Coffee Breaks escrita por Kira Queens


Capítulo 18
Then The Cold Came


Notas iniciais do capítulo

Nossa, vocês podiam ter ao menos tentado disfarçar a surpresa quando viram meu nome nas atualizações. Mas ok, ok, eu entendo que vocês nem lembravam que eu existo e aí eu ressurgi dos mortos etc, my bad.
Pra vcs terem noção, quando eu planejei a fic, era pra esse capítulo ter saído no NATALkkkkkkkk enfim, se ainda tem alguma alma viva aqui, boa leitura!!1



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2 meses depois

Encarei o e-mail exibido na tela do meu notebook enquanto batia as unhas na madeira da minha escrivaninha. Ao mesmo tempo em que uma parte de mim sentia receio, eu sabia que havia feito a escolha certa – aquilo era sim uma coisa boa. A universidade, na qual eu trancara a minha matrícula, aceitou me receber no início do semestre seguinte. O momento que eu adiantara durante tanto tempo finalmente iria chegar.

Do lado de fora da minha janela, a neve caía suavemente, colaborando para aumentar a espessa camada branca sobre o chão. Minhas pernas estavam dobradas em cima da cadeira e meu quarto de adolescência parecia estranhamente indiferente a mim. Não reli nenhum dos meus diários, nem mesmo passei o dedo pela capa empoeirada de meus antigos livros favoritos. Percebi que eu era uma pessoa diferente, talvez eu havia, afinal, amadurecido. Talvez fosse isso o que chamavam de vida adulta – deixar de se identificar com os pôsteres de Gilmore Girls na parede, voltar para a faculdade, enfrentar alguns medos...

De qualquer maneira, tentei não pensar muito em como seriam as coisas depois que o gelo lá fora derretesse e as luzes douradas fossem retiradas dos pinheiros. Já faziam algumas semanas que eu estava na casa da minha mãe em Derry e estava sendo mais agradável do que eu teria pedido. Nós sempre leváramos o Natal muito a sério naquela cidade. Enfeites eram pendurados em cada metro quadrado dentro dos limites municipais, as casas eram iluminadas, biscoitos com gotas de chocolate eram assados e bonecos de neve eram construídos, com a maior cenoura do mercado sendo usada como nariz.

— Annie, você já está se arrumando, querida? — ouvi minha mãe gritar do andar debaixo — Seria uma afronta se nós nos atrasássemos, ainda mais depois de tudo o que o Logan tem feito por você.

Sorri para a tela do notebook e abaixei-a. Tirei a calça de moletom rosada e, em seu lugar, vesti uma grossa meia-calça preta seguida de uma saia vermelha. Coloquei uma bota marrom e vesti o primeiro agasalho verde que encontrei, além de uma touca natalina para aquecer as orelhas.

— Prontíssima — anunciei ao descer as escadas. Encontrei Courtney em frente ao espelho perto da porta, colocando seus brincos e ajeitando o cabelo.

— Cadê suas luvas, Annie? Por que você insiste em não usá-las? — foi a primeira coisa em que ela reparou, passando a mexer em sua bolsa. Suspirei pesadamente, sabendo que eu deveria ter previsto isso. Em alguns segundos ela havia retirado um par de luvas pretas da bolsa e estava estendendo-o para mim. Coloquei-o sem questionar.

— Eu me sinto uma árvore de natal com tanto agasalho — resmunguei, deixando que minha mãe puxasse minha toca mais para baixo e enrolasse um cachecol verde musgo em meu pescoço.

— É uma árvore que não vai passar frio — retrucou — Seu narizinho já está vermelho, depois você pega um resfriado e não sabe por quê.

Ajudei minha mãe a carregar a sacola de presentes e saímos rua a fora. Assim que pus os pés fora da cobertura das telhas, pequenas partículas de neve começaram a cair em minha touca e minha roupa. Tive facilidade em caminhar pela neve e agradeci às minhas botas por isso.

— A gente realmente tinha que dar uma limpada nesse quintal — comentei — Daqui a pouco a gente vai afundar quando tentar sair de casa.

— Pra que limpar se logo vai derreter e virar água? A natureza é independente, querida, não se preocupe — respondeu. Optei por não discutir, afinal, mais neve acumulada significa mais formas diferentes de brincar com ela.

Atravessamos o percurso de dois quarteirões até chegarmos à casa dos Bennet. Batemos os pés na varanda para tirar a neve da sola e demos leves batidinhas na porta. Não foi preciso esperar, em questão de segundos a maçaneta girou e deparei-me com o rosto simétrico de Logan. Havia um “L” laranja bordado em sua blusa marrom de lã e eu soube que fora presente de sua mãe. Os fios loiros estavam parcialmente cobertos por uma touca que combinava com o agasalho.

— Nossa, que frio! — ele exclamou com um sopro e eu observei o vapor escapar de sua boca — Entrem, senhoritas, feliz natal! — minha mãe foi na frente, abraçando-o e puxando sua touca para que ela cobrisse sua testa — Obrigado, Courtney, bem que eu senti minha testa um pouco fria.

— Por nada, querido, não compensa ficar desprotegido só pra mostrar esse topetinho loiro — ela passou uma mão em seu rosto e caminhou sala adentro. Logan e eu rimos um para o outro. Ajeitei sua touca do modo como estava antes.

— Feliz natal, Loggie! — dei-lhe um abraço apertado, que ele retribuiu de bom grado. Separamo-nos e eu vasculhei a sacola em busca do presente dele.

— Feliz natal, Annie — ele respondeu fechando a porta atrás de nós – e eu ainda procurando pelo presente na sacola.

— Annie, cadê os presentes? — a voz de mim mãe soou vinda da cozinha. Revirei os olhos e finalmente encontrei o de Logan, só então notando que ele se divertia à minha custa.

— Espero que goste — estendi a ele o pequeno embrulho etiquetado. Era um porta-retratos com desenhos de inverno, como flocos de neve e renas, e por dentro uma foto nossa da semana anterior. Nós estávamos no parque de Derry usando agasalhos escuros que contrastavam com a paisagem esbranquiçada pela neve. Ele estava mordendo minha bochecha e eu exibia um largo sorriso infantil, de olhos fechados.

— Aguenta aí que eu vou buscar o seu! — ele ergueu a mão na minha direção, indicando que eu deveria esperá-lo ali.

— Annie! — chamou minha mãe novamente.

— Calma que eu já volto — gritei para Logan e dirigi-me ao restante do pessoal na sala. Cashmere estava lá, além de, possivelmente, toda a população da cidade. Cumprimentei-os rapidamente, distribuindo alguns presentes que minhas mãos alcançaram com facilidade e corri até a cozinha, arrastando a gigantesca sacola de presentes atrás de mim.

Na cozinha, encontrei os pais de Logan e minha mãe. Havia alguns pãezinhos quentes em cima da mesa e uma fornada de biscoitos estava sendo retirada do fogo.

— Ah, aí está você, querida — minha mãe se aproximou de mim e tomou a sacola de minhas mãos. Cumprimentei o Sr. e a Sra. Bennet e entregamos seus respectivos presentes.

— Ficamos tão contentes quando soubemos que você e o Logan retomaram contato — Susan falou, passando os delicados dedos pela extensão de meu cabelo castanho — É muito bom ter vocês aqui, agora vocês passam o ano todo fora!

— Ah, nem me fale — emendou minha mãe — Foi tão difícil me acostumar quando ela foi embora.

— Annie, querida, você se importaria de levar essas bandejas lá pra sala? — Eddie perguntou, gesticulando em direção às bandejas em cima da mesa.

— Claro — concordei.

Roubei um pãozinho antes e depois carreguei os objetos de prata até a sala, deixando-os junto com o restante da comida. Pattie, uma de nossas vizinhas, foi a primeira a se aproximar e agarrar um pãozinho açucarado.

— Hum, está tão quentinho! — observou, sorrindo para mim.

— Não está? — concordei. Peguei um brownie em outra bandeja e aproveitei para conversar melhor com os outros convidados, agora que minha mãe havia me livrado da tarefa de carregar a sacola do Papai Noel.

Um dos velhos que já era velho quando eu era criança estava me contando uma história engraçada da bagunça que o Comitê aprontou enquanto arrumava a decoração de natal quando Logan desceu escada abaixo aos pulos segurando um envelope e um pequeno embrulho.

— Posso roubar a senhorita por um instante? — perguntou Logan ao senhor, que balançou a cabeça e sacudiu a mão, indicando que consentia.

— Vou pegar alguma coisa pra beber antes — avisei quando percebi que ele pretendia ir lá pra fora.

Peguei uma caneca na cozinha e enchi-a de chocolate quente, tão quente que tive de segurar apenas na asa para não queimar as mãos. Joguei um par de marshmallows em meio ao líquido marrom e acompanhei Logan até a varanda. Sentamo-nos num banco de madeira de balanço, preso às telhas por uma corrente, e pus as pernas para cima, encolhendo-me ao máximo para proteger-me da brisa fria.

Beberiquei do conteúdo da caneca e experimentei uma sensação deliciosa ao sentir o líquido quente e adocicado aquecendo todo o percurso até meu estômago. Logan olhava fixamente para suas mãos – e o que elas seguravam.

— Espero que goste — ele estendeu o pequeno embrulho para mim — Eu adorei meu presente, obrigado. Está na minha cômoda, mas só temporariamente, porque com certeza vou levar ele comigo quando voltar pra casa.

Abri cuidadosamente o papel colorido e encontrei uma caixinha preta que continha uma pulseira prateada com três pingentes: um gato, um livro e um copo de café.

— Logan, é maravilhosa! — exclamei, prendendo-a imediatamente em meu pulso — A Mia, o livro que eu estou escrevendo e a bebida dos deuses.

— Com isso eu não concordo, mas como eu conheço a sua opinião... — ele deu de ombros.

— Sinceramente eu não sei como você pode preferir chá, mas por hoje eu não vou entrar nessa discussão com você, porque é natal e tudo mais — nós sorrimos, só que isso não foi suficiente para esconder que ele estava desconfortável. Optei por não apontar isso e esperar que ele tomasse a iniciativa de tocar no assunto que o incomodava.

Não foi preciso esperar muito.

— Faz tempo que você não fala nada — Logan começou, hesitante — Só que você ainda pensa no Finnick, não é?

Meu sorriso morreu. Esse ainda era um assunto delicado para mim.

Dois meses haviam se passado. Todas as folhas caíram no outono e as árvores decíduas foram cobertas pela, adquirindo uma coloração esbranquiçada. A estação mudara e minha vida havia mudado também. Eu adiantara bastante meu livro e estava prestes a ingressar definitivamente na universidade. O que não havia mudado era que Finnick ainda não voltara. Nem mesmo dera notícias. Eu compreendia perfeitamente que ele estava passando por um momento difícil, mas compreender não anulava a falta que eu sentia dele.

É que nem uma frase de um livro que eu li na minha infância. “Compreendia com o pensamento, mas descompreendia com o sentimento”. E... bem, era tipo isso o que eu estava sentindo.

— É claro que eu ainda penso nele. Como se a saudade me deixasse esquecer — dei mais um longe em meu chocolate quente, que estava começando a perder calor, adquirindo uma temperatura morna.

— Ele pensa em você também — disse Logan. Ele estendeu o envelope branco que pairava entre seus dedos e ergueu o olhar para o meu rosto, analisando minha reação.

Franzi a testa e olhei do papel para ele e de volta para o papel, tentando deduzir uma conexão entre o nosso assunto e esse envelope. Arregalei os olhos e tomei o papel em minhas mãos, abrindo-o e puxando uma única folha.

— Como você mesma disse, o pai dele não sabe que eu existo. Recebi um e-mail de um endereço eletrônico sem nome, composto apenas por letras, e quando li havia uma mensagem para mim, pedindo-me para dar um jeito de te entregar o conteúdo daquela carta. Na hora eu já entendi tudo, imprimi e deletei o e-mail. Não se preocupe, eu não li.

A essa hora minhas mãos já estavam trêmulas e eu praticamente não conseguia manter a folha parada entre meus dedos. Não era a letra dele, obviamente, já que a mensagem fora digitada por ele e posteriormente impressa por ele. Não era um papel que ele tivesse tocado, não havia expressões digitais além das de Logan, não era necessário que eu cheirasse buscando algum aroma que me lembrasse de Finnick porque não haveria nada. Mas era uma mensagem dele para mim e isso já possuía um valor indescritível para mim.

Pus-me a ler, sentindo meu coração bater forte contra meu peito.

Querida Annie,

Perdoe-me por não ter tentado me comunicar com você antes. Minha mãe está muito assustada e nós estamos tendo o máximo de cautela possível. No entanto, eu preciso que você saiba que não se passou um dia sem que eu tenha pensado em você.

Nós temos um plano, minha mãe e eu. Nós estamos reunindo alguns documentos e sabemos de alguém que pode nos ajudar, alguém que, se concordar, mudará completamente a nossa sorte. Meu pai não pode, em hipótese alguma, saber disso, por isso estamos mantendo nossa distância, mas estamos seguros, então peço que não se preocupe.

Engraçado como num dia estávamos juntos e felizes na praia e no momento seguinte tudo isso acabou. Sinto muito a sua falta e eu te prometo que vou voltar pra você. Se até isso acontecer você não me quiser mais como amante, então me terá como amigo ou simplesmente como alguém que você conheceu, mas eu prometo que vou voltar assim que possível. E quando isso acontecer será num cenário diferente, onde ninguém se colocará entre nós e minha mãe estará segura e tranquila.

Há tanto que eu queria te dizer. Contudo, é preciso que eu seja breve. Veja essa carta como um lembrete do meu amor por você. Espero que entenda.

Com amor,

F.O.

Ao terminar a leitura, meus olhos estavam inundados. Apertei a carta contra o peito com uma mão e com a outra enxuguei as lágrimas que insistiam em escorrer geladas pelo meu rosto pálido.

— Não sei o que dizer.

— Não precisa — respondeu Logan, envolvendo-me contra seu corpo. Aconcheguei-me em seus braços e deixei que ele me consolasse — Feliz natal, Annie.

— Feliz natal — respondi e agradeci mentalmente por tê-lo como amigo.


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Notas finais do capítulo

Tava sem inspiração pra esse capítulo porque eu queria que ele mostrasse várias coisas. Queria que desse pra vcs perceberem, sentirem que ao mesmo tempo em que a Annie mudou e seguiu em frente, ela ainda ama e sente falta do Finnick. Awn.
E eu já falei isso antes e torno a falar: eu não vouuu abandonar a fic, ok? Por mais que eu suma, eu sempre volto, mas realmente ta difícil pq eu to estudando muito, gente, sério, desculpa, eu não faço por mal, eu amo escrever e se eu pudesse faria isso sempre. Mas pra vcs terem noção eu só escrevi hoje pq eu tive que ligar o note pra fazer a inscrição do enem e foi a primeira vez em séculos (provavelmente desde a última vez que eu posteikkkk) que eu liguei o note, então eu falei NOSSAvou aproveitar pra escrever pq senão eu nunca mais vou ligar o note e aí pronto, escrevi, saiu. Se continuar assim eu devo dar as caras quando abrir as inscrições da fuvest ou da unespkkkkkkk pior.
Beijos, gente, não esqueçam de mim hein que eu eventualmente apareço por aqui. ♥ (e não se preocupem que a fic ta acabando, EUJURO que vou terminar elakkk)



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