Ser Super [CcL 7] escrita por Lady Lanai Carano


Capítulo 1
Ser Super - Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Bom, aqui estamos, firmes e fortes, para mais uma rodada de Café com Letra! Espero que gostem!
Boa Leitura e Beijos de Mel ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/684959/chapter/1

Quando me curaram da minha paralisia, a primeira coisa que eu queria fazer era ir à praia e correr na areia, sentido os grãozinhos por entre os dedos dos pés e os olhares de admiração, não de estranhamento, como quando eu andava de cadeira de rodas e eu só podia mexer minha estúpida cabeça.

Mas, bem, como disse uma frase da moda que li no Tumblr, o mundo não é uma fábrica de realização de desejos. É claro que aquela cirurgia para a implantação de um encéfalo sintético tinha seu lado ruim, ou melhor, péssimo. Alguns remédios e tratamentos dão efeitos colaterais, como enjoos, vômitos, dor muscular, até mesmo anemia, ou cirrose hepática. Já a minha cirurgia deixou pra mim poderes telepáticos esquisitos.

Todo o meu aparato nervoso, exceto os nervos, é artificial, quase como se eu tivesse um robô me controlando. Já que o meu encéfalo humano não deu conta de fazer meus músculos darem uma mísera contração, a tecnologia assumiu essa função. Os cientistas disseram que foi, bem, no mínimo complicado, restaurar minhas memórias, e ainda assim a minha memória muscular foi apagada. Tem ideia da humilhação que é você aprender a andar com vinte e dois anos de idade?

Mesmo assim, é um inferno estar com as pessoas. De uma maneira que nem os próprios cientistas babacas que me transformaram em um tipo de Megazord inverso sabiam, o meu novo cérebro, além de ser infinitamente mais aguçado, capta todo o tipo de informação completamente inútil sobre tudo - quem diabos quer saber o batimento cardíaco da caixa do supermercado enquanto você paga as compras? - e o pior de tudo: pensamentos.

Isso que eu mais me odiava. Meu cérebro tinha um tipo de antena que captava os pensamentos alheios como um tipo de conexão Bluetooth, o que eu acho uma tremenda invasão de privacidade. Por isso, lá se foi meu sonho de correr na praia, assim que as minhas pernas voltaram a funcionar. Não queria ter que andar por aí e ouvir vozes idiotas na minha cabeça me mandando cantadas mentais.

Como eu disse, é um inferno estar com as pessoas.

Fiz a droga da cirurgia nos Estados Unidos, mas fugi para o Reino Unido assim que tive chance. Sabe, onisciência não te salva de dardos tranquilizantes e da própria CIA tentando de capturar. Para eles, eu era muito perigosa para viver solta.

Será que esses filhos de damas que fazem favores explícitos por dinheiro não percebem que, mesmo tendo um maldito cérebro de metal, eu sou uma pessoa?

De qualquer maneira, vivi naqueles campos isolados do mundo e do Universo, sem sinal de celular nem de internet, no meio do País de Gales, e eu tive uma relativa paz. Pensamentos de insetos e ratos não são tão incômodos quanto os de pessoas, e eu consegui me acostumar a enxergar claramente a fotossíntese das plantas à minha volta. Mas tudo mudou quando a minha casa sofreu um incêndio, e bingo! Estava na desgraça de novo.

Não tive escolha. Fui morar em Londres, para me reestruturar. Passava noites sem dormir, porque ouvia os sonhos das outras pessoas, evitava chamar atenção, porque era irritante ouvir as opiniões alheias sobre mim. Quando ficava nervosa, as coisas começavam a voar, o que gerou alguns incidentes no meu trabalho, numa loja de conveniências. Só porque aquele cliente babaca estava olhando para o meu decote - e eu conseguia ouvir seus pensamentos maliciosos - os salgadinhos nas prateleiras o soterraram. Não foi culpa minha...

Minha vida sofreu a milésima reviravolta quando eu fui assaltada no ônibus, junto com mais algumas pessoas, e me recusei a dar a minha bolsa. Estúpido, eu sei, mas eu não sabia o que fazer. Minha cabeça estava latejando com a quantidade de vozes de pavor dos passageiros na minha mente, e pra mim, tudo girava. Mas dentre os pensamentos de medo, ouvi o do assaltante, que dizia que ele ia atirar em mim, milésimos antes do ato.

Consegui ver nitidamente a bala saindo do cano da pistola, indo até a minha cabeça, mas eu fiz ela dar meia volta e atingir o peito do assaltante. Também, para evitar mais problemas, fiz a arma sair voando pela janela. Tudo isso em uma fração de segundo.

O que acontecera foi um mistério que perdurou nos jornais por muito tempo. Já me cansara de dar depoimentos para a polícia, sempre me fingindo de idiota assustada. Depois disso, passei a me perguntar: e se meu inferno fosse convertido para o Céu, pelo menos para as outras pessoas?

Em vários lugares de Londres, assaltantes, estupradores e malfeitores começaram a se dar mal. Armas explodiam, criminosos saíam voando e balas eram paradas no meio do ar. Não era ruim, e aquela condição de deixava feliz, livre. Mesmo que meus atos tenham chamado a atenção do exército americano, que somou dois mais dois, eu sentia que podia lutar, podia viver minha vida, e transformar o mundo em um lugar melhor.

Eu não me considero uma super heroína, nem nada. Ainda sou eu mesma, e nenhum poder esquisito ia mudar isso. Mas eu passei a ter um significado, eu acho. Não era mais a Christina Portman, que se amaldiçoava por ter uma cabeça de metal. Agora eu sou Christina Portman, a que descobriu as vantagens de Ser Super.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Eu deveria fazer uma long fic de Ser Super? Querem um bolo, ou uma coxinha? Comentem!Obrigada por lerem e Beijos de Mel ^^