Era uma noite fria de Paris, meus pais tinham perguntado se eu poderia fazer uma entrega, eu fui a pé mesmo, eu adorava caminhar pelas ruas daquela cidade iluminada. Eu era apenas uma garota com uma roupa de frio e eu senti uma necessidade de sair com o meu cachecol de joaninha, um cachecol normal vermelho com bolinhas pretas, e ainda segurando uma caixa cheia de doces. É meio complicado segurar a vontade de provar alguns, mas meus pais disseram que deixaram alguns para mim, então vale a pena.

Toquei a campainha daquela casa, era bonita, a mulher que atendeu era muito gentil e até me convidou para entrar, mas eu tive que recusar, e descobri que os doces eram para a festa de sua filha que ia ter no dia seguinte, bem cedo.

Me despedi e voltei a andar pelas ruas de Paris, estava pouco movimentada e parecia que as luzes brilhavam mais naquele dia. Sorri, e continuei andando, era boa a sensação de estar naquele local sozinha, não era solidão que eu sentia era... Paz...

Ao longe vi um menino com orelhas de gato "Chat?", não, não era o gato preto, era apenas mais um garoto, ele estava andando na minha direção, quando a luz bateu em seu rosto notei que era o Adrien, com um casaco preto que o capuz tinha orelhas de gato:

— Adrien?

— Marinette? - O silêncio reinou, não sabíamos o que falar um pro outro, foi ele que tomou a iniciativa - O que faz aqui, nas ruas de Paris?

— Eu fui fazer uma entrega, naquela casa - Apontei - Mas eu já estava voltando para casa.

— Posso te acompanhar? - Ele sorriu, e eu não podia recusar, concordei com a cabeça e ele se aproximou até ficar do meu lado.

— Então, o que o modelo faz longe de casa?

— Eu estava cansado de ficar nela - Olhei pra ele com cara de surpresa - Sim, eu fugi. Minha vida é chata, as vezes faço isso.

— Sua vida? Chata? Fala sério, seu pai é um importante estilista, você tem uma casa incrível, sempre uma câmera apontada pra você, é reconhecido por toda Paris, e todas as meninas te amam - Meu sorriso foi sumindo aos poucos com a última ideia, olhei para ele que logo começou a falar.

— Marinette, vamos pensar um pouco, pelo fato deu ser muito famoso e ser "amado" por muitas garotas - Ele literalmente indicou aspas com os dedos - Eu não tenho vida própria, as revistas decidem minha vida, os horários decidem o que eu tenho que fazer, o sorriso é uma máscara, eu sou uma marionete.

— S-sinto muito, eu realmente não sabia - Coloquei minha mão no seu ombro - E-eu achei q-que... S-sinto muito...

— Não sinta, todos pensam que eu sou feliz - Ele não estava sorrindo mais - E sobre todas as garotas gostarem de mim, elas só querem ser famosas, você não percebe?

— Adrien, eu não gosto de você só por isso - Saiu quase automaticamente, eu tapei minha boca no minuto seguinte quando percebi a burrice que eu havia dito.

— Gosta de mim pelo quê, então?

— E-eu - A burrice já estava feita, eu teria que continuar - B-bom, você é gentil Adrien, você me deu seu guarda chuva para eu não me molhar na chuva. Você é engraçado, o Nino sempre ri do seu lado. Você é paciente, lembra do dia que nós tivemos que fazer uma dupla do trabalho de geometria e você teve que explicar umas quinhentas vezes como se fazia tal questão? E você também é um guerreiro, não percebe? Ter que aturar essa sua vida todos os dias... E eu  não fazia a menor ideia que se por acaso eu ficasse com você eu me tornaria famosa, isso nunca passou pela minha cabeça. Eu ficaria com você mesmo se não tivesse dinheiro, eu ficaria mesmo se não tivesse seu rosto estampado numa revista, eu... Eu... Eu gosto de você Adrien!

Ele ficou calado por um momento olhando para mim, eu estava praticamente vermelha, olhei para baixo, quando voltei a olhar para o rosto do modelo, ele pegou meu queixo e foi se aproximando devagar, quando pude perceber, nós estávamos nos beijando.

— Obrigado - Ele disse ao se afastar - Por gostar de mim.

— De nada - Foi o que consegui responder.

Ele segurou minha mão e continuamos andando pelas ruas iluminadas, olhei para seu rosto e ele olhou para o meu, e ele sorria, pude perceber que aquele sorriso não era uma máscara, e esse era muito mais bonito que qualquer um que ele dava pra uma câmera.