Ana e o Mar escrita por Arrriba


Capítulo 1
Histórias Que Nos Contam Na Cama


Notas iniciais do capítulo

A ideia para escrever essa one surgiu numa das várias viagens que faço pela minha faculdade. Nessa viagem em especial, me inseri como nunca na música e desde então essa história está implorando para sair dos confins da minha mente. Tive que obedecer ^^

Se você ainda não ouviu "Ana e o mar" e se interessou pela história, aqui está o link para ouvir: https://m.youtube.com/watch?v=9lkYGJOBqGE

E se você já conhece a música e está disposto a ler a história, sugiro que pare um minuto por aqui e ouça de novo, com toda a atenção que puder, se focando não só na letra como também na harmonia dos instrumentos e suas nuances. Mergulhe com tudo na música antes de começar a ler, nunca te pedi nada ;)

Agora, uma vez que você acatou minha primeira sugestão (ou não), te dou outra. Enquanto lê a história, vá ouvindo apenas a versão instrumental, e deixe que essa minha interpretação de "Ana e o mar" seja a nova letra por esse instante de leitura: https://m.youtube.com/watch?v=XVG1ghWQcYo

É isso... Espero que goste!



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A criança se mexeu inquieta sobre a cama, mais uma vez buscando em vão pelo conforto ao tentar ajeitar-se numa nova posição. Seus pequenos lábios infantis expulsaram um bufar entediado, e uma onda de tremor fez o diminuto corpo se encolher de frio.

O quarto escuro foi delicadamente iluminado por uma discreta fresta de luz à medida que a porta do cômodo era aberta com receio, expulsando a penumbra. Assim que a menina reconheceu sua visita, um brilho esperto e alegre subiu aos seus olhos castanhos...

...Apenas uma única pessoa, em todo o mundo, seria capaz de tanto cuidado.

— Vovó! — Chamou com sua vozinha esganiçada pelos poucos anos vividos, pulando para fora da cama ainda que um incômodo calafrio tenha perfurado seu corpo como pequenas agulhas quando jogou a manta para longe.

Abraçou as pernas da avó assim que a alcançou, arrancando um riso desaprovador e ao mesmo tempo satisfeito da mulher já idosa.

— Menina arteira! — Ralhou com carinho, pegando a neta no colo com um pouco de dificuldade, seus movimentos exclusos de destreza — Já devia estar dormindo!

— Não consigo dormir, vovó. Estou com muito frio. — Avisou, e os dentes trincaram como uma comprovação daquilo que disse.

— Sua mãe me disse que está com febre... — Pousou a mão sobre a testa da menina, sentindo sua pele roubar um pouco do calor excessivo no rosto levemente suado da criança — Sua mãe também me contou que você não está querendo tomar seus remédios... — Comentou num tom reprovador, arqueando uma única sobrancelha enquanto encarava a neta naquela sua expressão nata de autoridade.

— Tem um gosto muito ruim! — A menina soltou uma tosse seca, parecendo sentir um pouco de dor na garganta quando o fez.

— Mas se você não tomar, não vai poder voltar a brincar com seus amiguinhos. Quer ficar na cama pra sempre? — Perguntou, aproveitando o receio da neta para barganhar com sua teimosia — Vamos fazer assim, a vovó conta uma história de dormir e você toma o remédio sem reclamar, pode ser?

Siiiiim! — Exclamou com exultação, dando breves pulinhos excitados no colo da avó, novamente fazendo-a rir.

— Então trate de voltar pra cama, minha pequena Ana. — Colocou-a sobre o colchão, cobrindo com cuidado o corpo trêmulo e sentando ao seu lado — Que história você quer ouvir? Chapeuzinho Vermelho? Cachinhos Dourados?

— Essas eu já conheço! Quero uma nova! — Pediu, os olhos brilhando.

— Uma história nova... Vamos ver... — Fitou a neta com um ar pensativo, os orbes semicerrados e rodeados pelas rugas do tempo analisando a feição eufórica da menina — Acho que você já é uma mocinha e pode ouvir uma história de amor. O que acha?

Ana distorceu seu rosto numa careta exagerada, demonstrando um nojo tão genuíno e inocente que levou a avó a se encher de um amor enorme pela neta e pela pureza sincera de suas reações.

— Vai ter beijo? — Questionou com algum receio, parecendo ao mesmo tempo preocupada e esperançosa.

— Talvez... Quem pode saber? A história ainda não foi contada... — Deu de ombros, segurando o sorriso ao ver que a expectativa estalava visivelmente nos olhos da menina, junto com a dúvida — Mas eu posso pensar em outra já que você...

— Não, vovó, pode ser essa! — Interrompeu-a, parecendo arrependida de ter contestado a sugestão dada.

— Tem certeza? — Perguntou, simulando dúvida, apenas pelo prazer de vê-la assentir com vontade, como sempre fazia quando lhe perguntavam algo que ela queria muito. As íris castanhas se fixaram na avó, olhos atentos de quem não ousaria perder uma única palavra — Era uma vez uma linda menina chamada Ana...

— Como eu! — Disse, maravilhada.

— Isso mesmo, minha querida. Como você! Só que uns bons anos mais velha — Apertou com doçura o nariz levemente empinado da criança, adorando o som da gargalhada infantil que se propagou com facilidade pelo cômodo, retomando a narração da história assim que o brilho curioso retornou aos orbes grandes e afoitos de sua neta.

●•●•●

"Era uma vez uma linda menina chamada Ana. Ana vivia uma vida feliz e cheia de amores. Era completamente apaixonada pela natureza e todas as suas carícias, todas as suas mais diversas manifestações, desde o voar gracioso de uma borboleta até os mistérios da imensidão celeste. Contudo, de todas as faces da natureza, o mar era aquela que mais a fascinava.

Desde pequena, a sonoridade das ondas quebrando chegava aos seus ouvidos como a mais bela poesia. O dinamismo da maré parecia a ela dono de um lirismo genuíno, que jamais poderia ser alcançado por simples palavras.

("O que é um lirismo, vovó?" "Um jeito belo de se dizer as coisas, querida")

Toda manhã, Ana visitava o mar. Quando não podia ir vê-lo cedo, fazia sua visita à noite. Não importava a hora, nunca deixou de ao menos molhar os pés em suas águas salgadas. Nunca deixou de admirar a força insistente de suas ondas, que jamais se cansavam de ir e vir.

O mar também amava Ana e ansiava por suas visitas, mas ela ainda não sabia disso.

Até que um dia, Ana adoeceu, e a dor causada por sua doença era tanta que a menina tinha enorme dificuldade de andar... Por mais que desejasse sair de casa para recarregar suas energias com as idas ao mar, viu-se numa situação em que suas forças lhe abandonaram...

("Ela ficou doente que nem eu, vovó?" "Não, meu anjo. Infelizmente não")

Ana foi ao hospital, e descobriu que tinha uma doença muito grave, que os médicos não tinham certeza se eram capazes de curar. Ana mal conseguia repetir o nome que davam à sua doença, até mesmo a forma como a chamavam era complicado de entender, mas os médicos explicaram que suas células estavam se multiplicando rápido demais, que o problema estava em um de seus ossos, onde ela sentia dores horríveis.

Ana então perdeu a coragem. Estava completamente desenganada... Achou que a luta não valia a pena, que a doença a venceria de qualquer forma cedo ou tarde, e, por estar com muito medo, teimou que não queria se tratar. Ana desistiu da vida, e estava cega pelos temores de todas as agonias que vinha sentindo, e que prometiam apenas piorar. Decidiu então que faria uma última visita ao mar... Uma visita que fosse capaz de levá-la embora para sempre de todo aquele sofrimento.

Ela caminhou com dificuldade pela areia, suas pernas muitas vezes falhando pela dor que a cada dia se agravava. As lágrimas tornaram-se companheiras frequentes nessa nova realidade de Ana, e todo o brilho de sua alegria juvenil acabou se perdendo com a severidade da doença.

Tudo parecia perdido, até o momento em que pôde ouvir o quebrar das ondas acompanhando o cheiro de sal úmido.

O mar, assim que a viu, sentiu que até mesmo suas águas mais profundas ficaram menos gélidas. Mas conforme ela se aproximava, o mar percebia que havia algo de muito errado com Ana. Sua amada estava triste como o mar jamais vira, e como preferia jamais ver. Suas águas agora mais quietas retrocederam de leve, dando espaço para que a menina sentasse em areia seca.

Ela mirou a paisagem por segundos silenciosos, segurando um punhado de areia com a mão sem desviar os olhos da calmaria atípica das ondas naquele fim de tarde.

E Ana chorou com vontade infantil e incontrolável.

O mar, comovido com as lágrimas que pareciam mais significativas do que o próprio oceano que o nutria, permitiu-se chegar mais perto de Ana, a maré subindo apenas o suficiente para roçar rapidamente nos pés da bela jovem em consolo. Ana tocou a água próxima com os dedos, como se a acariciasse, percebendo com estranheza que as águas salobras avançaram apenas no ponto em que estava, a maré se mantendo afastada nas outras extensões da praia.

O mar, mais afoito por mostrar-se à Ana, foi até ela com mais força, a água respingando um pouco em seu rosto conforme ele encharcava toda a areia à sua volta, contudo sem ousar molhar também aquela bela menina. Ela, fascinada, percebeu que quando a água se afastou, deixou à sua frente a concha mais bela que já tinha visto. Era pequena e graciosa, sem qualquer falha.

Pegou-a, por um instante se esquecendo de seus medos enquanto se dispunha a analisar a textura cheia de reentrâncias sobre seus dedos. À meia luz, esbanjava um brilho azul perolado único, ainda fechada. Ainda viva.

Ana segurou-a com mais força, encarando o mar com gratidão.

— É linda. Obrigada! — Ela disse, se sentindo um pouco tola por falar sozinha daquele modo.

Mas ela não estava sozinha, e a resposta logo veio.

O mar novamente chegou perto de si, tocando com enorme gentileza os pés da menina que amava, ousando avançar um pouco mais para os tornozelos e demorando para voltar a se retrair, arrancando um sorriso discreto de Ana."

●•●•●

— O mar falava com a Ana, vovó?

— Não, minha querida, o mar nunca falou com ela. Mas ele sempre soube se comunicar mesmo sem as palavras.

— O que você acha que ele ia falar se pudesse? Acha que ele ia falar que ama a Ana? — Inquiriu, curiosa. O tipo de pergunta tão honesta que apenas poderia vir de uma criança naquela idade sonhadora e cheia dos mais diversos "e se".

— É possível, querida — Sorriu, acariciando as mechas onduladas do cabelo da neta — Mas, acho que se o mar pudesse falar com Ana, ainda mais importante do que declarar seu amor por ela, seria pedir para que as pessoas parassem de fazer xixi dentro dele... — Riu com gosto ao ver a expressão consternada da neta, suas bochechas ganhando um tom rubro e surpreso.

— Eu não faço xixi no mar! — Contestou, porém até mesmo o timbre duvidoso indicava a mentira.

— Ninguém faz, Ana. Até fazer! — Piscou para a menina, que franziu a testa numa expressão emburrada adorável, permanecendo um tempo em silêncio enquanto a avó ainda passava dedos carinhosos por seu cabelo longo.

— E o que aconteceu com a Ana da história? — Perguntou com certa birra na voz, incapaz de suprimir a curiosidade.

— Depois de receber a concha, Ana entrou no mar — Contou com alguma tristeza, a lembrança daquela menina que viveu em seu passado parecendo ainda mais dolorosa conforme verbalizava a antiga história.

— Vovó?

— Sim?

— Ela queria se afogar? — Perguntou, assustada, claramente temendo a resposta. Sua avó sorriu docemente, dando um beijo em sua testa um pouco menos quente.

— Ela queria agradecer o mar, meu bem. Só isso! — Contou a meia verdade, se arrependendo por deixar a menina impressionada — Mas agora já chega de fantasias, está bem? Passou muito da sua hora de dormir, se sua mãe nos pega conversando nós duas vamos levar bronca!

— Tá bom... Boa noite, vovó!

— Antes do beijo de boa noite, me prometeu que tomaria o remédio, lembra? — Pegou o frasco que repousava no criado mudo ao lado da cama da neta, sorrindo com a expressão angustiada que a criança fez ao aceitar tomar o amargo xarope, sem escolha. Ana sentiu o beijo estalado de sua avó fazer cócegas na ponta de seu nariz, e a criança passou alguns dedos carinhosos pela sobra de pele que havia na mão idosa, tão diferente da sua — Boa noite, minha doçura. Durma bem, e amanhã você vai ver como já vai se sentir melhor.

— Vou ficar forte como você, vovó, vai ver! — Disse, cheia de admiração.

— Eu espero que um pouco mais forte do que eu, querida! — Riu, sabendo que a neta via em si alguém tão jovem e cheia de disposição quanto ela mesma. Ainda demoraria para Ana entender as implicações do transcorrer do tempo, e isso era bom. Que conservasse sua inocência e energia por muito mais tempo ainda.

A mulher saiu do quarto da neta, tentando passar despercebida pelo resto da casa até que saísse dali e se permitisse remoer as lembranças que acabaram dominando sua mente com aquela história. Caminhar se tornava um constante desafio, mas não o suficiente para que ela desistisse dos passos.

Por mais imprópria que fosse a hora, sentiu a enorme necessidade de ver com os próprios olhos o protagonista da história de dormir que contara à Ana, e levou longos minutos para conseguir vencer os poucos metros que existia entre a casa e a praia.

Ela foi caminhando até as pequenas ondulações irregulares, sentindo um enorme aperto no peito ao vislumbre daquele cenário que tanto lhe acompanhou ao longo de sua vida. Em todos os melhores e piores momentos. Sentou-se com dificuldade defronte ao mar, sorrindo quando ele imediatamente veio saudá-la, sereno, molhando seus tornozelos cansados pela caminhada.

— Sua Ana voltou! — Confidenciou, acariciando as águas mornas que vieram ao seu encontro. Ela suspirou, um ar contemplativo e de leve deprimido — Muitas coisas mudaram desde a última vez que estive aqui, mas acho que o sentimento não foi uma delas, ao menos não pra mim. Tanta coisa mudou nesses anos que inclusive já sou vovó. Uma menina linda e esperta, que também se chama Ana! Recebeu o nome em minha homenagem — Contou, cheia de orgulho e emoção, secando algumas lágrimas inevitáveis — Agora me chamam de Vó Ana, veja você como o tempo passa.

O mar quebrou uma onda maior, parecendo tão cheio de si quanto sua amada.

— Sei que nossa despedida não foi das melhores. Fui embora irritada porque você não me permitiu escolher meu destino. — Referiu-se à época em que descobriu seu câncer, a época que desistiu de viver e tentou se afogar na profundeza gélida daquelas águas, porém o mar a impediu, usando de uma força delicada e potente para afastá-la de si quando percebeu sua intenção — Aliás, me desculpe por ficar com isso... ela te pertence!

Ana tirou a pequena concha de um azul perolado do pescoço, ainda intacta em perfeição e beleza, sentindo os olhos marejarem quando curvou-se a fim de pousar o pingente de longos anos na água rasa, algumas lágrimas presas às bolsas abaixo de seus olhos libertando-se para seu rosto quando a concha foi engolida pelo mar. Sentiu um vazio enorme sem o pingente, aquela sendo a primeira vez que tirava sua corrente.

— Naquela época, você sabia que eu ainda tinha muito o que viver. Que ainda tinha que passar pelos melhores momentos de minha juventude. Obrigada por tudo! — Pôs uma mão trêmula na testa, esperando os soluços severos se abrandarem — Minha doença voltou, ainda pior! — Contou, sentindo-se um pouco amparada quando o mar calou suas ondas esbeltas, chegando dessa vez até a mão idosa que se apoiava na areia, molhando-a com gentileza e calmaria.

— Os médicos disseram que meu pulmão também foi atacado dessa vez. — Sua voz soou mais serena, confiante pela proximidade do mar — Morrer já é algo esperado na minha idade, não é isso o que mais me assusta. Eu só não quero definhar numa cama de hospital. Não quero que minha neta tenha essa última lembrança de mim...

Ana se calou por um instante, estudando o próprio comentário.

— Na minha juventude, você me protegeu de uma morte desnecessária, e me deu a vida que por medo eu quase joguei fora. Foi uma gentileza que na época não enxerguei, mas que agora vejo... Peço apenas que me conceda a mesma sabedoria! Que você me proteja de uma morte que por certo vai ser dolorosa, que vai me machucar de todas as formas. Que me deixe terminar aquilo que eu tentei começar no passado...

Virou o rosto, tentando esconder o quanto ele aparentava cansado e derrotado. Acima de tudo, com medo de que o mar a recusasse uma segunda vez.

Contudo, para a surpresa de Ana, uma pequena marola veio rápida em sua direção, subindo por suas pernas e dispersando gotículas ao redor de todo seu corpo, arrancando um riso inesperado da mulher. Ela se levantou, exultante, feliz por aquele fim que as águas salgadas lhe consentiram.

Caminhou pausadamente em direção ao mar, as dores piores do que nunca, sentindo a brisa noturna esfriar seu rosto salpicado de água. Os lábios se ergueram num último sorriso quando seus pés afundaram no raso, a ressaca da maré a convidando a prosseguir, serena. Ainda com o mesmo vigor apaixonado de anos atrás.  

O mar não se importava se os passos de Ana perderam a destreza de antes. Não se importava com sua pele mais flácida ou com as rugas que as décadas lhe concederam. Era Ana, e isso bastava para que o mar a amasse, independente de qualquer outro fator além daquele. Era Ana, e seria sua.

A idosa de coração de menina sentiu um breve arrepio de prazer quando a cintura se encharcou, e as piores dores em seu osso consumido pelo câncer se abrandaram quando a aceleração da gravidade deixou de ser um fardo dentro da água. Não havia ondas no avançar lento de Ana, apenas a serenidade de marolas sutis, causadas pelo próprio movimento da mulher conforme se delineava seu caminhar para as profundidades.

Quando a água bateu em seus ombros, parou de andar, permitindo que apenas o mar a conduzisse com a vontade da maré. Ana afundou sem qualquer resistência ou medo, seus olhos abertos embaixo d'água captando o brilho distorcido da lua, que iluminava Ana, o céu e o mar naquela noite estrelada.

Ana se sobressaltou quando viu a concha que usava de pingente flutuar bem diante de si, e antes que sua visão começasse a se embaçar pela falta de oxigênio, pegou-a, fechando dedos protetores sobre o presente que recebera há anos.

Perdeu os sentidos ainda com uma expressão grata no rosto, e finalmente uniu-se de forma eterna (e etérea) ao mar, que tanto amou sua Ana.

"Veio de manhã molhar os pés na primeira onda

Abriu os braços devagar e se entregou ao vento

O sol veio avisar que de noite ele seria a lua

Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar

Sol e vento, dia de casamento

Vento e sol, luz apagada no farol

Sol e chuva, casamento de viúva

Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo

Os quatro elementos de tudo

Deitada diante do mar

Que apaixonado entregava as conchas mais belas

Tesouros de barcos e velas

Que o tempo não deixou voltar

Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?

Quem já conseguiu dominar o amor?

Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?

Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar

Ana e o mar, mar e Ana

Histórias que nos contam na cama

Antes da gente dormir

Ana e o mar, mar e Ana

Todo sopro que apaga uma chama

Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água

O sorriso da madrugada se estende pro resto do mundo

Abençoando ondas cada vez mais altas

Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar

Desse novo amor, Ana e o mar

Ana e o mar, mar e Ana

Histórias que nos contam na cama

Antes da gente dormir

Ana e o mar, mar e Ana

Todo sopro que apaga uma chama

Reacende o que for pra ficar"

(Ana e o Mar — O Teatro Mágico)


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Notas finais do capítulo

Eu me sinto uma vadia por transformar uma música tão fofa numa tragédia x/ Mas foi a história nessa forma que ficou martelando na minha cabeça, então desculpa a quem veio ler esperando por um enredo diferente.Espero que tenha gostado, e peço que não fique no anonimato! Me deixe conhecer sua opinião já que eu te deixei conhecer a minha história x)