, desenhos e papéis estavam presos com alfinetes por toda a parte.

De pé na cama, observou todo o trabalho das duas últimas semanas. Assim que Ladybug se recuperasse, a chamaria ali para ver o que ele já havia descoberto. Imaginou se ela ficaria orgulhosa e se o elogiaria, e corou com o pensamento. Colocou as duas mãos na cintura, admirando o trabalho árduo.

Achar o covil do Hawkmoth não estava sendo um trabalho fácil. Já havia descartado praticamente todos os prédios e grandes casas de Paris, bem como construções comerciais e públicas, e aquilo fazia com que a única possibilidade a partir dali fosse que Hawkmoth estivesse operando de algum local muito próximo a Torre Eiffel.

Abriu o pequeno caderno e começou a riscar no mapa os últimos prédios e construções que havia checado. Seria uma longa noite, mas queria acabar com aquilo de uma vez por todas. Não queria mais ver Ladybug ou todos com quem se importava correndo mais riscos. Não queria mais ver pessoas feridas, mesmo que no final do dia tudo voltasse ao normal. Ao terminar de riscar tudo, sentou na cama com as pernas cruzadas, cansado.

Algo estalou no fundo da sua cabeça. A lembrança de Maremarvin cruzou a sua memória.

"Ele disse algo para a Ladybug sobre a Torre Eiffel... Algo sobre uma janela redonda..." cruzou os braços e fechou os olhos com força, puxando as recordações, então tudo voltou á tona.

"Janela grande, redonda, e a torre Eiffel à esquerda..." Adrien repetiu as palavras de Maremarvin, e põs-se em pé em um impulso. Arrancou o mapa da parede, colocando-o no chão e sentando-se sobre ele. Pegou a caneta e riscou toda a área longe da torre Eiffel, fazendo um círculo de alguns centímetros, usando a torre como centro. Quase todos os prédios ali já estavam riscados. Adrien sabia que já tinha visto praticamente todos, afinal eram os prédios próximos a onde morava, e conhecia quase todos tão bem quanto a sua própria...

"...casa." Adrien murmurou, afastando-se do mapa como se um animal venenoso tivesse pousado a sua frente, devagar, mas sem desviar os olhos do ponto onde estavam fixados, sobre o local que representava o lugar onde ele morava. Balançou a cabeça negativamente, engolindo a seco. Um dos cantos do seu lábio tremeu em descrença.

Impossível.

Absurdamente impossível.

Sacudiu a cabeça, sorrindo para si mesmo, e levantou enrolando o mapa. Absurdo. Todas aquelas noites de trabalho e o cansaço deviam estar atrapalhando seu raciocínio. Guardou o mapa embaixo da cama e deitou-se. Com certeza uma boa noite de sono lhe faria muito bem.

Quase quatro horas depois, Adrien ainda não havia fechado os olhos.


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Notas finais do capítulo

CALMA QUE PIORA!
AHIEHASIUEHAIUEHAUIH!
Corram pro próximo! Go go go! ~~~~