Probabilidades escrita por Ai


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Meu Estranho Mafioso está completando 3 anos desde que teve seu primeiro capítulo postado, e para comemorar decidi postar um extra pós-história para você.
Aproveitem!



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— REALMENTE SINTO MUITO pelo inconveniente — balbuciei para Aries, enquanto a Dragneel do meio depositava alguns lençóis em meus braços.

— Inconveniente? — arregalou os olhos. — Que absurdo! — virou as costas para mim a fim de poder fechar o guarda-roupa de mogno. — Você é sempre bem vinda para passar a noite aqui, Lucy — sorriu. — Além disso, fomos nós que atrapalhamos sua agenda. Desculpe.

Soltei um suspiro aliviado.

— Não, está tudo bem. Fico feliz por Jurei ainda estar sob os seus cuidados, sendo honesta — confessei. — Não imagina o quão ansiosa fiquei assim que recebi sua mensagem — abri a porta para o quarto da criança e o encontrei pulando na cama. — E o quão feliz estou agora por saber que ele está melhor. Jurei, pare de pular!

— Mas você vai passar a noite aqui, tia Lucy! — exclamou, animado. — Isso já é um motivo para ficar melhor e festejar.

— Sei, sei… — não pude deixar de rir da fofura do pequeno Fullbuster. Coloquei os lençóis em uma poltrona e sentei na cama, dando alguns tapinhas no espaço ao meu lado para que ele se sentasse. — Vamos ver se isso é realmente verdade — chequei o termômetro. — Oh, sua febre diminuiu mesmo!

— Viu? — Jurei esboçou um sorriso que lembrava muito o do pai. — Posso ficar a noite toda acordado agora? Quero mostrar os cálculos que fiz!

— De maneira nenhuma, mocinho! — bronqueei. — Você vai passar a noite tendo o melhor sono da sua vida para amanhã de manhã estar cem porcento em forma.

Jurei soltou um “ah” entristecido, entretanto não tentou barganhar.

— É bom ver que vocês dois se entendem tão bem — comentou Aries, que esteve nos observando o tempo todo. — Vou passar a noite na casa do Rogue, espero que não se importe de ficar sozinha na mansão.

— Sem problemas — respondi. — Espero que se divirta.

— Obrigada — agradeceu. — Então estou saindo — deu um beijo na testa da criança de cabelo negro e olhos azuis. — Nos vemos amanhã.

Esperei até que ela fechasse a porta para conversar com o Fullbuster.

— Como está se sentindo agora? Com fome?

— Eu estou bem, tia Lucy — replicou. — Só um pouco triste pelas aulas que perdi por causa da febre.

Não pude evitar o riso.

— Oh, o que faço com essa criança que adora aprender? — baguncei-lhe o cabelo.

— Você a ama, e muito — respondeu, com tal seriedade nos olhos que me surpreendeu.

Sorri.

— É claro que sim — beijei sua bochecha. — E o coloco para dormir, pois não quero ficar preocupada por ter desmaiado de febre igual aconteceu hoje. Já para debaixo das cobertas! — ordenei.

— Sim, senhora! — Jurei entrou na brincadeira batendo continência e emaranhado-se no cobertor.

— Vou ficar ao seu lado durante toda a noite, então não hesite em me dizer caso se sinta mal, ok?

Ele acenou a cabeça, concordando.

— Certo.

Ajeitei-me na poltrona, observando-o enquanto tentava me acostumar com o ambiente extremamente silencioso do local.

— É muito estranho… — murmurei.

— O quê? — questionou Jurei, que ainda estava acordado.

— Esse lugar estar tão… calmo. — memórias invadiram minha mente, lotadas de conteúdos preciosos sobre aquele ano especial em que convívi com os Dragneel. — Antigamente esse lugar estaria tão barulhento que seria impossível dormir tranquilamente. Igneel estaria levando bronca sobre algo de Ultear, enquanto Meredy riria da situação. Virgo serviria chá para a tia Aries que apenas observaria toda a situação. E Juvia… — sobressaltei-me por ter tocado no nome dela em frente a Jurei.

— Juvia? Esse é o nome da minha mãe… Não é? — indagou, completamente curioso.

Lucy Heartfilia, você é uma estúpida!

— Hã… Sim, está certo.

— Uau! — exclamou empolgado. — Essa é a primeira vez que ouço alguém dizer o nome dela tão descontraidamente! Geralmente quando estou por perto, sempre tem uma certa rigidez por citarem-na ou ao meu pai… — lamentou.

— Posso entender o porquê… — principalmente pelo fato de eu mesma estar me sentindo dessa maneira.

— Como ela era, tia Lucy? Todos dizem que era alguém adorável, com muita paixão e que realmente amava meu pai.

— Se todos dizem isso, para que me perguntar?

— Hum… — balbuciou o prodígio, matutando sobre algo. — Não podemos ter uma opinião sobre alguém só pelo o que os outros dizem — declarou. — Até porque, na maioria dos casos, as interações entre elas foram quase nulas, certo?

— Seu pequeno gênio! — elogiei. — Mas, se pensa assim, por qual motivo eu saberia mais que os outros?

Seus olhos azulados fincaram nos meus, provando a crença que tinha em suas próximas palavras:

— Ela desejou me deixar aos seus cuidados. E até aonde pude perceber, você é uma pessoa muito legal, tia Lucy. Se ela me deixou aos cuidados de alguém tão boa, é pela razão de acreditar que seria a perfeita escolha para isso. Isso insinua que o nível de confiança que tinha em você era demasiado alto.

— Você fala tão bem para alguém de apenas quatro anos… — disse, encabulada pelas palavras daquela criança.

— Ei! Estou no caminho para os cinco! — reclamou.

— Porém, Jurei, existem pessoas honestas lá fora também. A sua mãe foi alguém que colocou o amor acima de tudo, o seu pai — engoli a vontade de chorar ao mencioná-lo — soube valorizar os amigos e aqueles que considerava família. Pessoas que eram totalmente honestas consigo mesmas e com a sociedade. Seu pai, sua mãe… O Natsu com o jeito normalmente tapado e alegre dele.

Pensei que aquela frase tivesse tido um grande impacto sobre a maneira de Jurei pensar a respeito das outras pessoas, entretanto ele decidiu se concentrar em outra parte do que falei:

— Discordo sobre o tio Natsu.

— O quê? — fui pega de supresa por sua fala.

— “Tapado” e “alegre” não são boas palavras para defini-lo. Às vezes, quando ele nos visita, posso perceber como ele fica distraído aqui — confessou. — Ele sempre exige ficar no antigo quarto dele, e toda vez empaca na porta antes da dele, olhando para lá meio ressentido. Tio Natsu é estranho, não é?

Não sabia muito bem o que sentir a respeito daquilo, por isso soltei um “totalmente” fraco. Reclamei sobre o pequeno Fullbuster estar enrolando para dormir e encerrei o assunto ali.

✩✩✩



Estava tomando uma xícara de café observando, através da janela do quarto de Jurei, as árvores que circundavam a propriedade da mansão. Haviam se passado trinta minutos desde que o prodígio finalmente caiu no sono, mas infelizmente não podia me permitir ao mesmo luxo pela possibilidade dele ter febre novamente.

Suas palavras sobre como Natsu parava em frente da porta antes da de seu quarto tiveram, contra minha vontade, sucesso em me abalar.

Desde que nos encontramos havia tido sucesso em barrar toda e qualquer forma que Natsu arranjava para fazer-me mudar de ideia sobre nosso relacionamento. Mas a porta antes da dele… era a minha. Meu quarto, minhas roupas esquecidas no guarda-roupa quando me mudei. Nossas memórias trancadas ali.

— O que há de errado comigo? — questionei a mim mesma.

— Posso listar isso de várias maneiras — Natsu praticamente aparatou ao meu lado, assustando-me. — É cabeça-dura, teimosa, se irrita com facilidade...

— Não fale como se ainda me conhecesse tão bem — bronqueei.

— É inteligente, bonita, bondosa — continuou —, com olhos esquisitamente atrativos e...

Ri de suas palavras.

— O que há com isso? Não são exatamente o que chamaria de “erros” — dei um soco fraco em seu braço, arrancando um sorriso dele.

Eu chamo — disse. — Tudo isso lhe transforma em um grande imã para mim.

— O que está fazendo aqui? — ignorei sua última frase.

O Dragneel recostou-se na janela junto a mim.

— Esse lugar aqui é minha casa, esqueceu?

— Ouvi dizer que você comprou uma casa um pouco afastada da cidade— expliquei. — Não imaginei que viesse para cá mais — lembrei do que Jurei havia me contado — com frequência — completei.

— Não está totalmente errada — seu olhar se dirigiu para as árvores próximas. — No entanto soube que Jurei passou mal. Não podia deixar meu sobrinho sem amparo nenhum.

— Hum... — murmurei, dando uma espiada na criança que dormia atrás de nós dois. — Impressionante. Não pensava em você como alguém que pudesse cuidar de uma criança.

— Está tentando arranjar uma briga comigo? — brincou. — Muita coisa mudou no tempo em que não nos vimos. Jurei nasceu, Elfman reconstruiu o Fairy Latte... Você criou esse escudo enorme em sua volta...

Suspirei.

— Ah, estava demorando você citar o escudo.

— Ele é meu inimigo mortal — olhou em meus olhos. — Porque, desde que nos reencontramos, essa foi a menor distância que houve entre nós. — deu um passo em minha direção e nosso ombros se tocaram. Afastei-me rapidamente. — Vê? — bagunçou o cabelo rosado. — Você realmente não vai me dar uma chance, vai?

— Coisas do passado podem me abalar ainda — confessei, após alguns segundos. — Como o fato de parar em frente à porta do meu antigo quarto.

— Como sabe...

— Mas não é só por causa disso que vou lhe dar outra chance, Natsu — interrompi-o. — Você tem que esquecer o que tivemos no passado e seguir em frente. — encarei seus olhos com a maior determinação que pude. — Suas próprias palavras podem ser aplicadas aqui. Muita coisa mudou. Por que acha que meus sentimentos não?

— Por que...

— Não me coloque no mesmo nível que você — cortei sua fala. Sentia-me extremamente irritada por alguma razão. — Não é porque falhou em seguir em frente que significa que o mesmo se aplica para mim.

— Lucy... — a dor em sua voz era quase palpável. Tentou segurar meu braço, porém me afastei ainda mais.

— O tempo continua passando, Natsu — peguei minha xícara da janela. — Deveria aproveitar esse tempo que ainda tem com Jurei. Quando toda a papelada da transferência de guarda e escola terminar, irei embora de Magnolia novamente e o levarei junto.

— Não podemos nos concentrar em nós por...

— Não. — dei-lhe as costas. — Tantos anos se passaram e ainda não percebeu? Nós nunca poderíamos dar certo. Quanto mais íntimo de você, mais perigo a pessoa corre. Não irei permitir que Jurei passe pelo mesmo que o pai.

Ouvi sua respiração exasperada.

— Vê? Sua parte cabeça-dura tomando controle novamente! Eu te amo, mas... Droga, Lucy!

Sorri com escárnio.

— Palavras como “amor” não me movem mais. Deveria desistir enquanto ainda temos uma relação amigável — abri a porta do quarto. — Siga meu conselho e aproveite esse tempo restante com Jurei. Vai se arrepender quando ele não estiver mais aqui — evitei olhar para trás. — Vou buscar um pouco mais de café.

Fechei a porta e recostei-me nela.

Aquilo sempre era difícil para mim. Odiava ter que tratar Natsu de maneira tão rude, entretanto ele não iria parar caso não o fizesse.

— Eu sei que não está dormindo, Jurei — a voz de Natsu alcançou meus ouvidos.

— Tia Lucy acreditou que estava — tive que empurrar a porta um pouco para ver com meus próprios olhos se ele estava acordado mesmo. E estava.

— É claro que ela acreditou — o Dragneel bagunçou o cabelo da criança. — Ela ainda não te conhece tão bem assim.

Jurei olhou para um pequeno caderno na cabeceira da cama.

— Não entendo, tio Natsu.

— O quê?

— É só que... pelos meus cálculos — ele pegou o pequeno caderno e mostrou para Natsu algo. Não consegui ver o que era, mas fez o homem entreabrir os olhos — as probabilidades dela ainda lhe amar são tão altas — Jurei armou um bico. — Não quero acreditar que meus cálculos estejam errados.

Natsu suspirou.

— Quero crer que eles estejam certos também — murmurou. — Mas com aquela personalidade difícil dela, quem sabe com certeza? — deu de ombros. — É isso que faz ser mais divertido tentar, não acha?

— Mas ela acabou de dar uma bronca enorme em você!

Dragneel riu.

— Não seria a primeira vez que trocamos farpas. — bagunçou ainda mais o cabelo da criança. — Vamos fazer assim: enquanto você tiver esperança que ela vá me dar outra chance, também terei. Que tal isso?

Jurei abriu um sorriso enorme.

— Combinado!

Ele e Natsu cruzaram os mindinhos em forma de promessa.

— Agora é melhor você voltar a fingir dormir — aconselhou o mais velho. — Lucy vai voltar a qualquer minuto.

— Certo — e com ajuda, o pequeno Fullbuster enrolou-se nos cobertores.

Levantei-me e sai correndo o mais silenciosamente que consegui. Não queria que Natsu soubesse que havia escutado toda a conversa.

Não sabia muito bem o que sentir a respeito do que ouvi, sendo honesta. Porém de uma coisa tinha certeza: os meus problemas tinham acabado de duplicar de forma.


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Notas finais do capítulo

Lembram quando disse que a Lucy não iria facilitar para o Natsu? Não estava brincando! SHFUAF
Originalmente era para postar Minha Estranha Caipira hoje, mas como estou focada em outro enredo agora (aos interessados do porque não estou postando nada, vejam meu perfil), decidi somente postar um extra mesmo.
Sinto saudades de vocês e de seus comentários, pessoal. ♥
Logo, logo volto para reviver algumas fics velhas.
Espero que tenham gostado e ficado curiosos. A ideia de postar MEC ainda não morreu. Somente está suspensa por agora... Mas um dia voltarei para dar um final definitivo para a história... provavelmente.
Bye, bye. ♥



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