“Ele é rápido, ela é estranha” Fora a definição da SHIELD para os gêmeos Pietro e Wanda Maximoff, sobre a dimensão de seus poderes e como isso poderia auxiliar a Iniciativa Vingadores. Steve Rogers, inicialmente não lhe dera tanta atenção, não até que ela se tornara membro da Iniciativa por não ter para onde ir após a morte de seu irmão na batalha contra Ultron em Sokovia.

Wanda era reservada e Rogers a sentia inquieta e muitas vezes, imersa em pensamentos. Ela raramente opinava em reuniões, não por não saber o que dizer, mas por se sentir fora daquela perspectiva de heroísmo. Nem todos cultivaram aquele espírito de cuidado para com os outros, embora ela tenha feito muito pelas pessoas em Sokovia quando a batalha aconteceu.

Steve notou o incômodo nos olhos dela quando desviou o olhar da imagem de Sokovia sendo erguida pelo poder destrutivo de Ultron e sua ideia de “salvar a Terra” livrando-a da humanidade. Quando Wanda pediu licença da reunião, o primeiro vingador se mexeu incomodado, travando o maxilar antes de trocar um olhar com Natasha e seguir a jovem.

— Wanda!

Wanda parou no corredor e o encarou. — Só preciso de um minuto. — Falou um tanto distante e Steve viu as mãos dela brilharem em vermelho.

O primeiro vingador se aproximou sem pensar duas vezes, segurando-a pelos ombros. — Wanda....

— Acho que eu merecia isso.... — Ela disse com a voz embargada e os olhos cheios de lágrimas. — Eu mereci perde-lo.... E-eu.... Brinquei com os medos de todos e, no fim, o meu maior medo se tornou real.

— O que aconteceu com seu irmão não foi sua culpa.

Ela torceu os lábios, fechando as mãos em punhos. — Não importa, Steve. Pietro está morto e..... Não há nada que eu possa fazer para mudar isso.... Exceto continuar vivendo com a sensação de que falta algo.

— Sei como é isso. — Steve sussurrou, tirando as mãos dos ombros dela ao notar que tinha se acalmado.

Wanda o encarou, um ameaço de sorriso brotara sutilmente em seus lábios. — Você sabe, mas consegue lidar com isso.... Como o faz?

Rogers deu de ombros. — Ocupo minha cabeça com outras coisas.... Como salvar as pessoas, como.... Ajudar amigos que precisam de uma conversa e não um sermão. — Steve sorriu e esticou a mão, colocando uma mecha escura do cabelo de Wanda no lugar. — Mas está errada ao pensar que lido com isso.... Porque não o faço.

Wanda crispou os lábios.

— Eu vivo meu símbolo, Wanda. Minha... Máscara. — Rogers comentou um tanto distante. — Porque viver sem isso é difícil e dolorido demais. É como.... Estar cercado de lembranças, de desejos que foram interrompidos.  É saber que nunca pude levar Peggy para dançar e que hoje ela não me reconhece por mais de cinco minutos. E que meu melhor amigo, está perdido por aí, com a mente quase destruída porque se tornou o soldado invernal.... — Fez uma pausa, voltando a encará-la. — Eu prefiro ser o Capitão América.

— Eu não sou ninguém, Steve. Além de Wanda.... Não há nada....

Steve segurou as mãos dela e olhou fixamente em seus olhos. — Bem.... Existe alguém que você pode ser. Uma heroína. Você errou, como todas as pessoas, mas depois voltou e ajudou a limpar a bagunça e não são todas as pessoas que conseguem fazê-lo. Isso que nos faz heróis, acima de tudo.... E mais, os arquivos da SHIELD a chamam de Feiticeira Escarlate, caso esteja sem ideias para um nome. — Rogers deu um sorriso divertido.

Wanda apenas riu, afastando as lágrimas. Gostava de analisa-lo quando estava distante, seus ombros largos, o rosto levemente quadrado e os estreitos olhos azuis, porém, nunca o tinha visto tão de perto e isso estava sendo um problema.

O primeiro vingador sentiu a inquietação de Wanda e virou o rosto, como se observasse os arredores antes do que ia fazer e, quando a jovem menos esperava, seus lábios amassaram os dela num beijo deveras desajeitado.

A Feiticeira correspondeu quase de imediato e o abraçou com um pouco de força, trazendo-o para mais perto de si. Wanda tinha uma vaga lembrança de seu primeiro beijo, por isso era um pouco engraçado acompanhar Steve, porém, ele pareceu notar isso. Sua língua acariciava o céu da boca e suas mãos grandes firmavam sua cintura mesmo que não houvesse necessidade disso.

Verdade seja dita, Wanda nunca alimentou qualquer esperança disso. Steve era um bom homem, um herói, e ela apenas uma arma militar com desejo de vingança por ter perdido seus pais para um míssil das indústrias Stark. Não havia absolutamente nada de heroico em sua vida, além de Sokovia, embora suas ações fossem mais movidas por remorso do que de fato, heroísmo.

No entanto, isso não parecia um problema para ele.

Quando se afastaram, Wanda sentiu-se envolvida por um abraço carinhoso e uma risada ao pé de seu ouvido que a fez se arrepiar e erguer os olhos.

— Sabe.... Podíamos tomar um café. — Rogers riu.

— Não deveria ter sido ao contrário? — Wanda ergueu a sobrancelha.

Steve ficou vermelho e mexera os ombros, fazendo-a rir. — Er.... Bem, devia, mas... Oh, droga.... Café então. — Ele coçou a nuca meio embaraçado. — Às oito?

Wanda riu de leve. — Às oito.

Por mais desmotivada e distante, Wanda conseguiu sorrir com sinceridade. Levaria tempo, ela sabia, mas talvez poderia retomar sua vida e aceitar que nada era permanente, nem estava determinado. Uma obra de arte nunca estava finalizada, apenas abandonada e com as cores certas, seus vermelhos e pretos poderiam se mesclar ao azul de Rogers.