A noite perfeita e romântica terminou no hospital.

Sim, exatamente o que você está pensando. Marinette Dupain-Cheng caiu da árvore.

De acordo com o médico, não foi nada muito grave, eu consegui me segurar com o braço, mas acham que muito provavelmente agredi meu pulso. Agora estávamos todos esperando o homem do jaleco dizer o que eu precisava fazer enquanto meus amigos ficavam ao meu redor, e a enfermeira reclamando disso, pois eu "precisava de espaço".

— Bom, Marinele - O médico começou.

— Marinette - Dessa vez foi o Adrien, foi bem a quarta vez que o homem errou meu nome.

— Bem, Marinette. Tome mas cuidado da próxima vez, você poderia ter fraturado não só o pulso, mas o braço todo.

Okay, eu estou bem, será que poderia ir embora agora? Não iria perguntar aquilo em voz alta, nós não simpatizávamos com esse homem de jaleco branco. Por isso que quando conseguimos sair daquele lugar e ir pra casa, ficamos muito felizes.

— Bom, acho que se a Mari não tivesse arrumado encrenca, não teria sido uma saída com a Mari! – Alya disse, e eu abaixei a cabeça envergonhada enquanto massageava meu pulso com um saco de gelo.

— Exatamente – Nino concordou, e então eles deram um selinho. Tão apaixonados e tão fofos. Mas a imagem me fez lembrar o beijo que Adrien me deu, e se antes eu estava corada, agora eu estava uma verdadeira pimenta!

— Podem deixar que eu levo a Marinette para casa – O garoto loiro disse.

— O quê? Podemos ir junto e- Alya pisou no pé de Nino antes que ele terminasse de falar – Bom, certo, okay, pode deixar, eu e a Alya já estávamos indo para casa, não é mesmo, querida?

— É! Tchau, Adrien. Tchau, Mari, melhoras, viu? – E foram embora.

Continuamos andando em silêncio, por algum motivo, eu sentia um sentimento de culpa vindo de Adrien. O que teria acontecido para ter deixado ele assim?

— Desculpa pelo beijo – Aí está a resposta. Corei na hora.

— Ahn, n-não foi nada – Mentira – E-está tudo bem, j-juro!

— S-se você diz... – E abaixou a cabeça, como um gatinho arrependido. Por impulso, peguei sua mão. Ele encarou surpreso, mas depois sorriu, e fomos assim, de mãos dadas para minha casa.

x-x-x

“- Realmente quer que eu pare?

— N-não – Eu disse enquanto ele continuava me beijando e passava da boca para o meu pescoço e vice-versa – M-mas, Adrien, já está t-tarde, não deveria ir – Segurei um som impróprio que poderia vir a sair pela minha boca.

— Você que deixou eu vir para cá, my lady – E de repente, o modelo loiro estava com uma máscara preto e olhos de gato.

ChatNoir?”

— Marinette? Marinette? – Adrien chacoalhava as mãos na minha frente – Você viajou, hein, no que estava pensando?

— Ahn, em nada! – Peguei a chave no meu bolso e fui abrir a porta, mas meu pulso doeu. Gemi e deixei a chave cair no chão.

— Deixa que eu abro – Ele disse sorrindo e se agachando para pegá-las. Tão gentil. O que será que ChatNoir faria? Provavelmente, beijaria meu pulso primeiro, roubava um selinho meu, pegava as chaves e abria porta dizendo “Primeiro as damas, my lady”. Sorri com o pensamento.

Entramos, e logo subimos para meu quarto. Oh, bagunça, eu espero realmente que ele não se importasse com isso, pois as roupas estavam todas jogadas no chão.

— Argh, arrumo isso amanhã – Deixei minha bolsa em cima da mesa – Bom, obrigada por me acompanhar, pode ir para casa agora – Ele me encarou – O que foi?

— Você realmente não se importou com o beijo? – Aquele assunto de novo.

É claro que eu me importei. Me importei muito. Me importei porque passei uma vida inteira gostando desse maldito modelo de cabelos loiros, e toda vez eu não conseguia me declarar para ele, ou ele dava mais atenção para Chloe. Me importei porque ele estava me lembrando um maldito gato preto. Me importei porque eu queria aquele beijo. Me importei porque sentia que era uma traição.

Mas, por algum motivo, eu não sentia que era tão traição assim. E eu odiava pensar nisso.

— Como eu disse, Adrien, não foi nada – O que saiu da minha boca foi exatamente isso. Eu me odeio.

— Bom, então – Ele se aproximou, levantou a cabeça e ficou me olhando – É... Tchau! – E beijou minha bochecha, e saiu descendo as escadas rapidamente.

Me sentei na cama e tentei pôr minha cabeça no lugar, eu precisava de um tempo para pensar, eu não entendia o que eu estava sentindo e muito menos o conteúdo da prova. E meu pulso doía.

Mas então, mesmo depois de tudo isso, ouvi o barulho na janela. E não sabia se sorria ou se chorava.

— Boa noite, my Lady! Será que poderia deixar seu gatinho entrar?