Coffee Breaks escrita por Kira Queens


Capítulo 4
About a Lost Love


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas, desculpa a demora, não foi por mal, é que eu não tava conseguindo de jeito nenhum desenvolver esse capítulo, sério, mas eu acabei gostando, apesar de que não acontece nada demais.
Na hora que eu tava escrevendo eu pensei em um tanto de coisa que eu queria falar pra vcs mas agora eu não lembro de nada, então é isso, até as notas finais askksm



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/683957/chapter/4

No dia seguinte, Katniss acordou com uma dor de cabeça horrível. Após quatro míseras horas de sono, levantei-me às oito e preparei meu café da manhã. Minha melhor amiga estava adormecida no meu sofá e, por mais que eu tivesse tentado, não fui capaz de acordá-la. Afastei a cortina, permitindo que a luz solar entrasse pela janela, e sacudi seu corpo, chamando seu nome, mas de nada adiantou. O máximo que eu consegui foi fazer com que ela resmungasse sons desconexos.

Mas estava tudo bem. Deixei um bilhete e fui trabalhar. Como nós éramos as únicas duas funcionárias, nossa rotina podia ser bastante dinâmica. Haymitch e Effie tiravam a terça e a quarta de folga, quando Kat e eu tomávamos conta do café. Dessa forma, nós trabalhávamos aos sábados, mas tínhamos folga no domingo e na segunda. Eu conhecia nossos chefes bem o suficiente para saber que eles não se importariam de que ela faltasse aquele sábado e trabalhasse no domingo ou na segunda, pra compensar.

Eu estava certa de que Kat iria dormir a manhã toda, por isso surpreendi-me quando, pouco tempo após eu chegar, ela abriu apressadamente a porta do café. Seu cabelo estava amarrado em um coque despojado e sua aparência estava péssima.

— Estou aqui! — ela disse enquanto amarrava o avental em seu corpo — Eu não me lembro de quase nada, só sei que nunca mais quero ver aquele cara na minha vida.

Seus olhos estavam caídos e seu rosto ainda estava amassado. Perguntei-me se ela teria se olhado no espelho antes de sair de casa, mas preferi não comentar nada.

— Noite passada você parecia bem interessada nele — eu impliquei, optando por não revelar que ele era amigo do meu novo amigo, já que ela não queria vê-lo.

Kat revirou os olhos ao mesmo tempo em que Effie adentrava o local.

— E você parecia bem interessada naquele cara — ela devolveu, mas eu não tive tempo de explicar que o máximo que nós seríamos era amigos.

— Bom dia, Annie — Effie cumprimentou com um sorriso ao passar por mim — Katniss, você está cheirando a bebida alcoólica, vá para casa e volte amanhã.

— Obrigada, Effie! — imediatamente, ela arrancou o avental, despediu-se de mim com um aceno e saiu, bocejando.

Parei em frente ao balcão e suspirei, esperando que alguma alma viva aparecesse, do contrário o dia seria bem tedioso. Encarei o relógio e, no mesmo horário de sempre, Harold entrou e sentou-se na sua mesa de costume.

— Cappuccino? — indaguei já começando a prepará-lo. Ele apenas assentiu.

Fiquei feliz por finalmente ter algo para fazer, já que o movimento era pouco e, sem Katniss, não havia com quem conversar, já que os meus chefes passavam a maior parte do tempo cuidando da parte administrativa — ou simplesmente discutindo no escritório.

Terminei o cappuccino e fui entregá-lo com o meu sorriso habitual. No entanto, assustei-me ao constatar que o senhor estava chorando. Com os cotovelos apoiados na mesa, ele usava as mãos para cobrir os olhos, mas era possível notar que ele soluçava.

— Harold... — eu comecei, sem saber ao certo o que dizer. Deixei a xícara em cima da mesa e sentei-me.

— Harry — ele corrigiu, tirando a mão do rosto — Ela me chamava de Harry — eu não sabia ou não se deveria perguntar, portanto não disse nada. Reparei apenas no buquê de flores jogado na cadeira ao seu lado — Hoje faz um ano que a minha esposa faleceu — ele não olhava para mim enquanto falava. As lágrimas brilhavam em seu rosto e ele tremia levemente. Devia ter cerca de setenta anos.

— Eu sinto muito — disse com pesar na voz — Como ela era? — eu perguntei gentilmente, com medo de ser inconveniente, porém sem nenhuma ideia melhor do que fazer ou falar.

Ele curvou os lábios em um sorriso triste. Esperei pela sua resposta enquanto fitava seu rosto enrugado e cansado.

— Insuportável — Harry me falou. Notei que ele tentara rir, mas tudo o que ele fez foi deixar que mais lágrimas escorressem — Nós nos conhecemos em um baile de inverno em Londres. Eu não sei o que eu comi no almoço sábado passado, mas, ah! Eu me lembro como se fosse ontem do jeito como ela fechava os olhos e jogava a cabeça pra trás quando ria...

E então ele simplesmente desatou a falar. As lágrimas cessaram e ele nem sequer olhava para mim, mas sim para um ponto fixo na parede. Seus olhos estavam brilhantes e distantes, como se seu corpo estivesse presente, mas seu espírito tivesse vagado de volta ao ano em que ele conhecera sua esposa.

Harry falou até que seu café já estivesse frio. Contou-me que Margareth, sua falecida mulher, o havia encantado desde o primeiro dia, quando ela cantou blues no baile. Ela havia sido a mais bonita das noivas no dia do casamento deles e havia chorado como nunca antes no dia em que perdera o primogênito ainda nem sequer nascido. Eles nunca tiveram filhos, além dessa única tentativa frustrada. Mas Maggie, como ele a chamava, foi capaz de seguir em frente e nunca perdeu seu encanto. Nem mesmo quando ela descobriu ter câncer. E ele jura que ela ainda foi capaz de sorrir mesmo no dia se sua morte.

— Maggie sempre guardava minhas meias na gaveta errada, mesmo após eu ter lhe pedido para deixá-las para eu guardar. Ela guardava o achocolatado na geladeira e o leite aberto no armário. Era tão irritante.

Após Harry ter desabafo tudo o que tinha para desabafar, eu pedi permissão aos meus chefes e o acompanhei até o cemitério. Mantive certa distância e deixei que ele chorasse e conversasse com o túmulo, onde ele havia depositado o buquê de flores.

Eu nunca havia perdido ninguém. Não conhecia a sensação e, naquele momento, desejei de coração aberto que eu nunca a conhecesse, mesmo sabendo que era um pedido impossível. Mas é que eu nunca havia conhecido Maggie e Harry era apenas um fã do meu café. E mesmo assim eu não pude evitar o choro, nem quando ele me contou sua história e nem quando eu presenciei seu sofrimento em frente àquele túmulo. Cheguei à conclusão de que eu não aguentaria, se fosse com alguém que eu amasse.

Só que a questão é que sua história me tocou. Desde o dia em que eles se conheceram até ele ir ao cemitério todos os domingos. Por isso, pedi-lhe permissão para escrever sobre ele e Maggie. Fiquei apreensiva, mas, para a minha surpresa, ele achou que a ideia era maravilhosa e me deu muito mais informações do que eu teria pedido. Com suas próprias palavras, aquela era uma forma de não só honrar, mas também manter viva a memória de Margareth.

Cheguei em casa à tarde naquele dia, aproveitando o dia de folga que Effie me cedera, liguei o notebook e deletei tudo o que eu tinha escrito do meu livro. Foi uma decisão impulsiva, mas eu sabia que não iria me arrepender, porque eu nunca havia estado tão empolgada antes. Seria um livro de contos. O primeiro deles: Harry e Maggie.

Tive tantas ideias em um só dia que eu não conseguia parar de sorrir. Queria que meu livro fosse algo especial. Decidi que iria recolher o máximo de histórias reais possíveis e usá-las como inspiração para escrever. Dessa forma eu poderia fazer o que eu gosto enquanto me relacionava e ajudava outras pessoas. Era perfeito! Quis ligar para a minha mãe, mas mantive-me focada em escrever. Eu queria, no mínimo, organizar todas as minhas ideias e registrar o máximo possível de detalhes para que posteriormente eu não me confundisse e nem me esquecesse. Fiquei tão concentrada e empolgada que só fui dormir de madrugada.

No domingo, precisei trabalhar para repor o sábado, o que deixou Katniss radiante. Só o que a deixou mais feliz foi ver que eu levara o notebook para o trabalho, coisa que eu nunca havia feito antes, para poder escrever nos intervalos que nós tínhamos quando não havia nenhum cliente.

Kat me implorou para que eu a deixasse saber sobre o que eu estava escrevendo, mas eu me recusei. Ela era minha melhor amiga, é lógico que eu estava ansiosa para que ela lesse, mas eu não queria antecipar nada. Queria primeiro garantir que o que eu estava planejando iria dar certo para não dar-lhe expectativas à toa, que nem eu fiz com todo mundo quando decidi sair de casa.

Na segunda, eu só saí de casa para ir ao mercado. Depois que eu fui morar sozinha, uma das maiores dificuldades que eu precisei enfrentar foi aprender a cozinhar e a fazer compras sozinha. Eu ainda não tinha nenhum grande talento na cozinha além de pipoca e eu ia ao mercado basicamente pra comprar sorvete, batata, a ração e a areia pra caixinha da Mia, mas dava pra viver. Depois de um tempo você se surpreende com a variedade de comidas que você pode preparar usando apenas algumas batatas.

O resto do dia, eu gastei pra escrever. Liguei para o Harry, perguntei como ele estava e lhe fiz algumas perguntas. Pintei as unhas enquanto escutava música, coisa que há muito eu não fazia.

Meus dias estavam passando rápidos como nunca e eu constatei que estava realmente animada, quase não pensava em outra coisa a não ser no que eu estava escrevendo. Eu sempre achei divertido a maneira como eu me envolvo com as coisas e torno-me incapaz de focar em qualquer coisa além daquilo. Porém, na terça-feira, eu estava sentada no banquinho em frente ao balcão do café, determinada a terminar pelo menos mais uma página, quando eu ouvi uma voz que já estava se tornando conhecida para mim.

— Annie! — seu tom de voz era alto e animado, o que fez com que eu me assustasse, virando abruptamente para trás.

— Finnick! — exclamei ao vê-lo e levantei-me para abraçá-lo, por instinto. Seu perfume inundou minhas narinas e eu fechei os olhos, apertando meus braços a ele e sentindo-o fazer o mesmo em minha cintura — É bom te ver — eu disse a ele afastando-me quando percebi que já estávamos abraçados um ao outro por mais tempo do que o normal.

— Minha presença é sempre agradável — ele brincou com um sorriso divertido no rosto. Sua aparência parecia melhor, mas seus olhos estavam um pouco caídos, como se estivesse cansado, desesperado por uma cama ou apenas um café mesmo — Resolvi parar por aqui já que me dei conta de que eu não tenho o telefone da minha nova melhor amiga — eu sorri e nós trocamos os números, coisa que realmente já deveríamos ter feito.

Eu havia ficado tão entretida com o livro que nem sequer havia pensado em Finnick nos últimos dias, mas fiquei feliz por ele ter se lembrado de mim. Eu queria que nós mantivéssemos nossa repentina amizade. Era fácil conversar com ele e, por mais que ele estivesse apenas brincando, ele estava certo: sua presença era mesmo agradável.

— Você está escrevendo? — ele perguntou curioso, apontando para o notebook. Finn fez menção de se aproximar, por isso eu coloquei as mãos em seu peito para impedi-lo.

— Ela nem sequer me deixa ler isso, não vai deixar você — Katniss, que até então estivera quieta lixando suas unhas, manifestou-se.

Abaixei a tela e puxei Finnick em direção a uma mesa próxima à parede de vidro. Nós nos sentamos e não dissemos nada por alguns momentos. Era manhã e a fraca luz solar que entrava iluminava seus cabelos e seus olhos, tornando-o uma visão ainda mais bela do que já era.

— Às vezes eu sinto vontade tirar uma foto sua, nem que seja meio que nem a Kirsten Dunst em Elizabethtown — eu confessei, arrancando-lhe uma risada.

— Olha quem fala — ele respondeu — Eu não sei exatamente o que eu vim fazer aqui, então se eu estiver atrapalhando, você pode me expulsar.

— Não está atrapalhando — eu garanti a ele — Então, como você está? — eu perguntei.

Finnick estava com as mãos entrelaçadas em cima da mesa. Ele deu de ombros levemente, como se a resposta para a minha pergunta não importasse.

— Bem, na medida do possível. Precisando de uns dias de folga — ele respondeu. Eu assenti, concordando — Não vai me contar sobre o quê está escrevendo?

Pensei sobre isso por um momento, refletindo o quanto eu queria contar e o quanto eu preferiria manter segredo.

— É romance — eu afirmei, simplesmente. Ele ergueu as sobrancelhas, esperando por mais — Ei, não faça essa cara! É só esperar para comprar o livro, como qualquer outra pessoa.

— Eu não sou qualquer outra pessoa — ele retrucou indignado — Então só me fale o porquê de você escrever.

Ninguém nunca havia me perguntado isso antes, por isso, precisei de um momento para pensar. Era fácil pra mim, eu era boa nisso. As pessoas me davam um tema, ou eu o inventava sozinha, então eu sentava e escrevia. Nunca houve um segredo, uma tática e nem um motivo. Mas eu compreendi sua dúvida.

— Sempre foi essa a minha maneira de me expressar, até que chegou num ponto em que eu queria escrever sobre tudo o que acontecia, tudo o que eu via, então eu percebi que era isso o que eu queria fazer pelo resto da minha vida — expliquei — Com esse livro, eu quero fazer algo significativo, mas é surpresa — terminei a minha fala com um sorriso, reparando que ele prestava atenção em cada palavra que eu dizia.

— Entendi — disse Finnick — Vamos sair amanhã — sugeriu, subitamente — Ir ao parque ou comer alguma coisa, tanto faz.

— Claro — concordei. Ele sorriu e levantou-se, abaixando-se em seguida para beijar a minha bochecha, fazendo com que eu estremecesse.  

— Até amanhã, então. Vou deixar você trabalhar — dito isso, ele saiu. Eu continuei sentada enquanto sua BMW saía do meu campo de visão.

Suspirei e quando desviei o olhar do lado de fora, encontrei Katniss me olhando com desconfiança. Havia me esquecido completamente de sua presença.

— Só amigos? — ela perguntou. Revirei os olhos.

Eu não sei o que Katniss via quando olhava para nós dois. A meu ver, até então, nem eu nem ele havíamos dado qualquer motivo para qualquer pessoa acreditar que poderia existir algo a mais entre nós.

Levantei-me da cadeira onde eu estava sentada e posicionei-me atrás do balcão.

— Só amigos — confirmei num murmúrio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu to tentando criar personagens reais, sabem? Porque tem umas fics que as coisas acontecem rápido demais, tem umas que demoram demais, eu to tentando fazer com que eles sejam amigos, mas que ao mesmo tempo a Annie comece a ficar tipo "mas nossa ele é tão lindo... mas não, nós somos amigos e eu não posso pensar nissMAS ELE É TÃO LINDO" pq né, isso acontece com todo mundo pelo menos uma vez na vida.
Eu não sei como vou desenvolver peeniss, percebi isso nesse capítulo, pq eu tava com umas ideias mas to com medo de ficar cansativo e sem graça, porque eu não pensei em nada muito criativo pra eles. Ta complicado, migos.
Aahh, pra quem não assistiu Elizabethtown, assista!! Eu amo esse filme e a referência não é nada demais, é só que a personagem da Kirsten em alguns momentos imita uma câmera com as mãos como se estivesse tirando foto.
E por último, pessoal, tem mt mais gente lendo do que comentando e eu não vou falar que não desanima porque desanima um pouco sim. Eu fico mó feliz quando vocês falam o que estão achando e conversam comigo e tudo mais (inclusive meu twitter é @sheswaldorf e meu instagram é kiranobrega, pra quem quiser socializar, tem tudo no meu perfil) e é rapidinho e não custa nada, então é isso. Espero que tenham gostado e até o próximo. Beijo!