Coffee Breaks escrita por Kira Queens


Capítulo 15
Ooh, Baby, Ooh, Baby, I'm In Love


Notas iniciais do capítulo

Olá, amiguinhos. Nem demorei dessa vez, estão vendo que gracinha??
Escrevendo esse capítulo eu percebi o tanto que eu to carente kkkkkk ai credo. Bom, gente, vou deixar pra falar mais lá embaixo pra não dar spoiler. Espero que gostem!



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O azul límpido do céu e o tapete de algodão que se entendia rumo ao horizonte não me encantaram dessa vez. Por mais que eu tenha me esforçado para sentir a magia dessa cena que eu tanto apreciava, não a encontrei. Finnick estava ao meu lado tão melancólico quanto eu, mas eu evitava seu olhar. O livro que eu lhe emprestara repousava em seu colo, mas ele não o tocou nenhuma vez desde que entramos no avião.

— Annie... — virei-me para ele, esperando alguma frase para acompanhar meu nome, mas ele não disse mais nada, apenas me fitou e pela primeira vez eu tive coragem de encarar seus olhos. Seu intenso e longo olhar mostrava todo o pavor e ansiedade que sentíamos, mas que não éramos capazes de verbalizar.

— Eu sei — respondi, tentando manter minha voz firme e falhei. Pigarreei e olhei de volta para a janela, desejando que aquele voo durasse para sempre, porque eu sabia que no momento em que aterrissássemos tudo mudaria.

As coisas já haviam começado a mudar entre nós há muito tempo, desde aquele dia no quarto dele em que tomamos champanhe. As coisas mudaram quando nos beijamos pela primeira vez e continuaram mudando após cada beijo. Nós fizemos o possível para ignorar, fingir que não havia nada acontecendo, só que isso não poderia mais acontecer. Porque tudo mudou mais ainda quando ele conheceu minha casa e leu meu diário de adolescente e tudo continuou mudando quando Logan apareceu.

Tantos pensamentos gritavam em minha mente que eu não sabia a qual deles escutar. Por mais que eu quisesse manter contato com Logan, eu não sabia quais eram as suas intenções e não tinha nenhuma garantia de que aquela amizade pudesse funcionar. Finnick estava com ciúmes e parte de mim estava satisfeita por isso, mas outra parte estava apenas mais confusa. E além de tudo isso, agora eu tinha em mãos uma informação muito mais relevante do que um mero romance. Pela primeira vez na vida eu poderia procurar meu pai se quisesse.

Mas para quê? Duas décadas haviam se passado desde que ele e minha mãe consumaram sua paixão durante uma única noite. Ele provavelmente nem se lembrava dela mais. O que ele iria pensar se eu simplesmente surgisse em sua porta e disse “Oi, eu sou sua filha que você nunca soube que existia”? Eu não poderia fazer isso, contudo, eu não conseguia aceitar a ideia de não fazer nada com todo aquele poder que eu agora tinha em mãos. Era a minha chance de solucionar todos os mistérios em relação ao meu pai que eu carregara comigo durante toda a minha infância. Será que ele se parecia comigo? Ele ficaria feliz se soubesse que tem uma filha? Ele tentaria compensar o tempo perdido ou me pediria para sumir e nunca mais voltar? E se ele fosse casado e eu tivesse irmãos? E se eu estivesse perdendo a oportunidade de desenvolver um ótimo relacionamento com um pai que eu nunca pensei que pudesse ter? Mas... e se eu não estivesse perdendo nada? Talvez fosse melhor não pensar sobre isso, mas como?

Antes que eu pudesse sequer tentar responder a todas as minhas dúvidas, a voz da aeromoça soou anunciando que iríamos pousar. Apertei o cinto de segurança ao redor da minha cintura e fechei os olhos sentindo o avião inclinar-se em direção ao solo. Era necessário que eu abandonasse minhas inseguranças no ar, sem carregá-las comigo de volta ao chão, mas eu me sentia amedrontada como uma criança no escuro cujas pequenas mãos não conseguem alcançar o cobertor.

As rodas atingiram a pista e permaneceram girando até o avião se encontrar completamente parado. Soltei o cinto de segurança e levantei-me, certificando-me de que não estava esquecendo nada.

Finnick me acompanhou até o aeroporto, onde pegamos nossas malas nas esteiras e então seguimos para o lado de fora. Estava nublado e ventando bastante, diferente da Derry ensolarada que deixamos para trás.

— Onde foi que eu deixei o carro? — murmurei para mim mesma, analisando o estacionamento.

— Annie, vamos embora! — Finnick exclamou subitamente. Franzi as sobrancelhas diante de sua imagem desesperada. Ele tinha os lábios entreabertos e constantemente passava as mãos no cabelo.

— Calma, nós já vamos — respondi — Eu estou só tentando achar o carro, se você puder esperar, do contrário, pode pegar um táxi ou ir a pé.

— Não, Annie, vamos embora — ele repetiu — Vamos sair daqui. Eu não estou pronto pra voltar à rotina como se nada tivesse acontecido. Essa cidade está me sufocando, vamos embora pra qualquer lugar.

— O que você está dizendo? — perguntei, só então percebendo o quanto nós havíamos elevado o tom de voz.

— Lembra quando nós dissemos que um dia iríamos juntos à praia? — ele ergueu o dedo indicador, uma ideia parecendo clarear em sua cabeça — Vamos, Annie, não me diga que você não quer.

— Você está falando sério? — eu arfei, incrédula.

Finnick se aproximou, colocando as mãos em minhas bochechas, seus olhos cor do mar encontrando os meus. Senti seu polegar acariciar meu rosto e aos poucos minha respiração foi se acalmando. Nós não dissemos nada durante alguns minutos, enquanto processávamos a ideia. Comecei a rir quando percebi o quanto aquilo soava bom – apenas nós dois e o mar, exatamente como havíamos combinado. Ele riu de volta e então eu soube que era sério. Iríamos mesmo fazer aquilo. Nossos sorrisos e nossas mãos entrelaçadas selaram o contrato ao mesmo tempo em que corríamos pelo estacionamento em busca do carro perdido.

Se tivessem me contado mais cedo que meu dia sofreria uma reviravolta tão grande, eu provavelmente não teria acreditado. Mas duas horas depois que o avião pousara, Finnick e eu nos vimos na estrada. Estávamos no conversível vermelho de sua mãe e meus cabelos presos em um coque iam aos poucos se soltando devido ao vento. Um óculos em formato de coração escondia meus olhos e um pirulito de morango adocicava meus lábios. Eu nunca havia me sentido tão livre antes, nem mesmo quando vim morar sozinha na cidade grande. A sensação era tão indescritivelmente boa que meu único arrependimento era não ter sugerido isso antes. Uma música indie qualquer tocava na rádio e, olhando o sorriso inconsciente que brincava nos lábios de Finnick, eu quis que aquela estrada fosse eterna, porque eu sabia que nada nunca poderia ser melhor do que aquilo. Devido aos óculos escuros, eu não podia ver seus olhos concentrados na estrada, mas eu sabia que eles deveriam estar brilhando de excitação.

As últimas duas horas tinham sido as mais corridas de nossas vidas. O plano foi todo combinado no percurso do aeroporto até a casa de Finnick, onde o deixei. Ele iria arrumar os pertences que iria levar, pegar a veloz e recém-abastecida BMW conversível da mãe e dirigir até a minha casa onde eu estaria esperando por ele, após ter arrumado a minha mala, ligado para Madge e pedir que ela ficasse com Mia por mais alguns dias e ido ao mercado para comprar o necessário. Depois de tudo isso, aqui estávamos: eu, com os pés estendidos sobre o painel do carro, a bolsa sobre o colo para impedir que a saia do vestido branco com bolinhas vermelhas voasse, e Finnick, com as mãos firmes no volante, o pé fixo no acelerador e mascando um chiclete de menta.

Cantarolei ao som da canção que estava tocando e Finnick desviou rapidamente a atenção da estrada para sorrir para mim

— Dá pra acreditar nisso? — comentei — Estamos finalmente chutando o balde!

— Ah, dá, sim. E se você quer saber, demoramos tempo demais pra fazer isso.

Durante todo o caminho, nós quase não conversamos. Aproveitamos a música para cantar e relaxar. Todas as minhas perguntas e inseguranças foram esquecidas. Logan, meu pai, o medo do amor não correspondido. Os problemas de Finnick também foram deixados de lado; a família dele, o ciúme, o medo de nunca poder ser quem ele é. Nada disso importava mais.

Chegamos à praia junto com o pôr-do-sol. Fiquei imediatamente encantada diante do mar iluminado pelo alaranjado do crepúsculo.

— Fazia tanto tempo que eu não vinha aqui — ele comentou, estacionando o carro. Deixamos o veículo e nos dirigimos até a casa de sua família. Tinha dois andares e construída de madeira e vidro, resultando num imóvel elegante e bem iluminado.

Tentei esconder minha admiração, mas não pude deixar de pensar, não pela primeira vez, o quanto nossas vidas eram diferentes. Possuir uma propriedade assim em tal localização era algo completamente fora da minha realidade. Nada me restava além de aproveitar esses dias dignos da nobreza que me foram cedidos.

Mi casa es su casa — disse Finnick ao passarmos pela entrada. Ele levou nossas malas até o quarto, mas não o acompanhei, ficando na sala para explorar o local. Diferente da mansão principal dos Odair, que foi cuidadosamente decorada em preto e branco, a casa de praia possuía mais cores, emanando um ar mais aconchegante e familiar.

Passei pelos sofás, perto de uma lareira, até chegar à uma varanda que possuía vista direta para o mar. A parede ao lado era uma enorme estante de livros com alguns objetos de decoração e uma pequena chave prateada que deduzi ser a da porta de vidro da varanda. Usei-a para destrancá-la e imediatamente senti a brisa batendo contra o meu rosto. Livrei-me das rasteirinhas e andei descalça sobre as tábuas de madeira que compunham o chão. Era uma varanda espaçosa, com duas poltronas brancas e uma mesinha redonda.

— Pronta pra pegar uma onda? — a voz de Finnick me despertou, fazendo-me virar para trás e encontrá-lo usando apenas uma bermuda e um boné. Joguei a cabeça para trás, rindo.

— Eu vou me arrumar — anunciei, tirando seu boné e jogando-o de lado ao passar por ele.

— É a primeira porta lá em cima — ele me avisou e antes que eu terminasse de subir os degraus acrescentou, em um tom mais baixo e fingindo inocência: — Não sabia em qual quarto você queria ficar então deixei nossas coisas juntas.

Mordi os lábios para conter o sorriso e agradeci mentalmente por estar de costas, assim ele não pôde ver essa cena.

Entrei na suíte e encontrei minha mala cor-de-rosa contrastando com as cores claras do quarto. A cama king size estava coberta com uma colcha branca e eu precisei resistir à tentação de me jogar sobre ela. Ao lado, havia um criado-mudo com um abajur apagado. A janela estava aberta, motivo pelo qual as cortinas alvas de seda balançavam levemente.

Localizar meu biquíni em meio a bagunça da minha mala foi mais fácil do que eu pensara. Era o meu traje de banho favorito: vintage nas cores preto e branco. Coloquei uma saída de praia por cima, agarrei uma toalha que estava cuidadosamente dobrada sobre a cama, calcei meus chinelinhos e desci, sendo imediatamente envolvida pelos braços de Finnick.

— Você sabe que nós vamos congelar, certo? — indaguei em tom divertido. Além de já estar escuro, era outono e o tempo já estava caminhando para o inverno, ficando mais frio a cada dia. Finnick deu de ombros.

— A água já deve estar quente essa hora, assim como eu — senti minha barriga esfriar por um instante. Uma pena não sermos capazes de controlar nosso corpo quando estamos apaixonadas.

— Você não consegue esperar cinco minutos antes de começar a ser engraçadinho? Nós acabamos de chegar! — tentei parecer brava e falhei miseravelmente.

— Eu até consigo, mas aí não teria graça — abandonamos os chinelos junto à porta e começamos a caminhar descalços pela areia fria que afundava sob os nossos pés.

A mão de Finnick roçava minha cintura e eu já sabia o que ele pretendia desde que chegamos ali. Parei de andar e certifiquei-me de que ele fizesse o mesmo, envolvendo seu pescoço com as minhas mãos. Aproximei meu rosto do seu, mas antes que nossos lábios se tocassem, sussurrei:

— Quem chegar por último, faz o café amanhã — e então saí correndo que nem uma maluca.

— Você me paga! — Finnick gritou atrás de mim. Bem atrás de mim — Ridícula, quantos anos você tem?

Somente quando meus pés já estavam na água e as ondas batiam em minhas pernas é que Finnick me alcançou, abraçando-me por trás e prendendo-me contra seu corpo. Ele me girou no ar e riu quando eu gritei. Depois disso, nós dois caímos no mar.

— Boba — ele disse entre risos. Virei-me de frente para ele com a respiração ofegante e, simples assim, a graça acabou. Fixei o olhar em seus lábios úmidos e entreabertos — Quero ver você fugir agora — ele sussurrou.

— Eu nem pensaria nisso — foi a única coisa que tive tempo de responder antes de sua língua invadir minha boca. Sua boca ainda tinha um leve gosto de menta devido ao chiclete que ele mascara. Movimentei vagarosamente a língua, querendo gravar cada detalhe. Tirei as mãos da água e as coloquei ao seu redor, sentindo ele me puxar para mais perto até eu me acomodar em seu colo, com uma perna de cada lado do seu corpo. Ainda estávamos na margem, as ondas batendo contra as minhas costas.

— Finnick, isso é sério para mim — eu interrompi o beijo. Detestava estragar o clima, mas tinham coisas que precisavam ser ditas — Se for pra gente fazer isso, tem que ser pra valer, a gente tem que pular de cabeça.

— E você acha que eu não estou de acordo? — indagou ele, erguendo uma sobrancelha.

— O que eu acho é que você passou muito tempo sem saber como você realmente se sentia e eu espero que agora você saiba — ele riu sem humor.

— Eu sempre soube, Annie — afirmou Finnick, com tanta convicção que eu soube que era verdade — Eu tentei evitar por causa de todos os problemas, eu achei que não nos apaixonarmos era a melhor opção para nós dois, mas a questão é que essa nunca foi uma opção. Você foi me cercando, eu não tive como evitar. Eu sempre soube.

Tanto tempo sofrendo sem saber o quê fazer, sem saber como ele se sentia, e o tempo todo ele estava sofrendo também. Muita mágoa teria sido evitada se ao menos tivéssemos sido honestos um com o outro e tido a coragem de nos entregarmos ao que sentíamos. Mas isso não importava mais – as lágrimas, as inseguranças. Tudo o que importava é que não era tarde demais.

— Então não vamos mais esperar. Vamos só ficar juntos, depois a gente pensa no resto.

— É tudo o que eu quero — respondeu Finnick. Coloquei a mão em seu rosto, sentindo sua barba por fazer sob a ponta dos meus dedos. Rocei nossos lábios, sem pressa, sentindo a mais gostosa calmaria me atingir. O barulho do mar era tão relaxante e contribuía para a criação do cenário perfeito. Eu honestamente poderia passar toda a minha vida ali, presa naquele instante de tempo. As mãos de Finnick acompanharam o contorno do meu corpo até chegar às minhas coxas, onde ele encontrou a barra da minha saída e a retirou, jogando-a na areia — Tão bonito o biquíni, não faz sentido esconder.

— Só o biquíni? — perguntei sugestivamente, mordendo o lábio inferior.

— Não provoca — ele devolveu, voltando a me beijar. Senti seus dedos apertaram a minha cintura e arqueei as costas. Por mais que a água do mar estivesse mesmo morna, o vento frio fez com que eu me arrepiasse — Vamos voltar pra dentro.

— Pensei que você quisesse nadar — comentei ironicamente. Finnick sorriu.

— Ah, amanhã a gente nada.

Deixamos a água e enlaçamos nossas mãos, andando em direção à casa iluminados apenas pela luz prateada do luar.  


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo tava planejado desde o comecinho da fic, não necessariamente o capítulo, mas esse negócio da praia e tudo mais foi a ideia base pra eu criar a fic (tanto que na capa a Annie ta na praia!!!! SACARAM?). Ai como eu amo escrever essas cenas aguinha com açúcar nhonhonho. Música do título do capítulo é da Lana, West Coast, que pra mim tem tudo a ver com o capítulo, imaginei a Annie e o Finnick numa vibe bem Lana mesmo.
Bom gente, me falem o que vocês estão achando. A fic ta caminhando pra reta final já, acredito eu que faltam menos de 10 capítulos. Não vou dar um número certinho porque eu mudo de ideia toda hora então vai saber, mas ta em algum lugar entre 5 e 10 kkkkkk enfim, é isso. Beijos e até o próximo ♥



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